quarta-feira, 5 de março de 2008

Grito de alerta...


A lancha Piloteira de Leixões P10 ou simplesmente "Longas"

A lancha Piloteira P10 da extinta Corporação de Pilotos de Leixões, hoje da responsabilidade da Administração dos Portos do Douro e Leixões, continua orgulhosamente em actividade, apesar de completar este ano o seu 56º aniversário. E permanece um prazer imenso vê-la navegar, dentro e fora do porto, passeando a classe que uma velha senhora justifica e merece.
Não cremos que esteja nos planos a curto ou médio prazo da Administração dos Portos, mandar abater a embarcação, mas é por demais forçoso lembrar que a P10 é a única construção dos Estaleiros Mónica da Gafanha da Nazaré a navegar, pelo que deverá ser imperativo guardá-la e aconchegá-la dentro ou fora da área portuária, num local que acharem por conveniente, pela extrema importância de nos recordar os anos de ouro da construção naval em madeira, a permeio das muitas preciosidades construídas naquele estaleiro, entretanto desaparecidas.
Daí a oportunidade de lançar este grito de alerta, para ficarmos atentos na defesa do património que ainda nos resta e que se torna fundamental preservar. Depois seria lamentável sabê-la naufragada ou cedida aos Palop, como aconteceu com as Piloteiras do porto construídas na mesma época, apesar de não lhes reconhecer-mos idêntico valor histórico.



A "P10" em Leixões - imagem (c) Fotomar

Nome: "Longas" > Nº Oficial: P1360TL > Iic.: C.S.N.W.
Construtor: Alberto de Matos Mónica, Aveiro, 1952
Tonelagens: Tab 22,94 to > Tal 6,84 to
Comprimentos: Pp 13,47 mt > Boca 3,73 mt > Pontal 1,65 mt
Máquina: Motorenfabrik Jästran > 1:Di > 150 Bhp > 450 Rpm

2 comentários:

ncm disse...

Excelente blog, muitos parabéns!

Cumptos,

Rui Amaro disse...

Reimar
Atura-me um pedaço!
È verdade essa é segundo parece a única embarcação construída nos estaleiros dos Mónicas da Gafanha da Nazaré e recordo-me muito bem da chegada ao cais dos pilotos na Cantareira (Foz do Douro) vinda de Aveiro e por pouco não tinha um percalço no mar, felizmente o tanque de combustível ficou vazio após as manobras de atracação. Muitas vezes andei ao leme daquela e das outras lanchas, particularmente da P9, É que o cabo de pilotos, o meu pai, piloto, e um meu tio (mestre) ensinavam-me a atracar a lancha aos navios. A P9 depois foi denominada Foz do Douro,a qual fora construída em 1947 em Vila do Conde mas encomendada aos Estaleiros do Ouro (Gomes), rio Douro, a qual está no fundo do mar de Leixões desde há alguns (o meu livro A Barra da Morte faz referencia à sua história) e de todas elas era a de melhor manobra para atracar aos navios e para se fazer ao mar da barra do Douro. Na P10, hoje denominada Longas, na década de 60 vi-me e desejei-me para desembarcar do Empire Ship polaco Huta Florian, 140m, em lastro, ao largo de Leixões, depois do vapor andar quase a dar à costa com o noroeste bravo que se formou, só sei que dependurado na escada de quebra-costas, tão depressa via a lancha lá em baixo como lá em cima e com o balanço ia de encontro ao costado do navio, só não conseguía era apanhar as enxárcias ou pousar os pés no convés da lancha e tudo isto para evitar que seguisse para Safi. O doente que desembarcou já estava no hospital e eu a ver que lhe ia fazer companhia. Tive alguns casos do género. No Museu de Ilhavo está lá uma lancha dos Pilotos de Lisboa. Parece-me que a P9 quando fosse para o laid-up era para ser preservada. Só que foi para o fundo como a P4 e a P5 e por lá ficaram.
Deixa lá para outra vez o comentário será mais curto.
Mais abraços
Rui Amaro