sábado, 29 de novembro de 2008

Os lugres americanos do Cabedelo


Construção naval na Figueira da Foz

Retirei faz algum tempo este curioso anúncio, creio que do jornal “O Comércio do Porto”, com data de 12 de Junho de 1919, que pela sua importância, tive o cuidado de guardar.

O lugre “ Cabo da Roca “
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Vai ser em breve lançado à água o maior navio
saído dos nossos estaleiros

Após construídos o “Cabo Mondego”, “Cabo Raso” e o “Cabo Espichel”, vai agora ser lançado à água, pela Sociedade Portuguesa de Navegação, o “Cabo da Roca”, o maior navio que se tem construído em estaleiros portugueses. Tem aproximadamente 3.500 toneladas e mede 80 metros de comprimento. É armado à americana, com 5 mastros, sendo o seu risco, nacional como o restante, do mestre construtor da sociedade Sr. António Bolais Mónica.
O velame, poleame, ferragens, metais e trabalho de madeiras, foram também executados nas oficinas da Sociedade Portuguesa de Navegação. Quis assim provar esta empresa mais uma vez, que desde que haja boa vontade e patriotismo, nos podemos igualar em esforço e aptidões às outras nações que progridem.
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É verdade que se construíram lugres armados à americana na Figueira da Foz. Foram pelo menos dois, o “Cabo da Roca” atrás citado e um outro ainda maior que recebeu como baptismo o nome de “Vasco da Gama”. Infelizmente não encontraram aceitação condizente junto da armação nacional. Talvez por serem grandes demais, numa época cuja tendência era aligeirar a mastreação e o velame, ou por estar definitivamente implantada a navegação com navios de ferro, máquinas a vapor, mais velozes e requerendo menos tripulação. A sorte e o destino de ambos, foi a tarefa que nos propusemos investigar.

Lugre “ Cabo da Roca “

Nº Oficial : ?? > Iic.: ?? > Registo : Figueira da Foz
Construtor : António Bolais Mónica, Cabedelo, Figueira, 1919
Tonelagens : Tab 1.184,00 to > Tal 1.010 to
Comprimentos : Pp 74,86 mt > Boca 12,47 mt > Pontal 5,27 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Esteve amarrado na Figueira da Foz até Março de 1922, à ordem do construtor, altura em que foi vendido a um armador Cubano, registando-o em Havana. Deve ter navegado até lá, mas não encontro posterior sequência. Sem rasto.

Lugre “ Vasco da Gama “

O "Vasco da Gama" - foto de autor desconhecido

Armador : Soc. Nápoles, Pinto Basto & Cª., Lda.
Nº Oficial : ?? > Iic.: ?? > Registo : Figueira da Foz
Construtor : Manuel Maria Bolais Mónica, Figueira, 1922
Tonelagens : Tab 2.200,00 to
Comprimentos : Pp 74,98 mt > Boca 12,50 mt > Pontal 6,00 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
No caso deste navio acreditamos que tenha navegado até 1924. Já em 1925 foi considerado inavegável e desmanchado na praia de Pedrouços.

Algo correu mal com a construção destes lugres, sabendo que ambas as construções foram assinadas pelos Mónica. Que erro tão grave terá acontecido para levar um ou ambos os lugres a um abate precoce? Numa apreciação feita em cima do joelho, de nada valeu aos navios a equiparação aos países que progridem, à boa vontade e à exaltação ao patriotismo…

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Pesca do bacalhau - Figueira da Foz - 1900 / 1910


Os bacalhoeiros da Figueira da Foz
2ª Parte

A frota Figueirense

Lugre-patacho " Pescador "
1906 - 1935
Soc. Figueiranse de Pesca, Lda.
Figueira da Foz

O "Pescador" na Figueira - foto (c) Napesmat, Matosinhos

Nº Oficial : 44-B > Iic.: H.G.W.F. > Registo : F. da Foz
Construtor : A. Thorstensen, Cristiansand, Noruega, 1894
ex “Solstreif” - O.A.T. Skjelbred, Cristiansand, 1894-1906
dp "João Miguel", Soc. Figueirense de Pesca, 1935-1939
Tonelagens : Tab 257,92 to > Tal 245,30 to
Cpmts.: Pp 36,90 mt > Boca 7,98 mt > Pontal 3,36 mt
Equipagem : 30 tripulantes
Capitães embarcados: Manoel dos Santos Labrincha (1906) e José Ventura Cruz (1907-1910)
Sem rasto após 1939

Escuna “ Maria Virgínia “
1907 - 1911
Soc. Figueirense de Pesca, Lda.
Figueira da Foz

O "Maria Virginia" - foto Ilustração Portuguesa

Nº Oficial : n/t > Iic.: H.B.R.W. > Registo : Lisboa
Construtor : Estal. Laboureur, Paimpol, França, 1894
ex “Fleur de Gênet” – E. Dufilhol & Fils, Paimpol, 1895-1907
Tonelagens : Tab 144,37 to > Tal 137,15 to
Cpmts.: Pp 31,24 mt > Boca 7,19 mt > Pontal 3,51 mt
Equipagem : (x) tripulantes
Capitães embarcados: João Pereira Cajeira (1910)
Vendido a armador da Ilha do Sal (Cabo Verde), mudou o nome para “Gambia”. Foi substituído na pesca pelo lugre Virgínia em 1911.

Iate “ Figueira”
1907 - 1912
Soc. de Pescarias Foz do Mondego
Figueira da Foz

O iate "Figueira" - foto Ilustração Portuguesa

Nº Oficial : 266 > Iic.: H.J.B.N. > Registo : F. da Foz
Cttor : José Dias dos Santos Borda & Filho, Fão, 25.10.1901
ex “ Nereida ” - António J. F. Marques, Porto, 1901-1907
Tonelagens : Tab 161,69 to > Tal 93,80 to
Cpmts.: Pp 33,81 mt > Boca 6,96 mt > Pontal 3,27 mt
Equipagem : 25 tripulantes
Capitães embarcados : José Francisco Carrapicheira (1910)
Naufragou devido a mau tempo durante a pesca na Terra Nova, em Junho de 1912.

Iate “ Florinda “
1907-1914 e 1931-1933
Sociedade Florinda, Lda.
Figueira da Foz

Nº Oficial : 139 > Iic.: H.K.M.G. > Registo : F. da Foz
Construtor : C. M. de Araújo, Vila do Conde, 1893
ex “Florinda” - José Correia dos Santos, Porto, 1893-1907
dp “Florinda” – J. Santos Silva, Porto, em 1914
Tonelagens : Tab 113,11 to > Tal 107,45 to
Cpmts.: Pp 25,75 mt > Boca 7,10 mt > Pontal 2,80 mt
Equipagem : (x) tripulantes
Capitães embarcados: José Thomé Rosa (1907-1910)
Passou para o comércio, propriedade de J. Santos Silva, com registo no Porto, mantendo o mesmo nome.

Iate “ Mondego ”
1908 - 1917
Soc. Pescarias Foz do Mondego
Figueira da Foz

O iate "Mondego" - foto Ilustração Portuguesa

Nº Oficial : 265 > Iic.: H.J.C.P. > Registo : F. da Foz
Construtor : -??-, Setúbal, 1899
ex “ Novo Flôr ” - José Pinto da Silveira, Porto, 1899-1908
dp “Nazareth” – Comp. Aveirense Nav. e Pesca, 1917-1920
dp “Apollo” – Comp. Aveirense Naveg. e Pesca, 1920-1920
dp “Nazareth” - Empresa Boa Esperança, Aveiro, 1920?-1924
Tonelagens : Tab 162,91 to > Tal 154,77 to
Cpmts.: Pp 31,29 mt > Boca 8,06 mt > Pontal 3,17 mt
Equipagem : 24 tripulantes
Capitães embarcados : Manoel Simões da Barbeira (1908 a 1910)
Naufragou durante a viagem dos bancos da Terra Nova para Aveiro, em 1924.

Escuna “ Loanda ”
1908 - 1917
Companhia Africana
Lisboa

A escuna "Loanda" - foto Gonçalves & Monteiro
Ilustração Portuguesa

Nº Oficial : 478-B > Iic.: H.D.Q.V. > Registo : Lisboa
Construtor : Estal. Laboureur, Paimpol, França, 1894
ex “Pierrette” - S.M.L. Légasse & Co., Bayonne, 1894-1908
Tonelagens : Tab 235,30 to > Tal 223,53 to
Cpmts.: Pp 34,33 mt > Boca 8,09 mt > Pontal 3,32 mt
Equipagem : 26 tripulantes
Capitães embarcados: Patrício Luiz Gaspar (1910)
Afundado após ataque de submarino Alemão, ao largo da costa portuguesa, em local não especificado, a 13.07.1917

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Pesca do bacalhau - Figueira da Foz - 1900 / 1910


Os bacalhoeiros da Figueira da Foz
1ª Parte

A frota Figueirense

Postal da F. da Foz - ao fundo o "Mindello"

Desde o princípio da aventura do bacalhau, os armadores e navios Figueirenses marcaram presença constante na pesca. Nem o desastre económico que resultou das companhas até 1857 e que levaram ao fim da terceira epopeia portuguesa, foram motivo para deixar de arriscar. Se é verdade que no período de 1883 a 1886, da Figueira viram sair 14 embarcações de Lisboa, Porto, Viana e Açores, é também verdade que nos anos seguintes a praça da Figueira retoma o bulício de anos passados. Foi o tudo por tudo, apesar das eternas contrariedades levantadas pelo governo do reino, sempre a prejudicar quem pretendia tirar o sustento do mar. Primeiro foram os impostos, uns insultuosos 33,5 reis por quilo, conforme a pauta da Direcção Geral das Alfândegas, que dava o peixe como produto importado. Depois de inúmeras reclamações, quer de Instituições Oficiais, quer de particulares, a portaria de 14 de Abril de 1886 abre boas perspectivas, baixando o valor do imposto ad valorem para 6,6 reis por quilo, com alguns adicionais, ficando porém a pesca limitada aos navios utilizados no ano de 1885.
Penam os Figueirenses pela decisão, não bastasse o amargor das avarias nos navios, em encalhes consecutivos provocados pelos assoreamentos na barra, situação que se manteve pelo menos até 1901, ano em que as portarias anteriores são revogadas através do Decreto-Lei de 12 de Junho. A nova lei contempla o pagamento do imposto de 12 reis por quilo, para o bacalhau fresco, em salmoura ou simplesmente salgado, pescado por navios nacionais, com tripulações exclusivamente portuguesas. É simultaneamente liberalizada a actividade, pondo fim ao odioso monopólio instituído pelos comerciantes, que se fizeram valer durante décadas do seu considerável poder económico.
Entre 1901 e 1902 três navios da Figueira (o “Santiago” do armador Adolpho Santiago & Cª., o “Mindello” da Soc. Africana e o “Trombetas”, de Eduardo Águas & Cª., pescaram 517.330 quilos de peixe, tendo o valor da venda atingido 41.386 mil reis. Paralelamente ao aumento anual de navios a pescar, criam-se inicialmente estaleiros para reparação da frota, mais tarde preparados e melhorados para a construção naval, em pleno funcionamento a partir de 1915. São esses navios que nos propomos recordar.

Patacho " Santiago "
1902 - 1906
ADOLPHO SANTIAGO & Cª.,
Figueira da Foz

Nº Oficial : n/ teve > Iic H.J.N.C. > Registo : Lisboa
Construtor : José Maria Bolais Mónica, Aveiro, 22.12.1901
ex “Rio Minho” - Adolpho Santiago & Cª., Figueira, 1901-1902
Tonelagens : Tab 132,33 to > Tal 126,00 to
Comprimentos : Pp 27,60 mt > Boca 7,90 mt > Pontal 3,00 mt
Equipagem : -??- tripulantes
Naufragou nos bancos da Terra Nova devido a incêndio em 1906

Lugre “ Trombetas “
1902 - 1917
ADRIANO ÁGUAS & Cª.,
Figueira da Foz

O lugre "Trombetas" encalhado na barra da Figueira em 1913
Imagem da Ilustração Portuguesa

Nº Oficial : 393-B > Iic.: H.K.M.P.. > Registo : Lisboa
Alterou o registo para a Figueira da Foz em 1904 e passa à propriedade da empresa Lusitânia- Companhia Portuguesa de Pesca, desde 1907)
Construtor : António Dias dos Santos, Fão, 1896
ex "União" - Joaquim Gomes Soares, Viana, 1896-1902
Tonelagens : Tab 235,30 to >Tal 223,53 to
Cpmts.: Pp 30,42 mt > Boca 7,04 mt > Pontal 3,51 mt
Equipagem : 42 tripulantes
Capitães embarcados: António Leite (1902), João Francisco Grilo (1903-1906) e João Gonçalves Grilo (1907-1910).
Afundado após ataque de submarino próximo aos Açores em 22.11.1917, em viagem dos bancos para a Figueira. O Capitão era João dos Santos Redondo. A indemnização pelos danos provocados foi paga pelo governo Alemão em 1939.

Lugre-patacho “ Mindello “
1902 - 1921
SOC. AFRICANA DE PESCA DO BACALHAU,
Figueira da Foz.

O "Mindello" e o Capitão Gaspar, na Figueira em 1910
Foto de José Gonçalves - Ilustração Portuguesa

Nº Oficial : 270 > Iic.: H.B.C.W. > Registo : Lisboa
(alterou o registo para a Figueira da Foz em 1908)
Construtor : S. Olsen, Sandefjord, Noruega, 1891
ex lugre-patacho “Alf” - registo Norueguês, 1891-1902
Tonelagens : Tab 302,95 to > Tal 233,24 to
Cpmts.: Pp 43,78 mt > Boca 8,65 mt > Pontal 3,60 mt
Equipagem : 15 tripulantes
Capitães embarcados: Manoel dos Santos Ré (1909), Patrício Lino Gaspar (1910)
Vendido a João Pires Correia, de Lisboa, em 1921. Mudou o nome para “Elvira”.

Lugre-patacho “ Leopoldina “
1903 - 1947
COMP. PORTUGUESA DE PESCA “LUSITÂNIA”,
Figueira da Foz


O "Leopoldina" na Figueira da Foz
Imagem (c) colecção Delfim Nora / Napesmat

Nº Oficial : 419-B > Iic.: H.G.R.S. > Registo : Lisboa
(alterou o registo para a Figueira da Foz em 1906)
Construtor : António Dias dos Santos, Caminha, 1899
ex “Valladares” - José Maria Valladares, Caminha, 1899-1900
ex “Valladares” - M.M. Rato & Filho, Lisboa, 1900-1903
Tonelagens : Tab 267,49 to > Tal 254,12 to
Cpmts.: Pp 34,56 mt > Boca 8,15 mt > Pontal 3,53 mt
Equipagem : 42 tripulantes
Capitães embarcados: João Gonçalves Grilo (1903) e José Maria Joaquim Pata (1906-1910)
Naufragou no Virgin Rocks, Terra Nova, por alquebramento em 1947.

Pesca do bacalhau - Figueira da Foz - 1900 / 1910


Os bacalhoeiros da Figueira da Foz
3ª Parte

Os 4 “ Júlias “ do Sr. José da Cunha Ferreira
Capitão, Armador e Administrador

Os 4 Júlias na Figueira da Foz
Imagem do livro Veleiros Portugueses

Seguindo um instinto natural enraízado pelos ilhéus Açoreanos, também o Sr. José da Cunha Ferreira ainda jovem terá deixado as canadas de S. Jorge a caminho da enorme e promissora América, na procura de uma vida melhor. Desde sempre ligado ao mar, foi no mar que por lá encontrou trabalho. Chegou a capitão de navios da pesca do bacalhau e acaso feliz, em vez de descarregar o peixe algures num porto perto de casa, viaja no iate “B.F. Sparkso” até Lisboa, em 1883, trazendo o peixe com destino a comerciantes da capital.
Surpresa das surpresas, afinal o negócio do peixe em Portugal rendia muito mais do que nos Estados Unidos, forte motivo para regressar a S. Jorge, já com o seu iate e dali começar um novo capítulo na pesca do bacalhau. Entretanto dá início à sua empresa, mobilizando parentes próximos também emigrados e levando os navios até aos bancos para pescar. Tinha nascido a A. Mariano & Irmão, em São Jorge (1886-1889), com passagem por Lisboa (1889-1902) até à instalação definitiva na Figueira da Foz (a partir 1902). Depois como corolário lógico criou a Companhia Atlântica, que se manteve firmemente implantada no sector e no armamento nacional. Muito além da sua eficácia e tenacidade na arte da pesca, figura igualmente com seus pares como exímios negociantes, comprando e vendendo os navios com excelente oportunidade.

Lugre “ Júlia 1º “
1885-1957

O "Júlia 1º" em Lisboa - foto (c) minha colecção

Armador : A. Mariano & Irmão, Lisboa (em 1915)
Nº Oficial : 420-B > Iic.: H.J.P.S. > Registo : F. da Foz
Construtor : -??-, EUA, 1853
ex iate “B.F. Sparkso”, -??-, EUA, 1853-1884
Reconstruído como lugre na Figueira da Foz, em 1898
Tonelagens : Tab 218,13 to > Tal 207,23 to
Cpmts.: Pp 33,09 > Boca 8,04 mt > Pontal 3,79 mt
Equipagem : 41 tripulantes
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Capitães embarcados: J.M. Goulart (1906), José Augusto Ramos (de 1907 a 1909) e António José dos Santos (1910)
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Armador : Atlântica – Comp. Port. de Pesca, Lisboa (em 1940)
Nº Oficial : 402-B > Iic.: C.S.G.X. > Registo : Lisboa
Reconstruído em 1945 (F. Foz -??-), recebe motor auxiliar
Tonelagens : Tab 249,78 to > Tal 187,04 to
Cpmts.: Ff 39,75 mt > Pp 34,61 mt > Bc 8,22 mt > Pontal 3,52 mt
Equipagem : 38 tripulantes
Máquina : Mirrlees, Bick & Day, 1945 > 1:Di > 600 Bhp > 9 m/h
Naufragou com água aberta no Virgin Rocks, em 01.09.1957

Lugre-patacho “ Júlia 2º ”
1887 - 1936

O lugre-patacho "Júlia 2º" - na Figueira da Foz
Imagem do livro Veleiros Portugueses (detalhe)

Armador : Atlântica – Comp. Port. de Pesca, Figueira (em 1915)
Nº Oficial : 406-B > Iic.: H.J.P.T. > Registo : F. da Foz
Construtor : -??-, Essex, Massachussets, EUA, 1874
ex “Carrie D. Allen” - F.M. Lan, E.U.A., 1874-1887
Reconstruído na Figueira (-??-), em 1903
Tonelagens : Tab 203,93 > Tal 193,73 to
Cpmts.: Pp 29,70 mt > Boca 7,90 mt > Pontal 3,66 mt
Equipagem : 32 tripulantes
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Capitães embarcados : J.F. Vieira (1906) António José dos Santos (de 1907 a 1909) e Fernando M. Lau (1910)
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Lugre “Atalante Primeiro” - Mesquita & Santiago, V. do Castelo
Reconstruído em Viana em 1938, recebe motor auxiliar
Tonelagens : Tab 202,22 to > Tal 140,64 to > Porte 586 to
Cpmts.: Ff 37,30 mt > Pp 32,60 mt > Bc 7,85 mt > Ptl 3,60 mt
Máquina : Skandia, Suécia, 1937 > 1:Sd > 130 Bhp > 9 m/h
Naufragou no estuário do rio Sado, apanhado por violento ciclone em 15.02.1941

Iate “ Júlia 3º “
1890 – 1937

O iate "Julia 3º" - foto (c) colecção Delfim Nora / Napesmat

Armador : Atlântica – Comp. Port. de Pesca, Lisboa (em 1915)
Nº Oficial : 407-B > Iic.: H.G.K.Q. > Registo : Lisboa
Construtor : J.G.M. Branco, Fão, 1876
ex patacho “Pinheiro” - J.F. Pinheiro, Porto, 1876-1887
ex iate “Arthur” – Soares & Cª., Porto, 1887-1889
ex iate “Arthur” - J.A. Ramos, Lisboa, 1889-1890
Alterou o registo para Lisboa, em 1903 (Tab 203,93 to)
Tonelagens : Tab 175,46 to > Tal 166,69 to
Cpmts.: Pp 30,05 mt > Boca 7,57 mt > Pontal 3,11 mt
Equipagem : 30 tripulantes
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Capitães embarcados: F.G. Moreira (1906), Fernando Mathias (de 1907 a 1909) e José Augusto Ramos (1910)
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Iate “Inesperado” – Mercearia Pestana dos Santos, Lda, 1939
dp iate “Inesperado” - Transportadora Oceânica, Lda., Lisboa
Reconstruído em -??- em 1938, recebe motor auxiliar
Tonelagens : Tab 183,99 to > Tal 125,03 to
Cpmts.: Ff 35,33 mt > Pp 30,69 mt > Bc 7,85 mt > Ptl 3,30 mt
Máquina : Volund, Dinamarca, 1937 > 1:Sd > 140 Bhp
Equipagem : 8 tripulantes
Considerado inavegável. Abandonado no Seixal para demolição.

Lugre “ Júlia 4º “
1915 – 1957

O lugre "Júlia 4º" - foto (c) colecção Delfim Nora / Napesmat

Armador : Atlântica – Comp. Port. de Pesca, Lisboa (em 1915)
Nº Oficial : 436-C > Iic.: H.J.L.B. > Registo : Figueira da Foz
Cttor.: António Maria Bolais Mónica, Figueira da Foz, 1915
Tonelagens : Tab 220,66 to > Tal 165,44 to
Cpmts.: Pp 38,56 mt > Bc 8,83 mt > Ptl 3,47 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Equipagem : 40 tripulantes
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Lugre “ Julia Quarto “, Atlântica - Comp Port. Pesca, Lisboa
Nº Oficial : G-377 > Iic.: C.S.H.A. > Registo : F. da Foz
Tonelagens : Tab 260,06 to > Tal 183,59 to
Cpmts.: Ff 42,80 mt > Pp 38,21 mt > Bc 8,84 mt > Ptl 3,82 mt
Máquina : Suécia, 1937 > 1:Sd > 130 Bhp > 7 m/h
Equipagem : 39 tripulantes
Naufragou devido a incêndio na Terra Nova em 14.08.1949

Comp. Colonial de Navegação - o paquete "Pátria"


O caderno de viagem











segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Companhias Portuguesas - A Frasil


Empresa de Navegação Frasil, Lda.
Lisboa

Devo confessar não ter um conhecimento profundo sobre a história desta empresa. Por esse motivo posso apenas imaginar uma série de opções erradas, que levariam ao seu rápido desaparecimento. Ter navios no mar a navegar com a bandeira portuguesa, sempre mereceu da nossa parte os maiores elogios. Posicionar navios gastos pelo tempo a concorrer lado a lado com companhias estrangeiras, no mercado internacional, com frotas novas ou semi-novas e eventualmente com melhores fretes, leva qualquer um à falência, mesmo sendo bem intencionado. Gasta a primeira aposta, foi tentado o plano "b", colocando os navios a operar na cabotagem nacional, num período em que o país estava relativamente bem servido de meios, deixou os "Sãos" de porões vazios, a contrair divídas, até ao desgaste final na barra dos Tribunais, com a sempre penosa arrematação dos navios em hasta pública.

" São Silvestre "
1952-1965

O "São Silvestre" em Leixões - imagem (c) Fotomar

Nº Oficial : H-429 > Iic.: C.S.K.W. > Porto de registo : Lisboa
Construtor : Gebroeders Bos, Groningen, Holanda, 07.1927
ex “Everhard” - R. Kramer, Groningen, Holanda, 1927-1927
ex “Funchalense” - Emp. Naveg. Madeirense, Lda., 1927-1952
Tonelagens : Tab 381,89 to > Tal 188,57 to > Porte 500 to
Cpmts.: Ff 45,55 mt > Pp 43,42 mt > Bc 7,05 mt > Ptl 3,23 mt
Máq.: Motorenfabrik Deutz, 1927 > 1:Di > 350 Bhp > 6,5 m/h
Vendido à Componave em 1965, mudou o nome p/ “Maricarmem”

“ São Silvares “
27.05.1958-29.11.1967

O "São Silvares" em Leixões - imagem (c) Fotomar

Nº Oficial : H-455 > Iic.: C.S.I.O. > Porto de registo : Lisboa
Cttor.: Bornholm Maskinfabrik, Ronne, Dinamarca, 12.1902
ex esc. “Johannes” – A/S Ronne Seilskib Rederi, 1902-1937
ex “Nossa Srª dos Anjos” - Mutualista Açoreana, 1937-1952
ex “Labrincha” - Labrincha & Filho, Lisboa, 1952-1958
Tonelagens : Tab 377,12 > Tal 229,14 to > Porte 590 to
Cpmts.: Ff 40,51 mt > Pp 37,78 mt > Bc 8,87 mt > Ptl 3,69 mt
Máq.: Volund, Dinamarca, 1951 > 1:Di > 450 Bhp > 8 m/h
Concluiu a 22.06.1966 a última viagem ao serviço da empresa, sendo imobilizado e arrestado. Vendido por ordem do Tribunal do Trabalho de Lisboa, pela firma Soares & Mendonça, Lda., a José Maria da Silva, que o revendeu à Componave por um milhão de escudos em 18.12.1967. (a)
dp “Amisil” - propriedade da Componave, Lisboa, 1967-1974
(a) Apontamentos de Luís Miguel Correia, que agradeço.

“ São Silvério “
1959-1963

O "São Silvério" em Leixões - imagem (c) Fotomar

Nº Oficial : H-463 > Iic.: C.S.H.W. > Porto de registo : Lisboa
Cttor.: Shipyard Dibles, Ltd., Southampton, Inglaterra, 06.1921
ex “Loriente” - Morgan & Cadogan, Inglaterra, 1921-08.1946
ex “Costeiro” – Sociedade Geral, Lisboa, 1946-1959
Tonelagens : Tab 685,55 to > Tal 445,00 to > Porte 900 to
Cpmts.: Ff 56,13 mt > Pp 54,25 > Bc 8,82 mt > Ptl 3,45 mt
Máquina : MAN, Alemanha, 1950 > 1:Di > 800 Bhp > 10 m/h
Naufragou devido a encalhe na Ilha Salvora, situada ao largo de Vigo, Espanha, a 19.03.1963

“ São Silvano “
1960-1965

O "São Silvano" em Leixões - imagem (c) Fotomar

Nº Oficial : H-464 > Iic.: C.S.E.W. > Porto de registo : Lisboa
Cttor.: Pusnaes Stpri & Mt. Fabrik, Arendal, Noruega, 10.1919
ex “Truma” - O. Dahl, Pusnaes, Noruega, 1919-1926
ex “Martha” - C. Hannevig, Noruega, 1926-1930
Navio com casco de madeira, foi reconstruído em aço em 1926
ex “Corvo” - Bensaúde & Cª., Lisboa, 1930-1958
ex “Oscar” – Mutualista Açoreana, Lisboa, 1958-1960
Tonelagens : Tab 773,20 to > Tal 522,61 to > Porte 965 to
Cpmts.: Ff 60,03 mt > Pp 55,77 mt > Bc 9,26 mt > Ptl 3,97 mt
Máquina : MAN, Alemanha, 1962 > 1:Di > 950 Bhp > 10 m/h
Vendido à Componave em 1965, mudou o nome para “Silnave”

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Curiosidades - A crise terá chegado ao mar?


Notícias da pesca

O Sr. Albino Rocha Tavares Santos, residente na Rua da Constituição, Porto, é um dos amigos reformados, que com alguma assiduidade desce ao rio Douro, entregando-se com paixão à prática da pesca lúdica, para melhor passar o tempo. Num desses momentos, encontrando-se a pescar no parque da Alfândega, (local muito frequentado pelos pescadores da cidade), a cerca de vinte minutos para a meia-noite do dia 19 de Outubro, notou o agitar frenético da sua cana, tendo de imediato recuperado a linha, confirmando a captura.
Surpresa maior e contra todas as expectativas, trazia bem preso no anzol um pequeno “bonito”, com cerca de 1 quilo. Quem poderia imaginar ver um atum no rio Douro, caso muito raro e sem paralelo, pelo menos durante os últimos 50 anos. Admitindo saber que o atum é um peixe que se desloca em cardume, acreditamos na possibilidade de também outros exemplares terem entrado no rio, certamente à procura de comida (peixes menores). Posto isto levanta-se uma questão que julgamos oportuna e pertinente; será que a crise já chegou ao mar ?

O amigo Santos, naturalmente feliz com o inesperado presente...

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Pesca do Bacalhau - Um lugre Algarvio


Companhia de Pesca “A Fuzeta”
Olhão

Esta companhia com gerência dos Armazéns Zacarias Mendes Correia, foi proprietária de dois lugres, um deles a operar no serviço de cabotagem, com o nome “Senhora de Monserrate” e o outro armado para pescar nos bancos da Terra Nova. Esse navio esteve presente nalgumas campanhas entre 1921 e 1929, seguramente utilizando excelentes e consagrados pescadores locais. Segundo Mário Moutinho, no livro “História da pesca do bacalhau”, diz supor que o navio tenha ficado encalhado durante muitos anos na praia da Fuzeta, podendo por esse facto ter causado a sua destruição, especulação que resulta do facto do lugre não voltar a ser referido nas listas de navios nacionais.

Lugre “ Senhora do Carmo “

Nº Oficial : A-719 > Iic.: H.S.E.C. > Porto de Registo : Olhão
Cttor.: Gomes & Cª., Ovar, 1919
Tonelagens : Tab 211,54 to > Tal 200,97 to
Cpmts.: Pp 35,01 mt > Boca 8,35 mt > Pontal 3,75 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar

Na última campanha de pesca que decorreu de Maio a Outubro de 1929, o lugre navegou com 39 tripulantes, tendo utilizado 36 canoas. O navio e os dóries estavam orçados num valor próximo dos 318 mil escudos. Foram utilizados 300 aparelhos de pesca (linhas e anzóis) orçados em 25 mil escudos. Com este equipamento pescou cerca de 1.285 quintais de pescado, tendo ainda conseguido 2.500 kgs. de óleo de fígado de bacalhau. A venda do peixe e do óleo renderam aos proprietários um total estimado na ordem dos 159 mil escudos.