sábado, 31 de maio de 2014

Divulgação


Dia do pescador

Embarcação de pesca "Irmãos Cruz"

Comemorou-se hoje, - 31 de Maio -, em Matosinhos, o Dia do Pescador, evento que este ano foi integrado nas festas da cidade. Uma cerimónia alusiva ao acontecimento decorreu na Câmara Municipal, depois das 10 horas da manhã, tendo estado presentes alguns dos principais responsáveis da edilidade.
Nestas celebrações do Dia do Pescador, que como habitualmente estiveram a cargo da Direcção do NAPESMAT (Núcleo de Amigos dos Pescadores de Matosinhos), teve lugar uma palestra alusiva à genealogias da gente do mar e a homenagem a antigos pescadores, tendo ainda contado com a participação musical de um grupo jovem de instrumentistas tocadores de cavaquinhos.

domingo, 25 de maio de 2014

Imagens do dia


Navios vistos no dia de ontem - 23 de Maio -,
no porto de Leixões


Navio de passageiros "Bremen"
Em viagem de cruzeiro entre Lisboa e Villagarcia de Arosa


Navio de passageiros "Louis Aura"
Em viagem de cruzeiro entre Lisboa e Vigo


Navio de passageiros "Sea Cloud II"
Em viagem de cruzeiro entre Lisboa e Vigo


quarta-feira, 21 de maio de 2014

Imagens do dia


Navios vistos no dia de ontem - 20 de Maio -,
no porto de Leixões

N.m."Best Unity"

N.m."Ennio Marnix"
Chegou procedente de Rostock, sai para destino indeterminado

N.m."Patricia Rickmers"

Rebocador portuário "Aquiles"

Navio de passageiros "Seabourne Legend"
Chegou procedente de Lisboa, saiu para Villagarcia de Arosa

Navio de passageiros "Serenissima"
Chegou procedente de Lisboa, saiu com destino a Portsmouth

terça-feira, 20 de maio de 2014

Dia da Marinha 2014


A chegada do contra-torpedeiro “Vouga”, em 1933

Nesta ocasião festiva em que se celebra a passagem de mais um Dia da Marinha, surgiu a oportunidade para recordar a passagem pelo Porto, daquele que pode ser considerado o primeiro grande navio, construído com base no plano de renovação da esquadra da Marinha de Guerra Portuguesa, de 1930.

O contra-torpedeiro “Vouga”

Uma das primeiras imagens do navio
Foto-postal do construtor - minha colecção

Visita oficial da Imprensa
A convite do distinto comandante do “Vouga”, Sr. Carvalho Crato,
visitaram ontem aquele magnífico navio os representantes
da imprensa, a quem foi oferecido um «Porto de Honra»
O “Vouga” continua ali em baixo, no Bicalho, quieto e sereno, na sua imponência rígida, - a incendiar o patriotismo indígena! Tem passado por aquela nova unidade da marinha de guerra milhares de pessoas. E se o portaló não se fecha, não se sabe quando seria possível a bordo tratar de vida…
E não se condene o povo por esta ansiedade fremente, que chega a ser maçadora. Ele tem – como ontem gentilmente nos dizia o comandante Carvalho Crato – ali os seus direitos! Cabe-lhe o direito de ver, de observar no que foi transformado o seu dinheiro! Por isso, apesar de expiado o prazo das visitas, o Sr. comandante ainda encolhe, com um sorriso nos lábios, os ombros – quando se encosta à carcaça do “Vouga” algum barquito de curiosos.
Ontem foi o dia da imprensa. Acedendo, gostosamente, ao convite gentil do Sr. comandante Carvalho Crato, os representantes da Imprensa visitaram, ontem, à tarde, o “Vouga”.

Do eléctrico ao “Vouga”
O carro deixa-nos ali em baixo, no Bicalho, a dois passos do vapor. Da linha ao “Vouga” são dois passos… sobre as águas verde-mar do rio Douro. Duas remadelas fortes, e já lá estamos. Escada acima, - eis-nos no portaló.
Aí, altivo e senhoril, mas fidalgo e gentil, aguarda-nos o comandante Carvalho Crato. A sua figura aprumada, de gentleman e atleta, num uniforme corretíssimo, é a nossa primeira impressão. No peito, amontoadas por falta de espaço – medalhas e condecorações. É a biografia do comandante escrita com insígnias em pleno coração! África, Timor, a Grande Guerra, Aviz, Cristo, - uma série de recompensas que definem toda a vida deste ilustre e valoroso marinheiro, que agora comanda o “Vouga”.
O comandante, como todos os comandantes que se prezam, tem paixão pelo seu navio. Recebe-nos com sumo prazer. Tem o maior gosto em, por este intermédio, dizer ao público o que é o “Vouga”. Para isso, nos chamou ali. Ele mesmo vai ser o nosso guia através dos mais recônditos recantos daquela fortaleza flutuante.

A fisionomia do “Vouga”
O “Vouga” visto de fora, muito limpo e muito airoso, novo em folha, impressiona, logo, agradavelmente. Infunde respeito. E faz-nos pensar, através das suas peças assestadas para o espaço, em dias angustiosos, dias de metralha, por esses mares em fora…
Lá dentro, a impressão redobra, quando a gente se debruça sobre as bocarras infernais daquelas peças diabólicas! Tudo, ali dentro, são engenhos de guerra. Instrumentos de destruição. E tudo está construído e montado com os requintes do progresso.
Por sobre toda aquela massa cinzenta, onde os aços rebrilhantes põem, aqui e ali, notas de entusiasmo, ao sol quente da tarde – ergue-se, planando ao vento, a bandeira da Nação! É como que uma grande manta cobrindo e acarinhando o navio inteiro.
A tripulação anda alegre, radiante. Percebe-se-lhe o orgulho de pertencerem ao “Vouga”. Os oficiais estão contentes. Aquilo, assim, dá gosto. É navio a sério – para o que der e vier. Ali não se apanha. Dá-se… E de que forma! É cada torpedo, que parecem torres! E as peças têm 12cm…

Para o que der e vier…
Estamos na popa. O Sr. comandante, gentil e bem-disposto, preleciona-nos, passe o dizer. A sua figura aprumada, de marinheiro de velhas águas, parece um símbolo – erguido, à ré!
- De quantas peças dispõe, comandante?
- São 4, de 12 cm. Tem uma velocidade inicial de 940 metros por segundo e atingem uma longura de 22 quilómetros.
- E aquelas mais pequenas?
- Aquilo é o «pão-pão».
- ?
- As peças anti-aéreas, conhecidas por «pão-pão», por onomatopeia… Tem 4 cm estas peças e são duma actividade espantosa.
Ficamos, instantes, a olhá-las. Viradas ao céu, silenciosas e quedas, parecem guardas avançadas dum castelo roqueiro. Adiante, encontramos os torpedos. Dois grupos, de quatro lança-torpedos cada um. Oito engenhos diabólicos que, na hora própria, enviam para o alvo carradas de metralha, - de metralha imparável.
A explicação do comandante, sobre a acção daqueles brutos, arrefece-nos a coluna vertebral… Vem uma esquadra, derrota em fora. Envia-se-lhe um punhado de torpedos, - e tudo aquilo se desorienta, perdendo o rumo, fugindo desaustinadamente. Nisto é grande o “Vouga”. Tem oito, e dos melhores do mundo.
Encontramos ainda, a bombordo e estibordo, dois lança-bombas, armas de segunda vantagem – mas que, quando calha de se poder aplicá-las bem, deixam tudo em cisco! Além disto, o “Vouga” corre. Corre 36 milhas por hora, sendo preciso.

Foto mais recente do "Vouga" já com numeração NATO
Imagem publicada no blog Área Naval

Identificação do contra-torpedeiro “Vouga”
Em comissão de serviço entre 1933 (entrado no rio Douro, pelas 17 e cinquenta minutos do dia 24 de Agosto de 1933 e mandado abater ao efectivo dos navios da Armada, pela portaria Nº 22703, por proposta ao Governo apresentada pelo Exmo. Ministro da Marinha, Almirante Fernando Quintanilha Mendonça Dias, em 3 de Junho de 1967.
Nº Of.: “V” (1933) - D334 (1946) - Iic: C.T.B.K. - Reg: Lisboa
Construtor: Yarrow & Co. Ltd., Scotstoun, (Glasgow) G.B., 1933
Arqueação: Tab 1.438,55 tons - Tal 450,98 tons
Deslocamento: St 1.238,54 ts - Mx 1.588,45 ts - Nm 1.411,05 ts
Dimensões: Pp 93,58 mts - Boca 9,50 mts - Pontal 5,71 mts
Propulsão: Do construtor - 3:Tv - 3x10.000 Shp - 36,5 m/h
Guarnição: 171 tripulantes

Uma frase do Marquês de Pombal
Como vêem, o “Vouga” em matéria de armamento, está completo. Parece, mesmo, que não podia ter mais. Está até aos dentes, como soi dizer-se.
- E a qualidade?
Aqui fala, respondendo, a autoridade comprovada do comandante Carvalho Crato:
- Pode dizer aos seus leitores que as peças são tudo quanto há de melhor e mais perfeito no mundo!
- ?
- É como lhes digo: são melhores, mesmo, que as da marinha inglesa.
- E o resto?
- É tudo assim. Trata-se de um vapor construído segundo os mais recentes conhecimentos. É, por assim dizer, a última palavra.
E mudando de rumo, o Sr. comandante procura explicar-nos a razão do valor e da bondade do “Vouga”:
- Agora: os srs. imaginam quanto custa cada torpedo?
Parece que ninguém, dos presentes, fazia ideia do preço por que fica cada um desses grandes canudos de metralha.
E o Sr. comandante afirma: - 240 contos, cada um!
Alguém, ao lado, comenta, em graça:
- Há inimigos que não valem o preço do torpedo…
E o Sr. comandante acaba, evocando a figura do grande ministro de D. José I:
- Já o Marquês de Pombal dizia que o mar não é para pelintras. E tinha razão. Tudo isto, depois de pronto, só para funcionar, representa milhares de contos!

O judeu “X” e a Ordem da Jarreteira…
Discute-se, agora, sobre coisas de guerra. Querem uns que as peças do “Vouga” fiquem toda a vida por estrear. Outros falam de grandes guerras, anunciadas por esse mundo de Cristo…
Todos sentem, naturalmente, a curiosidade do futuro que espera as grandes peças do “Vouga”. O Sr. comandante sorri. Parece que não pensa nisso. Deixa esses cuidados aos que andam sobre terra firme. E conta a história do judeu “X”, proprietário da maior fábrica de guerra do mundo inteiro, na Inglaterra. Esse homem, que juntou e está juntando cada vez mais milhões a fabricar instrumentos e engenhos de morte, tem uma actualidade tão pequena ou tão grande, - que entrou na Ordem da Jarreteira!
- Mas a Jarreteira não é dada, apenas, aos monarcas?
- E então ele não é o rei da guerra? Esta raça de Israel, de quem Hitler é o anti-Cristo, parece que não descansará mais enquanto o mundo não estiver transformado num saco imenso, de que eles sejam donos e nós outros, pobres filhos de Adão, simples tributários…

Maravilha de precisão!
O “Vouga” tem, além do que fica relatado, embora ao de leve, outra qualidade digna de registo. É a precisão matemática de tudo aquilo. Toda a ciência de electricidade está ali aplicada. Calculem: as peças podem ser disparadas da ponte do comando, como quem, sentado numa cadeira desanda o interruptor da luz eléctrica!
A casa de navegação é mostruário do “Vouga”. As velhas artes de marear, que vem dos tempos do Vasco da Gama até hoje, usando-se, ainda, em todo o mundo, - foram banidas do “Vouga”. Ali é tudo novo, moderno, eléctrico, de precisão, - a última palavra!
- Até a tripulação!, segreda-nos alguém.
De facto, o “Vouga” tem 120 praças aprumadas, garbosas, que honram a casa. Conta 21 sargentos, dignos da oficialidade. E 11 oficiais que são onze figuras distintas formando, à volta do comandante, - uma só verdadeira: que é a Marinha Portuguesa!

A «casa», em si…
Se nos esquecermos de que estamos dentro dum vaso de guerra, poderemos ter, aqui e ali, a impressão de andarmos visitando um palacete magnífico. Há luxo e elegância em toda a parte. Os aposentos dos oficiais e sargentos são apetitosos. Há salas, ricamente decoradas, onde apetece estar. E os soldados têm as suas acomodações amplas, arejadas, elegantes – como raras vezes se encontra em navios assim.
Fomos encontrar, num desses aposentos, o Tenente Bastos, um homem em plena mocidade, que o comandante nos apresenta assim:
- Este é o piloto. Ele e um irmão tem o futuro marcado!
Olhamos, com curiosidade, aquele oficial tão novo, mal saído das escolas. E o Sr. comandante insiste:
- O pai do Tenente Bastos pode orgulhar-se de ter dois filhos que hão-de ser alguma coisa na Marinha Portuguesa!
O Tenente Bastos, modesto e comprometido, agradece discretamente. E nos olhares dos circunstantes há um desejo de boa sorte. Um cliché. Com os oficiais e imediato, Sr. Capitão Góis. Um friso alegre e distinto, ao sol claro que ilumina o deck.
E descemos à sala dos oficiais.

Um «Porto de Honra» oferecido à Imprensa
A sala dos oficiais é uma caixinha de veludo. Cómoda e elegante. Sobre uma mesa, um vistoso cestinho de cravos, com uma legenda doce: À tripulação do “Vouga”, duas portuenses.
- ?
- São duas meninas que vem cá, todos os dias, visitar o navio. E tem estas gentilezas.
O marinheiro António, que foi polícia-sinaleiro vai enchendo os cálices com vinho do Porto. Treme-lhe a mão, por falta de hábito, decerto. E o Sr. comandante, gracioso e simples:
- Vá lá, António: parece que ainda estás a fazer sinais, lá fora…
(Lá fora, é esta terra dura que nós, os terrestres, habitamos.)
Estão cheios os copos. Vai brindar o Sr. comandante Carvalho Crato. Dirige-se aos jornalistas: Tenho muito prazer em recebê-los neste vapor. Um marinheiro gosta sempre que lhe conheçam o navio. E os srs. não vem aqui, como simples visitantes.
São observadores e, por isso, irão dizer, por terem visto, aquilo que eu lhes digo. Este vapor é, na verdade, bom. Assisti à sua construção e sei quanto ela foi cuidadosa e perfeita. Podem dizer em toda a parte que o “Vouga”, como de resto todos os navios a fazer em Inglaterra, corresponde às nossas ansiedades. Não se esbanjou, mas também não se apertou. Fez-se um navio como era preciso.
A casa construtora merece elogios. Cumpriu bem e não se julgue que ganhou mundos e fundos. A crise, lá fora, é fenomenal. Os estaleiros estão 70% parados. Por isso, trabalha-se com certas vantagens. Concluindo: Desejo que os srs. jornalistas levem boas impressões desta visita e reafirmo-lhes que o “Vouga” é um navio digno da casa construtora e da nossa marinha.
O jornalista Costa Brochado, agradeceu este brinde, em nome da Imprensa e o distinto repórter fotográfico Sr. José Gonçalves, ofereceu ao Sr. comandante Carvalho Crato uma esplêndida colecção de óptimas fotografias do “Vouga”, à chegada ao Douro.

Acabaram as visitas ao “Vouga”
A visita de ontem encerrou as visitas. O Sr. Presidente da Câmara, que ontem teve de acompanhar o Sr. Ministro das Obras Públicas, não pode ir. Foi o Sr. Vereador Sr. Jorge Ferreira em sua representação. E pôs-se um ponto final nas visitas ao “Vouga” – porque agora, é preciso trabalhar.
Começou a instrução das praças. Começa a vida do navio. Entram agora no regime militar. Quem não foi nesta ocasião, tem de esperar outra maré. A vida é longa e o “Vouga”, se Deus quiser, está aí para durar.

A despedida
Deixamos o “Vouga”, ao cair da tarde. Tarde de sol rebrilhante e vitorioso. O metal das peças, duma brancura agressiva, chispava centelhas de luz, reflexos desse sol vivo da tarde cálida. Descemos a escadinha…
No alto, a figura imponente do comandante Carvalho Crato, curva-se, numa última despedida. À ponta, no mastro firme, bamboleia-se ao vento suave que vem do mar amigo, a bandeira da Nação!
A sentinela no portaló, de baioneta calada, está firme como rocha viva. Tocou um clarim! Seria a reunir? A reunir as almas portuguesas em torno deste navio forte e majestoso – feito com o sangue do povo para fazer respeitar o mesmo sangue sagrado vertido noutras eras, por esses mares nunca dantes navegados
(In jornal “Comércio do Porto”, terça, 5 de Setembro 1933)

sábado, 17 de maio de 2014

História trágico-marítima (CXXXVII)


Incêndio a bordo do navio “Marianne Dancoast”

Navio dinamarquês em chamas ao largo de Viana.
A tripulação foi salva excepto o chefe de máquinas

Imagem do incêndio no navio "Marianne Dancoast"
Foto do capitão do navio - minha colecção

Um violento incêndio deflagrou, cerca das 18 horas de
ontem (08.10.1983), a bordo de um navio dinamarquês,
que se encontrava a cerca de 20 milhas (32 Km), a oeste
da costa de Viana do Castelo.
Segundo o Capitão do porto de Leixões, a bordo do navio “Marianne Dancoast”, que se encontrava em trânsito, desconhecendo-se qual a sua origem ou destino, encontravam-se 7 tripulantes, seis dos quais já foram recolhidos pelo navio holandês “Sertan”, que navegava nas imediações.
A Capitania do porto de Leixões enviou, entretanto, um draga-minas, que se achava em serviço de patrulha costeira, ao encontro do navio dinamarquês, mas nada pôde fazer, tanto mais que o navio sinistrado estava em risco de explodir de um momento para o outro.
A bordo do “Marianne Dancoast” ficou apenas o chefe de máquinas, que se encontra em perigo de vida, por ter sido vítima das explosões e baldados todos os esforços para o retirar de bordo.
(In jornal “Comércio do Porto”, Domingo, 9 de Outubro de 1983

Identificação do navio “Marianne Dancoast” – 1971/1983
Nº Oficial: 7110490 - Iic.: O.X.C.L. - Registo: Tuborg Havn
Armador: Rederiet Dancoast I/S, Tuborg Havn, Dinamarca
Operador: H. Folmer & Co., Copenhaga, Dinamarca
Construtor: Frederikshavn Vaerft & Tordok A/S, 06.05.1971
Arqueação: Tab 399,00 tons - Tal 226,00 tons - Pm 1.016 tons
Dimensões: Ff 59,37 mt - Pp 53,01 mt - Bc 10,62 mt - Ptl 3,58 mt
Propulsão: Alpha Diesel A/S - 1:Di - 8:Ci - 800 Bhp - 11 m/h
Equipagem: 7 tripulantes

Depois de ter sido procedida a descarga da mercadoria transportada em Vigo, o navio foi colocado à venda. Histórico comercial posterior, como segue: 1984/1989 “Marianne Norcoast”, Arctic Shipping A/S, Hamilton (Bermuda); 1989/1992 “Sammy Jo”, Culross S.A., Kingstown (St. Vincent); 1992/1994 “Anne Norco”, Sea Fan, Ltd., Kingstown (St. Vincent); 1994/2001 “Magica”, Sea Gull Maritime, Ltd., La Vallelta (Malta); 2001/2002 “Toli-I”, Hinckley Shipping, Ltd., Nuku’alofa (Tongo, Oceania); e “Toliara”, Hinckley Shipping, Ltd., La Paz (Bolivia). O navio foi vendido em 30 de Abril de 2008, em Aliaga (Turquia), para demolição.

Imagem do incêndio no navio "Marianne Dancoast"
Foto do capitão do navio - minha colecção

Incêndio dominado e maquinista por aparecer
Navio dinamarquês rebocado para Vigo
O incêndio que deflagrou num navio dinamarquês, a cerca de 20 milhas da costa de Viana do Castelo, foi completamente dominado, ao princípio da madrugada de ontem, havendo, no entanto, a lamentar o desaparecimento do chefe de máquinas, que se supõe tenha morrido queimado.
O fogo, cuja origem ainda se ignora, deflagrou cerca das 18 horas de anteontem e deixou o “Marianne Dancoast” bastante danificado. A bordo seguiam 7 tripulantes, seis dos quais foram salvos pelo navio holandês “Sertan”, que navegava nas imediações e que, portanto, não demorou a recolher os homens.
Na casa das máquinas ficava, no entanto, o engenheiro chefe, admitindo as autoridades que tenha perecido no momento em que as chamas deflagraram. Contudo, não existe ainda a confirmação oficial, mas tudo indica que o tripulante tenha morrido queimado.
O “Marianne Dancoast” – que transportava nos seus porões garrafas de gás butano, óleo lubrificante e cabos eléctricos – foi rebocado para o porto de Vigo, pelo rebocador espanhol “Nosas”. Segundo o que foi possível apurar junto da Capitania do porto de Leixões, os seis tripulantes que foram salvos seguiram para Lisboa.
Entretanto, saliente-se que as operações de reboque do navio dinamarquês decorreram sem problemas, sendo acompanhado pelo navio de guerra português “Lagoa”, até abandonar as águas territoriais nacionais.
(In jornal “Comércio do Porto”, segunda, 10 de Outubro de 1983

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Pesca do bacalhau


Os estatutos da Companhia de Pesca Transatlântica, de 1937

Pelo interesse que pode merecer o conhecimento dos estatutos de uma empresa com forte vínculo à pesca do bacalhau, optamos pela divulgação dos mesmos, referentes à empresa supra mencionada, porque acreditamos possam ser iguais ou no mínimo idênticos aos estatutos das outras firmas a operar no sector das pescas.
Esta companhia, no período anterior à alteração dos estatutos contemplados no texto, dispunha para as campanhas de pesca ao bacalhau dos lugres “Ave” e “Clara”, ex “Esperança”. Na época a que se referem estes estatutos a empresa aumentou a sua frota de pesca com a compra dos lugres “Granja”, ex “Corça” e "Infante", ex "América", navios que entretanto, com o decorrer dos anos, foram sendo substituídos pelo lugre “Aviz”, em 1939, cuja história comercial se encontra descrita no blogue, e ainda mais recentemente pelo lugre "Condestável" e pelo navio arrastão de pesca lateral “Invicta”, ambos em 1948.

O navio "Invicta" da Companhia Transatlântica
Imagem da Foto A. Coelho, Lisboa - Minha colecção

A Companhia de Pesca Transatlântica, Limitada
Por escritura desta data, lavrada pelo notário Dr. Silva Lino, desta
cidade, foram feitas as seguintes alterações ao estatuto por que se
vinha regendo a sociedade por quotas de responsabilidade
limitada sob a denominação acima e com sede no Porto:
a) – Entrou para a sociedade como sócio novo Fernando Moreira de Almeida.
b) – O capital social que era de 300 contos foi elevado à cifra de 900 contos subscrito e pago em dinheiro pelos sócios na seguinte proporção:
Fernando Moreira de Almeida, 600 contos,
Caldeira Pinto & Cª., Limitada, 110 contos,
Armazém de Mercearia Teixeira & Filho, 75 contos,
José da Cunha Teixeira, 50 contos,
Daniel Alves, 25 contos,
Joaquim Caldeira Pinto, 15 contos,
Domingos Pinto Ribeiro Gomes, 12 mil e 500 escudos e
Eduardo Rodrigues de Freitas, 12 mil e 500 escudos;
c) – Foram substituídas as condições do pacto social pelas seguintes:
1ª. – A sociedade continua a denominar-se Companhia de Pesca Transatlântica, Limitada, tem a sua sede no Porto e estabelecimento na rua Dr. Sousa Viterbo, nº 36, 1º andar, durará por tempo indeterminado, contando-se os efeitos desta alteração desde 1 de Fevereiro corrente.
2ª. – O seu objectivo continua a ser a pesca, preparação, venda de bacalhau, bem como a indústria e comércio congéneres ou outro que à sociedade convenha explorar.
3ª. – O capital social é de 1.200 contos, em dinheiro, ficando a ter nele os sócios as seguintes participações, que constituirão as suas quotas por virtude da unificação, que fica feita, das quotas dos primeiros sócios:
Fernando Moreira de Almeida – 600 contos
Caldeira Pinto & Cª., Limitada – 220 contos
Armazém de Mercearia Teixeira & Filho – 150 contos
José da Cunha Teixeira – 100 contos
Daniel Alves – 50 contos
Joaquim Caldeira Pinto – 30 contos
Domingos Pinto Ribeiro Gomes – 25 contos e
Eduardo Rodrigues de Freitas – 25 contos
Destas quotas acham-se realizadas as seguintes importâncias, devendo as restantes entrar na caixa social dentro de um ano:
Fernando Moreira de Almeida, 525 contos;
Caldeira Pinto & Cª., Limitada, 192 mil e 500 escudos;
Armazém de Mercearia Teixeira & Filho, 131 mil e 250 escudos;
José da Cunha Teixeira, 87 mil e 500 escudos;
Daniel Alves, 43 mil 750 escudos;
Joaquim Caldeira Pinto, 26 mil 250 escudos;
Domingos Pinto Ribeiro Gomes, 21 mil 875 escudos;
Eduardo Ribeiro de Freitas, 21 mil 875 escudos.
# único – A gerência poderá elevar o capital até 2.000 contos e outorgar a necessária escritura.
4ª. – A gerência social, dispensada de caução fica afecta a todos os sócios. Haverá, porém, dois gerentes com a designação de gerentes-delegados a quem obrigatoriamente compete exercer a gerência, sendo indispensável a assinatura de ambos eles para obrigar a sociedade, excepto nos assuntos de expediente em que bastará a assinatura de um só deles.
# 1º. – São desde já nomeados gerentes-delegados os sócios srs. Fernando Moreira de Almeida e José da Cunha Teixeira, sendo substituto no impedimento do ultimo o gerente Joaquim Caldeira Pinto e no impedimento do primeiro o sócio que oportunamente ele designar por acta.
# 2º. – A gerência reunirá sempre que for convocada pelos gerentes-delegados e as suas resoluções serão tomadas pela maioria do capital representado na reunião, o que expressamente fica estipulado à sombra do art.º 1270 do Código Civil.
5ª. – O sócio que pretender vender toda ou parte da sua quota a estranhos, assim o comunicará à sociedade e aos demais sócios em carta registada tendo aquela em primeiro lugar e estes em segundo o direito de a adquirirem pelo valor resultante do último balanço aprovado acrescido da sua participação nos fundos da sociedade, isto no caso de não estar iniciada uma campanha de pesca, por que se o estiver far-se-á um balanço especial para esse fim.
# 1º. – Se mais de um sócio pretender adquirir a quota alienada será esta rateada pelos pretendentes na proporção das que já possuam.
# 2º. – Passados que sejam 30 dias sem estar assinada a escritura da sessão à sociedade ou qualquer dos sócios poderá a mesma quota ser livremente cedida.
# 3º. – Ficam autorizadas as sessões constantes da acta hoje assinada por todos os sócios, passando os cessionários a fazer parte da gerência logo que pelos registos das respectivas escrituras de sessões, tenham legalizado a sua qualidade de sócios.
6ª. – Ocorrendo a morte ou interdição de qualquer dos sócios em nome individual poderão, querendo, continuar na sociedade os seus herdeiros ou representantes, devendo neste caso, escolher um que os represente a todos na sociedade e de cuja gerência virá a fazer parte. Se lhes não convier, ser-lhe-á pago dentro do prazo de um ano o valor da respectiva quota realizada acrescida da parte que lhes pertencer do fundo de reserva, lucros e mais créditos de harmonia com o balanço referido à data do falecimento ou se esta ocorrer durante uma campanha de pesca, referido à data do termo da campanha.
7ª. – Liquidada qualquer das sociedades associadas, a respectiva quota poderá ser adjudicada a qualquer dos seus sócios. No caso de nenhum a pretender só poderá ser alienada a favor de estranhos se nem a própria sociedade nem nenhum dos outros sócios quiser adquiri-la nos termos da cláusula 5ª deste pacto.
# único – Se a liquidação for judicial a quota será adquirida pela sociedade pelo seu valor inicial acrescida do fundo de reserva e outros se para isso a sociedade tiver fundos disponíveis, podendo no entanto a sociedade em qualquer tempo amortizar a mesma quota pelo valor e condições referidas logo que possua esses fundos.
8ª. – Os balanços sociais serão encerrados a 31 de Dezembro de cada ano e os lucros líquidos por eles acusados, depois de deduzida a percentagem de 5% para fundo de reserva legal e 10% para remuneração aos gerentes-delegados, e quaisquer outros fundos que a assembleia geral determinar serão distribuídos pelos sócios na proporção das suas quotas e na mesma proporção serão suportados os prejuízos, se os houver.
9ª. – As assembleias gerais para que a lei não exija outros prazos e formalidades serão convocadas por cartas registadas dirigidas aos sócios com a antecipação não inferior a 8 dias.
10ª. – São portugueses não só os sócios em nome individual mas também os indivíduos que constituem as firmas associadas e nunca poderá estar na posse de estrangeiros qualquer parcela do capital, nem poderá estar na dependência ou orientação de estrangeiros a exploração do objecto da sociedade.
11ª. – Em caso de guerra as embarcações que forem possuídas pela sociedade ficarão às ordens do Governo Português.
12ª. – Na liquidação e partilha dos haveres sociais, quando dissolvida a sociedade e em todos os casos omissos neste pacto, observar-se-ão as disposições legais aplicáveis e as deliberações da assembleia geral, sendo contudo estabelecido o direito de licitação do seu activo e passivo em globo quando algum interessado o requeira, fazendo-se a adjudicação ao que mais oferecer.
Porto, 8 de Fevereiro de 1937
O ajudante do notário Dr. Silva Lino,
(a) Fernando A. V. Carneiro de Sá

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Pesca do bacalhau


A cerimónia da bênção dos lugres bacalhoeiros, em 1940

Navios no Tejo, durante a cerimónia da bênção

Realiza-se no Domingo, com grande solenidade, a bênção
dos lugres que vão partir para a Terra Nova e Gronelândia
Na Junqueira, em frente ao Tejo, efectua-se no Domingo, às 10 horas e meia, bênção dos lugres bacalhoeiros da frota portuguesa que estão de largada para os mares da Terra Nova e Gronelândia, com alguns milhares de pescadores.
Diferente dos anos anteriores, esta cerimónia será imponentíssima. No local designado entre a Geradora Eléctrica e os terrenos da Exposição do Mundo Português, está a ser levantado um altar no qual o rev.mo Bispo de Macau, em substituição do Ex.mo Cardeal Patriarca, ausente de Lisboa, celebrará missa campal. O altar é circundado por múltiplas bandeiras e plantas decorativas e tem ao fundo e ao centro uma grande cruz que dominará todo o conjunto da ornamentação, a terra em volta e as águas em frente.
À cerimónia assistem os Srs. Ministro da Marinha e do Comércio e Indústria, Sub-Secretário de Estado das Corporações, oficiais generais da Armada, do Exército, comando superior da «Legião Portuguesa», organismos corporativos e direcções dos Sindicatos Nacionais de Lisboa. Forças da «Brigada Naval» e da «Mocidade Portuguesa» com bandeiras e aquela com banda de música prestarão a guarda de honra ao altar.
Em frente, no Tejo, estão fundeados os lugres embandeirados em arco. As tripulações, cerca de um milhar de homens com os seus característicos trajes de pescadores, desembarcarão e assistirão com os capitães e mestres dos barcos à missa campal.
Finda esta, o rev.mo Bispo de Macau seguirá até à beira-rio sobre uma passadeira e dali fará a bênção aos lugres bacalhoeiros.
Neste momento serão largados 4.000 pombos-correios, iniciativa do Clube Columbófilo de Portugal. A cerimónia terá assim particular relevo, beleza e emoção. À tarde os lugres começarão a largar do Tejo para a campanha de 1940.
As entidades oficiais têm junto do altar um recinto especialmente reservado. Para a cerimónia de Domingo também serão distribuídos convites durante os dias de hoje e de amanhã no Grémio dos Armadores dos Navios da Pesca do Bacalhau e na sede da Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho.
(In jornal “Comércio do Porto”, sexta, 18 de Abril de 1940)

O Bispo de Macau lançou, ontem, a bênção aos lugres
portugueses que vão partir para a Terra Nova e Gronelândia
Perante uma multidão de muitos milhares de pessoas, o Sr. Bispo de Macau lançou ontem de manhã a bênção aos lugres e arrastões portugueses que vão para a Terra Nova e Gronelândia.
A cerimónia teve grandiosidade. O local estava lindamente decorado com dezenas de bandeiras nacionais, da «Legião» e da «Mocidade Portuguesa». Ao fundo do altar, sobre o qual se elevava uma grande cruz, via-se um friso de galhardetes brancos com a Cruz de Cristo. Em volta, contingentes da «Brigada Naval» e «Mocidade» faziam a guarda de honra.
Diante do altar, dois lindos tapetes em flores naturais reproduziam a Cruz de Cristo. Uma decoração de flores completava o encanto do cenário.
A multidão começou a chegar pelas 9 e meia e às 10 horas era já muito densa. Diante dos terrenos de Belém, onde ia ser rezada a missa, estavam fundeados todos os lugres e arrastões com vistosos embandeiramentos. O efeito de conjunto harmonizava-se com a mancha colorida da muralha.
Cerca das 10 horas e trinta minutos chegaram os Srs. Ministros da Marinha e do Comércio, Sub-Secretário das Corporações, Almirantes Mata Oliveira e Marcelino Carlos, Comandantes Américo Tomaz, António José Martins e Vasco Lopes Alves, etc.
Momentos depois chegava o Sr. Bispo de Macau. Receberam-no os Srs. Comandante Henrique Tenreiro e engenheiro Higino de Queiroz, em nome da comissão organizadora da cerimónia. O Sr. Bispo correspondeu aos cumprimentos de toda a assistência – entre a qual se viam muitas centenas de pescadores das equipagens dos navios da frota bacalhoeira – e dirigiu-se para o altar diante do qual orou por momentos. Ia começar a missa. Fez-se um silêncio absoluto, entrecortado apenas pelo drapejar das bandeiras sacudidas pela brisa da manhã e iluminadas por um sol que queria romper através de nuvens baixas.
O Sr. Bispo de Macau, coadjuvado pelos seus acólitos e assistido por quatro pescadores, rezou missa pela boa sorte da frota bacalhoeira portuguesa e por uma pesca muito feliz.
No momento da elevação a Deus os clarins da «Brigada Naval» tocaram a marcha de continência e a guarda de honra apresentou armas. Simultaneamente eram soltos, por detrás do altar, cerca de 4.000 pombos-correios, os quais numa largada espetaculosa deram a volta à grande cruz e perderam-se no espaço.
Finda a missa o ilustre prelado proferiu breves palavras alusivas ao acto, lembrou as tradições marítimas dos portugueses e disse que pedia para os pescadores a bênção do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Procedeu depois à bênção. O Sr. Bispo, seguido por todo o elemento oficial, dirigiu-se para a muralha. Novamente se fez um grande silêncio. O prelado leu a oração do ritual e lançou depois a bênção na direcção dos lugres. Foi uma cerimónia breve mas emocionante que encerrou a tradicional festa religiosa dos pescadores nas vésperas da sua partida.
Antes de se retirar, o Sr. Bispo de Macau esteve a conversar com os membros do Governo e dirigiu palavras de saudação aos Srs. Comandante Henrique Tenreiro e engenheiro Higino de Queiroz, pela forma como toda a cerimónia tinha sido organizada.
Ao fim da tarde, aprontaram para sair alguns dos lugres. Até ao fim do mês toda a frota bacalhoeira estará em viagem para Terra Nova e Gronelândia.
(In jornal “Comércio do Porto”, segunda, 21 de Abril de 1940)

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Imagens do dia


A improvável celebração da marinha mercante italiana,
no porto de Leixões

Navio petroleiro "Peonia"
Em serviço entre refinarias nacionais, de Sines para Sines,
no eventual transporte de gasóleo para o norte do país.
Navio de passageiros "Silver Whisper", da Silver Cruises
 Em viagem de cruzeiro entre os portos de Lisboa e da Corunha
O navio ro-ro da Grimaldi Lines "Grande Ghana"
Em provável viagem com destino a portos africanos
Navio de passageiros da Costa Cruises "Costa Classica"
Em viagem de cruzeiro entre os portos de Lisboa e Vigo

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Imagens do dia


Navios vistos no dia de ontem, 6 de Maio,
no porto de Leixões

Navio de passageiros "Arcadia",
em viagem de cruzeiro entre Cartagena e Southampton
Embarcação de pesca costeira "Viana Coentrão"
Embarcação de pesca costeira "Mestre Silva"
Navio porta-contentores "Conmar Fjord"
Embarcação de pesca costeira "Mãe Puríssima"
Arrastão de pesca costeira "Lucimar"
Lancha do serviço de pilotagem "Perlongas"
Outra imagem do navio de passageiros "Arcadia",
cuja escala em porto atraiu seguramente o interesse de muitos curiosos, devido às suas consideráveis dimensões.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Fotos da semana


Alguns dos navios vistos no decorrer da última semana
no porto de Leixões
(continuação)

Navio de passageiros "Delphin"
Em viagem de cruzeiro entre Lisboa e a Corunha
Navio de passageiros "Empress"
Em viagem de cruzeiro entre Lisboa e a Corunha
Navio de pesca costeira "Força do Mar"
Navio de passageiros "Hamburg"
Em viagem de cruzeiro entre Lisboa e a Corunha
Navio petroleiro "Korsaro"
Navio de passageiros "Voyager"
Em viagem de cruzeiro entre Cadiz e Southampton
Navio de passageiros "Le Boreal"
Entrado já hoje, dia 5, em Leixões, a realizar um cruzeiro com visita a diversos portos nacionais. Procede de Lisboa e sai com destino a Viana do Castelo.

domingo, 4 de maio de 2014

Fotos da semana


Alguns dos navios vistos no decorrer da última semana
no porto de Leixões

Embarcação de pesca costeira "Bem Aventurado"

Caça-minas inglês H.M.S."Blyth"
Corveta da Marinha portuguesa N.R.P. "João Coutinho"
Navio porta-contentores "Johanna Scheppers"
Rebocador portuário "Monte da Lapa"
Navio porta-contentores "Niledutch Gemsbok"
Navio de passageiros "Saga Pearl II"
Em viagem de cruzeiro entre Gibraltar e Dover

sexta-feira, 2 de maio de 2014

História trágico-marítima (CXXXVI)


O encalhe do navio "Penteola"

Ao sair a barra de Lisboa encalhou o petroleiro “Penteola”,
que sofreu grande rombo, mas, foi safo pouco depois
Ontem (11.1947), cerca das 22 horas, quando saía a barra de Lisboa, a caminho do Porto, o navio petroleiro da Shell “Penteola”, que não levava piloto a bordo, encalhou nas alturas de S. Julião da Barra, sofrendo grande e fundo rombo. Foi socorrido pelo barco dos pilotos “Pedro Rodrigues”, que estava perto, e que, após uma manobra habilmente dirigida pelo sota-piloto António Rodrigues Martins, conseguiu safá-lo e rebocá-lo para o Tejo, onde chegou ao começo da madrugada.
O “Penteola” era comandado pelo capitão da marinha mercante Sr. Vagos, e tinha como tripulantes, além deste, o imediato, três maquinistas, quatro marinheiros, um criado e um cozinheiro.
O navio empregava-se no transporte de petróleo e gasolina daquela companhia, entre Lisboa e os vários portos do continente. Não houve desastres pessoais. No entretanto, os prejuízos materiais são importantes.
(In jornal “Comércio do Porto”, segunda, 17 de Novembro 1947)

Foto do navio petroleiro "Penteola"
Imagem de autor desconhecido

Identificação do petroleiro “Penteola”
Armador: Companhia Shell Portuguesa – 1936 / 1951
Nº Oficial: G-375 - Iic.: C.S.C.F. - Porto de registo: Lisboa
Construtor: van der Giessen, K. a/d Ijssel, Holanda, 03.1936
Arqueação: Tab 544,52 tons - Tal 259,45 tons - Pm 850 tons
Dimensões: Ff 53,03 mt - Pp 51,05 mt - Bc 8,58 mt - Ptl 3,58 mt
Propulsão: D. Hoedkoop, Jr. - 1:Di - 300 Bhp - 10 m/h
Equipagem: 11 tripulantes
Transferido para a companhia Shell na Dinamarca, em 1951, alterou inicialmente o nome para "Faero Shell". Ainda propriedade da mesma empresa mudou o nome para “Peter”, em 1956. Em 1957 foi vendido a G. Scalese, passando a usar o registo "Ela" e em 1964 pertencia à frota de Augusta Priolo, com o nome "Carlotta". Recebeu novo registo em 1967, sob propriedade de N. Thanapoulos, recebendo o nome "Agia Lavra" e em 1968 pertencia a P.C. Chrissochoidos, tendo sido rebaptizado “Rodos”. Finalmente, em 1970, foi vendido para demolição em Perama (Turquia).

O desastre do petroleiro “Penteola” foi devido ao leme
deixar de governar, à saída da barra
O petroleiro “Penteola”, da frota da Shell, que ante-ontem à noite encalhou nos rochedos da Ponte da Laje, em frente de São Julião, principiou na manhã de ontem a descarregar a gasolina e petróleo que transportava, nos depósitos que aquela companhia possui na Banática.
Não pode ainda calcular-se o valor dos prejuízos. Só depois do navio estar totalmente descarregado se saberá a quantidade de gasolina perdida, pois, ao que parece a carga de petróleo ficou intacta.
O “Penteola” transportava, para o Porto, 200 toneladas de petróleo e 300 toneladas de gasolina. Como não se verificou ainda quais os tanques que ficaram arrombados, não é possível saber se as 300 toneladas de gasolina se perderam totalmente. No entanto, os prejuízos, quer da carga, quer do próprio navio são avultados.
O desastre não se deu por motivo de nevoeiro, como se supôs a princípio, mas sim porque à saída da barra o leme do petroleiro deixou de governar. O “Penteola” encontrava-se nessa situação quando um estoque de água o atirou para cima dos rochedos. Depois de descarregado o navio dará entrada numa doca seca.
(In jornal “Comércio do Porto”, terça, 18 de Novembro 1947)