terça-feira, 27 de setembro de 2016

Divulgação


II Seminário Mar, Educação e Património


As comemorações dos 25 anos do projeto da lancha poveira do alto “Fé em Deus” promovidas pelo Município da Póvoa de Varzim integram várias iniciativas.
Na tarde do próximo dia 30 de Setembro de 2016, a Biblioteca Municipal Rocha Peixoto realiza a 2ª edição do Seminário “Mar, Educação e Património”, abordando vários temas e incluindo a apresentação de projetos educativos feitos em parceria com as escolas.
Este seminário está integrado nas comemorações dos 25 anos da lancha poveira “Fé em Deus” e visa partilhar conhecimentos e experiências sobre o trabalho que investigadores e profissionais de bibliotecas, arquivos, museus e escolas desenvolvem sobre património marítimo e cultura do mar.
Esta edição conta com a colaboração de vários especialistas, cujas comunicações se irão centrar nos seguintes temas: a memória, as literacias, a conservação e o acesso à informação na era digital, bem como o papel das escolas na formação de competências ligadas à preservação do património marítimo.
PROGRAMA
14h00 - Recepção dos participantes
14h15 - Sessão de abertura
14h30 - 1º PAINEL: LITERACIAS DO MAR
- As literacias do mar no séc. XXI (titulo provisório)
José Bastos Saldanha (Sociedade de Geografia de Lisboa/ Rede Nacional da Cultura dos Mares e dos Rios)
- Memórias do mar: conservação e acesso na era digital
Manuela Barreto Nunes (Universidade Portucalense)
Moderação: Fátima Claudino (Comissão Nacional da UNESCO/ Rede das Escolas e Bibliotecas associadas da UNESCO)
16 horas – Intervalo
16h30 - 2º PAINEL: PROJETOS EDUCATIVOS EM PARCERIA
- Aprender a Marear na Lancha Poveira
Luísa Salgado (Professora do 1º ciclo) / Manuel Costa (Biblioteca Municipal Rocha Peixoto)
- A Flávio descobre o Mar
Ana Simão (Professora Bibliotecária da Escola E.B. 2/3 Dr. Flávio Gonçalves)
- Lembrar (d)o Mar na Escola Secundária Rocha Peixoto
Albina Maia (Professora Bibliotecária da Escola Secundária de Rocha Peixoto)
Moderação: Ivone Magalhães (Museu Municipal de Esposende e Presidência da Rede Nacional da Cultura dos Mares e dos Rios)
17h30 – Conclusões
Luís Martins (IELT/Universidade Nova de Lisboa)
17h45 – Encerramento
Luís Diamantino Carvalho Batista (Vereador da Educação e da Cultura e Vice Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim)

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Divulgação


Notícia sobre a conferência inaugural do Seminário do Mar


quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Leixões na rota do turismo!


Na primeira quinzena de Setembro

Navio de passageiros "Berlin"
Cumpriu escala em porto no dia 1, tendo chegado procedente de Lisboa e saído com destino à Corunha.

Navio de passageiros "Sea Cloud II"
No dia 3 houve a oportunidade de rever este navio, vindo procedente de Vigo e saído com destino a Lisboa,

Navio de passageiros "Wind Surf"
No dia 7 este navio esteve de regresso ao porto, em viagem de cruzeiro, entre os mesmos portos visitados pelo navio anterior.

Navio de passageiros "Silver Wind"
No dia 8 foi a vez deste navio efectuar nova escala em Leixões, vindo procedente da Corunha e saído com destino a Lisboa.

Navio de passageiros "Thomson Spirit"
Também no dia 8 deu-se o regresso deste navio, que tem visitado Leixões com enorme regularidade. Nesta viagem de cruzeiro chegou procedente de Vigo e saiu com destino a Lisboa.

Navio de passageiros "Costa Neoromantica"
No dia 10 deu-se o regresso deste navio a Leixões. Chegou procedente da Corunha e saiu com destino a Gibraltar.

Navio de passageiros "Horizon"
No dia 13 este navio repetiu novamente a habitual visita anual a Leixões. Veio procedente de Lisboa e seguiu viagem com destino à Corunha.

Navio de passageiros "Hebridean Sky"
Esta serie termina no dia 14, com a visita a Leixões deste navio, que se encontrava em viagem no sentido inverso ao navio anterior, i.e. chegou procedente da Corunha e saiu com destino a Lisboa.

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

O novo terminal de Leixões, de portas abertas


Um passado com futuro!


No último sábado cumpriu-se o dia do porto de Leixões, registando durante todo o tempo programado para a visita, uma enorme afluência de pessoas, que na circunstância desfrutaram de diversas actividades lúdicas, além dos meios disponibilizados para permitir uma interacção com as unidades disponíveis, utilizadas diariamente no apoio às actividades portuárias.
Em função da notícia acima publicada na revista Ilustração Portuguesa, em Março de 1923, revela-se a evidência que os temporais do passado foram já ultrapassados e que o futuro é promissor, se para tanto o tecido comercial envolvente continuar a produzir massivamente, mantendo aberto os caminhos da exportação.
Não restam dúvidas, se porventura existem, que o porto de Leixões está cabalmente equipado e preparado para dar resposta às exigências do futuro, tal como sucedeu com a construção do novo terminal de passageiros, já considerado um ex-libris local, e cuja utilização em pleno urge ser definitivamente aberta ao público em geral a curto prazo.

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

A barca "Europa" no Porto


Há sempre uma primeira vez!


Foi com tanto de surpresa como de satisfação, que verificamos a visita da barca "Europa" à cidade, tendo entrado no porto às primeiras horas da tarde desta última quarta-feira (14), vinda procedente do porto de Scheveningen, na Holanda.


A estadia do navio no rio Douro vai prolongar-se até ao próximo sábado (17), estando a saída prevista para cerca das 14 horas, com destino ao porto de Santa Cruz de Tenerife.


sábado, 10 de setembro de 2016

O lugre "Santa Maria Manuela", no Porto


De regresso ao Douro, com destino ao Tejo



O rio vestiu-se de prata na hora da despedida do lugre, nesta curta visita à cidade, tendo chegado ontem e saído hoje de manhã.
Nesta oportunidade o navio vai proporcionar uma experiência de mar a um grupo de passageiros, que viaja para Lisboa, onde o navio espera chegar na próxima segunda-feira de manhã.


quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Construção naval - navios "Lisboa" e "Lordello"


E quanto maior, pior!...

No ano de 1917 foram construídos 7 navios nos estaleiros do norte do país, para o serviço comercial e pesca longínqua, tendo ainda ocorrido uma reconstrução, porque a frota de pequena cabotagem e longo curso tinha ficado muito depauperada, devido à destruição em massa provocada pelos submarinos alemães.
Terminada a guerra, ainda no ano de 1918, os mesmos estaleiros do norte construíram 19 navios novos, a que se junta a reconstrução de 2 outros navios. Já em 1920, é estabelecido novo recorde com a construção de 31 navios, uma outra reconstrução, caso do lugre "Diamantino", referido em Junho deste ano no blog, aos quais se deve adicionar também mais 8 navios, todos eles em estado de usados, comprados no exterior.
Uma outra reconstrução ocorrida em 1920, que ocorreu a sul, no estaleiro do Barreiro, documentada através da notícia publicada na Ilustração Portuguesa e anexada ao texto, foi a do lugre "Lisboa", que a exemplo dos vários navios com este nome, deve muito provavelmente ter tido uma existência curta e atribulada, a começar pela cerimónia do bota-abaixo.


Características do lugre de 4 mastros "Lisboa"
1920-1923
Nº Oficial: N/s - Iic: N/s - Porto de registo: Lisboa
Armador: Sociedade de Navegação Algés, Lda.
Reconstrutor: Francisco Ferreira, Barreiro, Janeiro de 1920
Arqueação: Tab 532,00 tons - Tal 467,00 tons
Dimensões: Pp 49,45 mts - Boca 9,02 mts - Pontal 5,00 mts

Não me é dado imaginar qual possa ter sido o destino deste navio, mas é um facto não constar na lista de navios portugueses relativos a 1924, pelo que nestas circunstancias devo conseriderá-lo sem rasto.

Entretanto, confirmada que foi a prestimosa colaboração do mestre Manuel Maria Mónica, no sentido de ajudar a tirar o lugre do estaleiro, passamos à história dramática do vapor "Lordello" para entrar nas águas do Douro, cerca de meio ano depois, que pelos motivos a seguir expostos foi duplamente conflituosa.

O vapor “Lordello”
Aproveitando-se as marés vivas, foram ontem novamente feitas tentativas para ser lançado à água o vapor “Lordello”, mas ainda sem resultado.
Para esse efeito foram empregados alguns macacos hidráulicos, sendo conseguido apenas que o vapor deslizasse uns dois metros.
No local compareceu o pronto-socorro dos bombeiros voluntários.
Para hoje novos trabalhos estão preparados, empregando-se o auxílio de um rebocador.
(In jornal “Comércio do Porto”, sexta, 18 de Junho de 1920)

O vapor “Lordello”, será posto hoje a flutuar
Os trabalhos realizados ontem com o vapor “Lordello” deram resultados satisfatórios, pois foi conseguido que ele deslizasse para o rio cerca de 10 metros.
Hoje, na maré da tarde, segundo consta, o “Lordello” ficará a flutuar, quebrando-se o seu encanto. Será assim?...
(In jornal “Comércio do Porto”, Sábado, 19 de Junho de 1920)


O vapor “Lordello”, é posto a flutuar
Foi ontem, finalmente, posto a flutuar o vapor “Lordello”.
Depois das primeiras tentativas de há um mês, novos trabalhos se foram realizando há três dias, que só ontem tiveram o seu termo, com bom êxito.
Depois dos trabalhos realizados no estaleiro, que demoraram até às 5 horas da tarde, os rebocadores “Lusitânia” e “Magnete”, que haviam lançado amarretas para o “Lordello”, começaram a puxar pelo casco, que, após várias tentativas, deslizou pelas calhas e entrou totalmente na água singrando até meio do rio.
Na estrada marginal, próximo do estaleiro, grande número de pessoas presenciava os trabalhos, manifestando o seu contentamento quando o “Lordello” navegou até meio do Douro.
No estaleiro estiveram, como medida preventiva, os bombeiros voluntários, com o respectivo material.
O novo vapor ficou fundeado em frente ao estaleiro e em breve irá para junto do cais da Cábrea, a fim de receber o maquinismo e a mastreação.
(In jornal “Comércio do Porto”, Domingo, 20 de Junho de 1920)

As características do vapor não estão disponíveis nos registos nacionais ou nos estrangeiros, daí que o histórico comercial do navio resume-se à identificação do proprietário, a Companhia de Navegação Portuense, à matricula na Capitania do Douro, arqueando cerca de 790,00 toneladas. Por sua vez, a notícia publicada na Ilustração Portuguesa faz constar que o vapor tinha 62,20 metros de comprimento, 11,60 metros de boca e 5,80 metros de pontal.
Fico com muitas dúvidas que o navio tenha navegado em 1921, mas é provável que possa ter realizado uma ou outra viagem no decorrer do ano de 1922. A única certeza, que aponta para ter sido eventualmente abandonado por inavegável, termina desfeito em 1923, na margem sul do rio Douro, em local próximo ao cais da Afurada.

domingo, 4 de setembro de 2016

Leixões na rota do turismo!


As últimas escalas de navios em Agosto

O mês termina com o regresso de três navios de passageiros já conhecidos, caso do "Thomson Spirit", seguramente o mais regular nas visitas ao porto de todos eles, o "Voyager" cumprindo a habitual escala anual, que se repete sensivelmente nesta época, e o "Astoria", na segunda vinda a Leixões, desde que navega com este nome.

No dia 25, o navio de passageiros "Tomson Spirit"

Em viagem de cruzeiro, com origem em portos do norte, chegou procedente de Vigo, tendo continuado a viagem com destino a Lisboa.

Também no dia 25, o navio de passageiros "Voyager"

A realizar um percurso idêntico ao navio anterior, chegou igualmente de Vigo, tendo saído com destino ao porto de Malaga.

No dia 30, o navio de passageiros "Astoria"

No caso deste navio, veio proveniente do porto de Le Verdon-sur-Mer, tendo saído com destino a Lisboa.

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

História trágico-marítima (CXCIX)


A explosão seguida de incêndio a bordo do vapor "Lykas",
com carga de combustíveis líquidos, no rio Douro

Encontrei esta notícia com origem nos Açores, como segue:
O vapor português “Lykas” encontra-se a descarregar 4.000 caixas de gasolina, 2.000 caixas e 300 barris de petróleo para a Vacuum Oil Co.
Ponta Delgada, 18 de Setembro de 1922.
Porque o nome do navio aguçou a minha curiosidade, fui à procura de outros detalhes, tendo constatado que o navio sofreu um pavoroso incêndio no rio Douro, decorrido num período inferior a um mês, após a referida escala na ilha de S. Miguel.

Vapor com 1 mastro construído em ferro “ Lykas “
1921 - 1924
Nº Oficial: -?- - Iic.: -?- - Porto de registo: Lisboa
Armador: José Garcia Rugeroni, Lda., c/o J. de S. Graça, Lisboa
Construtor: Blackwood & Gordon, Port Glasgow, Escócia, 06.1881
ex iate de recreio “Thisle”, armado em lugre com 3 mastros
Arqueação: Tab 394,07 tons - Tal 244,87 tons
Dimensões: Pp 56,92 mts - Boca 7,64 mts - Pontal 4,22 mts
Propulsão: B. & Gordon, 1886 - 1:Cp - 2:Ci - 115 Nhp - 8 m/h

Depois de utilizado com embarcação de recreio, durante 40 anos, este antigo lugre foi muito provavelmente transformado em Lisboa em vapor de carga, para ser utilizado no transporte de combustíveis líquidos.
Em função das datas dos acontecimentos relatados, o navio terá realizado mais uma viagem com esses produtos, antes de ser colocado a receber novo carregamento, desta feita com destino ao Porto, entrando no rio Douro no dia 13 de Outubro, consignado à firma Kendall, Pinto Basto & Cª., Lda., com carga de 800 caixas com gasolina e alguns barris com óleo e petróleo destinados à Shell.
Pelas 8 horas da manhã do dia seguinte, registou-se uma violenta explosão no carregamento de gasolina estivada no porão da proa. No combate ao incêndio acorreram bombeiros e todas as forças locais disponíveis, contudo não foi possível evitar severas avarias, pelo que precisou ser rebocado pelo “Mars” e pelo “Lusitânia” e levado para o largo, para o manter afastado das zonas habitadas.
Devido ao incêndio foi verificado acto contínuo a morte de um trabalhador portuário e ainda outros 18 feridos com muita gravidade, entre trabalhadores e tripulação, alguns dos quais muito embora hospitalizados, não conseguiram resistir às lesões provocadas pelas queimaduras aquando da explosão.


Tribunais do Comércio do Porto
Presidência do sr. Dr. Marques de Figueiredo, representando o Magistério Publico, o sr. Dr. Casimiro Curado.
Escrivães de serviço, os srs. R. da Silva, Sousa Oliveira e Freire de Liz.
Júri
Organizaram-no os srs. Francisco Ferreira, como relator; José Honório de Castro, João de Castro Carvalho, António Gonçalves Ribeiro, Joaquim José Pomar, João da Costa Gomes, Júlio Gonçalves de Carvalho e Américo de Sousa Soares Estevão, como suplente.
Causas discutidas
Acção – A. Taveira Laidley & Cª., Lda.; réu, Hugo de Almeida
A autora: dona de dois rebocadores, denominados “Douro” e “Leão”, e o réu é não só o capitão, mas também o legítimo representante do armador e proprietário do vapor “Lykas”. Ora, tendo este vapor entrado a barra do Douro, carregado de gasolina e óleos, em Outubro de 1923, quando tratava da descarga, rebentou-lhe a bordo um violento incêndio, com sucessivas explosões de gasolina, por tal forma que a tripulação o abandonou completamente.
Chamados os socorros, logo o “Douro” e o “Leão” avançaram para o local do sinistro, e, contra as ordens da autoridade marítima, num esforço que a A. capitula de heróico, aqueles rebocadores conseguiram atracar ao “Lykas”, saltando-lhe para dentro a tripulação e localizando o fogo nos porões da proa, evitando, assim, que ele se estendesse às carvoeiras, e, dali, aos porões da ré.
Quase dominado o incêndio, os dois rebocadores, com o auxílio dum terceiro, arrastaram o “Lykas” para o lado oposto do rio Douro, e ali definitivamente obtiveram a extensão do fogo. Conservou-se o “Douro” atracado ao “Lykas”, desde as 14 horas de 15 de Outubro, até ao dia 20, a esgotar-lhe a água dos porões, para que, depois, a descarga se pudesse realizar, trabalhando também no esgotamento o “Leão”, durante 16 horas. Este último rebocou depois vários barcos, com parte da carga, e um e outro pegaram no “Lykas”, e levaram-no da Afurada para a ponte de descarga da Companhia Shell, onde, durante duas horas, estiveram, no dia 23, a concluir o esgotamento da água dos porões do vapor.
Assim, além dos serviços de assistência, que foram importantíssimos, crê a A. ter direito também a serviços de reboque e esgotamento, os quais, atendendo-se à sua natureza especialíssima, ao zelo extraordinário dos dois rebocadores e respectiva tripulação, ao perigo a que se expuseram e ao valor do “Lykas”, e sua carga, se computam em 100 contos para o “Douro” e 30 para o “Leão”, quanto à assistência, e em 30.750$400 quanto aos demais serviços. Soma total 160.750$400 que a A. quer receber.
Na sua contestação, expõe o réu que o salário de salvação, ou assistência, respeita tanto à embarcação como ao seu carregamento de 7.240 caixas de gasolina e 30 barris de óleo. O óleo salvou-se, bem como 4.000 caixas de gasolina, tudo em valor muito superior ao do vapor, tendo este, como também o frete e a carga de responder pelo salário de salvação, na proporção legal. O réu não representa os carregadores, nem os consignatários da carga, nem qualquer Companhia de seguros por esta responsável.
Além disso, na extinção do incêndio não trabalharam só alguns tripulantes dos rebocadores “Douro” e “Leão”; cooperaram também os tripulantes do “Lykas”, o vapor “Lusitânia” e uma bomba do município do Porto, sendo certo que o fogo não podia comunicar-se aos porões do vapor, por isso que este os não tinha, mas apenas alojamentos. No reboque para a Afurada intervieram o “Luzitânia” e o “Mars”.
Deve ter-se em vista que o “Lykas” é uma embarcação pequena e muito antiga, e o seu valor, depois do desastre, ficou sendo apenas de 150 contos. Os rebocadores “Douro” e “Leão” são muito pequenos, valendo aquele cerca de 150 contos e este uma quantia inferior. Conclui, consignando que os serviços por eles prestados não devem ser arbitrados em mais de 40 contos.
Advogados, os srs. Dr. Alberto Temudo e Pinto de Mesquita; procuradores, os srs. A.A. de Oliveira e Aníbal Vaz. Procedente, por 30 contos.

Acção – A. Abel Martins Pinto; réu, Hugo de Almeida, capitão do vapor
O rebocador “Lusitânia” é propriedade do autor. Ora, em Outubro de 1923, achando-se o “Lykas” com fogo a bordo, e não obstante o perigo que a atracação oferecia, vistas as continuas explosões de gasolina, o “Lusitânia” conseguiu realizá-la e passou desde logo a atacar o incêndio, estabelecendo duas agulhetas e trabalhando sem interrupção durante algumas horas.
O “Lykas” foi rebocado para a margem esquerda, no sítio da Afurada, e este serviço não foi dos menos difíceis, em razão de não ser possível suspender as âncoras da proa do “Lykas”, pelo que teve de as levar de rastos com ele.
Em 20 de Outubro, já o “Lykas” fundeado no local onde o encontrara o “Lusitânia”, sobreveio um grande temporal que o obrigou a garrar, e, encostado a uma prancha, deitou-a abaixo, ficando a bater nas pedras e em situação deveras perigosa. Pediu o capitão socorro, e, imediatamente, o “Lusitânia” lho prestou, apesar da violência do temporal, conseguindo tirá-lo da posição critica em que se colocara e conduzi-lo para o lugar do Cavaco, onde ficou amarrado convenientemente.
Nestas circunstâncias, entende o A. haver lugar a salário de salvação e assistência, a qual, atendendo à natureza dos serviços prestados, no zelo empregado, tempo gasto, número de pessoas que intervieram activamente, perigos iminentes, valor do “Lykas” e dos objectos salvos, computa em 115 contos.
A defesa consigna que o salário de salvação e assistência, respeita tanto à carga como ao casco; a carga era composta de 7.240 caixas de gasolina e 30 barris de óleo, que se salvaram e tinham um valor superior ao do navio. Tem de responder por ele, conseguintemente, o vapor, o frete e a carga. O réu não representa os carregadores ou os destinatários da carga, nem qualquer Companhia de seguros. Além disso, as primeiras embarcações que apareceram a prestar socorro foram os rebocadores “Leão” e “Douro”, que levaram o “Lykas” mais para o largo e atacaram o incêndio, cooperando no serviço os bombeiros municipais.
Para ultimação dos trabalhos da extinção, foi o “Lykas” rebocado para a Afurada pelo “Lusitânia” e pelo “Mars”. O “Lykas” não esteve em risco de bater nas pedras e perder-se, e não foi ele que deitou abaixo a prancha, mas sim os batelões que batendo-lhe de encontro, a fizeram desabar. Os serviços prestados pelo “Lusitânia”, “Leão” e “Douro” foram de assistência e não de salvação. De resto o “Lykas” é uma embarcação velha, e o seu valor, depois do desastre, é de 150 contos.
O “Lusitânia” é igualmente um velho rebocador, cujo valor não excede 200 contos. Em conclusão: os serviços do “Lusitânia” não valem mais de 25 contos, que deverão ser pagos proporcionalmente pelo vapor e pela carga. Houve réplica e tréplica.
Foram advogados, os srs Drs. Figueira de Andrade e Pinto de Mesquita; procuradores, os srs. Adrião Santos e Aníbal Vaz. Procedente, de facto, pela quantia de 30 contos.

Apesar do casco ter ficado fragilizado pelo incêndio, o vapor foi reparado e mantido a operar no transporte de combustíveis até 1924, ano em que foi colocado à venda. Nesse mesmo ano mudou de proprietário, passando desde então a navegar com as seguintes características:

Vapor com 1 mastro construído em ferro “ Argus “
1924 - 1927
Nº Oficial: 435-E - Iic.: H.A.R.U. - Porto de registo: Lisboa
Armador: Sociedade de Navegação Argus, Lda., Lisboa
ex “Lykas”, José Garcia Rugeroni, Lda., Lisboa, 1921-1924
Arqueação: Tab 394,07 tons - Tal 244,87 tons
Dimensões: Pp 56,92 mts - Boca 7,64 mts - Pontal 4,22 mts
Propulsão: B. & Gordon, 1886 - 1:Cp - 2:Ci - 115 Nhp - 8 m/h
Vendido para demolir possivelmente em Lisboa, durante o 1º semestre de 1927