quarta-feira, 19 de março de 2008

Pró-vocações II


Barra do rio Douro

Hoje ainda cedo, aproveitando o sol da manhã, munido da indispensável máquina fotográfica, fui dar uma passeata pela Foz do Douro, ver as condições da barra e o evoluir das obras em curso. Faço questão de dividir a imagem com os amigos bloguistas, no sentido de tentar perceber o porquê da desolação de um local divino e abençoado. Reparei que inclusivé a margem Sul, entre Sampaio e a Afurada está em obras, com sinais de significativa melhoria. Tive ontem conhecimento que a empresa Fred Olsen vai levar o navio de cruzeiros "Black Prince" a Viana do Castelo, durante o próximo ano. Por estas e por outras, não me canso de perguntar quando chegará a vez do Douro. Nós e o rio já estamos cansados de esperar...

E já agora Senhores do Instituto do Património, se por acaso alguem se acusar, para quando dar o devido relevo ao farol de S. Miguel-o-Anjo, preciosidade quinhentista completamente votada ao abandono e ostracismo. Entretanto a Administração dos Portos do Douro e Leixões, empenhados na requalificação da zona da Cantareira, talvez queiram jogar em antecipação e começar a requalificação do monumento. Pequeno edifício de fácil recolocação, podia perfeitamente ser movido alguns metros sobre o cais envolvente, ganhando visibilidade e o justo destaque que merece um dos mais antigos faróis, não só da Europa, mas de todo o mundo. E, para aproveitar o espaço deixado em aberto pelo farol, porque não construir casas de banho. Afinal o farol desde há muitos anos que vem cumprindo ingloriamente essa indesejável finalidade...

O farol de S. Miguel-o-Anjo, tal como agora se encontra, à espera de melhores dias.

4 comentários:

Luis Daniel Vale disse...

Olá!

Então ainda o paquetezinho nem chegou a Viana a já estão a tentar desviá-lo para o Douro?????

reimar disse...

Caro amigo !
Obrigado pela visita, aproveitando para lembrar um post anterior ao colocar Viana do Castelo no "nosso" triângulo do mar.
Depois o Sr. sabe tão bem ou melhor do que eu, que o "Black Prince" apesar de pequeno, ainda é grande para o Douro.
Por outro lado saiba que fico agradado por talvez lhe ter dado a notícia em primeira mão. Para terminar quero apenas dizer-lhe que gosto muito de Viana, onde trabalhei durante vários anos na sempre agradável companhia do Armindo Esperança e seus funcionários.
Ah! (parafraseando o José Carlos Malato) já fui muito feliz aí...

Rui Amaro disse...

Caros Amigos Malheiro do Vale e Reimar
Cá vou dar a minha achega ao caso do Black Prince apresentado pelo Reimar.
Na verdade meter esse navio no Douro com os seus 143m além do seu calado, não será nada conveniente, porque encalhava e a barra ficava entupida e lá se ia o belo cruzeiro dos turistas e a navegação comercial flúvio-maritima mas navios de cruzeiro do tipo Renaissance de cerca de 90m e de pouco calado, esses sim, só que esse tipo de navios têm andado arredado da nossas águas.
Na casa de navegação que trabalhei e nos primeiros anos da década de 90 levamos um desses navios à Figueira e numa outra viagem não entrou nesse porto, devido ao mar na barra e foi desviado para Aveiro. Foram os primeiros navios de cruzeiro a visitar esses dois portos, que na ocasião já estavam melhorados mas não se igualavam ao que hoje são. Parece que os Presidentes de ambas as câmaras, que não sabiam do acontecimento, apressaram-se a arranjar ranchos folclóricos para actuarem no cais e brindes para os turistas. Pudera, contavam lá com navios de cruzeiro no porto das suas cidades. Segundo consta a nova barra do Douro, que poderia ter ficado um pouco melhor do que está, devido a certas contingências que há uns anos atrás surgiram, mas vá lá mesmo assim oferece uma muito melhor segurança aos mareantes e suas embarcações e segundo dizem irá ter fundos e sinalização para operar 24h sobre 24h. Pois se assim for não será objecção à escala de navios tipo Renaissance, só que vão encontrar dificuldades de atracação no Cais de Gaia e da Estiva, por estarem sempre ocupados com os navios de cruzeiro fluviais. Pena é a prancha-cais de Massarelos não estar adaptada.
Já agora por curiosidade, aqui no antigo porto comercial do Douro, estiveram navios acima dos 100m e calados a chegar aos 20 pés. Está claro havia o problema de calados e do canal de navegação, quando devido à falta de cheias periódicas o Cabedelo e a sua restinga espraiavam-se a norte e formavam bancos de areia por fora da barra e foi motivo de acidentes graves, contudo vapores de 111m como o Cabo Verde (1), petroleiro inglês Gargoyle e outros de uma longa lista e como no Douro não era obrigatório amarrar ou largar com rebocador, haviam capitães que recusavam aquele auxilio e os práticos tinham que se desenrascar e desenrascavam-se mesmo.
Na década de 70 o Queen Elizabeth 2 esteve para vir ao Douro/Leixões num mês de Junho, isto entre aspas, fundeava junto da costa e o pessoal vinha para terra nas lanchas do próprio navio. Não era o primeiro. Só que as autoridades marítimas puseram o problema dos nevoeiros e a Cunard levou o navio para Vigo. Tudo isto era programado com 3 a 4 anos de antecipação.
Agora que no Douro, já entrou várias vezes um vapor de passageiros de nome Queen Elizabeth. Já sim Senhor, foi no século XIX.
Tenho apreciado imenso os blogues de ambos, que desde já os felicito pelo V/ excelente trabalho.
Melhores Cumprimentos
Rui Amaro

José Aguilar disse...

Tem toda a razão quanto a S. Miguel-o-Anjo. Merecia melhor sorte o farol (possivelmente o segundo mais antigo português) do que ter sido emparedado por aquele edifício novo. Cabe perguntar: se o Arquitecto Siza Vieira está a elaborar um projecto no envolvimento do novo farol de Leça, não seria de o captar para a reabilitação de S. Miguel-o-Anjo? Lá da sua tumba, o bispo D. Miguel da Silva rejubilaria...