terça-feira, 28 de julho de 2009

Efeméride


O incêndio no terminal de petroleiros

A notícia publicada na revista "Visão"

No próxima sexta-feira, dia 31, estarão decorridos 5 anos após o sinistro que teve lugar no terminal de petroleiros de Leixões. Para recordar o facto, valho-me da notícia na revista “Visão”, uma das melhores publicações do género no país. Contudo, apesar da indiscutível qualidade, há que estar atento e sempre que possível investigar “in loco” as circunstâncias do acidente, em vez de fabricar informação, sentado na mesa de trabalho.
Por esse motivo, julgo poder afirmar que da notícia retiro duas verdades; o incêndio propriamente dito numa conduta de nafta e a apresentação do respectivo inquérito pela Petrogal.
Também é verdade que se ouviram 2 violentas explosões, em resultado do rebentamento de 2 garrafas de gás, que se encontravam no bar-restaurante do Clube Naval de Leça, colaborando na sua parcial destruição. Quanto a feridos tivemos conhecimento de um único caso a merecer tratamento hospitalar; tratou-se de um jovem bombeiro praticante, nitidamente mal preparado para atender a um incêndio, com o nível de especificidade do ocorrido.
Logo e mais uma vez foi posto em causa a localização da refinaria, que estaria no local certo se a Petrogal tivesse comprado os terrenos envolventes. Ou se a autarquia de Matosinhos, agindo criteriosamente, não tivesse permitido a construção de habitações, sabendo que estas poderiam ficar sobre um barril de pólvora.
Quanto às obras nas condutas de ligação do terminal à refinaria, obrigaram a trabalho dentro e fora do terminal, onde em minha opinião terá começado o incêndio (ouso acreditar ter sido a acender um cigarro!). Após a conclusão, tiveram início as obras a cargo do município, verificando-se uma melhoria considerável na marginal de Leça da Palmeira. Actualmente é bem mais agradável poder desfrutar o ambiente, convidativo a efectuar aprazíveis caminhadas à beira-mar.

A marginal de Leça depois da recuperação ambiental

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Efeméride


“ Andrea Doria “
(Almirante Italiano nascido em Génova)
16.06.1951 – 26.07.1956
Comp. Italia di Navegazione Spa., Génova

Publicidade editada nos Estados Unidos

Como normalmente acontece, só grandes acidentes fazem grandes notícias. No caso deste navio, apesar da concepção luxuosa e rara imponência teria sido esquecido, a partir do momento da venda para a inevitável demolição. Assim aconteceu com o seu irmão gémeo, o “Cristoforo Colombo”, notável representante Italiano, no serviço que ligou Trieste a Nova Iorque, durante os últimos anos ao serviço da emigração. Aproveito pois a oportunidade para recordar o “Andrea Doria”, na passagem do 53º aniversário do seu afundamento, ocorrido a 26 de Julho de 1956, por motivo de colisão com o navio Sueco “Stockholm”, da Swedish América Line, ocorrido na véspera, sem que a culpa do acidente fosse atribuída a qualquer dos navios, considerando que ambos os armadores desistiram do processo legal, por mútuo acordo.

O "Andrea Doria" numa escala em Lisboa
Imagem (c) da Agência Fotográfica - minha colecção

A viagem inaugural teve início em Génova, a 14 de Maio de 1953, dispondo de acomodações para 218 passageiros em 1ª, 320 em 2ª e 703 em classe túristica, com uma equipagem que rondava os 580 tripulantes. A exemplo de outros grandes navios da companhia, a construção ficou a cargo do estaleiro Cantiere Ansaldo, de Sestri Ponente (subúrbio de Génova), tendo ficado terminado a 16 de Junho de 1951. O estaleiro procedeu à entrega do navio ao armador a 9 de Dezembro de 1952, ficando desde então a receber o mobiliário, a ultimar a decoração de interiores e finalizar os respectivos acabamentos.

O navio tinha de arqueação bruta 29.083 toneladas, líquida 15.788 toneladas e o porte consistia em 9.567 toneladas. O comprimento total (fora a fora) era de 213,50 metros e de largura (boca) 27,50 metros. Apesar de equipado com dois motores (turbinas a vapor), assegurando uma velocidade de 23 milhas por hora, nunca teve hipóteses de competir com os dois colossos da época em velocidade, o “Queen Elizabeth”, da Cunard Lines, de Londres e o “United States”, da United States Lines. Mas seguramente ganhava-lhes em fausto e opulência.

Uma hora antes da meia-noite de 26 de Julho, o “Stockholm” a navegar para leste colidia com o “Andrea Doria” a navegar para oeste, na posição 40º29’30”N 69º50’36”W, a cerca de 25 milhas de Nantucket (Massachusetts). Ambos os navios seguiam velozmente, o Italiano com nevoeiro e o Sueco com boa visibilidade, até pouco antes do local do impacto. Um enorme buraco logo provocou o adorno do “Andrea Doria” por estibordo, anulando a possibilidade de fazer descer as lanchas salva-vidas por bombordo. O “Stockholm” afasta-se do local e imobiliza com ambas as ancoras fundeadas, largadas fortuitamente por força da violência do embate, com a proa destruída. Felizmente os pedidos de socorro foram logo atendidos, respondendo sem demora ao apelo dois navios, um dos quais o paquete “Ile de France”, da Comp. Generale Transatlantique, colocando no mar todas as baleeiras disponíveis a bordo e recuperando larga quantidade de náufragos. Mesmo assim terão perecido no acidente 52 passageiros e tripulantes, entre as 1706 pessoas que se encontravam no navio.

Ao fim de 23 horas após a colisão, o “Andrea Doria” ao submergir entrava na história das grandes navegações. Mais do que a notícia que correu mundo, foi apenas outra vitima do Atlântico.

Fonte : Commander C.R. Vernon Gibbs (R.N.)
Western Ocean Passanger Lines and Liners 1934-1969

terça-feira, 21 de julho de 2009

Farwell " Prince "


O " Black Prince "
Fred Olsen Lines, Oslo, Noruega
1966 - 2009

O "Black Prince" nos primeiros anos
Postal da Companhia

O navio de cruzeiros “Black Prince” efectua na próxima quinta-feira, dia 23 de Julho, a última escala em Leixões, estando previsto viajar a curto prazo para a Ásia, devendo por lá passar o resto dos seus dias de vida útil. Lembro-me dele desde a 1ª vez que veio a Leixões, com a chaminé da Fred Olsen, de Oslo, durante o período de Verão, do mesmo modo que o recordo nas escalas de Inverno, com o nome “Venus”, quando operado pela Bergenco, empresa sediada em Bergen, companhias que estiveram na origem da sua construção.

O navio em postais

Arrisco até afirmar que terá sido o navio de passageiros e de cruzeiros mais regular deste porto, nos últimos 40 anos, motivo pelo qual seria merecedor dum qualquer evento a celebrar o facto, junto da empresa armadora e seus representantes, na hora da despedida.

O navio em postais

Nasceu para ser utilizado como ferry, navegando entre portos escandinavos e ingleses, com escalas posteriormente alargadas a portos holandeses e alemães. Foi construído no cais 561 do estaleiro Luebecker Flender, na Alemanha, em 1966, tendo sido inicialmente registado na Noruega, na Libéria e no Panamá. Como navio de cruzeiros recuperou o registo Norueguês, mais tarde substituído pela bandeira das Ilhas Bahamas, que utilizou durante os últimos anos.
Actualmente apresenta uma TAB de 11.209 toneladas e uma TAL de 4.072 toneladas. O porte é de 3.043 toneladas. Está equipado com dois motores diesel Ottensener Eisenwerk A.G., construídos em Hamburgo, Alemanha, com 8.370 Bhp’s cada, que lhe garante uma velocidade de cruzeiro de 18,5 milhas por hora. Tem 141,62 metros de comprimento fora a fora, 129,29 metros de comprimento entre perpendiculares e 20,27 metros de boca (largura). O calado médio é de aproximadamente 6,45 metros, permitindo-lhe a entrada em portos de águas pouco profundas.

O navio em postais

Esteve colocado nos últimos anos ao serviço do mercado Inglês de cruzeiros, mantendo uma capacidade de oferta com 241 camarotes, nos quais foram instalados 450 camas, apesar de viajar normalmente com cerca de 420 passageiros. A equipagem ronda os 200 tripulantes, de várias nacionalidades, com principal incidência de origem na Noruega e nas Filipinas.
O último Safety Management Certificate emitido pela Det Norsk Veritas, em 18 de Fevereiro de 2005, que permanece válido até 22 de Janeiro de 2010 não será portanto renovado. Nessa altura a legislação comunitária obriga-o a manter-se afastado dos portos europeus, mas não invalida a continuação duma existência de sucesso, teimando navegar muito além dos 43 anos, já celebrados no decorrer de 2009.


segunda-feira, 13 de julho de 2009

Sacor Marítima 4 - 2009


Interregno (IV)

“ Galp Sado “
1998 – 2009

O "Galp Sado" - desenho de Luís Filipe Silva

Navio-tanque > Registo : Madeira (MAR)
Cttor.: S/werft u. Masch. Max Sieghold, Bremerhaven, 05.1972
ex ”Mucke”, Emil Hartmann, Bremen, Alemanha, 1972-1990
ex “Zangão”, Portline, S.A., Lisboa, 1990-1998
Tonelagens : Tab 493 to > Tal 264 to > Porte 1.150 to
Cpmts.: Ff 62,54 mt > Pp 56,72 mt > Bc 9,43 mt > Ptl 3,58 mt
Máquina : Mak, Kiel, Alemanha, 1972 > 1:Di > 900 Shp > 11 m/h
Vendido a interesses Nigerianos a 10.06.2009. Mudou o nome para "Kanani", passando a navegar sob registo do Panamá.

“ Galp Setúbal “
1984 – 2007

O "Galp Setúbal" - desenho de Luís Filipe Silva

Navio-tanque > Iic.: C.S.C.K. > Registo : Madeira (MAR)
Construtor : Kasado Dock Co., Kudamatsu, Japão, 1984
ex “Minerva”, Centúria Hermanas S.A., Panamá, 1984-1989
ex “Antara”, 1989-1989
ex “Wind Sovereign”, Wind Tankers A/S, Oslo, 1989-1990
Tonelagens : Tab 17.882 to > Tal 10.939 to > Porte 29.997 to
Cpmts. : Ff 176,05 mt > Pp 165,85 mt > Bc 26,60 mt > Ptl 9,97 mt
Máquina : B&W, Dinamarca, 1984 > 1:Di > 6.697 Bhp > 14 m/h
Abatido / vendido, mudou o nome para Setúbal em 2007.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Sacor Marítima 3 - 2009


Interregno (III)

“ Galp Sines “
1982 – 2003

O "Galp Sines" - desenho de Luís Filipe Silva

Navio-tanque > Iic.: C.S.B.P. > Registo : Madeira (MAR)
Construtor : Estaleiros Navais de Viana do Castelo, 06.1982
Tonelagens : Tab 13.589 to > Tal 4.342 to > Porte 18.732 to
Cpmts.: Ff 163,65 mt > Pp 152,00 mt > Bc 23,40 mt > Ptl 8,62 mt
Máquina : B&W, Dinamarca, 1982 > 1:Di > 7.040 Shp > 14 m/h
Vendido em 2003 foi rebaptizado com o nome “W.S. Provider”. Novamente vendido, foi adquirido por armador dos Emiratos Árabes Unidos, em 2007, que lhe mudou o nome para “Esraa”, passando ao registo do Panamá.

“ Galp Leixões “
1983 – 20??

O "Galp Leixões - desenho de Luís Filipe Silva

Navio-tanque > Iic.: C.S.B.Y. > Registo : Madeira (MAR)
Construtor : Estaleiros Navais de Viana do Castelo, 03.1983
Tonelagens : Tab 13.588 to > Tal 4.233 to > Porte 18.732 to
Cpmts.: Ff 163,65 mt > Pp 152,00 mt > Bc 23,40 mt > Ptl 8,54 mt
Máquina : B&W, Dinamarca, 1982 > 1:Di > 7.040 Shp > 14 m/h
Abatido / vendido.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Sacor Marítima 2 - 2009


Interregno (II)

“ Galp Funchal “
1995 – 1996

O "Galp Funchal" - desenho de Luís Filipe Silva

Navio-tanque > Registo : Madeira (MAR)
Construtor : Astano, Ast. del Noroeste, El Ferrol, Espanha, 1977
ex ”Munguia”, Naviera Vizcaina, S.A., Bilbao, Espanha, 1977-1988
ex “Indiana”, Dorian (Hellas) S.A., Nassau, Bahamas, 1988-1995
Tonelagens : Tab 140.277 to > Tal 120.353 to > Porte 300.029 to
Cpmts.: Ff 347,61 mt > Pp 325,31 mt > Bc 53,65 mt > Ptl 22,21 mt
Máquina : Bazan, El Ferrol, 1977 > 2:St > 36.000 Shp > 15 m/h
Um rombo de 11 metros no tanque de água à vante por bombordo, por motivo de condições adversas de tempo e mar de vaga alta. A avaria resultante no incidente e a idade do navio levaram à venda da unidade, com pouca utilização. Viajou com o nome “Thefstrous” até Alang, para demolição a 11 de Dezembro de 1996.

“ Galp Lisboa “
1984 – 2009

O "Galp Lisboa" - desenho de Luís Filipe Silva

Navio-butaneiro > Iic.: C.S.B.I. > Registo : Madeira (MAR)
Construtor : T. Ruiz de Velasco S.A., Bilbao, Espanha, 07.1983
Tonelagens : Tab 2.706 to > Tal 878 to > Porte 3.571 to
Cpmts. : Ff 87,20 mt > Pp 81,01 mt > Bc 14,53 mt > Ptl 6,32 mt
Máquina : Pielstick, 1984 > 1:Di > 3.900 Bhp > 12 m/h
Vendido em Junho de 2009, mudou o nome para “Trancarib”, com registo no Panamá.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Sacor Marítima - 2009


Interregno

Considero com confessado orgulho, ter tido o privilégio de colaborar com diversos Comandantes desta Companhia. Conheci alguns navios, notei que o equipamento para cargas e descargas estava obsoleto e em determinadas ocasiões até "zangado" e "desobediente", devido à sua constante utilização, prolongada por mais de vinte anos.
Por outro lado, reparei que, duma forma ou outra, a tripulação se desunhava para rentabilizar o trabalho, superando, com carinho familiar, a ausência de modernidade e facilidades, de que agora se desfruta nas unidades de construção recente. Mas, o melhor: ao cimo da escada de portaló dos navios visitados não esqueço o inquestionável prazer de ter sido cumprimentado na minha língua.

Face às últimas notícias, parece estar a acontecer mais um episódio do "deixa arder", porque depois de queimado, constrói-se de novo!!! Só que a febre da inércia e do desinteresse reinante pode levar ao fim duma empresa cujo serviço representa um esforço vital em termos económicos.
E se a chama da pequena lamparina, que às vezes aparece no fundo do túnel, se apaga? E se este interregno, tal como o habitual provisório, se transforma em definitivo?

Dos navios da Companhia, presença constante nos portos nacionais, recordo os cascos verdes da cor da bandeira. Ficou o mar, um imenso mar de saudades…

" GALP AVEIRO "
1990 - 2005

O "Galp Aveiro" - desenho de Luís Filipe Silva

Navio-tanque > Registo : Madeira (MAR) > Iic.: C.R.Y.F.
Construtor : Higaki Zosen K.K., Imabari, Japão, 07.1983
ex ”Malacca Express”, Square Rig Shipping, Panamá, 1983-1984
ex “Nordborg”, Square Rig Shipping S.A., Panamá, 1984-1988
ex “Margaletta”, OMS Project Dvlpmt. Ltd., Panamá, 1988-1990
Tonelagens : Tab 3.757 to > Tal 2.093 to > Porte 6.260 to
Cpmts. : Ff 102,59 mt > Pp 95,80 mt > Bc 15,50 mt > Ptl 8,10 mt
Máquina : Mitsubishi, Japão, 1983 > 1:Di > 3.350 Bhp > 13 m/h
Vendido em 2005, mudou o nome para “Aveiro”.

" GALP FARO "
1990 - 2003

O "Galp Faro" - desenho de Luís Filipe Silva

Navio-butaneiro > Registo : Madeira (MAR) > Iic.: C.S.B.Q.
Construtor : Joseph L. Meyer, Papenburg, Alemanha, 02.1982
ex ”Gaz Nordsee”, F. A. Detjen GmbH & Co., Hamburgo, 1982-1988
ex “Norgas Traveller”, Labogas VI K/S., Oslo, Noruega, 1988-1990
Tonelagens : Tab 4.899 to > Tal 2.454 to > Porte 5.990 to
Cpmts.: Ff 110,90 mt > Pp 102,01 mt > Bc 15,57 mt > Ptl 10,80 mt
Máquina : B&W, Dinamarca, 1982 > 1:Di > 5.400 Bhp > 14 m/h
Vendido em 2003, mudou o nome para “Virgen del Carmen III”.