sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

História trágico-marítima (CXXVIII)


O encalhe dos navios "Silva Gouveia" (2) e "Coruche"

No porto de Alcoutim, na margem do Guadiana, encalharam
dois navios devido ao assoreamento daquele rio
Alcoutim, 26 – As areias transportadas pela ribeira de Cadavais para o Guadiana, nestes tempos açoitados por chuvas rigorosas, acabaram por tornar quase impraticável a navegação nas águas deste rio. Assim, não foi de estranhar que de manhã dois navios aqui viessem encalhar, o “Silva Gouveia” e o “Coruche”, ambos da Sociedade Geral de Transportes.

Foto do navio "Silva Gouveia" (2) à chegada a Leixões
Imagem da Fotomar, Matosinhos

Identificação do navio “Silva Gouveia” (2)
Armador: Sociedade Geral C.I. Transportes, Lisboa, 19.04.1928
Nº Oficial: F-560 - Iic.: C.S.B.N. - Registo: Capitania de Lisboa
Cttor.: Schiffswerft W. Janssen & Schmilinsky, Hamburgo, 1921
ex “Taunus”, Ubersee Reederei A,G, Geestemunde, 1921-1924
ex “Max Weidtman”, Henry Stahl & Co., Hamburgo, 1924-1927
ex “Max Weidtman”, Weidtman Line, Hamburgo, 1927-1928
Arqueação: Tab 892,54 tons - Tal 510,99 tons - Tpm 1.353 tons
Dimensões: Ff 67,46 mt - Pp 63,88 mt - Bc 9,73 mt - Ptl 3,94 mt
Propulsão: Dresden M-fabrik, 1:Te - 3:Ci - 580 Ihp - 10 m/h
Vendido para desmantelar no Douro (Porto) em finais de 1954.

O primeiro, carregado de minério, saíra de Pomarão para Lisboa e, como a maré estava a vazar, ali ficou enterrado na areia. A tripulação, que mais tarde abandonou o navio ainda tentou lançar espias ao cais de Alcoutim, o que não conseguiu, porque o navio estava muito em seco.

Foto do navio "Coruche" à chegada a Leixões
Imagem da Fotomar, Matosinhos

Identificação do navio “Coruche”
Armador: Sociedade Geral C. Indúst. Transportes, Lisboa, 1949
Nº Oficial: H-381 - Iic.: C.S.L.T. - Registo: Capitania de Lisboa
Construtor: St. Lawrence Metal & Marine Works, Canadá, 1948
Arqueação: Tab 1.153,88 tons - Tal 604,36 tons - Tpm 1.376 tons
Dimensões: Ff 73,95 mt - Pp 68,85 mt - Bc 10,68 mt - Ptl 4,91 mt
Propulsão: Fairbanks Morse Co., 1:Di - 6:Ci - 1000 Ihp - 12 m/h
Severamente danificado por motivo de incêndio em Bissau, em 1963, veio para Lisboa, onde foi vendido para demolição, durante o mês de Agosto desse mesmo ano.

Hora e meia depois, às 11 horas e trinta minutos, o “Coruche”, que saíra de Lisboa com um carregamento de carvão a caminho de Pomarão, uma pequena aldeia debruçada sobre a margem do Guadiana, acabou por ter destino igual, a 15 metros de distância do “Silva Gouveia”. Pela tarde, com a maré cheia os dois deverão prosseguir a viagem, o que, aliás, é bastante de desejar, uma vez que o trânsito no rio ficou agora interrompido, com os dois navios quase a par, cada um em seu sentido. Bom seria que as entidades competentes procedessem imediatamente ao desassoreamento do Guadiana.
(In jornal “Comércio do Porto”, segunda, 27 de Fevereiro 1950)

(In jornal “Comércio do Porto”, terça, 28 de Fevereiro de 1950)

2 comentários:

Xabier disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Xabier disse...

http://www.lavozdegalicia.es/noticia/carballo/2014/03/09/emerge-fisterra-mercante-portugues-hundido-1927/0003_201403C9C19911.htm

En ese enlace se narra como fue el final del Silva Gouveia en 1927 en las costas de Galicia