quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Pesca do bacalhau - A E.N.E.P.


Empreza de Navegação e Exploração de Pescas, Lda.
Aveiro
1917 - 1927
10 anos na pesca do bacalhau

Consigo imaginar o início da actividade da empresa, considerando o ano anterior à construção do primeiro lugre, o “Ernani”, que deve ter efectuado a primeira campanha à Terra Nova em 1918. Mais fácil foi chegar à dissolução da firma, face aos anúncios publicados na imprensa nacional, nos dias 24, 25, 29 e 30 de Novembro de 1927. Esse anúncio apresentava o seguinte teor :

Concretizado o negócio de venda durante os meses seguintes, estamos em crer ter-se verificado através da compra, o nascimento de uma nova sociedade registada como Testa & Cunhas, Lda., também de Aveiro, que vingaria durante muitos anos ligada ao sector. Podemos igualmente ajuizar da verba dispendida, através do valor estimado por cada navio, a saber :

O lugre “Ernani” mais dóries estava avaliado em 200.000 escudos
O lugre “Silvina” mais dóries estava avaliado em 200.000 escudos
O lugre “Laura” mais dóries estava avaliado em 300.000 escudos

Acreditamos que a valorização do lugre “Laura”, entretanto imobilizado durante o ano de 1927, ficou a dever-se à sua maior dimensão e ao trabalho de reconstrução levada a cabo por Manuel Maria Bolais Mónica. Todos os navios estiveram presentes na campanha de 1928, com a única alteração do nome do “Laura”, que à saída do estaleiro já detinha registo como “Cruz de Malta”.

Lugre “ Ernani ”
1922 - 1934

Nº Oficial : A-236 > Iic.: H.E.R.N. > Registo : Aveiro
Construtor : Manuel Maria Bolais Mónica, Gafanha, 1918
ex "Estrela do Mar" - Comp. Aveirense de Pesca, 1918-1921
ex "Apollo" - Comp. Aveirense de Pesca, Aveiro, 1921-1922
Tonelagens : Tab 256,70 to > Tal 182,92 to
Cpmts.: Pp 37,10 mt > Boca 8,90 mt > Pontal 3,85 to
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Capitães embarcados: Augusto Fernandes Pinto (1922 a 1924), Júlio António Lebre (1928 a 1930)
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Depois de vendido manteve as mesmas características

Na última campanha realizada em 1933, o lugre navegou com 42 tripulantes dispondo de 40 dóries. Registou nesse ano a captura de 4.560 quintais de peixe, tendo ainda produzido 2.000 kgs. de óleo de fígado de bacalhau. O valor do produto pescado rendeu 552.000$00 (escudos). Naufragou após incêndio a partir da cozinha, propagado por uma porção de azeite que estava a ser utilizado para fritar peixe, nos bancos da Gronelândia, em 14.07.1934. A tripulação abandonou o navio nos dóries, tendo sido recolhida na totalidade por outros navios a pescar nas proximidades.

Lugre “ Silvina ”
1921 - 1941

O lugre "Silvina" - foto de Henrique Ramos, Aveiro
Colecção de imagens da Napesmat - Matosinhos

Nº Oficial : A-216 > Iic.: H.S.I.L. > Registo : Aveiro
Construtor : Manuel Maria Bolais Mónica, Gafanha, 1919
ex "Águia" - Comp. Aveirense de Pesca, Aveiro, 1919-1921
Tonelagens : Tab 212,33 to > Tal 169,88 to
Cpmts.: Pp 35,50 mt > Boca 8,80 mt > Pontal 3,60 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Capitães embarcados: Manuel Simões da Barbeira (1922 a 1925), Ambrósio Godinho (1928), António d'Oliveira Souza (1929 e 1930)
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Nº Oficial : A-216 > Iic.: C.S.K.E. > Registo : Aveiro
Tonelagens : Tab 207,76 to > Tal 152,65 to
Cpmts.: Ff 40,42 mt > Pp 34,67 mt > Bc 8,92 mt > Ptl 3,62 mt
Máquina : Dresdner Maschin A.G., Dresden, Alemanha

No ano de 1928, correspondente ao primeiro ano de serviço para a nova empresa, o navio foi à Terra Nova com 37 tripulantes, tendo utilizando 32 dóries. Numa campanha de fracas capturas, foram apurados apenas 1.148 quintais de peixe e 1.100 kgs. de óleo de fígado de bacalhau. O valor conseguido com a venda foi de 140.000$00 (escudos), certamente muito abaixo das melhores perspectivas, resultando daí um considerável prejuízo. Naufragou devido a incêndio durante a pesca no grande banco da Terra Nova, em 25.05.1941. A tripulação abandonou o navio nos dóries, tendo sido recolhida na totalidade por outros navios a pescar no banco.

Lugre “ Laura “
1921-1927


O lugre "Laura" - foto de Henrique Ramos, Aveiro
Colecção de imagens da Napesmat - Matosinhos

Nº Oficial : A-228 > Iic.: H.L.A.U. > Registo : Aveiro
Construtor : José Soares, Gafanha da Nazaré, 1921
Reconstruído por Manuel Maria Bolais Mónica, em 1927
Tonelagens : Tal 223,07 to > Tal 211,92 to
Cpmts.: Pp 40,80 mt > Boca 9,15 mt > Pontal 3,50 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Capitães embarcados: João Fernandes Mano (1921 a 1924), António d'Oliveira Souza (1925)

Lugre " Cruz de Malta "
1927 - 1958

O lugre "Cruz de Malta" - foto de Henrique Ramos, Aveiro
Colecção de imagens da Napesmat - Matosinhos

Nº Oficial : B-204 > Iic.: C.S.J.V. > Registo : Aveiro
Tonelagens : Tal 295,65 > Tal 213,93 to
Cpmts.: Ff 44,65 mt > Pp 36,90 mt > Bc 9,40 mt > Ptl 3,96 mt
Máquina : Guldner > 150 Bhp > Velocidade 8 m/h

Na primeira campanha do navio, para a empresa Testa & Cunhas, levando 47 tripulantes e 42 dóries, tal como no caso anterior, a captura limitou-se a 1.597 quintais de peixe e 2 toneladas de óleo de fígado de bacalhau, que renderam 195.600$00. A grave escassez de peixe neste período, foi certamente o ponto de partida que levaria os navios nos anos seguintes até à Gronelândia, onde foram encontrados bons cardumes, revelando-se local obrigatório de pesca. Afundou-se por alquebramento (água aberta) no Virgin Rocks (Terra Nova), em 07.08.1958. A tripulação foi recolhida na totalidade, por outros navios a pescar nas proximidades.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Companhias Portuguesas - A Parceria Douro


Parceria Marítima Douro
Gerência de José Joaquim Gouveia,
Porto

A Parceria Marítima Douro foi proprietária de um considerável número de navios, que foram postos a operar na cabotagem nacional e no comércio internacional. Teve igualmente grande influência e preponderância como armador de navios posicionados na pesca do bacalhau. Dos navios de comércio destacamos os dois “Lídias”, nome que sugere alguém muito próximo, a revelar coerência e uma inquestionável teimosia…

O lugre “ Lídia “ ( I )
1916 – 1917

Nº Oficial : A-184 > Iic.: H.L.I.D. > Registo : Porto
Construtor : José Dias dos Santos Borda, Fão, 1916
Tonelagens : Tab 301,51 to > Tal 257,50 to
Cpmts.: Pp 39,00 mt > Boca 8,70 mt > Pontal 4,30 mt
10 tripulantes
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Afundado no Golfo da Biscaia, vitima de ataque de submarino Alemão, que o fez explodir com carga de dinamite a 26.12.1917

O lugre “ Lídia “ ( II )
1918 - 1927

Nº Oficial : B-122 > Iic.: H.L.I.D. > Registo : Porto
Cttor.: José Dias dos Santos Borda, Esposende, 1918
Tnlgs.: Tab 455,36 to > Tal 405,36 to > Porte 800 to
Cpmts.: Pp 41,21 mt > Boca 9,70 mt > Pontal 4,29 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Naufragou à entrada do porto de Setúbal, a fim de carregar nesse porto uma partida de sal, a 9 de Novembro de 1927.

Ontem à noite foi recebido um telegrama da Capitania do porto de Lisboa, comunicando que em frente à Torre do Outão, Setúbal, encalhou o lugre “Lídia”, da praça de Lisboa, pertencente à firma Bagão, Nunes & Machado, Lª. Em seu socorro saiu do Tejo pela meia-noite o rebocador “Cabo da Roca”, da Exploração do porto de Lisboa. (Jornal “O Século”, de 11.11.1927)

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O lugre “Lídia” encalhou na praia da Rainha, Torre do Outão, local que serve de recreio e curas de sol aos pequenos internados no Sanatório. Não é critica a situação do navio, visto que está enterrado na areia, em ponto que só poderá ser batido pelo mar, desde que volte o mau tempo. Informa o capitão Sr. José Gonçalves Dias, que o lugre trazia 15 dias de mar, em viagem desde as Canárias. Tinha a bordo apenas o lastro de areia e destinava-se a Setúbal para receber um carregamento de sal.
Quando do ciclone, na madrugada de 5 do corrente, o veleiro encontrava-se a cerca de 20 milhas ao largo de Sines. Apanhado de surpresa, o tempo correu com ele em árvore seca, até em frente de S. Martinho do Porto, tendo o navio aguentado firme até ser possível fazer rumo a Sul, com destino a Setúbal.
Na barra deste porto, depois de meter a bordo o piloto Sr. Salvador José Matias, singrou sem novidade até ao mar do Outão. Nessa altura o vento contrário e a força da corrente dificultaram a manobra, sendo levado a pouco e pouco para terra, impelido pelo mar. O lugre pertence à praça do Porto e é propriedade do Sr. José Joaquim Gouveia, que já se encontra no local, em representação da Parceria Marítima Douro. (Jornal “O Século” de 15.11.1927)

Navios da Shell Portuguesa


O "Shell Onze"
1947 -1968

Na oportunidade resgatamos a memória do quarto e último navio tanque da Shell Portuguesa, porquanto foram já referênciados o “Penteola”, o “Shell Dezassete” e o “Shell Tagus”. Foi colocado pela empresa para prestar serviço de cabotagem no período pós II Grande Guerra Mundial, revelando-se fundamental na distribuição de combustíveis pelos portos nacionais, evitando a completa paragem fabril no norte e centro do país. Lembramos que a frota nacional de tanques nesta época além dos navios da Shell atrás referidos, era composta apenas pelo “Gerez”, “Aire” e “Sameiro”, primeiros navios da Soponata.

O "Shell Onze" em Lisboa - foto colecção fsc

Nº Oficial : G-496 > Iic.: ?? > Registo : Lisboa
Construtor.: Iron Works & Co., Rowhedge, Inglaterra, 08.1946
ex “Trapp” – Shell (Anglo-Saxon Petroleum), Ldrs., 1946-1947
Tonelagens : Tab 358,02 to > Tal 151,15 to > Porte 420 to
Cpmts.: Ff 46,53 mt > Pp 43,94 mt > Bc 7,25 mt > Ptl 2,83 mt
Máq.: Britist Polar Engines Ltd, 1944 > 1:Di > 395 Bhp > 9 m/h
dp “Sonap Tanque” - Sonap Portuguesa, Lisboa, 1968-1983
dp “Macuse” - Emp. Moçambicana, Lrço. Marques, 1983-1997

Foi amarrado / ancorado na costa Moçambicana, na posição 25º58’S 32º28’E em Setembro de 1997, local onde veio a submergir.

domingo, 19 de outubro de 2008

Pesca do bacalhau - A Turuna Ílhavense


Companhia Ílhavense Turuna, Lda.
Administração Agra & Cª., Lda. de António da Rocha Agra
Ílhavo

Lugre “ Turuna “
( 3 mastros )
1923 – 1930

Nº Oficial : A-238 > Iic.: H.T.U.R. > Registo : Aveiro
Construtor.: Joaquim Dias Ministro, Pardilhó, 1922
ex "Independente" - Soc. Turuna, Ílhavo, 1922-1923
Tonelagens : Tab 224,37 to > Tal 179,60 to
Cpmts.: Pp 34,55 mt > Boca 8,51 mt > Pontal 3,69 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
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Capitães embarcados: José Pereira Cajeira (1923), José André Senos (1924), Alberto Naia (1925), António dos Santos (1928) e Aristides Ramalheira (1929), que supostamente esteve também presente em 1930, aquando do naufrágio.

Na última campanha realizada em 1929, o lugre navegou com 37 tripulantes, dispondo de 32 canoas. O navio, os dóries e o material de pesca estavam avaliados em 155 mil escudos. Pescou nesse ano cerca de 1.280 quintais, tendo ainda produzido 1 tonelada de óleo de fígado de bacalhau. O valor do produto pescado rendeu 155.280$00 (escudos).

Naufragou com água aberta no grande banco da Terra Nova a 12.07.1930. Todos os elementos da tripulação salvaram-se nas embarcações de bordo, sendo depois transportados para a Nova Escócia, pelo navio inglês “Colborne”.

Notícia do jornal “O Comércio do Porto”, de 20.07.1930, pág. 7
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Naufrágio
O Comandante do transporte “Gil Eannes”, que se encontra nos bancos da Terra Nova, enviou ao Ministério da Marinha um rádio, dizendo ter-se afundado, no banco Causo, o lugre “Turuna”, tendo sido a tripulação recebida e desembarcada em Sydney (Nova Escócia), em 13 do corrente, e pede providências no sentido de a tripulação ser repatriada com urgência, visto estar ali a fazer grande despesa.
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terça-feira, 14 de outubro de 2008

Comp. Portuguesas - A Progresso Marítimo


Empresa Progresso Marítimo do Porto
Rua dos Ingleses, Nº 42-1º, Porto
(actualmente rua Infante D. Henrique

1872 - 1890

Esta empresa constituída no Porto, por iniciativa de Henrique Carlos Meireles Kendall, tinha como objectivo estabelecer um serviço marítimo utilizando vapores de carga e passageiros, que ligaria portos nacionais com destino a portos no Brasil. A nova sociedade foi constituída conforme escritura publicada no Diário do Governo de 3 de Abril de 1872, com o capital de 500 mil reis. Após concretizada a respectiva oficialização, foi lançada a emissão duma primeira série de acções, no valor de 250 mil reis.


O programa da sociedade previa que os navios a entrar em serviço teriam o início das viagens no Porto, fazendo escala em Lisboa e no Funchal, em concorrência aberta com as companhias estrangeiras, proprietárias de vapores de grande porte, sem condições para frequentar o porto do Douro, evitando dessa forma aos passageiros as despesas de deslocação por terra até Lisboa. Nesse sentido Henrique Kendall viajou para Inglaterra, acompanhado pelo Capitão da Marinha Mercante Luís Ascêncio Tommasini, para examinar diversos navios que se encontravam à venda, que provaram não ter interesse. A opção alternativa levou à encomenda de dois navios novos, com cerca de 1.200 toneladas, do tipo “Spardeck”, que viriam a receber o nome de dois nótaveis homens de letras portuenses, Júlio Diniz e Almeida Garrett, estando prevista lotações para 30 passageiros em 1ª., 20 em 2ª e 200 em 3ª classe.

O primeiro vapor a entrar em serviço foi o “Júlio Diniz”, com chegada ao Douro a 26 de Julho de 1873, sob o comado de Joaquim José Rodrigues Contente, trazendo a bordo Henrique Kendall, no regresso da cerimónia de entrega do navio. Também presente nessa cerimónia, o Capitão Tomasini manteve-se em Inglaterra a acompanhar a construção do “Almeida Garrett”, do qual viria a ser o seu primeiro comandante. Data de 6 de Agosto de 1873 a viagem inaugural do “Júlio Diniz” ao Brasil, transportando 162 passageiros, com as escalas previstas em Lisboa e no Funchal. Entretanto o “Almeida Garrett” foi finalmente entregue a 1 de Dezembro, ainda em 1873, chegando ao Douro no dia 8 e largando a 20 para o Brasil.

Apesar da regularidade mantida durante os dois primeiros anos, tornou-se cada vez mais difícil competir com as companhias francesas e inglesas, face à velocidade dos navios empregues neste tráfego. Ainda foi pensado colocar no serviço mais 2 navios, decisão substituída por um transporte maior e mais rápido, ficando tudo sem efeito devido às dificuldades de ordem financeira. Em Julho de 1885, é dado conhecimento público que o “Almeida Garrett” cancela a viagem ao Brasil, para ser transferido para um novo serviço e a 2 de Agosto é anunciada uma viagem com destino a Marselha.

Quase em simultâneo a Companhia Thetis, também do Porto, anuncia a reestruturação dos serviços para o norte da Europa, integrando o vapor “Júlio Diniz” nas suas ofertas de transporte. Passa a assegurar um serviço regular com destino ao Havre e Bordéus, Antuérpia, Roterdão, Hamburgo e Ilhas Britanicas. Apesar de um ou outro regresso esporádico ao Brasil, o “Almeida Garrett”, entra em operação directa de ligação a portos no Mediterrâneo.

Em Junho e Julho de 1876 ambos os navios fundearam no Douro, aguardando lhes fosse dado novo destino, que chegou breve. Saíram do Porto juntos com destino a Marselha, adquiridos por armadores Franceses. Já sem frota própria a firma foi mantida em actividade até Dezembro de 1890, altura em que vem publicada na imprensa a convocatória para uma reunião da assembleia geral para deliberar sobre a liquidação da empresa.


Em seguimento à reunião marcada para o dia 8 de Janeiro de 1881, foi convocada nova Assembleia para o dia 17, na qual foi declarada a liquidação da empresa. No jornal “O Comércio do Porto” encontra-se publicado o relato da última Assembleia Geral, realizada no dia anterior, com o seguinte teor:
“Reuniu ontem a Assembleia Geral dos Accionistas desta empresa a fim de apreciar o Relatório e contas do Gerente Liquidatário, bem como o parecer do Conselho Fiscal, documentos de que já temos extracto. Presidiu o Sr. António Joaquim de Lima, ocupando os lugares de Secretários os Srs. José Augusto de Magalhães Leite e Manuel Tavares de Pinho. Lida e aprovada a acta da sessão anterior, entraram em discussão o Relatório e pareceres. O Gerente Sr. Henrique Kendall, declarou que depois de fechadas as contas do Relatório se havia feito as despesas de 190$360 (mil reis) com impressos e anúncios, sendo portanto o saldo de 3.755$955 (mil reis), o que permite a distribuição de 1.150 reis por acção. O Sr. Ezequiel Ribeiro Vieira de Castro disse que não ia discutir o Relatório e contas, mas que desejava que o Sr. Gerente lhe explicasse como era que dizendo-se no Relatório que a venda dos vapores havia sido feita por 26.000 libras esterlinas livres de todos os encargos para os vendedores, aparecia na conta geral uma verba de 3.490$910 (mil reis) de comissão de venda dos mesmos. E vendo na mesma conta o produto da venda de três caixas de rendas de linho apreendidas, que fora de 86$040 (mil reis) tinha a declarar que o valor daqueles objectos, que conhecia, era de 370$000 (mil reis), por isso desejava saber como se procedeu à liquidação.O Sr. Henrique Kendall respondeu que a comissão dada pela venda dos vapores fora a usual em tal situação e que as rendas a que o Sr. Accionista se referia tinham sido vendidas no Rio de Janeiro, havendo a comprová-lo o respectivo recibo. Renovou no fim a proposta que fazia no seu relatório para que a Assembleia nomeasse uma comissão aos seus actos, pedindo que dessa comissão fizesse parte o Sr. Ezequiel Ribeiro Vieira de Castro. Este Sr. declarou não poder fazer parte da comissão, acrescentando que a achava inútil. Apesar da insistência do Sr. Henrique Kendall pela nomeação da comissão, o Sr. Francisco José de Araújo, no uso da palavra, disse que não só pela respeitabilidade do carácter do Sr. Gerente, como dos cavalheiros que haviam composto o Conselho Fiscal, julgava desnecessária essa comissão, votando portanto contra ela. Em seguida o Presidente da Mesa em exercício declarou liquidada a Empreza Progresso Marítimo do Porto.


Divido a responsabilidade deste trabalho com o amigo Francisco Cabral, meu professor de assuntos navais, brilhante investigador das companhias e dos navios a vapor do século XIX e início do século XX, que orgulhosamente levaram aos quatro cantos do mundo a bandeira nacional.

Os navios
Escunas de 2 gáveas, proa de beque, 2 convés e spardeck

“ Júlio Diniz “
1873 - 1876



Construtor : J. & R. Swan, Dumbarton, Inglaterra
Lançamento da quilha a 29.03.1873, entregue 21.07.1873
Tonelagens : Tab 1.221,00 to > Tal 748,00 to
Cpmts.: Ff 75,0 mt > Pp 72,0 mt > Bc 8,90 mt > Ptl 7,5 mt
Máq.: Kincaid, Donald & Co., Greenock > Compound > 150 Ihp > 10,5 m/h
Vendido à Comp. Navigation Arménienne & Marrocaine (C. Paquet & Cie.) em 1876, alterou o nome para “Les Vosges”. Naufragou em 1894.

Efectuou as seguintes viagens ao Brasil :
Saída do Douro 06.08.1873 > regresso ao Douro 17.10.1873
Saída do Douro 23.10.1873 > regresso ao Douro 22.12.1873
Saída do Douro 29.07.1874 > regresso ao Douro 19.04.1875
Saída do Douro 30.04.1875 > regresso ao Douro 23.07.1875
Saída do Douro 30.07.1875 > regresso ao Douro 13.10.1875
Saída do Douro 22.10.1875 > regresso ao Douro 08.02.1876
Saída do Douro 21.02.1876 > regresso ao Douro 16.03.1876
Saída do Douro 29.03.1876 > regresso ao Douro 28.05.1876


A foto que ilustra o navio “Júlio Diniz” pertence a um quadro exposto na sala Minho, no Palácio da Bolsa do Porto. É da autoria do Capitão Tommasini, que foi em determinados períodos seu comandante, tendo-se igualmente revelado como um notável pintor de motivos marítimos. Foi-me cedida para publicação no blog, pela Direcção da Associação Comercial do Porto, a quem obviamente endereço os meus agradecimentos.

“ Almeida Garrett “
1873 - 1876


Construtor : J. & R. Swan, Dumbarton, Inglaterra, 01.12.1873
Tonelagens : Tab 1.169,00 to > Tal 647,00 to
Cpmts.: Ff 75,0 mt > Pp 71,0 mt > Bc 8,90 mt > Ptl 7,6 mt
Máq.: Kincaid, Donald & Co., Greenock > Compound > 200 Ihp > 10 m/h
Vendido à Comp. Navigation Mixte em 1876, alterou o nome para “Cheliff”. Naufragou em 1886.

Efectuou as seguintes viagens ao Brasil :
Saída do Douro 20.12.1873 > regresso ao Douro 05.03.1874
Saída do Douro 14.03.1874 > regresso ao Douro 31.05.1874
Saída do Douro 16.06.1874 > regresso ao Douro 31.08.1874
Saída do Douro 08.09.1874 > regresso ao Douro 27.01.1875
Saída do Douro 07.02.1875 > regresso ao Douro 21.04.1875
Saída do Douro 01.05.1876 > regresso ao Douro 04.07.1875

90 anos sobre o naufrágio do "Cazengo"


O "Cazengo" da Empresa Nacional de Navegação
Efeméride - 90 anos sobre o naufrágio

02.10.1889 - 08.10.1918


Recebi um lembrete de um historiador Francês que recorda o naufrágio deste navio, torpedeado por um submarino alemão próximo ao Cabo Breton, em 08.10.1918. O naufrágio naquelas paragens é ainda comentado pelas imensas prendas, que o mar do acaso se encarregou de levar até à costa, um pouco a norte de Bayonne. E entre muitas outras coisas, as barricas de vinho do Porto mantém-se prazenteiramente na memória colectiva daquela gente.

Lembramos por isso o “Cazengo”, à passagem desta efeméride, apesar de já ter sido referido nas notas do blog. Foi o 10º navio da frota da Empresa Nacional de Navegação, mandado construir em Inglaterra, para a usual ligação do continente com as colónias em África. Tinha as seguintes características :

O "Cazengo" - postal da companhia

Nº Oficial : 459 > Iic.: H.J.W.D. > Reg.: Lisboa, 02.10.1889
Cttor.: Earl’s Shipbuilding & Engineering Co., Hull, 09.1889
Tonelagens : Tab 3.009,07 to > Tal 1.922,00 to
Cpmts.: Pp 103,60 mt > Boca 12,30 mt > Pontal 8,00 mt
Máq.: Earl’s, Hull, 1889 > 1:Te > 2.200 Ihp > Veloc. 13 m/h
Capacidade para 214 passageiros > Equip. : 90 tripulantes

Da notícia do ataque sabe-se que o navio foi torpedeado próximo ao Cabo Breton, no decurso de uma viagem de Liverpool para Lisboa. Em função da carga a bordo admito que o navio ainda estivesse a navegar para Liverpool, contudo à distância torna-se difícil perceber qual a rota escolhida, que o colocou próximo da costa Francesa. Morreram no torpedeamento 4 tripulantes.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Pesca do bacalhau - a Parceria Portuguesa


Os navios da Parceria Portuguesa de Pescarias
Lisboa

Entretanto, porque quase sempre se gera confusão quando se discute os navios bacalhoeiros, tive uma conversa muito interessante com um amigo próximo, motivo que me leva a publicar detalhes sobre outra empresa cujo exercício esteve ligado à pesca do bacalhau, desde a liberalização da actividade em 1902. Verifico terem tido dois navios registados na pesca longínqua, o primeiro em 1902 e o segundo em 1905, acabando ambos afundados vitimas de ataques de submarinos Alemães, em Agosto de 1917, no espaço de dois dias, em dois locais diferentes da nossa costa.
Apesar de ambos os navios terem sido registados em Lisboa, os oficiais e parte das tripulações deviam ser oriundos de Ílhavo, conforme notícias da época. Mais, constato que nos anos de 1916 e 1917 os navios utilizavam equipagens reduzidas (1), levando-me a pensar que esses navios possam ter sido chamados a colaborar no esforço de guerra, antecipando o seu fim de forma precoce.
(1) O lugre “Argus” (I) da Parceria Geral de Pescarias, por exemplo, tinha nesse período uma equipagem composta por 9 tripulantes.

Palhabote “ Açor “

1905 - 1917
Nº Oficial : 408-B > Iic.: H.B.K.T. > Registo : Lisboa
Construtor : Desconhecido, Estaleiros de Fão, 1891
Tonelagens : Tab 182,82 to > Tal 173,68 to
Cpmts.: Pp 31,79 mt > Boca 7,94 mt > Pontal 3,30 mt
Quando posicionado na pesca, utilizava 29 tripulantes
Afundado por submarino Alemão, com carga de dinamite, na costa próximo ao Cabo de S. Vicente, a 16.08.1917.

Lugre “ Terra Nova “ (I)

1902 - 1910
Iic.: H.J.S.T. > Tab.: 304,50 to > Tal 289,27 to
1910 – 1916
Nº Of.: 386-C > Iic.: H.J.S.W. > Tab 294,52 to > Tal 241,66 to
1916 – 1917
Nº Of.: 479-C > Iic.: H.J.S.W. > Registo : Lisboa
Construtor : Desconhecido, Noruega, ???
Tonelagens : Tab 303,18 to > Tal 279,99 to
Cpmts.: Pp 38,60 mt > Boca 8,88 mt > Pontal 3,88 mt
Quando posicionado na pesca, utilizava 35 tripulantes

Sobre o naufrágio recorremos ao jornal “O Comércio do Porto”, Nº 198, Pag. 2, de terça-feira, 21 de Agosto de 1917, com o seguinte teor :

Ílhavo, 18.08.1917
Quando esta madrugada as companhas da Costa Nova se preparavam para largar para a pesca, viram, não longe da praia, uma embarcação desconhecida que procurava ganhar terra. Imediatamente um dos barcos foi lançado ao mar para o socorrer, o que foi feito sem grande perigo, sendo recolhidos 10 marinheiros, náufragos do lugre “Terra Nova”, que seguia viagem de Lisboa para França, e fora torpedeado ontem por um submarino Alemão a cerca de 40 milhas da nossa costa. O Comandante do “Terra Nova” é o nosso amigo Ílhavense Sr. Gustavo Peixe. Todos os tripulantes foram salvos.

Quem souber que responda ! (2)


Ser ou não ser...

Na continuação do post anterior, regresso à imagem editada no N&N de 5 de Outubro p.p., com os veleiros no rio Douro, colocando agora a questão nestes termos :
E se a cheia não é nos anos vinte, como inicialmente se admitiu, mas a grande cheia de Dezembro de 1909? Lembrei-me à posteriori dessa possibilidade, porque o rio e o infortúnio estão amplamente documentados em fotos e postais. Como desconhecia esta foto, devia igualmente ter partido do pressuposto que pode ter sido tirada durante a cheia, antes das grandes avarias, dos encalhes, dos afundamentos e dos navios saírem levados barra fora, provocando dois erros de análise; o ano em causa e os navios sugeridos.
Depois de contar diversas vezes os mastros das três embarcações, valho-me dos apontamentos, que me permitem chegar à seguinte conclusão :

1º - Trata-se efectivamente da cheia de 1909
2º - O local fotografado é em Massarelos
3º - Estavam três navios amarrados no ancoradouro, a saber :

No exterior encontra-se o iate “Villa do Conde” (2 mastros), no meio a barca “Soares da Costa” (3 mastros) e em 1º plano está o patacho “Progresso 1º” (2 mastros). Relendo as notas, posso então adiantar que o iate “Villa do Conde” que estava ancorado em Massarelos, ali submergiu. Foi posto a flutuar no dia 11 de Janeiro de 1910. A barca “Soares da Costa” que estava em Massarelos ficou encalhada. Foi também posta a flutuar a 11 de Janeiro de 1910 e o patacho “Progresso 1º” permaneceu amarrado no local, sem avarias.

Esta pesquisa demorou um pouco mais, mas valeu a pena…

Os bacalhoeiros de há 100 anos


Quantos navios pescaram na Terra Nova ?

Na perspectiva sempre assustadora que é pegar neste assunto, tentarei através dos meus parcos conhecimentos beliscar levemente o tema. Por isso opto começar quase pelo princípio, considerando que já existe uma listagem com os navios de 1902, publicada no livro “História da pesca do bacalhau”, de Mário Moutinho. Nesta conformidade, prometo o rigor possível já que não há garantia de infalibilidade.
Escolhi para a pesquisa realizada o ano de 1909, tendo a agradável surpresa de verificar 40 navios registados para pescar nos bancos da Terra Nova. São eles :

HBKT > “Açor” > palhabote > Parc. Port. Pescarias, Lisboa
HJSW > “Terra Nova” > lugre > idem
HJMF > “Argus” (I) > lugre > Parc. Geral Pescarias, Lisboa
HGPJ > “Creoula” > escuna > idem
HJMK > “Gamo” > lugre > idem
HGVQ > “Gazella” > lugre > idem
HGVR > “Hortense” (I) > escuna > idem
HGWV > “Labrador” > lugre > idem
HJML > “Navegador” > lugre > idem
HDKW > “Neptuno” (I) > patacho > idem
HGKJ > “Social” > patacho > idem
HCBG > “Elite” > Arrastão > idem
HJPS > “Júlia 1º” > lugre > A. Mariano & Irmãos, Lisboa
HJPT > “Júlia 2º” > lugre > idem
HGKQ > “Júlia 3º” > lugre > idem
HBLK > “Argonauta” > lugre > Soc. Nacional de Pesca, Lisboa
HKBP > “Náutilus” > lugre > idem
HDTB > “Aut. Açoreano” > iate > C.I. Pacheco & Cª, P. Delgada
HBDR > “Cysne” (I) > iate > ??
HFKW > “Dolores” > lugre > Parc. Marít. Aveirense, Aveiro
HJPQ > “Felisberta” > lugre > Parc. Marítima Douro, Porto
HGQR > “Vencedor” > lugre > idem
HJBN > “Figueira” > lugre > Soc. Foz do Mondego, F. da Foz
HJCP > “Mondego” > iate > idem
HGRS > “Leopoldina” > lugre > M.M. Rato & Filho, Lisboa
HKMP > “Trombetas” > lugre > idem
HDQV > “Loanda” > escuna > Companhia Africana, Lisboa
HBCW > "Mindello" > lugre > Sociedade Africana, Lisboa
HDPR > “Náutico” > lugre > António M. Freitas, Lisboa
HGWF > “Pescador” (I) > lugre-patacho > A.G. Santiago, Lisboa
HCVL > “Portuense” > lugre > Parc. Pescaria Portuense, Porto
HGTQ > “Progresso 1º” > patacho > Parc. Progresso, Porto
HKMD > “Razoilo” > palhabote > Razoilo & Cª., Aveiro
HDNV > “Razoilo 2º” > iate > idem
HJRP > “Razoilo & Cª” > chalupa > idem
HCGP > “Rio Ave” > iate > Parc. de Pesca Portuense, Porto
HKJC > "Silva Guerra" > iate > ??, Aveiro
HCQP > “Villa do Conde” > iate > idem
HGKF > “Santa Luzia” > lugre > Parc. Pescarias de Viana
HFGN > “Virginia” > lugre > Soc. Figueirense Pescas, Lisboa

Todos eles foram facilmente identificados através da designação “pesca longínqua”, pelos nomes das empresas e pelos portos de registo. Valorizamos igualmente a lógica da quantidade de tripulantes a bordo, que era de cerca de 25 para os iates, até 40 ou mais para os navios maiores. Tentarei fazer um estudo mais aprofundado e seleccionar imagens, para alguns posts na primeira oportunidade.

domingo, 5 de outubro de 2008

Navios Portugueses - A draga "Adolfo Loureiro"


Draga da Direcção Geral dos Serviços Hidráulicos e Eléctricos
Imagem do Arquivo Digital de Aveiro
Legenda : Draga na barra de Aveiro, 1939

Hoje tirei o dia para ganhar mais alguns cabelos brancos, face ao firme propósito de identificar a draga retratada na imagem. Verifiquei os elementos de todos os navios do estado, tendo constatado da existência de muitas dragas a operar quer no continente, quer espalhadas pelas colónias de África e extremo oriente. Havia três tipos de dragas, a saber; de garras, de baldes ou de sucção.
Se a memória não me atraiçoa, recordo-me dessas dragas com gruas a manobrar garras, recolhendo lodo e entulho que depositavam em batelões alinhados de braço dado, no lado oposto do costado da draga em operação. Tenho igualmente ideia de dragas com torres, por onde circulavam barulhentos baldes de ferro, num constante sobe e desce. Quanto às dragas de sucção, tenho apenas a lembrança da draga "Porto", que era usualmente utilizada para a remoção de areias. Posto isto e face ao bom estado de conservação da draga em 1939, decido-me apostar por exclusão de partes na draga "Adolfo Loureiro", que teve as seguintes características :

Draga " Adolfo Loureiro "

Nº Oficial : 445 > Iic.: C.S.E.K. > Registo : Lisboa
Construtor : Desconhecido, Dresden, Alemanha, 1930
Tonelagens : Tab 866,86 to > Tal 339,22 to
Cpmts.: Pp 61,13 mt > Boca 10,08 mt > Pontal 4,56 mt
Máquina: Alemanha, ??, 1:Te > 750 Ihp

sábado, 4 de outubro de 2008

A história do afundamento do iate " Rio Ave "


Histórias da nossa história

O iate " Rio Ave "
1904 - 1917

Com a liberalização das pescas pelo governo monárquico, nos inícios do século XX, surgem empresários interessados em armar navios para a pesca do bacalhau. Entre outras embarcações o "Rio Ave", pertença de Francisco Estevão Soares, do Porto e posteriormente da Parceria de Pesca Portuense, terá sido um dos primeiros navios construídos em estaleiro nacional, com esse objectivo.
Por volta de 1904, época em que o país dispunha de poucos navios, os armadores tiravam mais rentabilidade das embarcações, posicionando-as na pesca durante os meses de Verão e no serviço comercial durante o resto do tempo. Constata-se a diferença através do número de tripulantes embarcados, 29 para a pesca, 11 para o serviço de cabotagem e longo curso.
Pode dizer-se que o navio teve uma existência normal e tranquila, revelando-se feliz para os armadores, principalmente durante a fatídica cheia no Douro de Dezembro de 1909, em que se perderam cerca de 35 navios. Estava amarrado em Massarelos e ali se conservou, sem avarias ou danos provocados por outros navios descontrolados à sua passagem.

Postal ilustrado do rio Douro tirado na cheia de 1909
O "Rio Ave" amarrado em Massarelos

Nº Oficial : A-111 > Iic.: H.C.G.P. > Registo : Porto
Construtor : J.D. Santos Borda, Fão, 1904
Tonelagens : Tab 161,97 to > Tal 119,64 to
Cpmts.: Pp 31,85 mt > Boca 8,08 mt > Pontal 3,23 mt

Imagem do iate "Rio Ave" publicada no livro "Ao Serviço da Pátria"
da responsabilidade do jornalista Costa Júnior

Estão chegados os anos da Iª Grande Guerra. Depois de muitas derrotas e de uma infindável quantidade de milhas percorridas, um encontro infeliz em Março de 1917 ditou-lhe o fim, exactamente da mesma forma que um largo número de outros navios nacionais. Costa Júnior conta-nos o episódio e o drama vivido pela equipagem, através das páginas do livro acima citado. Para dar a conhecer ou apenas pela oportunidade de reler, como segue :





Quem souber que responda !


Ser ou não ser...

No decorrer da última semana encontrei este postal do Douro, em que estão retratados três navios da pesca do bacalhau, de braço dado, no Bicalho ou Massarelos. Nota-se que a água do rio corre veloz, invadindo as margens, portanto correspondendo a período de cheia, provávelmente durante os anos vinte. Julgo saber que o lugre na posição exterior é o "Patriotismo" e no meio deve ser o lugre-patacho "Normandie". A dúvida reside em relação ao lugre que se encontra em primeiro plano, cujo nome escrito no casco não permite uma leitura esclarecedora. Ficam-nos duas hipóteses para acertar e ambas interessantes, ou seja, tanto pode ser o primeiro "Terra Nova", como poderá ser também o lugre "Silva Rios". Neste caso a imagem revela-se preciosa, pela dificuldade de identificação peremptória do mesmo e por haver poucas imagens com o navio. Se acertarmos, abaixo refiro as respectivas características.

Lugre " Silva Rios"

Armador : Silva Rios, Lda., Porto
Nº Oficial : B-188 > Iic.: H.S.V.R. > Registo : Porto
Construtor : ???, Ano : ???
ex "José Estevam" - ???
Tonelagens : Tab 234,41 to > Tal 222,69 to
Cpmts.: Pp 44,30 mt > Boca 9,00 mt > Pontal : 3,45 mt
Perde-se por afundamento (causa não esclarecida, mas supostamente por alquebramento) nos bancos da Terra Nova, a 06 de Outubro de 1928.

Os nossos antecipados agradecimentos a quem puder colaborar, para clarificar este caso, em que novamente ficam mais dúvidas que certezas.