terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

História trágico-marítima (CXXIII)


O naufrágio do vapor "Corinthian"

Sinistro marítimo
O vapor inglês “Corinthian”, que ontem saiu a barra do rio Douro, às 11 horas da manhã, com um carregamento de gado e fruta para Liverpool, encalhou nas pedras a 5 milhas ao Sul de Viana.
A casa dos srs. Chamiços recebeu ontem às 11 horas da noite, de Viana, uma participação telegráfica com a notícia deste sinistro. Os consignatários do “Corinthian” são os srs. Chamiço e Coverley. Por parte dos srs. Chamiço partiu para Viana o sr. Henrique Spratley, e por parte do sr. Coverley o sr. Cutler.
Os passageiros e a tripulação salvaram-se e há esperanças de que o vapor possa safar-se. Os consignatários resolveram mandar ao lugar do sinistro para auxiliar o “Corinthian”, o vapor “Braganza”, que para este fim já hoje saiu a barra, às 11 horas da manhã.
(In jornal “Comércio do Porto”, segunda, 4 de Julho de 1864)


Identificação do vapor "Corinthian"
Armador: Bibby & Co., Liverpool, Inglaterra
Cttor.: John Reid & Co., Port Glasgow, Escócia, Maio,1855
Arqueação: Tab 1.073,00 tons - Tal 703,00 tons
Dimensões: Pp 73,82 mts - Boca 9,14 mts - Pontal 6,10 mts
Propulsão: 1 motor compósito

Vapor “Corinthian”
Um telegrama chegado ontem de Viana informa estarem destruídas todas as esperanças, dadas pela notícia anterior relativamente ao vapor inglês “Corinthian”, que tendo saído ante-ontem a barra do rio Douro, encalhou às 6 horas da tarde do mesmo dia num banco de areia a 5 milhas ao Sul de Viana, abrindo logo água.
Às 3 horas da madrugada de ontem, a tripulação vendo que o navio ia submergir-se abandonou-o e desembarcou a salvo em Viana.
Com os socorros prestados pelas repartições competentes daquela cidade pôde ser salvo do vapor naufragado parte do gado que ia no convés.
O “Corinthian” está totalmente perdido. Bateu e submergiu-se em sítio tão fundo, que ontem às 3 horas da tarde, segundo uma carta de Viana, apenas se viam os mastros fora da água. Os tripulantes tinham-no abandonado pouco antes da submersão.
O vapor levava perto de 300 bois, dos quais ainda foram salvos 60 e tantos, que iam no convés. Mergulhadores empregados para a salvação da carga, ainda não tinham conseguido salvar nada até às 3 horas da tarde de ontem.
(In jornal “Comércio do Porto”, terça, 5 de Julho de 1864)

Vapor “Braganza”
Este vapor, que ante-ontem tinha saído a barra para ir prestar auxílio ao vapor “Corinthian”, naufragado a algumas milhas ao Sul do porto de Viana, entrou ontem de tarde no Douro, trazendo o gado que tinham conseguido salvar, que como foi dito, foram 60 e tantos bois. Trouxe também parte da tripulação.
(In jornal “Comércio do Porto”, quarta, 6 de Julho de 1864)


O vapor “Corinthian”
O jornal de Viana, «Aurora do Lima» de ontem, informa que o vapor “Corinthian” continua submerso, sem que haja as menores esperanças de poderem safá-lo.
Por parte das estações competentes continuam a empregar todos os esforços para salvar o que fôr possível da carga e casco do vapor naufragado, tendo para isso empregado o serviço de mergulhadores.
(In jornal “Comércio do Porto”, quinta, 7 de Julho de 1864)

O vapor “Corinthian”
O «Vianense» de 9 do corrente diz o seguinte:
«Pelos mergulhadores tem sido tirada grande parte do cordame do vapor naufragado, e algumas das muitas sacas com lã que faziam parte da carga.
Ontem foi aplicado um cofre de pólvora ao casco do vapor, mas foi insignificante o resultado desta primeira experiência. Consta que hoje será empregue um cofre contendo muito mais pólvora a ver se a explosão dá os resultados que esperam desta tentativa».
(In jornal “Comércio do Porto”, segunda, 11 de Julho de 1864)


O vapor “Corinthian”
Diz o «Vianense» de ontem que fôra aplicado à popa deste vapor naufragado, um segundo cofre, contendo muito maior porção de pólvora que o primeiro, e que a explosão dera resultados satisfatórios. Saiu um dos mastros, que quebrou com a explosão, e grande número de sacas de lã e outros pertences do navio tem sido extraídos do seu casco.
(In jornal “Comércio do Porto”, terça, 12 de Julho de 1864)

Vapor “Corinthian”
Viana, 18 - Tem continuado com muita actividade e óptimo resultado os trabalhos empreendidos para recolher os salvados do vapor “Corinthian”. Ontem ficaram já em terra quase todas as sacas de lã que o navio conduzia, sendo essa a parte mais importante do seu carregamento, além do gado.
Dos aprestes do vapor também tem sido recolhidos alguns e continuam as diligencias para salvar tudo quanto seja possível. Óptimo serviço hão feito os mergulhadores, dirigidos pelo sr. João Pereira Xavier, que é competentíssimo para estes trabalhos.
O consignatário, sr. Mateus José Barbosa e Silva, tem sido incansável nos meios empregados para minorar os prejuízos daquele desastrado naufrágio.
(In jornal “Comércio do Porto”, terça, 19 de Julho de 1864)

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