segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Companhias Portuguesas


José Braz Alves
Faro
Navegação de Cabotagem Internacional

Lugre-motor “ Vagabundus “
1935-1937 ou 1938


Nº Oficial: 696 > Iic.: C.S.C.H. > Porto de registo: Faro
Construtor: Joaquim Pedro de Sousa, Portimão, 1922
Ex “Algarve 5º”, J. A. Júdice Fialho, Portimão, 1922-1935
Arqueação: Tab 331,01 tons > Tal 251,78 tons
Dimensões: Pp 41,36 mt > Boca 9,91 mt > Pontal 3,53 mt
Máquina: Dinamarca, 1935 > 1:Sd > 2:Ci > 220 Bhp > 6 m/h
Equipagem: 12 tripulantes

Não aparece indicação relativa ao naufrágio do lugre, nas listas de navios nacionais, que deve ter acontecido entre 1937 e 1938. Por informação da Exma. filha do proprietário, Srª Dª Susana Braz Alves, lembra-se de ter ouvido comentários sobre o acidente ao largo da costa da Argentina.

Navio-motor “ Mar Azul “
1938-1942

Nº Oficial: A-652 > Iic.: C.S.T.B. > Porto de registo: Faro
Cttor.: Artur do Carmo Sousa, V. R. de Stº António, 1938
Arqueação: Tab 211,49 tons > Tal 150,97 tons
Dim.: Ff 33,89 mt > Pp 31,37 mt > Bc 7,63 mt > Ptl 3,04 mt
Dimensões: Pp 41,36 mt > Bc 7,63 mt > Ptl 3,04 mt
Máquina: Alemanha, 1938 > 1:Di > 5:Ci > 210 Bhp > 8 m/h
Equipagem: 8 a 10 tripulantes
Dp “Sonami”, Soc. Naveg. Mixta, Lda., Lisboa, 1942-1944

O navio perde-se por encalhe na praia de Buarcos, próximo à Figueira da Foz, sob denso nevoeiro a 15 de Março de 1944. A tripulação abandonou o navio nas baleeiras de bordo.

sábado, 27 de novembro de 2010

Naufrágio na barra do rio Douro


“O Melhor do Mundo”

No dia 22 de Agosto de 1942, a notícia correu célere na cidade do Porto, provocando um misto de tristeza e consternação na população junto ao litoral, motivado pela confirmação do naufrágio d’ “O Melhor do Mundo”, na fatídica barra do rio Douro.

Desenho de Ward Mann
Guarda Costeira dos Estados Unidos
Imagem sem correspondência com o texto

Apesar de estar a decorrer com exagerada violência a IIª Grande Guerra, havia uma desusada acalmia na cidade, em clara oposição às praias, onde se amontoava um razoável número de banhistas.
Só mesmo muita falta de sorte, levaria uma inesperada volta de mar a virar a embarcação, lançando ao mar os seus ocupantes, rapidamente socorridos pelos atentos pilotos da barra e pelo salva-vidas da Foz, que nas suas lanchas evitaram males piores.
“O Melhor do Mundo”, obviamente uma pequena embarcação de recreio, com arqueação e dimensões insignificantes, submergiu. Todavia em função do faustoso nome de baptismo, acreditamos que tenha proporcionado ao seu proprietário, fervoroso desportista náutico portuense, diversos momentos de indiscritível satisfação.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Navios portugueses


O vapor “ Manaos “

Para facilitar o entendimento sobre o histórico comercial deste vapor, proponho recuarmos até à sua fase anterior, em que esteve ligado ao tráfego costeiro de Moçambique, operado pela Mala Real Portuguesa, conforme notícia editada neste blog a 23 de Julho p.p.
Devido à falência da Mala Real, que antecipava um alargado apoio governamental, na compra dos paquetes utilizados em viagens de longo curso, o governo monárquico da nação viu-se compelido a chamar a si a regularização desses contratos, nomeando para o efeito uma Comissão Administrativa, que durante algum tempo foi responsável pela gestão de recursos.
Como medida de defesa dos valores nacionais, revelou-se imperativo manter os navios em operação para a costa oriental de África nesse período, para mostrar capacidade e autoridade perante a Inglaterra, como resposta ao “Ultimato” de 1891. Nesse interregno a Comissão teria de propor a venda de unidades, em caso de necessidade, para fazer face às despesas, até que fosse possível proceder à completa alienação da companhia, o que viria a confirmar-se nos anos posteriores.
Esses pagamentos foram aligeirados através da venda dos vapores mistos colocados no serviço costeiro da colónia, a saber o “Rovuma”, o “Ibo” e o “Tungue”. Uma das vendas foi contratualizada com o armador J.H. Andresen, do Porto, em 1893, que após a respectiva aquisição rebaptizou o vapor com o nome “Manaos”, para ser utilizado numa carreira regular de ligação entre o rio Douro e o rio Amazonas.

O vapor "Manaos" com registo no Porto
Adaptação da imagem do navio sobre desenho de Luis Filipe Silva

A primeira viagem do vapor para o Brasil, esteve anunciada para o dia 30 de Janeiro de 1894, para o qual recebeu diversa mercadoria, aceitando igualmente passageiros, que dispunham de excelentes condições de viagem oferecidas em 1ª e 2ª classes. Por força de pequenos contratempos, entre os quais as condições de tempo e mar, só permitiram a saída do navio da barra do rio Douro dias depois em 6 de Fevereiro.
As viagens atlânticas foram de curta duração, porque havendo grande necessidade de embarcações para o trafego costeiro no norte do Brasil, levou o actual proprietário a fundar uma empresa associada, designada Sociedade Anónima Armazéns Andresen, que providenciou à adaptação do navio ao tráfego fluvial, tendo acto continuo promovido a alteração do registo, desde quando passa a navegar com a nacionalidade Brasileira.
Mantido neste serviço regular por vários anos, com inegável sucesso, assegurou o transporte de larga quantidade de diversos tipos de mercadorias, tornando-se um dos principais veículos de transporte para muitos emigrantes, que optaram por encontrar residência na capital do estado Amazonense.

O vapor "Manaos" a navegar no rio Amazonas
Reprodução de um quadro a óleo pertença de J.H. Andresen, Sucrs.
De notar as riscas vermelhas singelas na chaminé do vapor,
correspondentes ao registo no Brasil

Na última dessas viagens, o vapor que havia saído de Manaus a 27 de Janeiro de 1910, encalhou a 1 de Fevereiro pelas 2 horas e 45 minutos da tarde na praia de Caruarú, a poucas horas de viagem de Coary. Tudo indica que durante a manobra para sair do porto de Apurá, o navio possa ter colidido com um tronco submerso, que lhe abriu um extenso rombo no porão da proa, por bombordo. Feita de imediato uma peritagem ao casco, foi verificado que no porão de vante já existia uma toalha com meia braça de água, que de forma descontrolada continuava a subir.
Perante o perigo de naufrágio iminente, a decisão foi de avançar com o encalhe do navio na praia mais próxima, o que veio a suceder já com o porão da proa praticamente submerso. Porque o vapor transportava dois pontões levados a reboque, acabaram por possibilitar manter o navio equilibrado nesta fase.
Face ás avarias verificadas no acidente o vapor foi considerado perda total, contudo em função da situação em que se encontrava, permitiu um fácil desembarque de tripulantes e passageiros, que puderam a curto prazo continuar a viagem a bordo do vapor “Perseverança”, da Amazonas Steam Navigation Co., da companhia de navegação Iquitos.
O “Manaos” foi um vapor construído no estaleiro da Sunderland Shipbuilding Co., em Sunderland, Inglaterra, durante o ano de 1887, para a empresa Plymouth, Channel Islands & Britanny Steam Shipping Co., tendo sido baptizado “Plymouth”. Com este nome e sob bandeira Inglesa navegou até 1889, ano em que integrou a frota dos navios da Mala Real Portuguesa, arvorando o pavilhão nacional com o nome “Rovuma”, navegando em águas Moçambicanas até 1893. Em finais desse mesmo ano chegou ao Porto, para dar início a um novo ciclo de viagens, que o colocou à conquista do Atlântico.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A barca "Tenacious"


Escala inesperada em Leixões

A barca "Tenacious" a navegar
Imagem do sítio do proprietário

A barca Inglesa “Tenacious” encontra-se presentemente em Leixões, por motivo de mau tempo encontrado no decorrer da ultima semana, conforme notícia dos proprietários Jubilee Sailing Trust, participando a actual situação do navio aos próximos candidatos a viajar na embarcação, sendo que muitos deles são portadores de diversos tipos de deficiência, como segue:

JUBILEE SAILING TRUST
CHANGING LIVES

Important Information: TNS294 and TNS295

Due to the severe weather last week Tenacious was forced to take shelter and consequently will not make it to Cascais in time for the crew change over. The ship will instead be berthed at Leixoes. We are currently organising a coach transfer from the airport to this new port to minimise inconvenience to those who are leaving or joining the ship.
We are awaiting details from the overseas agent and will keep you informed via, telephone, email, website news page and this forum.
If you are planning to travel early please get in touch so that we can help you get to the ship as smoothly as possible.
If you have any queries or concerns please get in touch on 023 8044 9138.

A Jubilee Sailing Trust é uma Associação com base na cidade de Coleraine, a partir de onde são organizadas excursões nos seus veleiros “Tenacious” e “Lord Nelson”, preparados para receber a bordo passageiros cuja dependência os privaria de utilizar outro tipo de navio.
Trata-se pois de um serviço de extrema relevância, cuja sobrevivência depende das contribuições de associados, benfeitores e amigos. É simultaneamente um exemplo de solidariedade e altruísmo, que nos obriga a fazer a devida referencia, reconhecidamente merecedora dos mais rasgados elogios.
Com previsão de saída do porto de Leixões, no próximo dia 19 pelas 15 horas, a barca “Tenacious”, que por força das suas características não recebe visitas, em função da sua beleza de linhas e mastreação, justifica plenamente ser apreciada à distância dum olhar.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Efeméride


Dia Nacional do Mar

Encontrei recentemente esta notícia no jornal “O Comércio do Porto” e resolvi guardá-la para publicar num dia apropriado, como hoje, em que alguns de nós ainda celebram o mar. Esse mesmo mar que por defeito ou vergonha se esconde das gerações mais novas e que com desmesurado orgulho podemos dizer que foi nosso.

Excelente desenho de autor desconhecido
Imagem sem correspondência ao texto

Naufragou à entrada do porto de Quebec a barca “Alfredo”, pertencente à firma Castro Silva & Filho, da praça do Porto. O naufrágio ocorrido a 22 de Outubro de 1872, interrompeu uma viagem com um carregamento de sal, vinho, rolhas e cebolas. A tripulação salvou-se.

O que é que ainda temos para exportar? Sal?, cebolas?

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Mais um?


Não, não é mais um. É apenas outro...

Entrou na barra do Douro a 22 de Outubro de 1922, o iate “Senhora da Guia”, procedente da pesca nos bancos da Terra Nova, carregado com 105 tons de bacalhau frescal, sob o comando do capitão Peixe, com 23 dias de viagem.

Imagem sem correspondência ao texto

Iate “ Senhora da Guia “
1922 - 1927
Sociedade de Pescarias «Senhora da Guia», Porto

Nº Oficial : B-170 > Iic.: H.S.E.G. > Registo : Porto
Construtor : José Maria Bolais Mónica, Aveiro, 1899
ex “Novo Social”, Ant.º Pereira Júnior, Sucrs., Aveiro, 1899-1908
ex “Rasoilo 2º”, José Vaz & Cª., Aveiro, 1908-1911
ex “Maria Luiza”, Parceria Marítima Ílhavense, Ílhavo, 1911-1916
ex “Maria Luísa”, Paulo Nunes Guerra, Ílhavo, 1916-1922

Embarcação com 2 mastros, tinha proa de beque, popa redonda com canto quadrado, 1 pavimento e a carena forrada a metal. Com este nome participou nas campanhas de pesca de 1922 a 1925, passando desde 1925 a operar no tráfego costeiro nacional.

Arqueação : Tab 148,27 tons > Tal 105,05 tons
Dimensões : Pp 30,19 mts > Boca 8,99 mts > Pontal 3,11 mts
Máquina : Sem motor auxiliar
Equipagem : 27 tripulantes (24 dóris a bordo)
Capitão embarcado : João da Silva Peixe (1922 a 1925)

Vendido a António C. da Silva Reis, em 1928, mudou o nome para “Affonso”, conservando a matricula na Capitania do Douro. Desaparece das listas dos navios portugueses em 1935, sem notícia de naufrágio, pelo que sugere ter sido considerado inavegável, obrigando ao seu eventual desmantelamento.

sábado, 13 de novembro de 2010

Efeméride


Clube Naval de Leça
Aniversário


O Clube festejou na noite de ontem a passagem do seu 1º cinquentenário, com um jantar no Clube de Leça, onde se reuniram a Direcção, sócios e amigos, certamente para reiterar a motivação de manter a formação de excelentes navegadores na sua escola e continuar a conquistar prémios, tanto a nível nacional como internacional. O Clube tem vindo igualmente a promover a pratica do mergulho, entre os seus associados, através de campanhas de formação e de manutenção, para os praticantes mais antigos.

Ao Clube Naval de Leça os nossos parabéns.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Navio bacalhoeiro da praça de Setúbal


Lugre construído em madeira - “ ONDINA “
1922 - 1925
Sociedade Ondina, Lda., Setúbal

Imagem sem correspondência ao texto

Nº Oficial : 559-A > Iic : H.O.N.D. > Registo : Setúbal
Construtor : António Maria Bolais Mónica, F. da Foz, 10.12.1916
ex “Maria Clementina”, José Maria Goulart, F. da Foz, 1916-1916
ex “Ligeiro”, Pereira & Moraes, Lda., Figueira da Foz, 1917-1918
ex “Ondina”, Emp. “Portugal” Pesca e Transp., Lisboa, 1918-1921
ex “Ondina”, Comp. Aveirense Naveg. e Pesca, Aveiro, 1921-1922

Lugre com 3 mastros, tinha proa de beque, popa redonda, 1 pavimento e a carena forrada com cobre. Foi comprado pela Empresa “Portugal” de Pesca e Transportes, Lda., de Lisboa, em 1918, por Esc. 60.000$00 para operar no serviço comercial. Adquirido em 1921 pela Companhia Aveirense de Navegação e Pesca ao anterior armador por Esc. 207.000$00, alterou a matrícula para a praça de Aveiro. Não existem apontamentos que indiciem a participação do lugre em campanhas de pesca neste período.

Tonelagens e comprimentos conforme registo de 1925
Arqueação : Tab 281,47 tons > Tal 245,55 tons
Cpmts.: Pp 42,50 mtrs > Boca 8,88 mtrs > Pontal 3,59 mtrs
Máquina : Sem motor auxiliar

Equipagem :
Capitães embarcados : Francisco António de Abreu (1923)

Em função das informações recolhidas, este lugre fez a campanha de 1923 e terá feito também a campanha de pesca de 1924, nos grandes bancos da Terra Nova, pela praça de Setúbal. Sem notícia de naufrágio e sem constar no registo nacional de navios de 1926, perde-se-lhe o rasto, pondo fim à primeira e provavelmente única aposta da armação Setúbalense na pesca longínqua.