sábado, 28 de fevereiro de 2009

Reflexões...


Jóia da Coroa

Estamos chegados ao final do mês de Fevereiro, período propício a reflexões de vária ordem. No meu caso, pedindo antecipadamente desculpa pela utilização não autorizada de duas fotos, da autoria do fotógrafo amador Figueirense Sr. João Alves, valho-me das excelentes imagens para propôr à consideração geral os seguintes aspectos :

O sobre e desce...

...do nosso presente quotidiano

1º Como é possível ser operário do mar em Portugal, a trabalhar em barras de portos nas condições que as gravuras documentam. As fotos foram tiradas na Figueira da Foz. Mas será diferente em Caminha, Viana, Esposende, Vila do Conde, Aveiro e por esse país fora, sem uma política capaz de defender a existência humana sobre o mar?
2º Será que alguém se lembra, que só se presta ao malabarismo representado nas imagens, quem realmente precisa trabalhar para sobreviver?
3º Quantos Srs. dos gabinetes da área das pescas já experimentaram estas sensações, como tal se tratasse dum desporto radical?
4º Alguém sabe?...

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Rumores...


A compra do " Argus "

A notícia no jornal "Público"

Correm rumores pelo país náutico, que a empresa Pascoal & Filhos, de Aveiro, terá adquirido em Aruba o lugre “Polynesia II”, antigo bacalhoeiro “Argus”, que pertenceu à Parceria Geral de Pescarias, de boa memória.
Correm rumores que o caso terá merecido pela empresa Pascoal & Filhos, o direito ao nascimento de um blog “The new quest of the schooner Argus”, que de certa forma esclarece o que a notícia do jornal Público não confirma, mas desde logo adianta.
Correm rumores que a empresa Pascoal & Filhos, terá adquirido recentemente um arrastão, para aumentar a sua frota pesqueira e quase em simultâneo terrenos onde estiveram implantadas as secas do bacalhau, uma das quais a da Soc. Gafanhense.
Correm ainda rumores que a Pascoal & Filhos, é uma empresa sólida, contudo não é do tipo que oferece ordenados chorudos aos empregados e tripulantes dos seus navios, bem pelo contrário.
Para terminar corre também o rumor que a Pascoal & Filhos, esteve na eminência de se juntar a uma empresa Islandesa, cujo país sabemos todos, atravessa uma gravíssima crise financeira.

A contrabalançar estes rumores temos algumas certezas. A da notável recuperação do lugre “Santa Maria Manuela”, que segundo os directores da Pascoal & Filhos, vai rondar os 8 milhões de euros. A alegria incontida pela compra do “Argus”, o alargado regozijo que nos trouxe a notícia divulgada e propagada através da bloguesfera e a imensa satisfação de ver crescer o parque histórico-naval, no que respeita aos navios da faina maior. Apesar de lamentarmos que a recuperação do mesmo possa orçar os 10 ou 12 milhões de euros, porque o navio está actualmente em muito pior estado de conservação, do que estava o “Santa Maria Manuela”. Situação que vai ainda ser agravada, pelo indispensável reboque do navio desde Aruba até Aveiro.

Ficam-nos portanto algumas dúvidas quanto à oportunidade da compra, em que a Pascoal & Filhos se substitui ao governo do país, já que na nossa modesta opinião deveria ter sido o Estado a comprar o navio. Estado que através da Marinha já apresenta condicionantes, relativamente à capacidade para manter o “Creoula” a navegar, porque está obviamente secundarizado face às reais dificuldades enfrentadas nas missões, que lhes estão oficialmente distribuídas.

Que a minha falta de compreensão sobre o assunto, não seja vista como critica ou falta de sensibilidade. Fiquei tão radiante com a notícia, como todos os amigos que gostam e se esforçam por um Portugal marítimo, que honre nobremente as nossas tradições. Receio é que o dinheiro da Pascoal & Filhos e certamente dos bancos, que vão garantindo estes investimentos se esgote e se percam os navios, num período de assustadora crise, cujo fim está tão longe quanto o horizonte.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Vitimas do Nevoeiro


O “ Highland Hope “
1930 – 1930

O "Highland Hope" - foto de autor desconhecido

Porto de registo : Londres, nacionalidade Inglesa
Armador : Mala Real Inglesa, Londres, Inglaterra
Cttor.: Harland & Wolff, Belfast, Escócia, 26.01.1930
ex "Highland Hope", Nelson Lines, Belfast, 1930-1930
Tonelagens : Tab 14.129,00 to
Comprimentos : Pp 159,50 mt > Boca 21,20 mt
Máquina : Inglaterra, 1929 > 2:Di > Veloc. 15 m/h

Este navio cuja vida útil não chegou aos 10 meses, encalhou nos Farilhões (Berlengas), debaixo de nevoeiro cerrado, na madrugada do dia 19 de Novembro de 1930. Procedia de Buenos Aires, tendo efectuado escalas em Boulogne, (França), no dia 16 e Vigo (Espanha), no dia 18, onde embarcou 217 emigrantes, com destino à América do Sul.
Apesar da impossibilidade de manobra, por ter ficado completamente enfiado sobre recifes e com a quilha arrombada em diversos pontos, foram evacuados todos os passageiros e tripulantes. As primeiras baleeiras de bordo chegaram a Peniche cerca das 8 e meia da manhã, a reboque da traineira “Maria Luísa”, cuja tripulação informou as autoridades do sucedido. Também outras traineiras estiveram presentes no salvamento das 545 pessoas a bordo, registando-se apenas ferimentos ligeiros numa passageira e num passageiro espanhol, que durante o desembarque ficou entalado entre a baleeira e o navio, situação que ditaria o seu falecimento.
Saíram do Tejo os salvadegos “Patrão Lopes” e o dinamarquês “Valkyrien”, para prestar o necessário apoio. O navio foi abandonado no local, entretanto destruído pela acção do mar.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Vitimas do nevoeiro


O “ Hildebrand “
1951 – 1957

O "Hildebrand" - foto de autor desconhecido

Porto de registo : Liverpool, nacionalidade Inglesa
Armador : Booth Steamship Co., Ltd., Liverpool, Inglaterra
Cttor.: Cammell Laird, Birkenhead, Inglaterra, 12.12.1951
Tonelagens : Tab 7.734,00 to > Porte 7.077 to
Comprimentos : Ff 133,80 mt > Pp 128,30 mt > Boca 18,40 mt
Máquina : Inglaterra, 1951 > 1:St > Veloc. 15 m/h

Navio muito conhecido por frequentar todos os portos nacionais, durante os anos 50, era utilizado na carreira que ligava portos Europeus às principais cidades situadas ao longo do rio Amazonas, bem como outros portos no Brasil.
Encalhou devido a nevoeiro, junto ao Forte de S. Jorge em Oitavos (Cascais), pouco depois das 22 horas do dia 25 de Setembro de 1957. Porque o mar estava calmo, apenas foi iniciada a evacuação dos 91 passageiros e tripulantes, que se encontravam a bordo, cerca do meio-dia do dia seguinte, através do salva-vidas de Paços de Arcos, pela traineira “Olho Marinho” e por outras embarcações que acorreram ao local do acidente. As condições de tempo e mar permitiram ainda descarregar larga quantidade de mercadoria, mas o navio apesar das tentativas para o libertar, acabou por partir pelo meio, sendo considerado perda total.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Navios da emigração Portugal - Brasil


O paquete “ John & Albert “
1887 - 1889

Uma nova aposta para ligar o Porto com os portos do Brasil, foi tentada pelo armador portuense J.H. Andresen, no princípio do ano de 1887. Para o efeito adquiriu em Inglaterra o paquete “John & Albert”, com a finalidade de competir com os armadores do norte da Europa, que exploravam com amiúde frequência a emigração nacional, inicialmente com saídas regulares a partir de Lisboa e mais tarde também de Leixões.
Baptizado com o nome dos filhos, o paquete dispunha de acomodações para 20 passageiros em 1ª classe e para 150 passageiros em 3ª classe. Em oposição aos primeiros paquetes colocados neste tráfego, o “Júlio Diniz” e o “Almeida Garrett”, dos quais já nos ocupamos na postagem referente à Companhia Progresso do Porto, este navio dispunha igualmente de um vasto porão, com considerável capacidade para carga.
A mercadoria a transportar reverlar-se-ia um elemento primordial, aproveitando es excelentes relações com o Brasil, face à elevada importância comercial. E nem a breve existência deste navio, vitima de naufrágio ao fim de 2 anos, abalou a esperança na obtenção de bons resultados nesta delicada empresa. Outros navios do mesmo armador continuaram a levar a bandeira Portuguesa até ao Brasil, estreitando laços de amizade entre os povos de ambos os países.

O "John & Albert" - desenho de José Pardal

Armador : J. H. Andresen, Porto
Cttor.: Austin & Pickersgill, Ltd., Wear Dock, Inglaterra, 1887
ex “Verulam”, (nome previsto, mas não utilizado), 1887-1887
Tonelagens : Tab 1.663.00 toneladas
Comprimentos : Pp 76,20 mt > Boca 11,10 mt
Máquina : 1:Te > 3 cilindros
Naufragou ao largo de Corcubion, Espanha, em 26.06.1889

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Relatos Vianenses...


A história do " Pimpão "

Na galeria dos sinónimos para “Pimpão”, encontramos os termos valentão, corajoso, janota, peralta, elegante, garboso e valente. Da mesma forma a expressão “pimpar”, significa passar vida larga e divertida. Por todos estes motivos, que melhor nome um navio poderia ter… Era um palhabote que me apareceu disfarçado de iate, registado em Viana do Castelo e que descobri recentemente. Como todos os navios, tem esta história para contar.

O " Pimpão "

Foi construído em 1885 pelo mestre construtor Manuel Dias dos Santos Borda, em estaleiro de Viana do Castelo, por encomenda duma sociedade encabeçada por José Martins de Mattos, também ele Vianense, comerciante e proprietário de algumas empresas sediadas na cidade. Já se vê que ao “Pimpão“ cabia a responsabilidade de trazer para Viana a matéria prima a ser utilizada nas fábricas, facilitando em simultâneo o escoamento e o transporte dos produtos ali produzidos, para o norte, centro e sul do país.

Resistiu o “Pimpão“ durante 34 anos a correr a estrada marítima da cabotagem nacional. Teve um irmão bem mais jovem, construído em Fão em 1898, o “Pimpão 2º”, cuja actividade foi precocemente encurtada em 1909, vitima de colisão com um vapor Italiano, próximo a Marbella, na Espanha mediterrânica. Tinha à época por direito adquirido, o acréscimo de primeiro (1º) ao nome de origem, alteração que se justificava por ser o navio almirante da pequena frota.

Manteve-se sempre fiel à escolha de tão honroso nome, durante a longa existência do seu proprietário, falecido entre 1917 e 1918, na parte final dos longos anos da guerra. O herdeiro face à despesa que o navio requeria, com a exigível manutenção e eventual reconstrução e, paralelamente atento às notícias da guerra, com relatos de afundamentos dos navios portugueses em ataques levados a cabo pelos submarinos Alemães, decidiu-se pela venda do “Pimpão 1º”, ainda em 1918.

O novo armador, a empresa Magalhães, Filho, Lda., leva o navio a estaleiro para beneficiações, tendo-o então rebaptizado com o nome “Restaurado”. Pouco tempo depois, efectua a última viagem iniciada em Lisboa, de regresso a casa, interrompida por um submarino Alemão, a cerca de 5 milhas da Ericeira. Metido a pique, terminava tristemente uma existência de sucesso, no dia 23 de Abril de 1918.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Colisões fatais


" Santa Luzia " e " Anfitrite 1º "
Rio Sado, Setúbal, 7 de Novembro de 1950

Como se consegue fazer parar um veleiro, que entra em rota de colisão com um obstáculo, sendo que esse obstáculo também é um veleiro? Resposta; não consegue, daí que o abalroamento é inevitável.
Situação pouco normal e de difícil explicação em mar aberto, era frequente nos portos durante as manobras das embarcações. E nem mesmo o facto dos navios para esse efeito terem adaptado motores auxiliares, invalidava o factor surpresa.
Sem motor, os veleiros eram então presas fáceis dum banco de areia, dos rochedos, ou de um molhe, que lhe ditaria o destino, em função das condições de vento e mar. Quando já equipados com motor, o futuro que lhes estava reservado dependia da circunstância da sorte ou do azar.

O naufrágio do iate "Santa Luzia",
conforme noticiado na imprensa.

O lugre "Anfitrite 1º" em Lisboa
foto (c) colecção Luís M. Correia

Levando em consideração que o histórico de ambos os navios, se encontra presente em posts do N&N, irei apenas transcrever o relato do acidente, desmitificando a ideia pré-concebida que a culpa é sempre do maior (lugre "Anfitrite 1º") e a vitima é sempre o mais pequeno (iate "Santa Luzia"). Desta vez foi assim :

O rio Sado voltou a registar ao cair da noite, novo desastre, que felizmente não causou vitimas. O iate "Santa Luzia", da praça de Viana do Castelo, que estivera no cais da fábrica Secil a carregar cimento, ao deslocar-se para o meio do rio, para fundear em frente ao Posto de Saúde do Outão, abalroou violentamente com o lugre "Anfitrite 1º", da praça de Lisboa, que seguia para o Tejo em lastro (vazio).
O "Santa Luzia" afundou-se imediatamente, com rombo profundo a meia-nau, sobre a casa das máquinas. Uma baleeira do "Anfitrite 1º" recolheu toda a tripulação do barco afundado, que perdeu todos os seus haveres.
A tripulação do iate era constituída por António Coelho da Silva, Mestre; José Gonçalves Araújo, Contra-mestre; Artur Adolfo Coelho da Silva, 1º motorista; José Estevão Cabrita, 2º motorista; Francisco Gonçalves Araújo e José Coelho da Silva, marinheiros; José Domingos Candilho, moço e Francisco Chavania, cozinheiro. Todos os náufragos eram naturais de Viana do Castelo, excepto o José Cabrita, que é de Portimão.
O Comandante Celestino da Silva, Capitão do porto de Setúbal, seguiu a bordo do rebocador "Setúbal" para o local do sinistro, trazendo os náufragos para a Capitania, onde lhes mandou servir comida, roupas e agasalhos. O "Anfitrite 1º" ficou fundeado a meio do rio, para efectuar a necessária e obrigatória vistoria. (CP 08.11.1950)

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

" Pourquoi pas? " - A história e o navio


Jean-Baptiste Charcot
1867 – 1936
Médico, armador, explorador, cientista, oceanógrafo e navegador

Nascido em Neuilly-sur-Seine, Jean-Baptiste é um dos filhos do celebre médico Charcot, conhecido universalmente pelas suas aulas na Universidade de Salpêtrière. Para agradar ao pai, também ele terminará os seus estudos com uma formatura em medicina, mas depressa persegue outro caminho, outro destino. Sem antepassados ou qualquer elo que o ligue ao mar, sonha desde a mais tenra infância com navios, tal como os imaginava e desenhava na escola, em todos os seus cadernos.

A vocação marítima confirma-se através da compra do seu primeiro navio aos 25 anos e decide uma orientação que o vai levar à exploração e à oceanografia. Em 1902 visita a Ilha de Jan Mayen. Duas expedições a bordo do navio “Français” (1905), depois a bordo do “Pourquoi pas?”. Entre 1908 a 1910 efectua a primeira pesquisa na região Antártica. Nessa viagem percorre o rumo pela carta marítima da costa da Terra de Graham e efectua um reconhecimento mais a Sul, preparando desde então um regresso, com a intenção de efectuar o reconhecimento visual, que lhe vai permitir completar os seus documentos cartográficos, tendo por ali descoberto uma ilha, que baptizou com o seu próprio nome.

No regresso publica uma série de relatórios com os resultados científicos das suas expedições, notabilizando-se a nível internacional. Depois de trabalhar para o governo Inglês, durante a primeira guerra mundial, reúne diversos especialistas para em conjunto continuarem as pesquisas no Atlântico Norte. Com efeito, de 1920 a 1936 efectuou um considerável número de cruzeiros científicos, que o levarão desde a costa das Ilhas Hébridas até à costa oriental da Gronelândia. Na manhã do dia 16 de Setembro de 1936, após 12 horas de tempestade, o “Pourquoi pas?” cai sobre os recifes no interior de Faxafjord. Nesse local, Jean-Baptiste e todos os seus companheiros, com a excepção de um único sobrevivente, são tragados pelo mar.

Como resultado da sua larga actividade, muito além do comando do navio, deixou diversos escritos referentes às suas explorações; O “Français”, no Polo Sul (1906), O “Pourquoi pas?” na Antártica” (1911), Ao redor do Polo Sul (2 vlms., 1912), Cristovão Colombo visto por um marinheiro (1928) e o Mar da Gronelândia (1929).
(Tradução livre conforme “Gabierschimeriques.free.fr”/net)

O navio oceanográfico “ Pourquoi pas? “
1908 – 1936


Armador : Dr. Jean-Baptiste Charcot, St. Malo
Construtor : Estal. de Ed. Gautier, St. Malo, França, 1908
Tonelagens : Tab 499,00 to > Tal 108,00 to
Cpmts.: Pp 42,58 mt > Boca 9,51 mt > Pontal 4,69 mt
Máq.: De la Brosse & Fouché, Nantes > 1:St > 40 Nhp
Equipagem : 38 tripulantes

Em 15 de Setembro de 1936, pelas 13 horas, o ”Pourquoi pas?” parte de Reykjavik, na Islandia, com destino ao porto de Copenhaga, com tempo bom e mar calmo. Pelas 16 horas irrompem alguns aguaceiros, levantando algum vento. Poucas horas depois o barómetro desce, o mar cresce e o vento dobra de intensidade. Às 18 horas decidiram continuar a viagem. Cai a noite e o vento sopra violento, antecipando a tempestade, que haveria a curto prazo de se transformar em furacão (ventos de força 12 –Beaufort- pelas 3 horas da madrugada).

O “Pourquoi pas?“ descontrolado, fica à deriva devido às avarias que o navio sofre em cadeia. Às 5 horas e 15 minutos as vagas arrastam a embarcação que se aproxima perigosamente da costa, tocando já alguns escolhos. A máquina tenta o recúo na pressão máxima das caldeiras. A costa não está a mais de 2 milhas, mas o navio entra numa barreira de recifes, dificultando todas as tentativas de manobra.

A bordo ninguém se resigna, tentando levantar velame para conseguir qualquer hipótese de manobra. Em vão. Uma onda mais violenta projecta o navio sobre os recifes, partindo-lhe o casco na colisão. Numa breve meia-hora o navio está perdido. Jean-Baptiste assiste desde a coberta do navio à morte da sua tripulação. Ele que pouco depois seria também engolido pelo mar. Dos 38 tripulantes ficou um sobrevivente para contar a história. O cadáver de Jean-Baptiste Charcot foi o primeiro a chegar à costa. 17 dos seus companheiros desapareceram para sempre.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Inaugurações


Os novos molhes da barra do rio Douro
Obra orçada em 25 milhões de euros


Segundo relato na imprensa diária desta semana, o I.P.T.M. (Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos), quer inaugurar os molhes na barra do rio Douro, ainda no decorrer deste mês. Os trabalhos que tiveram início em meados de 2004, foram considerados concluídos em fins de 2008, 16 meses depois do previsto, com uma derrapagem de 2,6 milhões de euros e sem corresponder às perspectivas iniciais do projectista, o arq. Carlos Prata.
Nas vistorias efectuadas à obra, sendo que a última teve lugar em 13 de Janeiro, foram detectadas mais duas anomalias, a juntar a outras seis verificadas anteriormente. Os atrasos que foram provocados por uma alteração da regulamentação ambiental, agravaram-se devido ao temporal na costa, com especial incidência no dia 26 de Janeiro, que provocou danos nos molhes, que estão agora a ser avaliados.
Não invalida estes factos a melhoria que já se verifica, permitindo às embarcações costeiras e de pesca, a transposição da barra com boas condições de navegabilidade e segurança.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Efemérides - O Almirante Gago Coutinho


Carlos Viegas Gago Coutinho
Almirante
17.02.1869 - 18.02.1959

Celebra-se nos próximos dias o 140º Centenário do nascimento e o 50º Aniversário do falecimento do Almirante Gago Coutinho. Recordo-o em efeméride na firme convicção de que os seus conhecimentos, descobertas, invenções e feitos, grangearam a admiração e o respeito do país que somos.


Gago Coutinho foi figura central, fotografado entre individualidades civis e militares, junto de parte da colónia portuguesa no Rio de Janeiro, após a 1ª travessia aérea sobre o Atlântico Sul no hidroavião "Luzitânia", em 1922.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Os navios de Viana do Castelo, 1936-1940


A frota Vianense,
“Nada se perdeu, tudo se transformou”…

Estamos prestes a encerrar mais um capítulo, relacionado com os navios mercantes e a frota bacalhoeira, que teve origem em Viana do Castelo. Deve ter sido uma época agitada de muitas mudanças, com aquisições e vendas de navios entre antigos e novos armadores e ainda com a modernização e motorização das embarcações. Contudo, a principal alteração foi ver iniciado o processo, que quase levou ao fim da construção naval em madeira, substituído por grandes estaleiros a montar unidades fabricadas em aço.

O lugre “Fernanda” ex “Galicia”, de 116 toneladas, construído em 1918, em Noya (Galiza) e o lugre “Senhora das Areias”, ex “Villalonga”, de 120 toneladas, construído em 1920, no estaleiro de Noya-Obrés (Galiza), foram vendidos a João Alves Cerqueira. Motorizados continuaram ambos a operar no serviço comercial de longo curso. O lugre “Fernanda” que entretanto mudou o nome para “Santa Madalena”, perdeu-se nas Berlengas, devido a nevoeiro em finais da década de 40. O lugre “Senhora das Areias” por sua vez foi vendido a José Amador, que o matriculou na praça de Luanda. Seguiu posteriormente para Cabo Verde, efectuando registo em São Vicente, com o nome "Senhor das Areias". Foi demolido em 1968.

As chalupas “Dina”, de 65 toneladas e “Raquel”, de 72 toneladas, ambas construídas por António Luiz Sobral, em Viana, desaparecem neste período. Sem rasto após 1936.

O iate “Elvira Covão”, ex “Covão IIº”, ex “Sarah da Luz”, de 91 toneladas, construído por Jeremias Martins Novais, de Vila do Conde, em 1921, propriedade de Simão Gonçalves Covão, desde 1928, foi vendido em 1937 à Sociedade de Navegação Costeira Nossa Senhora da Agonia, Lda. Manteve o registo em Viana, mas mudou o nome para “Santa Luzia”. Terminaria a sua actividade ao ser abalroado pelo lugre-motor “Anfitrite Iº”, na barra do porto de Setúbal, a 5 de Novembro de 1950.

Foi igualmente registado em nome desta Sociedade o lugre “Nossa Senhora da Agonia”, ex “Orion”, ex “Silva Lau”, de madeira, 184,40 toneladas, construído por José Maria de Lemos no estaleiro de Aveiro e lançado à água em Maio de 1921. Manteve-se em serviço até naufragar sob temporal a cerca de 10 milhas de Alger, em 19 de Dezembro de 1945. Recordamos que este navio foi um dos bacalhoeiros mais elegantes, matriculado no porto de Aveiro.

Novas empresas surgem estabelecidas na área do porto de Viana, oferecendo serviços de transporte na cabotagem nacional e internacional, como segue :

A firma Mesquita & Santiago adquire o seu 1º navio em 1937, o lugre "Atlante Primeiro”, ex “Júlia 2º”, construído em 1874 no Massachussets, até então inscrito na Figueira da Foz, propriedade da Atlântica - Companhia Portuguesa de Pesca, Lda. Apesar dos trabalhos de reconstrução levados a cabo num estaleiro de Viana, em 1938, sucumbiu sob violento ciclone no estuário do rio Sado, em 15 de Fevereiro de 1941.

Para finalizar o armador João Cândido Rodrigues Maduro adquiriu o palhabote “Navegante Primeiro”, ex “Navegante”, de madeira, 182,17 toneladas, construído por José Dias dos Santos Borda Júnior e lançado à água a 07.09.1919, para a Parceria Marítima Douro, do Porto. O navio encontrava-se matriculado na praça de Faro desde 1932, propriedade de Francisco Ramos Lopes & David de Sousa Nunes. Abandonado no cais de Santo Amaro, Lisboa, em finais da década de 50, para demolição.

Relativamente à frota de navios bacalhoeiros, registamos as seguintes embarcações :

Lugre “ Gaspar ”
1919 – 1948

Armador : Soc. Novas Pescarias de Viana, Lda., Viana do Castelo
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Nº Oficial : 71 > Iic.: H.G.A.P. > Registo : Viana do Castelo
Cttor.: Manuel M. B. Mónica, Cabedelo, F. Foz, lançado 24.08.1919
ex “Sarah”, Nápoles, Pinto Basto & Cª., Lda., F. Foz, 1919-1919
Tonelagens : Tab 317,68 to > Tal 245,81 to
Comprimentos : Pp 43,35 mt > Boca 8,80 mt > Pontal 4,23 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar, foi motorizado em 1938.
Máquina : Deutz, 1938 > 1:Di > 240 Bhp > Velocidade 8 m/h
Equipagem : 39 tripulantes
Capitães embarcados : Manuel d’Oliveira Mendes (1936 a 1940)
Naufragou com água aberta nos bancos da Terra Nova em 1948

Lugre “ Rio Lima ”
1920 – 1951

Armador : Empresa de Pesca de Viana, Viana do Castelo
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Nº Oficial : 69 > Iic.: H.R.L.I. > Registo : Viana do Castelo
Cttor.: José Lopes Ferreira Maiato, Viana, lançado 22.01.1920
Tonelagens : Tab 317,33 to > Tal 264,42 to
Comprimentos : Pp 48,00 mt > Boca 9,80 mt > Pontal 4,47 mt
Máquina : Volund, 1935 > 1:Sd > 225 Bhp > Velocidade 8 m/h
Equipagem : 41 tripulantes
Capitães embarcados : João Pereira Cajeira (1936), Achilles Gonçalves Bilelo (1937 a 1938) e José Bolais Mónica (1939 e 1940)
Naufragou com água aberta nos bancos da Terra Nova, a 6 de Maio de 1951.

Lugre “ Santa Luzia “
1929 – 1936

Armador : Empresa de Pesca de Viana, Viana do Castelo
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Nº Oficial : 86 > Iic.: H.S.A.L. > Registo : Viana do Castelo
Cttor.: Joaquim José Honrado, S. Martinho do Porto, 1922
ex “Neptuno”, Soc. Pesca do Bacalhau, F. Foz, 1922-1929
Tonelagens : Tab 335,83 to > Tal 250,32 to
Comprimentos : Pp 41,14 mt > Boca 9,99 mt > Pontal 4,42 mt
Máquina : Volund, 1934 > 1:Sd > 220 Bhp > Velocidade 8 m/h
Equipagem : 43 tripulantes
Capitães embarcados : Achilles Gonçalves Bilelo (1936)
Naufragou em resultado da colisão com o lugre “Infante de Sagres”, no banco de St. Pierre, Terra Nova, em 1936.

Lugre-motor “ Santa Maria Manuela “
1937 – 1964

O "Santa Maria Manuela" em Lisboa - foto (c) minha colecção

Armador : Empresa de Pesca de Viana, Viana do Castelo
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Nº Oficial : 91 > Iic.: C.S.F.K. > Registo : Viana do Castelo
Cttor : Comp. União Fabril, Rocha Conde de Óbidos, 1937
Tonelagens : Tab 666,17 to > Tal 390,41 to
Cpmts.: Ff 63,71 mt > Pp 57,77 mt > Bc 10,99 mt > Ptl 5,10 mt
Máquina : B. & Wain, 1936 > 1:Di > 400 Bhp > Veloc. 10 m/h
Equipagem : 73 tripulantes
Capitães embarcados : João Pereira Cajeira (1937 a 1940)
Vendido à Empresa de Pesca Ribau, em 1965, mantém o nome, mas altera a matrícula para a praça de Aveiro.

Navio-motor “ São Ruy “
1939 – 1987

O "São Ruy" em Lisboa - foto (c) minha colecção

Armador : Empresa de Pesca de Viana, Viana do Castelo
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Nº Oficial : 95 > Iic.: C.S.I.R. > Registo : Viana do Castelo
Construtor : Companhia União Fabril, Lisboa, 1939
Tonelagens : Tab 1.043,40 to > Tal 447,58 to
Cpmts.: Ff 66,82 mt > Pp 61,83 mt > Bc 10,99 mt > Ptl 5,10 mt
Máquina : Sulzer, 1938 > 1:Di > 550 Bhp > Veloc. 12 m/h
Equipagem : 80 tripulantes
Capitães embarcados : Achilles Gonçalves Bilelo (1939 e 1940)
Alterou o nome para “Leone II”, em 1987. Demolido em Viana do Castelo, durante o ano de 1993.

Navio-motor “ Santa Maria Madalena “
1939 - 1959

O "Santa Maria Madalena" em Lisboa - foto (c) minha colecção

Armador : Empresa de Pesca de Viana, Viana do Castelo
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Nº Oficial : 96 > Iic.: C.S.I.X. > Registo : Viana do Castelo
Construtor : Companhia União Fabril, Lisboa, 1939
Tonelagens : Tab 1.043,40 to > Tal 447,58 to
Cpmts.: Ff 66,82 mt > Pp 61,83 mt > Bc 10,99 mt > Ptl 5,10 mt
Máquina : Sulzer, 1938 > 1:Di > 550 Bhp > Veloc. 12 m/h
Equipagem : 80 tripulantes
Capitães embarcados : Joaquim F. Água-Luza (1939 e 1940)
Naufragou por encalhe nos baixos à saída do porto de Faeringerhavn, na Gronelândia, em 13 de Agosto de 1959.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Os navios de Viana do Castelo, 1931-1935


Na rota da pesca,
a frota Vianense na crise pela falta de peixe

Viana chega aos anos trinta com a mesma frota registada no lustre anterior, i.e. apenas 5 navios. Vamos por isso actualizá-la, neste início de década, como segue :

O lugre “Fernanda” ex “Galicia”, de 116 toneladas, construído em 1918, em Noya (Galiza), o lugre “Senhora das Areias”, ex “Villalonga”, de 120 toneladas, construído em 1920, no estaleiro de Noya-Obrés (Galiza), as chalupas “Dina”, de 65 toneladas e “Rachel” (“Raquel” depois de 1931), de 72 toneladas, ambas construídas por António Luiz Sobral, em Viana. Todos estes navios permanecem da responsabilidade de Bernardo Pinto Abrunhosa.

A chalupa “Elvira Covão”, ex “Covão IIº”, ex “Sarah da Luz”, de 91 toneladas, construída em 1921, em Vila do Conde, propriedade de Simão Gonçalves Covão, desde 1928, foi entregue a estaleiro local, para reconstrução. Após os fabricos efectuados alterou a matrícula para palhabote.

A frota bacalhoeira apresenta-se igualmente com 5 unidades, já perfeitamente identificadas. Recordamos que os últimos anos na pesca tem sido ruinosos, devido à falta de peixe, pelo que se compreende o desinteresse e a total ausência de investimento verificado na época. Bem pelo contrário, foi tempo de vender os lugres, face à incapacidade de rentabilizar os navios, considerando o receio provocado pela inexistência de melhores perspectivas, agravado pela despesa que adviria através da necessária motorização dos mesmos.

Lugre “Estrela II”
1922 - 1934

Armador : Emp. de Pesca Estrela de Portugal, Lda., V. do Castelo
------------------
Nº Oficial : 76 > Iic.: H.E.S.L. > Registo : Viana do Castelo
Cttor.: António Dias Santos Linhares, Fão, lançado 05.06.1921
ex “Águas Celenas”, Sociedade Fãozense, Porto, 1921-1922
Tonelagens : Tab 213,03 to > Tal 171,18 to
Comprimentos : Pp 37,20 mt > Boca 8,73 mt > Pontal 3,52 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Equipagem : (x) tripulantes
Efectua a última campanha em 1933. Eventualmente vendido em 1934. Sem rasto.

Lugre “ Gaspar ”
1919 – 1948

Armador : Soc. Novas Pescarias de Viana, Lda., V. do Castelo
---------------
Nº Oficial : 71 > Iic.: H.G.A.P. > Registo : Viana do Castelo
Cttor.: Manuel M. B. Mónica, Cabedelo, F. Foz, lançado 24.08.1919
ex “Sarah”, Nápoles, Pinto Basto & Cª., Lda., F. Foz, 1919-1919
Tonelagens : Tab 317,68 to > Tal 245,81 to
Comprimentos : Pp 43,35 mt > Boca 8,80 mt > Pontal 4,23 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Equipagem : 39 tripulantes
Capitães embarcados : Manuel d’Oliveira Mendes (1934 e 1935)
Não participou nas campanhas de 1931 a 1933

Lugre “ Maria Carlota “
1927 – 1934

Armador : Dr. Nuno Freire Themudo, Viana do Castelo
------------------
Nº Oficial : 75 > Iic.: H.M.C.T. > Registo : Viana do Castelo
Construtor : N. S. M. Laery, Dayspring, Nova Escócia, 1918
ex “Margaret Moulton”, Moulton, St. Johns, T. Nova, 1918-1918
ex “Boa Sorte”, Pesc. Vilacondense, Lda., Porto, 1919-1922
ex “Estrela I”, Emp. de Pesca Estrela de Portugal, 1922-1927
Tonelagens : Tab 189,10 to > Tal 140,45 to
Comprimentos : Pp 41,00 mt > Boca 8,30 mt > Pontal 3,75 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Equipagem : (x) tripulantes
Capitães embarcados : -?-
Vendido a João Norberto Gonçalves Guerra, em 1934, manteve o nome, mas alterou o registo para a praça do Porto.

Lugre “ Rio Lima ”
1920 – 1951

Armador : Empresa de Pesca de Viana, Viana do Castelo
---------------
Nº Oficial : 69 > Iic.: H.R.L.I. > Registo : Viana do Castelo
Cttor.: José Lopes Ferreira Maiato, Viana, lançado 22.01.1920
Tonelagens : Tab 317,33 to > Tal 264,42 to
Comprimentos : Pp 48,00 mt > Boca 9,80 mt > Pontal 4,47 mt
Máquina : Recebeu motor em 1934
Equipagem : 41 tripulantes
Capitães embarcados : João Pereira Cajeira (1934 e 1935)

Lugre “ Santa Luzia “
1929 – 1936

Armador : Empresa de Pesca de Viana, Viana do Castelo
---------------
Nº Oficial : 86 > Iic.: H.S.A.L. > Registo : Viana do Castelo
Cttor.: Joaquim José Honrado, S. Martinho do Porto, 1922
ex “Neptuno”, Soc. Pesca do Bacalhau, F. Foz, 1922-1929
Tonelagens : Tab 335,83 to > Tal 250,32 to
Comprimentos : Pp 41,14 mt > Boca 9,99 mt > Pontal 4,42 mt
Máquina : Recebeu motor em 1934
Equipagem : 43 tripulantes
Capitães embarcados : Achilles Gonçalves Bilelo (1934 e 1935)

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Os navios de Viana do Castelo, 1925-1930


Na rota da pesca,
a frota Vianense e as novas Empresas

Chegados ao segundo lustre da década, encontravam-se matriculados para o serviço de cabotagem, os seguintes navios :

O lugre “Fernanda” ex “Galicia”, de 116 toneladas, construído em 1918, em Noya (Galiza), o lugre “Senhora das Areias”, ex “Villalonga”, de 120 toneladas, construído em 1920, no estaleiro de Noya-Obrés (Galiza), as chalupas “Dina”, de 65 toneladas e “Rachel”, de 72 toneladas, ambas construídas por António Luiz Sobral, em Viana, todos estes navios da propriedade de Bernardo Pinto Abrunhosa.

O iate “Covão Iº”, ex “Rio Coura”, de 88 toneladas, construído por Manuel Ferreira Rodrigues, em 1920, no estaleiro de Caminha, em nome de Possidónio Gonçalves Covão & Irmão, Lda. O mesmo armador adquiriu em 1927 a chalupa “Covão IIº”, ex “Sarah da Luz”, de 91 toneladas, construída em 1921, em Vila do Conde, que pertencia a Duarte Correia & Cª., Lda., encontrando-se registada na praça da Figueira da Foz. Este mesmo navio foi vendido novamente, em 1928, a Simão Gonçalves Covão, mantendo a matricula em Viana, sendo rebaptizado com o nome “Elvira Covão”.

Ainda em 1928 foi igualmente matriculado o iate “Famalicão III”, de 101 toneladas, de madeira, construído por José Dias dos Santos Borda Júnior, em Esposende, lançado à água no dia 1 de Setembro de 1921. Ficou registado em nome da Sociedade de Construções e Pesca, Lda., tendo pertencido a Brandão & Cª., com registo no Porto.

Durante este período registam-se os naufrágios do iate “Covão Iº”, por ter encalhado a Sul de Casablanca, onde se desfez, a 3 de Julho de 1929 e do iate “Famalicão III”, devido a temporal, quando se encontrava próximo à costa, na posição 41º00’N 09º22’W, em 22 de Abril de 1930. A tripulação foi salva pelo vapor Francês “Villers”.

Em relação à frota bacalhoeira, foram armados 5 navios que já tinham participado na campanha anterior. Em 1926 é dada por extinta a Companhia Marítima de Transportes e Pesca, Lda., para dar lugar à Empresa de Pesca de Viana, que opera o mesmo navio, isto é o lugre “Santa Luzia II”. Em 1927 foi consumada a venda do lugre “Estrela I” a novo armador, que lhe mudou o nome para “Maria Carlota”. Em 1928, depois do naufrágio do lugre “Santa Luzia II”, a Empresa de Pesca de Viana, de imediato procedeu à sua substituição por um novo “Santa Luzia”, ex “Neptuno”, que se encontrava matriculado na praça da Figueira da Foz.

Lugre “Estrela I”
1922 - 1927

Armador : Emp. de Pesca Estrela de Portugal, Lda., V. do Castelo
------------------
Nº Oficial : 75 > Iic.: H.E.L.A. > Registo : Viana do Castelo
Construtor : N. S. M. Leary, Daispring, Nova Escócia, 1918
ex “Margaret Moulton”, Moulton, St. Johns, T. Nova, 1918-1918
ex “Boa Sorte”, Pesc. Vilacondense, Lda., Porto, 1919-1922
Tonelagens : Tab 189,10 to > Tal 140,45 to
Comprimentos : Pp 41,00 mt > Boca 8,30 mt > Pontal 3,75 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Equipagem : (x) tripulantes
Capitães embarcados : Manuel Pereira Ramalheira (1926)
Vendido em 1927 ao Dr. Nuno Freire Themudo, conserva o registo em Viana do Castelo, mas muda o nome para “Maria Carlota”.

Lugre “Estrela II”
1922 - 1934

Armador : Emp. de Pesca Estrela de Portugal, Lda., V. do Castelo
------------------
Nº Oficial : 76 > Iic.: H.E.S.L. > Registo : Viana do Castelo
Cttor.: António Dias Santos Linhares, Fão, lançado 05.06.1921
ex “Águas Celenas”, Sociedade Fãozense, Porto, 1921-1922
Tonelagens : Tab 213,03 to > Tal 171,18 to
Comprimentos : Pp 37,20 mt > Boca 8,73 mt > Pontal 3,52 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Equipagem : (x) tripulantes
Capitães embarcados : Manuel Pereira Ramalheira (1926 a 1928)

Iate “ Estrela III “
1923 -1930

Armador : Emp. de Pesca Estrela de Portugal, Lda., V. do Castelo
------------------
Cttor.: José Dias dos Santos Borda Júnior, Fão, lançado 05.1920
ex “Atlântico”, Parceria Marítima Douro, Porto, 1920-1923
Nº Oficial : 77 > Iic.: H.E.S.M. > Registo : Viana do Castelo
Tonelagens : Tab 141,51 to > Tal 97,01 to
Comprimentos : Pp 34,95 mt > Boca 7,79 mt > Pontal 3,38 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Equipagem : (x) tripulantes
Capitães embarcados : Joaquim Marques Machado Júnior (1926), João d’Oliveira (1927) e António Oliveira da Velha (1930)
Vendido à Empresa Marítima Sagres, Lda., em 1930, armou em lugre, mudou o nome para "Avé Maria" e alterou o registo para a praça de Portimão.

Lugre “ Gaspar ”
1919 – 1948

Armador : Soc. Novas Pescarias de Viana, Lda., V. do Castelo
---------------
Nº Oficial : 71 > Iic.: H.G.A.P. > Registo : Viana do Castelo
Cttor.: Manuel M. B. Mónica, Cabedelo, F. Foz, lançado 24.08.1919
ex “Sarah”, Nápoles, Pinto Basto & Cª., Lda., F. Foz, 1919-1919
Tonelagens : Tab 317,68 to > Tal 245,81 to
Comprimentos : Pp 43,35 mt > Boca 8,80 mt > Pontal 4,23 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Equipagem : 39 tripulantes
Capitães embarcados : Jacob d’Oliveira Mendes (1926 a 1928) e Manuel d’Oliveira Mendes (1929 e 1930)

Lugre “ Rio Lima ”
1920 – 1951

Armador : Comp. Marít. Transportes e Pesca, Lda., V. do Castelo
---------------
Nº Oficial : 69 > Iic.: H.R.L.I. > Registo : Viana do Castelo
Cttor.: José Lopes Ferreira Maiato, Viana, lançado 22.01.1920
Tonelagens : Tab 317,33 to > Tal 264,42 to
Comprimentos : Pp 48,00 mt > Boca 9,80 mt > Pontal 4,47 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Equipagem : 41 tripulantes
Capitães embarcados : João Francisco Grilo (1926 e1927), José Grilo (1928) e João Francisco Grilo (1929 e 1930)

Lugre “ Santa Luzia II”
1926 – 1928

Armador : Empresa de Pesca de Viana, Viana do Castelo
---------------
Nº Oficial : 70 > Iic.: H.S.L.I. > Registo : Viana do Castelo
Cttor.: José Lopes Ferreira Maiato, Viana, lançado 10.04.1921
Tonelagens : Tab 325,99 to > Tal 261,92 to
Comprimentos : Pp 48,10 mt > Boca 9,93 mt > Pontal 3,90 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Equipagem : 43 tripulantes
Capitães embarcados : João Pereira Cajeira (1926 e 1927)
Naufragou por encalhe à entrada da barra de Viana, após ter chegado da viagem dos bancos da Terra Nova, em 21 de Outubro de 1928.

Lugre “ Maria Carlota “
1927 – 1934

O "Maria Carlota" na Figueira - foto de autor desconhecido

Armador : Dr. Nuno Freire Themudo, Viana do Castelo
------------------
Nº Oficial : 75 > Iic.: H.M.C.T. > Registo : Viana do Castelo
Construtor : N. S. M. Leary, Daispring, Nova Escócia, 1918
ex “Margaret Moulton”, Moulton, St. Sohns, T. Nova, 1918-1918
ex “Boa Sorte”, Pesc. Vilacondense, Lda., Porto, 1919-1922
ex “Estrela I”, Emp. de Pesca Estrela de Portugal, 1922-1927
Tonelagens : Tab 189,10 to > Tal 140,45 to
Comprimentos : Pp 41,00 mt > Boca 8,30 mt > Pontal 3,75 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Equipagem : (x) tripulantes
Capitães embarcados : Manuel Pereira Ramalheira Júnior (1927 e 1928), e Alexandre Simões Ré (1929 e 1930)

Lugre “ Santa Luzia “
1929 – 1936

O lugre "Santa Luzia" - foto de autor desconhecido

Armador : Empresa de Pesca de Viana, Viana do Castelo
---------------
Nº Oficial : 86 > Iic.: H.S.A.L. > Registo : Viana do Castelo
Cttor.: Joaquim José Honrado, S. Martinho do Porto, 1922
ex “Neptuno”, Soc. Pesca do Bacalhau, F. Foz, 1922-1929
Tonelagens : Tab 335,83 to > Tal 250,32 to
Comprimentos : Pp 41,14 mt > Boca 9,99 mt > Pontal 4,42 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Equipagem : 43 tripulantes
Capitães embarcados : João Pereira Cajeira (1929) e Achilles G. Bilelo (1930)

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Os navios de Viana do Castelo, 1920-1925


Na rota da pesca,
a frota Vianense de regresso aos Bancos

Neste início da década, Viana do Castelo viu partir o lugre “Santa Martha”, de 385 toneladas, de madeira e o lugre “Lusitânia”, de 861 toneladas, de madeira, ambos da propriedade do construtor, a Empresa de Construções Navais, Lda., vendidos a armadores da capital, ficando matriculados em Lisboa. Todos os outros navios registados no serviço de cabotagem, tais como o lugre “Fernanda”, as escunas “Delfina” e “Laboriosa” e o iate “Maria Clara” mantém-se matriculados localmente.

Ainda em 1920 a frota foi aumentada com a chalupa “Diógenes”, de 45 toneladas, de madeira, construída em 1893, em Boulogne, França, registada em nome de Daniel José Machado e no ano seguinte foi matriculado o lugre “Brilhante” de 312 toneladas, de madeira, construído por José Lopes Ferreira Maiato e lançado à água em Viana a 11.04.1921, sob encomenda da Sociedade Vianense de Cabotagem, Lda.

Ainda em 1921 regista-se a matrícula das chalupas “Dina”, de 65 toneladas, de madeira, lançada à água a 20 de Fevereiro e a “Rachel”, de 72 toneladas, de madeira, lançada à água a 8 de Abril, ambas construídas por António Luiz Sobral, em Viana, para Bernardo Pinto Abrunhosa, também de Viana do Castelo.

Em 1922 torna-se digno de nota o naufrágio da chalupa “Diógenes”, por motivo de temporal e da escuna “Laboriosa”, também devido a temporal, durante o mês de Setembro, quando em viagem de Setúbal para Peniche.

Nesse mesmo ano de 1922, Viana recebeu a matricula da chalupa “Farol”, de 49 toneladas, de madeira, construída por José de Azevedo Linhares, em Esposende, lançada à água durante o mês de Outubro, que passou à propriedade de Maduro, Filho e outros. Esta chalupa estava registada em nome da Empresa Marítima e Comercial do Norte, Lda., na praça de Esposende.

No decurso do ano seguinte (1923), foram matriculados o lugre “Britónia”, ex “Manuel”, ex “Arosa”, de 100 toneladas, de madeira, construído em 1917, e o lugre “Senhora das Areias”, ex “Villalonga”, de 120 toneladas, de madeira, construído em 1920, ambos de fabrico espanhol no estaleiro de Noya-Obrés (Galiza) e registados no porto de Vilagarcia de Arosa. Passam à propriedade de Bernardo Pinto Abrunhosa. Em 1925 foi registado o iate “Covão I”, ex “Rio Coura”, de 88 toneladas, de madeira, construído por Manuel Ferreira Rodrigues, em 1920, no estaleiro de Caminha. Pertencia a Francisco Odorico Dantas Carneiro, de Caminha, passando à propriedade de Possidónio Gonçalves Covão & Irmão, Lda. de Viana do Castelo.

Por sua vez o iate “Maria Clara”, de A. Rocha, Lda., naufragou quando se encontrava dentro do porto de Leixões, devido ao temporal que fustigou este porto no dia 7 de Fevereiro de 1923. Também o lugre “Britónia” foi entretanto vitima de naufrágio, junto à barra do porto de Viana, por motivo de temporal, a 25 de Abril de 1924 e a chalupa “Farol”, de José Rodrigues Maduro, naufragou 20 milhas a Oeste do Porto, devido ao mau tempo a 20 de Abril de 1925.

No que concerne à pesca do bacalhau em 1920, o lugre “Gaspar” regressa à pesca, agora na companhia duma segunda unidade, o lugre “Rio Lima”, a que se juntará acto contínuo o lugre “Santa Luzia II”, para a campanha de 1921.

Lugre “ Gaspar ”
1919 – 1948

Armador : Soc. Novas Pescarias de Viana, Lda., V. do Castelo
---------------
Nº Oficial : 71 > Iic.: H.G.A.P. > Registo : Viana do Castelo
Cttor.: Manuel M. B. Mónica, Cabedelo, F. Foz, lançado 24.08.1919
ex “Sarah”, Nápoles, Pinto Basto & Cª., Lda., F. Foz, 1919-1919
Tonelagens : Tab 317,68 to > Tal 245,81 to
Comprimentos : Pp 43,35 mt > Boca 8,80 mt > Pontal 4,23 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Equipagem : 39 tripulantes
Capitães embarcados : José dos Santos Carrapichano (1920) e Manuel Mendes (1921 a 1925)

Lugre “ Rio Lima ”
1920 – 1951

O "Rio Lima", a navegar - foto de autor desconhecido

Armador : Comp. Marítima de Transp. e Pesca, Lda., V. do Castelo
---------------
Nº Oficial : 69 > Iic.: H.R.L.I. > Registo : Viana do Castelo
Cttor.: José Lopes Ferreira Maiato, Viana, lançado 22.01.1920
Tonelagens : Tab 317,33 to > Tal 264,42 to
Comprimentos : Pp 48,00 mt > Boca 9,80 mt > Pontal 4,47 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Equipagem : 41 tripulantes
Capitães embarcados : José Francisco Carrapichano (1920 a 1922), João Francisco Grilo (1923) João Magano (1924) e João Francisco Grilo (1925)

Lugre “ Santa Luzia II”
1921 – 1926

Armador : Companhia Marítima de Transp. e Pesca, V. do Castelo
---------------
Nº Oficial : 70 > Iic.: H.S.L.I. > Registo : Viana do Castelo
Cttor.: José Lopes Ferreira Maiato, Viana, lançado 10.04.1921
Tonelagens : Tab 325,99 to > Tal 261,92 to
Comprimentos : Pp 48,10 mt > Boca 9,93 mt > Pontal 3,90 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Equipagem : 43 tripulantes
Capitães embarcados : José Ferreira d’Oliveira (1922) e João Pereira Cajeira (1923 a 1925)
Em 1926 o navio vai pertencer à Empresa de Pesca de Viana.

Em 1922 mais quatro unidades engrossam a frota dos navios para a pesca do bacalhau, juntando-se aos três anteriores, a saber :

Lugre “ Brilhante “
1922 - 1923

Armador : Sociedade Vianense de Cabotagem, Lda., V. do Castelo
---------------
Nº Oficial : -?- > Iic.: -?- > Registo : Viana do Castelo
Cttor.: José Lopes Ferreira Maiato, Viana, lançado 11.04.1921
Tonelagens : Tab 329,40 > Tal 196,66 to
Comprimentos : Pp 47,25 mt > Boca 9,97 mt > Pontal 3,82 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Equipagem : (x) tripulantes
Capitães embarcados : João Pereira Ramalheira (1922 e 1923)
Vendido em 1924, passa à propriedade da Empresa “Condestável”, Lda., tendo alterado o registo para a praça de Aveiro e mudado o nome para “Condestável”.

Lugre “Espozende III”
1922 - 1924

Armador : Firmino Clementino Loureiro, Viana do Castelo
---------------
Nº Oficial : 78 > Iic.: H.Z.E.N. > Registo : Viana do Castelo
Cttor.: José de Azevedo Linhares, Esposende, lançado 28.11.1921
Tonelagens : Tab 195,72 to > Tal 141,83 to
Comprimentos : Pp 37,50 mt > Boca 8,69 mt > Pontal 3,46 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Equipagem : 35 tripulantes
Capitães embarcados : Manuel d’Oliveira (1922-1923)
Naufragou devido a violento temporal, quando em viagem de Caminha para os bancos da Terra Nova, na posição 42º25’N 09º30’W, em 1924.

Lugre “Estrela I”
1922 - 1927

Armador : Emp. de Pesca Estrela de Portugal, Lda., V. do Castelo
------------------
Nº Oficial : 75 > Iic.: H.E.L.A. > Registo : Viana do Castelo
Construtor : N. S. M. Leary, Dayspring, Nova Escócia, 1918
ex “Margaret Moulton”, Moulton, St. Johns, T. Nova, 1918-1918
ex “Boa Sorte”, Pesc. Vilacondense, Lda., Porto, 1919-1922
Tonelagens : Tab 189,10 to > Tal 140,45 to
Comprimentos : Pp 41,00 mt > Boca 8,30 mt > Pontal 3,75 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Equipagem : (x) tripulantes
Capitães embarcados : João Francisco Grilo (1922) e José Francisco Carrapichano (1923 a 1925)

Lugre “Estrela II”
1922 - 1934

Armador : Emp. de Pesca Estrela de Portugal, Lda., V. do Castelo
------------------
Nº Oficial : 76 > Iic.: H.E.S.L. > Registo : Viana do Castelo
Cttor.: António Dias Santos Linhares, Fão, lançado 05.06.1921
ex “Águas Celenas”, Sociedade Fãozense, Porto, 1921-1922
Tonelagens : Tab 213,03 to > Tal 171,18 to
Comprimentos : Pp 37,20 mt > Boca 8,73 mt > Pontal 3,52 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Equipagem : (x) tripulantes
Capitães embarcados : Manuel Pereira Ramalheira (1922) e João Francisco Grilo (1923 a 1925)

Já em 1923, foi matriculado um novo navio, como segue :

Iate “ Estrela III “
1923 -1930

Armador : Emp. de Pesca Estrela de Portugal, Lda., V. do Castelo
------------------
Nº Oficial : 77 > Iic.: H.E.S.M. > Registo : Viana do Castelo
Cttor.: José Dias dos Santos Borda Júnior, Fão, lançado 05.1920
ex “Atlântico”, Parceria Marítima Douro, Porto, 1920-1923
Tonelagens : Tab 141,51 to > Tal 97,01 to
Comprimentos : Pp 34,95 mt > Boca 7,79 mt > Pontal 3,38 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Equipagem : (x) tripulantes
Capitães embarcados : Manuel Pereira Ramalheira (1923 a 1925)
Vendido à Empresa Marítima Sagres, Lda., em 1930, armou em lugre, mudou o nome para "Avé Maria" e alterou o registo para a praça de Portimão.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Os navios de Viana do Castelo, 1916-1919


Na rota da pesca,
a frota Vianense nos anos da guerra
(continuação)

Durante os anos da guerra, Viana do Castelo ficou praticamente esvaziada dos seus recursos marítimos e limitadas as capacidades de transporte, devido à transferência de parte das suas unidades para outras praças do país.

O lugre “Vianna”, ex “Maria do Rosário”, ex “Palmyra”, ex Ethel”, ex “A.M. Brundit”, de 96 toneladas, construído em Runcorn, Inglaterra, em 1882, da propriedade de Rodolpho Vieitas Costa, o iate “Santa Luzia”, ex “Teiga & Companhia”, de madeira, construído em 1897 em Aveiro, da propriedade de A. dos Santos Machado Júnior e o iate “D. Joaquina” (114 toneladas), de madeira, construído em 1903, por António Dias dos Santos, em Fão, da propriedade de Magalhães, Filho, Lda., foram vendidos a armadores da capital em 1917, ficando matriculados na praça de Lisboa. No ano seguinte, em 1918, a escuna “Maria Augusta”, ex “Adelaar”, 187 toneladas, de aço, construída em 1897 em Martinshock, Holanda, da propriedade de Magalhães, Filho, Lda., segue o mesmo destino dos outros navios atrás citados. O único bacalhoeiro a navegar, o “Santa Luzia”, da Sociedade de Pescarias de Viana, efectua a última campanha de pesca para esta empresa em 1919, por ter sido vendido a Joaquim Morais Júnior, em 1920, passando ao registo da Figueira da Foz.

Da mesma forma que muitas outras embarcações do armamento nacional, era inevitável que os navios de Viana escapassem à inclemência da guerra, penalizadas por violentas acções de carácter militar. Foram estas as seguintes baixas :

O lugre-escuna “Santa Maria”, da Sociedade de Pescarias de Viana, afundado após torpedeamento a cerca de 6 milhas ao Sul das Berlengas, por submarino Inglês, em 10 de Junho de 1917, quando em viagem do Porto para Lisboa.
A chalupa “D. Rosa”, 106 toneladas, de madeira, construída em Fão em 1891, propriedade de José Manoel Vivo e outros, entretanto vendida a Manoel José da Silva Couto e matriculada no Porto em 1918, deu à costa próximo a Espinho, quando em viagem de Cardiff para o Porto, por ter sido abalroada por um caça-minas Francês, a 9 de Dezembro de 1918.
A chalupa “Valladares 2º”, 76 toneladas, de madeira, construída em Esposende, em 1902, pertença de Magalhães, Filho, Lda., foi afundada por um submarino Alemão, próximo às Berlengas, quando em viagem de Portimão para Viana do Castelo, a 3 de Janeiro de 1917.
Também vitima da guerra, regista-se o antigo iate “Pimpão”, 130 toneladas, de madeira, construído em Viana do Castelo em 1885, propriedade de José Martins de Mattos e vendido em 1918 a Magalhães, Filho, Lda. Este navio que fora entretanto rebaptizado com o nome “Restaurado”, foi afundado por um submarino Alemão, a cerca de 5 milhas da Ericeira, quando em viagem para Lisboa para Viana do Castelo, a 23 de Abril de 1918.

Terminada a Iª Grande Guerra, constata-se que a frota de Viana do Castelo no início de 1919 é insignificante. Restava apenas o bacalhoeiro “Santa Luzia”, presente na sua última campanha realizada nesse ano à Terra Nova, logo seguindo com destino à Figueira, para integrar a frota de cabotagem local.

No decurso de 1919 sopram ventos de mudança no porto minhoto, com a renovação da frota e com o re-despertar para a construção naval. Partindo da estaca “0”, a armação Vianense promove grandes investimentos. Viana anima-se com o regresso à pesca, conquistando um lugar de relevo por todos elogiado. Os navios e as tripulações voltam à Terra Nova, ao encontro dos muitos locais descobertos e habitados pelos seus antepassados.

Tomaram parte na frota renovada para o serviço de longo curso e de cabotagem, os seguintes navios :

Lugre “Santa Martha”, de 385 toneladas, de madeira e o lugre “Lusitânia”, de 861 toneladas, de madeira, ambos da propriedade do construtor, a Empresa de Construções Navais, Lda. O primeiro lançado à água a 3 de Janeiro e o segundo a 27 de Agosto de 1919.
O lugre “Fernanda”, de 103 toneladas, de madeira, construído em Noya (Norte de Espanha), em 1918, registado em Vilagarcia de Arosa, com o nome “Galicia” e a escuna “Delfina”, de 100 toneladas, de madeira, construída na Corunha em 1918 e também registada em Vilagarcia de Arosa, com o nome “Coruña”, passam ambos à propriedade da Sociedade Vianense de Cabotagem, Lda.
A escuna “Laboriosa”, de 130 toneladas, de madeira, construída em Fécamp, França, em 1902, que se encontrava matriculada em Caminha, foi vendida por Braz J. Giestal e Antónia Giestal Gonzalez a Daniel José Machado. Para terminar regista-se ainda a matricula do iate “Maria Clara”, de 93 toneladas, de madeira, em nome do construtor, a firma A. Rocha, Lda., de Viana do Castelo, sendo lançado à água em 28 de Julho.

Para a pesca nos grandes bancos, aparece na sua primeira campanha o

Lugre “ Gaspar ”
1919 – 1948

O lugre "Gaspar" - foto de autor desconhecido

Armador : Soc. Novas Pescarias de Viana, Lda., V. do Castelo
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Nº Oficial : 71 > Iic.: H.G.A.P. > Registo : Viana do Castelo
Cttor.: Manuel M. B. Mónica, Cabedelo, F. Foz, lançado 24.08.1919
ex “Sarah”, Nápoles, Pinto Basto & Cª., Lda., F. Foz, 1919-1919
Tonelagens : Tab 317,68 to > Tal 245,81 to
Comprimentos : Pp 43,35 mt > Boca 8,80 mt > Pontal 4,23 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Equipagem : 39 tripulantes
Capitães embarcados : José dos Santos Carrapichano (1919)

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Os navios de Viana do Castelo, 1911-1915


Na rota da pesca,
a frota Vianense nos anos da guerra

Ao iniciar a segunda década do século, existiam registados no porto de Viana 9 navios, já integrados na frota referente aos anos anteriores. A única alteração digna de registo, conforme abaixo referenciado, aponta para a transferência de 1 navio para a praça da Figueira da Foz. Dessa frota faziam parte os seguintes navios :

Escuna “Maria Augusta”, ex “Adelaar”, 187 toneladas, de aço, construída em 1897 em Martinshock, Holanda (Magalhães, Filho, Lda. – capitão M. da Luz Guerreiro), iate “Santa Luzia”, ex “Teiga & Companhia”, 145 toneladas, de madeira, construído em 1897 em Aveiro (A. dos Santos Machado Júnior), iate “Pimpão”, 130 toneladas, de madeira, construído em Viana do Castelo (José Martins de Mattos), iate “D. Joaquina” (114 toneladas), de madeira, construído por António Dias dos Santos, em Fão a 12.06.1903, chalupa “D. Rosa”, 106 toneladas, de madeira, construída em Fão (José Manoel Vivo e outros), chalupa “Mensageira”, 46 toneladas, de madeira, construída em Fão (Magalhães, Filho, Lda.), chalupa “Valladares”, 118 toneladas, de madeira, foi construída por António Dias dos Santos Borda em Novembro de 1899 (Magalhães, Filho, Lda.), e a chalupa “Valladares 2º”, 76 toneladas, de madeira, construída em Esposende, em 1902 (Magalhães, Filho, Lda.).

Entretanto ainda em 1911, a chalupa “Ventura de Deus 2º”, 47 toneladas, de madeira, construída em Fão por António Dias dos Santos em 1900, que se manteve propriedade de José António Affonso Fontaínhas, aliviou a mastreação, sendo transformada em caíque. Mudou o nome para “Ventura de Deus II”, e alterou o registo para o porto da Figueira da Foz. Só em 1914 um novo navio vai aumentar a lista dos navios a operar na cabotagem; o lugre “Vianna”, ex “Maria do Rosário”, ex “Palmyra”, ex Ethel”, ex “A.M. Brundit”, de 96 toneladas, construído em Runcorn, Inglaterra, em 1882, que passa à propriedade de Rodolpho Vieitas Costa (capitão Manoel dos Santos Roda), de Viana do Castelo. Este navio pertencia a Maria do Rosário Manata, encontrando-se registado na praça da Figueira da Foz.

Os primeiros sinais efectivos de desenvolvimento e adaptação do porto com equipamento para os navios da pesca longuínqua, incluindo as necessárias áreas de secagem do peixe, tem lugar no decorrer dos anos 1913 a 1914, através da Sociedade de Pescarias de Viana. Ali armam dois lugres, que vão participar já na campanha de 1914, a saber :

Lugre “ Santa Luzia “
1914 –1920

Armador : Sociedade de Pescarias de Viana, Viana do Castelo
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Nº Oficial : 55 > Iic.: H.G.K.F. > Registo : Viana do Castelo
Cttor.: -?-___________, Cambridge, Maine, EUA, 1893
ex “Venus”, J. C. Johnson, Baltimore, EUA, 1893-1914
Tonelagens : Tab 195,20 to > Tal 175,40 to
Comprimentos : Pp 32,94 mt > Boca 8,97 mt > Pontal 2,77 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Equipagem : 29 tripulantes
Capitães embarcados : João Fernandes Mano Agualuza (1914 a 1917), Luiz Carriço (1918) e José Francisco Carrapichano (1919)
Vendido a Joaquim Morais Júnior, em 1920, manteve o mesmo nome, mas alterou o registo para a Figueira da Foz, integrando a frota de serviço comercial. Revendido em Havana, Cuba, em 1921.

Lugre “ Santa Maria “ (1º)
1914 - 1914

Armador : Sociedade de Pescarias de Viana, Viana do Castelo
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Nº Oficial : 56 > Iic.: n/s > Registo : Viana do Castelo
Construtor : R. Mc Leod, Liverpool, Nova Escócia, 1902
ex “Albani”, L. B. Corrie, Liverpool, Nova Escócia, 1902-1914
Tonelagens : Tab -?- to > Tal 249,00 to
Comprimentos : Pp 38,40 mt > Boca 9,10 mt > Pontal 7,4 mt
Naufragou por encalhe motivado pela agitação do mar e escassez de vento, quando na sua 1ª viagem entrava a barra do porto de Viana do Castelo, em 28.02.1914.

Face ao insólito incidente, cuja existência mostra outro bacalhoeiro sem ter viajado à Terra Nova, foi prontamente substituído por um outro navio, como segue :

Lugre-escuna “ Santa Maria “ (2º)
1914 –1917

Armador : Sociedade de Pescarias de Viana, Viana do Castelo
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Cttor.: -?-, Thuroe, Dinamarca, 1909
ex “Fyn”,-?-, Faversham, Inglaterra, 1909-1914
Tonelagens : Tab 204,00 to > Tal 190,00 to
Comprimentos : Pp 33,80 mt > Boca 7,63 mt > Pontal 3,40 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Equipagem : 36 tripulantes
Capitães embarcados : Manoel Mendes (1914 e 1915)
Naufragou após ter sido torpedeado a cerca de 6 milhas ao Sul das Berlengas, por submarino Inglês, que lhe provocou o afundamento, em 10 de Junho de 1917.

Ao fechar o ano de 1915, regista-se o naufrágio da chalupa “Valladares”, encalhada nas proximidades da Torre do Outão, devido a temporal, quando em viagem de Setúbal para Viana do Castelo, no dia 4 de Novembro.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Os navios de Viana do Castelo, 1900-1910


Na rota da pesca,
ao encontro da frota Vianense

O porto de Viana do Castelo no inicío do séc. XX, tinha matriculados 12 navios, de tonelagem superior a 50 toneladas, quase todos eles empregues no serviço de cabotagem. Constavam dessa frota os seguintes navios :

Lugre “Castor”, ex “Louise”, de madeira, construído em 1877 em St. Servan, França, e adquirido em 1900 (António de Magalhães e outros – capitão Joaquim Fernandes Batata), escuna “Maria Augusta”, ex “Adelaar”, de aço, construída em 1897 em Martinshock, Holanda, igualmente comprada em 1900 (Magalhães, Filho, Lda. – capitão Manoel Vaz), palhabote “Santa Luzia”, ex “Teiga & Companhia”, de madeira, construído em 1897 em Aveiro (Manoel José Vivo e outros – capitão Luiz Maria Martins), iate “Gomes 1º”, de madeira, construído em 1889, no estaleiro de Fão (Francisco Fernandes Gaiféro e outros), iate “Boa Hora”, de madeira, construído em 1897 em Fão (Manoel dos Santos Ramos e outros), iate “Pimpão”, de madeira, construído em 1885, num estaleiro de Viana do Castelo (José Martins de Mattos e outros), iate “Pimpão 2º”, de madeira, construído em 1898, em estaleiros de Fão (José Martins de Mattos e outros), iate “Rodolpho”, de madeira, construído em Viana do Castelo (Magalhães, Filho, Lda.), chalupa “Izaura”, de madeira, construída em 1899, no estaleiro de Fão (Magalhães, Filho, Lda.), chalupa “D. Rosa”, de madeira, também construída em 1899, no estaleiro de Fão (José Manoel Vivo e outros), chalupa “Mensageira”, de madeira, construída em Fão (Magalhães, Filho, Lda.) e a chalupa “Ventura de Deus 2º”, de madeira, construída em Fão por António Dias dos Santos, ainda em 1900 (José António Affonso Fontaínhas).

Entre 1899 e 1900 o porto de Viana perde dois dos seus melhores navios; a barca “Adelina” de 551 toneladas (Magalhães & Filho, Lda), empregue em viagens de longo curso, na barra do porto de Lisboa e o lugre “União” de 248 toneladas (Joaquim Gomes Soares), que a partir deste ano embandeirou em Brasileiro. E dois anos decorridos (1902) acontece o naufrágio do lugre “Castor”, (298 toneladas), quando em viagem de Trinidade para a Inglaterra e da chalupa “Izaura” (63 toneladas), ao Sul de Viana do Castelo, abalroada pelo vapor francês “Brésil”.

Ainda para o serviço de cabotagem, foi construído o iate “S. Pedro”, por José Martins de Araújo Júnior, em Vila do Conde, lançado à água a 30.10.1902, sob encomenda do armador José Gomes da Silva. Por sua vez dá-se o naufrágio do iate “Boa Hora” (108 toneladas), que se desfez por acção do mar, depois de encalhar em Viana do Castelo.

No ano de 1908 o porto de Viana do Castelo aponta 2 novas alterações, com a perda de 2 navios, o iate “Gomes 1º” (96 toneladas), que alterou o registo para a praça de Esposende e o iate “S. Pedro” (67 toneladas), que foi vendido para o Algarve, ficando lá matriculado. No ano seguinte deu-se o naufrágio do iate “Pimpão 2º” (151 toneladas), próximo a Marbella (Sul de Espanha), por ter sido abalroado pelo vapor Italiano “Luisiana”, no dia 01.07.1909.

Chegados a 1910, não se vislumbrou qualquer alteração ou investimento, com vista ao posicionamento de navios para a pesca. Quanto ao serviço comercial entraram no registo local 3 novas embarcações; o iate “D. Joaquina” (114 toneladas), de madeira, construído por António Dias dos Santos, em Fão e lançado à água a 12.06.1903. Este navio adquirido por Magalhães, Filho, Lda., pertencia a João Carneiro de Abreu, encontrando-se registado no Porto. Foram igualmente registados em Viana do Castelo para o mesmo armador, as chalupas “Valladares” (118 toneladas) e “Valladares 2º” (76 toneladas). A chalupa “Valladares”, de madeira, foi construída em Fão, por António Dias dos Santos Borda e lançada à água em Novembro de 1899. A chalupa “Valladares 2º”, de madeira, fora construída em Esposende, em 1902, sendo que ambos os navios pertenciam a José Maria Valladares, estando matriculados no porto de Caminha. Também em 1910 se regista novo acidente, agora com o iate “Rodolpho” (101 toneladas), naufragado à entrada da barra de Viana, por motivo de agitação do mar e escassez de vento, no dia 21 de Janeiro.

Nesta época relativamente à pesca do bacalhau, podemos admitir (sem a necessária confirmação), que apenas o palhabote “Santa Luzia” pode ter navegado até aos bancos e participado na pesca longínqua. Isto devido ao esforço de modernização do navio, em 1904, aparelhando desde então em iate. Não restam dúvidas que os armadores locais, estavam muito mais vocacionados para o serviço comercial, apesar da grande influência e importância que o porto teve na actividade piscatória, ao longo dos períodos históricos destas navegações.