segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Memórias dum passado recente!... (3)


O navio hospital “Saint François d’Assise”

Imagem do navio hospital “Saint François d’Assise”
Bilhete-postal do porto do Havre

Identificação do navio hospital
Armador: Société des Oeuvres de Mer, Nantes, França
Construtor: De la Brosse & Fouché, Nantes, 1901
dp “El Hadj“, Marinha de Guerra Francesa, 1919-1925
dp “Nyholm”, Rederi A/S Aage Lind, Copenhaga, 1925-1926
Arqueação: Tab 407,00 tons - Tal 209,00 tons
Dimensões: Pp 45,63 mts - Boca 8,44 mts - Pontal 4,45 mts
Propulsão: Do construtor - 1:Cp - 2:Ci - 30 Nhp

Pelo menos a partir de 1898, a Société de Oeuvres de Mer armou os navios “Saint Pierre” e o “Saint Paul”, no sentido de prestarem assistência aos pescadores de bacalhau ao largo da ilha de Saint Pierre et Miquelon. Esses navios utilizados no serviço hospitalar faziam visitas regulares aos pescadores nos bancos da Terra Nova, tendo igualmente prestado assistência a pescadores nas costas da Islândia. (1)
Esses primeiros navios foram substituídos após 3 de Agosto de 1915 pelo lugre-patacho motorizado “Saint François d’Assise” (S. Francisco de Assis), entretanto mantido em operação pela firma Caudal & Leray, de Nantes. O navio foi inicialmente utilizado militarmente, classificado como navio auxiliar de patrulha e aviso auxiliar, seguindo-se as adaptações ao transporte de passageiros e posteriormente a navio hospital.
Não restam dúvidas da extrema importância destes navios no apoio à frota francesa da pesca do bacalhau, tal como se revelou fundamental na assistência aos pescadores portugueses, muitos dos quais matriculados com ferimentos e de saúde exageradamente precária, até 8 de Março de 1919, data em que foi retirado deste serviço. Por esse motivo, como se imagina, as facturas dos tratamentos e internamentos que eram realizados a bordo desses navios, apresentavam valores altíssimos, a princípio cobrados ao governo português, que por sua vez, muito provavelmente, endereçava aos respectivos armadores.
Daí se explica a marinha portuguesa ter enviado, a partir de Agosto de 1923, o navio de guerra “Carvalho Araújo” aos bancos da Terra Nova, para prestar assistência aos nossos pescadores do bacalhau. O comandante, capitão-de-fragata Octávio Augusto de Matos Moreira, escreveu no relatório daquela viagem, que o navio não reunia os requisitos necessários para poder desempenhar cabalmente tal missão e em consequência dessa informação, o cargueiro “Gil Eanes” (ex “Lahneck) foi, algum tempo mais tarde, enviado para a Holanda para ser submetido a grande reparação, no sentido de ser adaptado a navio hospital, tendo-lhe sido instalados postos médicos, enfermarias e salas de operação. (2)
(1) DUFEIL, Yves, Le BELL, Franck, TERRAILLON, Marc
http://navires-14 18.com/fichiers/S/SAINT_FRANCOIS_ASSISE_SOM_V4.pdf
(2) SANTOS, José Ferreira dos, Capitão da Marinha Mercante, Revista da Marinha

O navio foi em fim de vida útil vendido para desmantelar, à empresa Holms Skeppsvarf, em Raahe, Finlândia, durante o mês de Setembro de 1926.

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