domingo, 16 de fevereiro de 2014

Memórias dum passado recente!... (5)


O «bota-abaixo» do arrastão bacalhoeiro
"Brites" no estaleiro de São Jacinto

Aveiro, 24 - Realizou-se, nos estaleiros de S. Jacinto, a cerimónia de lançamento à água do novo arrastão bacalhoeiro, do moderno sistema de pesca pela popa, “Brites” – nome tirado de uma unidade da mesma firma armadora há tempos naufragado – e que ali foi construído para a empresa Brites, Vaz & Irmão, Lda., com sede na Gafanha da Nazaré.
O novo navio, dotado dos mais aperfeiçoados requisitos, é propulsionado por dois motores de 1500 CV., cada um, e pode atingir a velocidade de 15 nós. Com 80.5 metros de comprimento, 17,5 metros de boca, e 6,20 metros de pontal, possui capacidade para 20.000 quintais de peixe fresco e 3.500 quintais de peixe congelado, desloca 3.000 toneladas, e importou em cerca de 55.000 contos.
A anteceder o «bota-abaixo» foi oferecido às entidades oficiais e outras individualidades convidadas para assistir ao acto um almoço na Pousada da ria, no Muranzel.

Imagem do bota-abaixo do arrastão bacalhoeiro "Brites"
Foto de Tatiana Gonçalves - Bacalhoeiros de Portugal

Identificação do arrastão “Brites”
Armador: Brites, Vaz & Irmãos, Lda., Gafanha da Nazaré
Nº Oficial: A-2130-N - Iic.: C.U.F.P. - Registo: Aveiro, 25.08.1971
Construtor: Estaleiros Navais de S. Jacinto, Sarl., Aveiro, 07-1971
Arqueação: Tab 1.951,51 tons - Tal 983,72 tons
Dimensões: Pp 74,20 mtrs - Boca 12,51 mtrs - Pontal 8,08 mtrs
Propulsão: Mak, 1971 - 2:Di - 2x6:Ci – 3.000 Bhp - 15 m/h

Navio de arrasto pela popa foi encomendado pelo armador ao construtor em 10 de Julho de 1969, pela quantia de Esc. 32.000.000$00. A quilha foi assente a 13 de Abril de 1970. Arrastão com 2 mastros tinha popa de painel com rampa e 2 pavimentos. Em 1981 foi transformado, ficando com um porão com a capacidade de 1.510 m3 de peixe congelado e podendo congelar 35 toneladas de peixe diariamente. Em 1997 foi adquirido pela Empresa de Pesca João Vilarinho, Sucrs.

Imagem do arrastão bacalhoeiro "Brites"
Foto de Carla Bagão - Bacalhoeiros de Portugal

Além de outras autoridades ligadas às actividades piscatórias, assistiram os srs. dr. Francisco do Vale Guimarães, governador civil do distrito; comandante Garrido Borges, capitão do porto; Eduardo Cerqueira e engº João de Oliveira Barrosa, respectivamente, presidente e director da Junta Autónoma do porto de Aveiro; dr. Fernando Bagão, Henrique Mautela, Jorge Pestana e João dos Santos, administradores dos estaleiros; engº Joaquim Gaspar de Barros, pela firma armadora; engº Coelho Jordão, vice-presidente da Junta Autónoma do porto da Figueira da Foz; e o dr. Nuno Campos Tavares, do I.N.T.P.
Aos brindes, felicitando as empresas construtora e armadora, usaram da palavra o chefe do distrito, o representante dos armadores e o presidente da Junta Autónoma do porto.
Seguiu-se, propriamente, a cerimónia do «bota-abaixo». Procedeu à bênção do elegante navio o rev. Abel Gonçalves, capelão da Base Aérea e pároco da freguesia, tendo servido de madrinha a menina Mariana Gaspar de Barros.
O “Brites” deslizou logo a seguir, por entre aplausos, na carreira, entrando, airoso, nas águas da ria. O novo arrastão, após os acabamentos a que vai ser submetido, seguirá para Lisboa, onde, antes de seguir para a sua faina, será visitado pelo sr. ministro da marinha.
(In jornal “Comércio do Porto”, Domingo, 25 de Abril de 1971)

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