terça-feira, 31 de março de 2009

Póvoa de Varzim - Fábrica de heróis... (1)


João Martins Areias
(Patrão Sérgio)
24.01.1846 - 14.04.1911

Foto Serafim Marques - Colecção Lobos do Mar
Edição Livraria Camões - Póvoa de Varzim

Foi pescador, filho de mestre das lanchas e patrão do salva-vidas, herdando o lugar deixado por seu pai, que por sua vez foi sucessor do Cego do Maio. A sua coragem, valentia e abnegação foram impares no resgate e salvamento de mais de 100 vidas.

Manuel António Ferreira
(Patrão Lagoa)
14.06.1866 - 07.07.1919

Foto José Neta - Colecção Lobos do Mar
Edição Livraria Camões - Póvoa de Varzim

Foi pescador e patrão do salva-vidas. Notabilizou-se no salvamento dos náufragos do cruzador português “São Raphael”, na foz do rio Ave, em 20.11.1911 e no resgate de grande número de passageiros e tripulantes do paquete inglês “Veronese”, próximo à Capela da Boa Nova, em Leça da Palmeira a 13.01.1913. Interveio igualmente no salvamento dum grande número de marítimos e pescadores, em risco de vida na enseada poveira.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Efeméride


Parabéns U.S. Navy
1794 - 2009

Cresta oficial da U.S. Navy

A Marinha Americana completa hoje o 215º aniversário, sobre a data em que o Governo Federal criou este organismo oficial, tendo para isso ordenado a construção de seis fragatas, uma das quais decorrido todos estes anos, se mantém perfeitamente preservada, que é a USS “Constitution”.

A U.S.S. "Constitution" - foto Wikipédia

Lembramos que no século XVIII eram designadas fragatas, os navios de guerra com três mastros de velas redondas, com comprimentos semelhantes ao das naus, mas mais pequenas, mais rápidas e com armamento mais ligeiro. Eram utilizadas em missões de escolta e de reconhecimento. Estas fragatas dispunham de uma única bateria coberta de canhões, em comparação com as duas ou mais baterias cobertas das naus.

Navios da esquadra utilizados ao longo dos anos

Porta-aviões

Couraçados

Cruzadores

Contra-torpedeiros

Fragatas

Submarinos

quinta-feira, 26 de março de 2009

O afundamento da chalupa "Valladares 2º"


"Valladares 2º"
1910 - 1917
Armador : João António Magalhães Viana Júnior,
Viana do Castelo

Nº Oficial : 53 > Iic.: H.D.S.C. > Registo : Viana do Castelo
Construtor : António Dias dos Santos, Fão, 1912
Início da construção 18.08.1902 terminada 24.04.1903. Tinha 2 mastros, sem beque, popa redonda, canto quebrado e borda falsa.
ex "Valladares 2º", José Maria Valladares, Caminha, 1903-1910
Tonelagens : Tab 76,47 to > Tal 72,65 to
Comprimentos : Pp 22,74 mt > Boca 6,50 mt > Pontal 2,43 mt
Equipagem : 7 tripulantes
Máquina : Não tinha motor auxiliar

No dia 7 de Janeiro de 1917 chegaram a Viana do Castelo, o mestre e dois tripulantes da chalupa "Valladares 2º", canhoneada próximo a Peniche por um submarino Alemão. Sobre o ataque, o mestre António dos Santos Machado, informou que no dia 3, pelas 8 horas e meia da manhã, navegava a chalupa a 12 milhas W.N.O. dos Farilhões, procedente de Portimão, com um carregamento de figos, com destino a Viana do Castelo.
A tripulação encontrava-se a almoçar quando foi ouvido um tiro de peça, tendo o projectil partido o galope do mastro da mezena, onde estava hasteada a bandeira nacional. A intimação era para que a chalupa ficasse atravessada, o que foi feito. Imediatamente foi lançada ao mar a lancha do navio, saltando para ela dois tripulantes, que sob a ameaça das armas logo ficaram detidos a bordo do submarino, à ordem do seu comandante. Para a lancha saltaram dois Alemães, sendo que um deles devia ser oficial, remando de regresso à chalupa, onde foi arreado todo o pano.
A bordo da chalupa os dois Alemães efectuaram uma rigorosa busca ao navio. Depois lançaram um liquido qualquer no colchão do beliche pertencente ao mestre, lançando-lhe o fogo. Antes disso foram retiradas de bordo da chalupa para o submarino cerca de 100 caixas de figo, tendo os Alemães indagado se a bordo havia vinho. Como a resposta foi negativa, deram à tripulação 15 minutos para salvarem as roupas e mais haveres, tempo esse que não foi aproveitado em consequência do completo desânimo da tripulação.
Os Alemães levaram também a bandeira nacional que a chalupa trazia içada, por a princípio julgarem estar frente a um barco Inglês. O mestre da "Valladares 2º" pediu ao comandante do submarino que lhe devolvesse a adriça da bandeira, sendo-lhe negada, negativa acompanhada da seguinte frase; "não exigam muito, pois se fossem ingleses morreriam todos".
Para se proceder à retirada das caixas de figo, foram arrombadas as escotilhas com um pé de cabra, existente a bordo da chalupa, sendo o mestre também obrigado a trabalhar na descarga. Os documentos de bordo foram inutilizados pelo comandante do submarino, à excepção das cédulas maritímas, que as restituiu ao mestre. Embarcados de novo na lancha, remaram para o submarino onde deixaram as caixas de fruta. Entretanto regressaram à lancha os marinheiros lá detidos, seguindo-se a intimação para se afastarem para o largo, o que fizeram, assistindo com os olhos rasos de água ao fim trágico da pobre chalupa, contra a qual foram disparados 8 tiros de canhão, num curto espaço de 10 minutos.
Os tripulantes que estiveram a bordo do submarino chamam-se Augusto Gonçalves S. João e António da Silva, os quais fizeram constar que a bordo conheceram um indivíduo que falava correctamente o português e melhor ainda a lingua espanhola. A tripulação da chalupa, chegou a Peniche nesse mesmo dia, pela meia-noite, não tendo encontrado no percurso um único navio a vigiar a costa. (resumo da notícia publicada no "Comércio do Porto", em 09.01.1917)

quarta-feira, 25 de março de 2009

Navios " Douro "... (10)


O “ Douro “ (II)
1948 – 1957
Rederi E. B. Aaby,
Oslo, Noruega

O "Douro" no porto de Leixões
imagem (c) Fotomar, Matosinhos

Nº Oficial : -?- > Iic.: -?- > Porto de registo : Oslo
Cttor.: James Lamont & Co. Ltd., Port Glasgow, Escócia, 11.1948
Tonelagens : Tab 1.150,00 to
Comprimentos.: Pp 80,00 mt
Máq.: -?-
dp "Ceres", Navegação Savónia, Rio de Janeiro, Brasil, 1957-1970
Vendido para demolição em Santos, Brasil durante o ano de 1970

terça-feira, 24 de março de 2009

Construção naval


Carta de Mercês de El-Rei D. Manuel I, dada aos carpinteiros e calafates de Fão, datada de 28 de Janeiro de 1491

Num livro que me tem servido de companhia nestes últimos dias, retiro algumas passagens sobre a construção naval em portos do Alto-Minho, sendo que esta carta de Mercês, pela importância que lhe reconheço, justifica a respectiva publicação, como segue :

Dom Manuel por graça de Deus, Rey de Portugal e dos Algarves de aquém e de além Mar, em África, Senhor da Guiné, avisa a quantos esta Nossa carta virem;
Fazemos saber, que os Nossos Carpinteiros das Nossas Vilas de Vila do Conde, e Viana, e Fão, nos ousarão dizer, que eles eram constrangidos a que pagassem sempre nos pedidos, quando eram lançados, e se temiam de lhe darem suas roupas de aposentadoria;
Pedindo-nos que porquanto estavam sempre prestes para Nos servirem de seus ofícios os privilegiasse-mos deles;
E visto por Nós seu requerimento, querendo-lhes fazer graça, e mercê, sentindo assim por Nosso Serviço, e bem da terra;
Temos bem e privilegiamo-los, que daqui em diante dos melhores, que nas ditas vilas houverem até vinte carpinteiros, usando um dos ditos ofícios não paguem nos pedidos, que por Nós forem lançados, nem lhes deem suas casas, nem roupas de aposentadoria nenhuma pessoa que seja;
Os quais serão examinados por Affonso Vaz, Nosso Mestre de Carpintaria do Porto.
Dada na cidade de Évora a vinte e oito dias do mês de Janeiro, Antão Luiz a fez, no ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, de mil quatrocentos e noventa e um.
In “Carpinteiros da Ribeira das Naus”, de A. Sousa Gomes, 1931

Este é mais um documento que corrobora as minhas ideias, quanto ao ano em que os marítimos portugueses se aventuram em viagens de longo curso e que estimo possam ter começado por volta de 1300. Continuo igualmente a pensar que essas navegações deviam seguir rumo a norte, e quando a sul não passariam além das ilhas Açoreanas. Isto porque essas navegações, que visavam a exploração da costa africana, tiveram início no reinado de D. João I, depois de aberto o caminho com a tomada de Ceuta aos Mouros.

A teoria que tenciono desenvolver numa próxima oportunidade, baseia-se ainda no tratado entre o rei Eduardo III de Inglaterra e os mercadores marítimos e comunidades de marinha das cidades e vilas marítimas de Portugal, assinado a 20 de Outubro de 1353. A oitava clausula do tratado estipulava “que os PESCADORES das ditas cidades marítimas poderiam ir pescar livremente, sem incorrer em nenhum perigo, nos portos de Inglaterra (1) e da Bretanha, e nos outros portos e lugares que eles julgassem oportunos, pagando somente os direitos devidos ao senhor do país”.

(1) Nesta conformidade, acredito estar perto da verdade ao considerar que já nesta época os pescadores Portugueses pescavam nos bancos da Terra Nova, ocupando o mar e portos que Eduardo III tinha como seus.

Donos de mau feitio e mau perder, nunca os pescadores portugueses devem ter pago coisa alguma ao rei de Inglaterra. A sua extraordinária capacidade e os conhecimentos de navegação, permitiam-lhes viajar em mar aberto, longe da costa Inglesa, pelo menos até 1585, quando o rei Inglês reconhecendo a natural habilidade dos portugueses, armou uma esquadra comandada por Bernardo Drake, para os desapossar do grande banco, apreendendo-lhes e afundando-lhes os navios carregados de peixe. Esteve essa frota pesqueira radicada durante largos anos nos portos de entre Douro e Minho, pois que a sul os armadores e pescadores temiam os constantes ataques dos piratas, estrategicamente ancorados ao largo de Lisboa, roubando as cargas e destruindo as embarcações.
Para terminar, o mais interessante nesta e noutras histórias que se conhecem deste período, é que aconteceram 41 anos antes do nascimento do Infante D. Henrique, 129 anos antes da descoberta da América, 147 anos antes da descoberta do Brasil e melhor ainda, quase 160 anos antes de Corte Real ter descoberto a Terra dos Bacalhaus.

Bibliografia: “Os estaleiros navais de Esposende e Fão, nos séculos XIX e XX”, de Bernardino Amândio, 1989

segunda-feira, 23 de março de 2009

Navios " Douro "... (9)


Contra-torpedeiro “ Douro “ ( I )
1913 – 1927
Marinha de Guerra Portuguesa

O bota-abaixo do c/t "Douro" em 22.01.1913
Imagem publicada na Ilustração Portuguêsa

Nº Oficial : - ? - > Iic.: - ? - > Porto de registo : Lisboa
Construtor : Arsenal de Marinha, Lisboa, 22.01.1913
Deslocamento : 670 to
Comprimentos.: Pp 73,15 mt > Boca 7,16 mt
Máquina : Velocidade 15 m/h

O c/t "Douro" - desenho de Luís Filipe Silva

Este navio foi uma das primeiras construções a entrar ao serviço da Marinha na 1ª República e a 1º unidade de uma série de 4 contra-torpedeiros, dando nome à classe de que também fizeram parte o “Guadiana”, o “Vouga” e o “Tamega”.
Foi abatido ao efectivo da Armada em 23.06.1927

domingo, 22 de março de 2009

Navio Português construído em Fão


Lugre " São Paio "
1919 - 1923

O "São Paio" durante a construção em Fão
Foto/postal - minha colecção

Chegou muito recentemente ao meu conhecimento a verdadeira identidade deste lugre, como agora o apresento. Tal como o anterior que motivou o engano, foi construído no estaleiro de Fão, por José de Azevedo Linhares e lançado à água a 30 de Julho de 1919. Apresentava 382 toneladas de registo liquido e correspondeu a uma encomenda efectuada por João Pereira de Barros, que o registou na praça do Porto. Colocado a operar no serviço de cabotagem nacional e internacional, teve como seu 1º capitão o Sr. João Marques Loureiro Júnior.
Porque o navio tinha mau comportamento no mar, resultado duma construção menos feliz, o armador optou por lhe retirar a mastreação, seguindo-se a adaptação a fragata de carga, ficando a partir de meados de 1923, apenas adscrito ao serviço fluvial no rio Douro, onde se manteve em operação durante vários anos.

sábado, 21 de março de 2009

Inaugurados ontem (20.03.2009) os novos molhes na foz do rio Douro


Dois molhes “Douro”, um farolim de latão
e um pirilampo na Igreja de S. João

Acho que pela primeira vez estou de acordo com o Engº Mário “jamais” Lino, desde que ele tomou posse no governo Sócrates, como Ministro das Obras Públicas. Porque está certo quanto às dificuldades encontradas para concretizar a obra, em pleno espaço marítimo, sujeita às mais adversas condições climatéricas. E pelo mesmo motivo os atrasos, o natural alargar do prazo necessário para dar os trabalhos por concluídos e daí o já antecipado considerável aumento da despesa. Percorri hoje o molhe norte, no meio de grande quantidade de curiosos e de alguns pescadores, que não perderam a oportunidade de explorar os novos pontos de pesca.

Hoje foi dia de grande movimento no molhe norte

O novo farol no molhe sul

À entrada do cais, uma placa envergonhada avisa “Perigo de morte”. Por acaso li e sei que foi posta lá, porque em dias de vento forte ou mar violento, o molhe pode transformar-se numa ratoeira para incautos e atrevidos. Apesar de manter a opinião que o molhe podia ter mais alguns metros, achei a construção e a forma de bloqueio das águas muito interessante. Dou igualmente um parecer favorável à construção dos molhes, porque a barra está melhor agora e só lamento que esta empreitada não tenha sido feita pelo menos 50 anos antes, pois certamente ainda existiria algum tráfego fluvial. Tudo isto com a enorme vantagem de a partir de agora, se poder pensar num Douro a ser aberto à navegação comercial até Espanha, com as vantagens que poderão vir a usufruir todos os interessados residentes em pleno interior ibérico, de ambos os lados da fronteira.

O novo farol do molhe norte

O molhe construído em planos sobrepostos

Como sempre acontece, no melhor pano cai a nódoa. Sobre as luzes que sinalizam o enfiamento de entrada da nova barra, não achei lógica a localização do farolim pirilampo na Igreja de S. João da Foz, como não gostei do farolim plantado em pleno cais, próximo à meia-laranja, quase em frente ao monumento ali erigido em homenagem a Raúl Brandão. Realmente o escritor, depois do dinheiro gasto nos molhes, bem podia estar em melhor companhia.

O novo farolim sobre o velho paredão

Monumento a Raúl Brandão

sexta-feira, 20 de março de 2009

Navios " Douro "... (8)


O “ Douro “ ( II )
1969 – 1971
Mala Real Inglesa,
Londres, Inglaterra

O "Douro" a navegar
Imagem Photship.Uk

Nº Oficial : - ? - > Iic.: - ? - > Porto de registo : Londres
Cttor.: Hawthorne, Leslie & Co., Newcastle, Inglaterra, 12.1946
Tonelagens : Tab 10.783,00 to > Tal 6.524,00 to
Comprimentos.: Ff 146,15 mt > Boca 20,07 mt > Pontal 11,53 mt
Máquina : Inglaterra, 1946 > 2:Di > Velocidade 15 m/h

Colocado durante 2 anos no tráfego de ligação entre portos Europeus com destino à América do Sul, terminou a actividade vendido para demolição em Aviles, Espanha, a 06.06.1972.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Navios " Douro "... (7)


O “ Douro “
1889 – 1943
Det Forenede Damskibs Selskab (D.F.D.S.)
Copenhaga, Dinamarca

O "Douro" em porto Dinamarquês
Foto cedida pelo Danish Maritime Museum, Elsinore

Nº Oficial : -?- > Iic.: N.B.J.P. > Porto de registo : Copenhaga
Cttor.: Burmeister & Wain, Copenhaga, Dinamarca, 03.08.1889
Tonelagens : Tab 806,00 to > Tal 485,00 to
Comprimentos.: Pp 55,23 mt > Boca 8,75 mt > Pontal 6,07 mt
Máq.: B. & Wain, Copenhaga, 1889 > 1:Te > 63 Nhp > 10 m/h

Colocado ao serviço da empresa armadora, quase durante meio século, o navio afundou-se a 11 de Abril de 1943, em resultado da colisão com um contra-torpedeiro Alemão, ao largo de Gedser, quando em viagem de Hamburgo para Copenhaga. Ordenada a sua recuperação pela Marinha Alemã, foi posto a flutuar pela empresa Svitzer. Parte da carga transportada foi posteriormente descarregada no porto de Nakskov, Dinamarca.
A 11 de Junho de 1943 foi levado pelo rebocador “Norder” para o porto de Holtenau, sendo entregue a 1 de Janeiro de 1944 à empresa August Blume (Rob. Bornhofen), de Rendsburg. No mês seguinte, a 13 de Fevereiro, seguiu viagem a reboque desde Kiel para Copenhaga. Dois dias depois atracava em Nordhavns, Copenhaga, para reparar.
Durante o período de reparação, o navio foi afundado por sabotadores, a 14 de Novembro. Novamente posto a flutuar, termina a reparação no início de Março de 1945, logo seguindo para Hamburgo, onde chega no dia 3. Uma semana depois, foi novamente afundado no dia 11, devido a forte bombardeamento aéreo efectuado pelos aviões das forças aliadas sobre o porto de Hamburgo. Tendo-se mantido afundado no local onde foi bombardeado, cerca de 1 ano, foi desta vez considerado perda total. Trazido pela última vez à superfície, seguiu para demolição em Outubro de 1946.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Navios " Douro "... (6)


O “ Douro “
1923 – 1942
Rederi E. B. Aaby,
Oslo, Noruega

O "Douro" em Vila Nova de Gaia
Postal ilustrado da cidade do Porto

Nº Oficial : -?- > Iic.: W.N.S.H. > Porto de registo : Oslo
Construtor : A.S. Jarlsoe Vaerft, Toensberg, Noruega Co., 08.1921
ex “Peik”, - ? -, 1921-1923
Tonelagens : Tab 928,00 to > Tal 544,00 to
Comprimentos.: Pp 61,08 mt > Boca 9,72 mt > Pontal 3,87 mt
Máq.: Trondhjems, 1921 > 1:Te > 106 Nhp > Veloc. 10 m/h

O "Douro" de saída na barra do rio Douro
Foto A. Teixeira da Costa - colecção Rui Amaro

Este navio que durante vários anos foi visita assídua no rio Douro, naufragou vitima de bombardeamento aéreo na posição 60º41’N 12º58’W, quando em viagem de Reykjavik, Islandia, para Inglaterra, no dia 9 de Maio de 1942. Em resultado do ataque, morreram 10 dos 21 tripulantes que se encontravam a bordo.

terça-feira, 17 de março de 2009

Navios " Douro "... (5)


O " Douro " ( I )
1865 - 1882
Mala Real Inglesa
Londres, Inglaterra

O "Douro" em Inglaterra
foto do British Marine Museum

Nº Oficial : -?- > Iic.: -?- > Porto de registo : Londres
Construtor : Caird & Co., Greenock, Escócia, 1865
Tonelagens : Tab 2.824,00 to
Comprimentos.: Pp 99,49 mt > Boca 12,25 mt
Máq.: Caird, 1864 > 1:St > 500 Ihp > Veloc. 12 m/h

Este navio apesar da excelência da construção para a época, com 8 paredes (bulkheads) estanques, colocados a separar todos os compartimentos, não bastaram para impedir o naufrágio, que ocorreu no dia 1 de Abril de 1882, em resultado da colisão com o vapor Espanhol “Yrurac Bat”, a norte do Cabo Finisterra.
O navio que deixara Lisboa pelas 07,30 horas da manhã desse mesmo dia, encontrou na viagem uma brisa forte de noroeste com vaga alta, contudo mantinha-se a navegar na máxima velocidade. Pelas 10 horas da noite foi avistada a luz dum navio em rota de colisão. Todos os esforços do homem ao leme, no sentido de virar a estibordo revelaram-se ineficazes face à fraca e pesada capacidade de manobra do navio. Atingido por estibordo, as portas estanques do “Douro” abriram fendas permitindo a entrada de água, através do rombo, que lhe facilitou o afundamento no curto espaço de 20 minutos.
Também a breve trecho afundava-se o navio espanhol em resultado da violência da colisão. Atendeu em socorro o vapor Espanhol “Hidalgo”, que pode recolher os 32 tripulantes do navio Espanhol, tendo ainda salvo 112 passageiros e tripulantes do navio Inglês. Todavia, para que fosse possível salvar esse número de passageiros, regista-se o sacrifício de 59 vitimas, entre os quais o cap. E.C. Kemp e alguns dos seus oficiais.
Uma equipa de pesquisadores de naufrágios, valendo-se de equipamento sofisticado, conseguiu localizar os destroços do navio em 1997. Dele foi retirado grande quantidade de moedas de ouro e peças de grande valor artístico. Terá sido muito provavelmente a grande descoberta de um dos últimos tesouros conhecidos, ainda submersos.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Navios " Douro "... (4)


O “ Douro “
1889 – 1910
Compagnie des Messageries Maritimes
Marselha, França

O "Douro" - postal ilustrado (Marselha?)

Nº Oficial : -?- > Iic.: -?- > Porto de registo : Marselha
Construtor : Messageries Maritimes, La Ciotat, França, 1889
Tonelagens : Tab 2.742,00 to
Comprimentos.: Pp 72,50 mt > Boca 11,60 mt
Máq.: França, 1889 > 1:Te > Veloc. 12,5 m/h

O "Douro" - foto de autor desconhecido

Última construção duma série de três navios mistos, esteve colocado a operar no serviço de passageiros e mercadorias, entre Londres e portos no Mar Negro. Naufragou por encalhe em Tarafangana, Madagascar, a 12 de Maio de 1910.

domingo, 15 de março de 2009

Navios " Douro "... (3)


O N.R.P.“ Douro “
1936 – 1959
Marinha de Guerra Portuguesa

O N.R.P."Douro" a navegar
Foto de autor desconhecido

Nº Oficial : RSA-24 > Iic.: C.T.D.W.> Registo : Lisboa
Construtor : Arsenal de Marinha, Lisboa, 02.1936
Tonelagens : Tab 1.438,55 to > Tal 450,98 to
Comprimentos.: Pp 93,58 mt > Boca 9,50 mt > Pontal 5,71 mt
Máq.: Inglaterra, 1935 > 2:Te > 33.000 Shp > Veloc. 36,5 m/h
Abatido para demolição em Lisboa, em Dezembro de 1959

sábado, 14 de março de 2009

Navios " Douro "... (2)


O “ Douro “
1889 – 1929
T. Wilson, Sons & Co. Ltd.
Hull, Inglaterra

O "Douro" a navegar
imagem de autor desconhecido

Nº Oficial : 1095796 > Iic.: - ? - > Registo : Hull, Inglaterra
Cttor.: Richardson, Duck & Co., Stockton-on-Tees, 06.1889
Tonelagens : Tab 2.445,00 to > Tal 1.530,00 to
Cpmts.: Ff 101,40 mt > Pp 90,52 mt > Bc 12,22 mt > Ptl 5,79 mt
Máq.: T. Richardson & Sons, Hartlepool, 1889 > 1:Te > 282 Nhp
dp “Kimolos”, A. Stavridis & B. Sardis, Piréu, Grécia, 1929-1933
Vendido para demolição em Savona, Itália, em Novembro de 1933

sexta-feira, 13 de março de 2009

Navios " Douro "... (1)


O “ Douro “
1937 – 1954
Koninklijke Nederlandsche Stoomboot Maatschapij N.V.
Amesterdão - Holanda

O "Douro" a navegar
imagem de autor desconhecido

Nº Oficial : - ? - > Iic.: P.D.R.Z. > Reg.: Amesterdão, Holanda
Construtor : Gebr. Pot, Bolnes, Holanda, Novembro de 1937
Tonelagens : Tab 388,00 to > Tal 160,00 to
Comprimentos : Pp 54,77 mt > Boca 9,11 mt > Pontal 2,50 mt
Máq.: Gebr. Stork, Hengelo, 1937 > 1:Di > 151 Nhp > 10 m/h

Afundou-se ao largo de Valencia, Espanha, na posição 38º23’N 00º06’E, em resultado da colisão com o vapor Espanhol “Drago”, a 11 de Fevereiro de 1954.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Navios encalhados na Figueira da Foz


O “ Kongsaa “
1985 – 1986
Nacionalidade : Dinamarquesa


O encalhe do "Kongsaa" no Cabo Mondego
Fotos (c) minha colecção

Armador : Team Littshipping A/S., Aarhus, Dinamarca
Nº Oficial : -?- > Iic.: O.U.V.T. > Porto de registo : Soby
Construtor : Svendborg Skibsvaerft A/S., Svendborg, 1972
ex “Annette S”, Fru Sigrid M. Sorensen Partrederi, 1972-1985
Tonelagens : Tab 499,00 to > Tal 342,00 to
Cpmts.: Ff 75,42 mt > Pp 68,00 mt > Bc 12,93 > Ptl 3,47 mt
Máquina : Atlas-Mak, 1972 > 1:Di > 800 Bhp > Veloc. 12 m/h
Equipagem : 7 tripulantes
Este navio encontrava-se a aguardar entrada no porto da Figueira da Foz, para onde navegara para carregar aglomerado de madeira e cortiça, quando por acção de rajadas de vento e forte ondulação, deu à costa na praia do Cabo Mondego, a cerca de 1 km de Buarcos, em 4 de Dezembro de 1985. Em função das graves avarias sofridas durante o encalhe, foi decida a sua demolição no local, que teve início marcado no dia 30 de Janeiro de 1986. A compra dos salvados foi adjudicada por um sucateiro de Esmoriz.

terça-feira, 10 de março de 2009

Chegaram os Russos...


O “ Krasny Profintern “
1921 – 1943
Armador : Sovtorgflot, Odessa, Russia

Nº Oficial : -?- > Iic.: U.N.X.Y. > Porto de registo : Odessa
Cttor.: R. Craggs & Sons, Middlesborough, Inglaterra, 02.1902
ex “Hafis”, Sanders & Renck, Hamburgo, Alemanha, 1902-1904
ex “Argun ”, Marinha de Guerra Soviética, Odessa, 1904-1921
Tonelagens : Tab 4.648,00 to > Tal 2.550,00 to
Comprimentos : Pp 101,35 mt > Boca 14,63 mt > Pontal 8,78 mt
Máq.: Richardsons, Westgarth, 1901 > 1:Te > Veloc. 9 m/h

Este foi o 2º navio soviético a entrar no porto de Leixões e o 1º para efectuar operações comerciais, depois da proclamação bolchevique na Rússia. Chegou no dia 17 de Julho de 1932, pelas 13,15 horas, vindo consignado à firma Burmester & Cª., Lda.
Sob o comando do cap. Cequref, procedia do porto de Novorossisk, na Rússia, com 17 dias de viagem, trazendo a bordo 1 passageiro em trânsito e diversa carga geral.
Na escala em Leixões, carregou um conjunto de jaulas, com animais vivos, que estiveram presentes numa exposição levada a efeito nos jardins do Palácio de Cristal. Os animais em questão pertenciam a um circo alemão, que teve agendadas diversas actuações na Rússia. Durante a estadia no porto, assistiu à manobra de entrada o piloto Francisco Piedade e durante a saída com destino a Hamburgo, esteve presente o piloto Júlio Pinto de Almeida.
Foi abatido ao serviço do armador, por ser torpedeado e afundado por submarino não identificado, a SW do porto de Tuapse, no Mar Negro, em 14 de Fevereiro de 1943.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Navios encalhados na Figueira da Foz


O “ Kaaksburg “
1995 – 2003
Nacionalidade : Antigua & Barbuda


O "Kaaksburg" - encalhado na F. da Foz
Fotos (c) da colecção de Jorge Costa

Armador : Seavoss Schiffahrt GmbH., Hamburgo, Alemanha
Cttor.: J.J. Sietas KG Schiffswerf & Co., Hamburgo, 11.1981
ex “Tini”, Heino Winter K.G., Hamb., Alemanha, 1981-1988
ex “Loke”, Heino Winter KG. Hamb., Alemanha, 1988-1993
ex “Torex”, Seavoss Schiffahrt Gmbh, Hamburgo, 1995-1995
Tonelagens : Tab 999,00 to > Tal 675,00 to > Porte 2.889 to
Cpmts.: Ff 87,97 mt > Pp 85,30 mt > Bc 11,33 mt > Ptl 4,67 mt
Máq.: Deutz, Colónia, 1981 > 1:Di > 999 Bhp > Veloc 11,5 m/h
Equipagem : 7 tripulantes

Este navio encalhou próximo a barra do porto da Figueira da Foz, devido ao vento e à forte agitação do mar a 3 de Janeiro de 1999. Desencalhado regressou ao serviço comercial. Foi vendido posteriormente para demolição em porto espanhol, no decorrer do ano de 2003.

domingo, 8 de março de 2009

Histórias do Portugal marítimo


Chegaram os Russos!…
3ª parte

O tanque “Neftesyndicat S.S.S.R.“ era um navio novo, encontrando-se a realizar uma das suas primeiras viagens, com um carregamento completo de benzina, previsto para ser descarregado no porto de Amesterdão. Mantendo-se na rota programada, o capitão do navio aproximou-o ligeiramente de terra, no sentido de estabelecer a posição com rigor, através da localização dos faróis espalhados ao longo da costa. Depois de passar por Vigo, avistou ao largo o iate “Famalicão III“, sensívelmente em frente ao porto da Corunha, estabelecendo contacto com ele face aos insistentes apelos de socorro. Depois de manobrar e passar cabo de reboque, interrompeu a viagem rumando a sul, com destino a Leixões, para trazer o iate até ao porto nacional mais próximo, onde deixaria a embarcação em segurança.
Contactadas as autoridades portuguesas, meteu o respectivo piloto para ser auxiliado na manobra portuária e ancorou. Conforme solicitado, seguiu para bordo o Oficial Adjunto do Capitão do Porto, 2º Tenente Benigno de Carvalho, dois agentes da Polícia Marítima e o Sr. Diniz Leuschner, com funções de interprete, logo se estabelecendo uma rigorosa incomunicabilidade com o navio e seus tripulantes. Pretendia o capitão Russo ter assinado, local e oficialmente o respectivo protesto de mar. Preenchidas as formalidades, o capitão deu por findo o motivo que o trouxe até ao porto, pelo que logo que possível o navio estaria preparado para sair, retomando a viagem.
Apesar de muita gente ter acorrido ao anteporto de Leixões para observar o vapor, a muralha de incomunicabilidade montada para o efeito, também em terra, manteve afastados todos os curiosos. Não conseguiram contudo as autoridades impedir que esta escala do navio russo, tomasse foros de acontecimento de vulto, marcando um facto histórico digno de menção. Disse quem esteve perto da tripulação russa, terem ficado bem impressionados pelo seu aprumo e apresentação, achando que o navio era moderno, poderoso e com muito boa aparência.
Na hora da despedida o capitão do navio sublinhou ter ficado surpreendido pela inusitada falta de cortesia e pela forma grosseira como foi evitado o contacto com a tripulação do iate, que tinham acabado de salvar. Não somos selvagens, adiantou, selvagens foram os outros que lhes recusaram o direito de serem assistidos…
Com o navio já em marcha para sair, à passagem pelo iate, ouviu-se a sirene do tanque soar várias vezes, em sinal de despedida, cumprimento retribuído pelo apito do “Famalicão III”. Todos os tripulantes desceram à coberta, acenando com os seus lenços, num adeus particularmente singelo e sentido. Nesse momento foi quebrada a barreira política de ambos os países e levantado bem alto os grandes valores da solidariedade e amizade, que um pouco à volta do mundo é ainda apanágio dos valorosos trabalhadores do mar.

sábado, 7 de março de 2009

Histórias do Portugal marítimo


Chegaram os Russos!...
2ª parte

O iate “ Famalicão III “ encontrava-se a navegar com destino a Viana do Castelo, com um carregamento completo de sal, com bom tempo, sem novidade. Chegada a madrugada do dia 19 de Novembro, caiu repentinamente um violento temporal, contudo a tripulação sem perder a serenidade, prosseguiu lentamente a viagem cumprindo a derrota. A cada milha que o navio se aproximava da costa, a intempérie aumentava de intensidade, até que a curto trecho as velas se foram rasgando, enquanto as pipas de água potável se iam desfazendo, cada vez que as vagas entravam furiosamente pelo convés. Sem velas o mestre do iate manteve-se agarrado ao leme, tentando manter a proa da embarcação enfrentando as ondas alterosas, enquanto a tripulação deitava as mãos às bombas, para freneticamente tentar escoar a água que se acumulava a bordo.
Com uma ligeira melhoria do tempo, vogaram ao sabor da corrente, atentos a toda e qualquer possibilidade de ajuda. Durante 7 dias à deriva viram passar próximo um navio inglês, outro sueco e um italiano, tendo ignorado a buzina e as bandeiras colocadas no mastro, apelando ao socorro e salvamento. O desespero ia aumentando de hora a hora, minuto a minuto.
No horizonte surge a silhueta dum quarto navio, que se desloca velozmente para norte. Subitamente altera a rota no direcção do iate e quando se encontrava já próximo, é identificado pelo mestre, como sendo um navio russo. De bordo deste navio, através de um alto-falante um tripulante grita, em perfeito português; Esperem, camaradas! Já os vamos salvar. Sem perda de tempo o tanque exibindo a perícia dum capitão experimentado, manobrou por fora a cortar a ondulação, colocando-se quase a par do iate. Dali foi passada uma espia, seguindo-se o cabo de reboque. O navio russo aproou ao mar, virando-se depois com rumo a sul, dando início à viagem para Leixões.
Compunham a tripulação do “Famalicão III”, então propriedade do Sr. Alberto de Azevedo, de Viana, Francisco da Silva, mestre, Custódio Vieira, contra-mestre, António dos Santos, Manuel Rodrigues Lima e Manoel da Silva, marinheiros, todos naturais e residentes em Viana do Castelo, bem como o cozinheiro José da Costa. Apenas o moço, Aníbal Azevedo, era natural e residente em Darque. Os tripulantes sofreram ferimentos ligeiros, nos tombos que deram devido à forte oscilação do navio. Apenas o mestre apresentava ferimentos mais graves, por ter sido atingido por um dos barris de água potável.
Já em Leixões comentavam refeitos do susto, depois de uma semana de futuro incerto, que os russos foram duma extrema cordialidade, fazendo por eles muito, além do imaginável. Ficaram-lhes eternamente gratos, credores da vida de cada um. Aquele navio e todos aqueles homens da tripulação, jamais seriam esquecidos.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Histórias do Portugal marítimo


Chegaram os Russos !…
1ª parte

Esta é a história de dois navios e dos seus tripulantes, homens que por força das circunstâncias aprenderam a respeitar-se mutuamente. Encontraram-se fortuitamente no mar, no dia 26 de Novembro de 1929. Um deles era um pequeno iate da praça do Porto, o outro um navio tanque Russo, a navegar próximo à costa, por alturas da Corunha, quando em viagem para Amesterdão.
Sabendo das diferenças políticas entre ambos os países, Portugal desde Maio de 1928, ensaiava os primeiros passos da ditadura de direita, num processo posteriormente designado por Estado Novo, enquanto na Rússia poucos anos antes teve lugar a revolução bolchevista, que deu origem ao comunismo tal como o conhecemos.
Imaginemos portanto o enorme espanto e a surpresa geral, quando pelas 8 horas da manhã, um navio Russo, pertença dum país com o qual Portugal não tinha relações diplomáticas nem comerciais, se acerca de terra, comunicando ao posto Semafórico da Foz, que pretendia entrar em Leixões, com um iate português a reboque. Para o efeito pretendia receber piloto e quando ancorado solicitava a presença da Polícia Marítima. Chegou ao porto por volta do meio-dia, entrou e ancorou. Foi assim que aconteceu a 1ª visita dum navio soviético a Leixões. Apresentemos agora os intervenientes :

O iate “ Famalicão III “
1922 – 1930
Armador : Brandão & Cª., Famalicão

O "Famalicão 3º" em Leixões
Foto do jornal Comércio do Porto

Nº Oficial : B-171 > Iic.: H.F.A.M. > Porto de registo : Porto
Cttor.: Soc. Construções e Pesca, Lda., lançado 30.03.1922
Tonelagens : Tab 133,94 to > Tal 100,79 to
Comprimentos : Pp 36,01 mt > Boca 7,04 mt > Pontal 3,12 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Equipagem : 7 tripulantes
Mestres embarcados : João Campos Pereira (1922 e 1923), António O. da Velha (1924 até 1927) e Francisco da Silva (1929)
Depois de ter efectuado provas de mar, este navio partiu em Abril de 1922 para a Terra Nova, na sua 1ª campanha à pesca do bacalhau, que repetiria durante os três anos seguintes. Integrou posteriormente a frota de serviço comercial, efectuando viagens entre o Continente e as ilhas Adjacentes. Já com registo em Viana do Castelo, naufragou na posição 41º00’N 09º22’W, sob violento temporal, em 22 de Abril de 1930.

O navio tanque “ Neftesyndicat S.S.S.R. “
1928 – 1934
Armador : Sovtorgflot, Tuapse, Russia

O "Neftesyndicat S.S.S.R." em Leixões
Foto do jornal Comércio do Porto

Nº Oficial : -?- > Iic : W.B.Q.P. > Porto de registo : Tuapse
Cttor.: Chantiers Navals Français, Caen, França, 1928
Tonelagens : Tab 8.228,00 to > Tal 4.184,00 to
Comprimentos : Pp 138,81 mt > Boca 12,34 mt > Pontal 10,97 mt
Máq.: Cie Méc. St. Denis, Caen, 1928 > 1 :Di > 776 Nhp > 11 m/h
Equipagem : -?- tripulantes
Sem rasto após 1934

quinta-feira, 5 de março de 2009

Com honra se vive, pela honra se morre...


O encalhe do vapor “Arrábida “
1910 - 1914

O "Arrábida" na praia da Junqueira
imagem (c) colecção fsc

Armador : Empreza Portuense de Pescarias, Lda., Porto
Nº Oficial : -?- > Iic.: -?- > Porto de registo : Porto
Construtor : -?-, North Shields, Inglaterra, 1902
ex “King Edward”, -?-, Cardiff, Inglaterra, 1902-1910
Tonelagens : Tab 203,00 to > Tal 57,00 to
Equipagem : 13 tripulantes
Capitães embarcados : João da Rocha (1912) e Manuel de Oliveira da Velha (1913 e 1914)

O naufrágio em 21 de Março de 1914
Ao começo da noite encalhou na Ponta da Rana, à entrada da barra de Lisboa, o vapor de pesca “Arrábida”, do Sr. Guilherme Puís, da praça do Porto. O navio tinha 13 homens a bordo, que através de sinais luminosos pediram socorro. Da fortaleza foram dados três tiros de peça, em sinal de alarme. Acudiu o salva-vidas de Cascais, que salvou todos os tripulantes, trazendo-os para terra. Pelo que diz a tripulação, relativamente à posição do casco do navio, parece que este se poderá safar. (CP 22.03.1914)
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Devido a um mar muito agitado, este navio encalhou na Praia da Junqueira, entre Carcavelos e a Parede, com uma tripulação de treze homens. Dado o alarme em Cascais, logo saiu o salva-vidas capitaneado pelo patrão Luís da Silva, o “Espanhol”, que consegue abordar o vapor. Obrigou então a tripulação a entrar para o salva-vidas, tendo ainda procurado o capitão, que se encontrava a bordo, de pistola em punho, preparando-se para num acto de desespero pôr fim à vida. Dissuadido das suas intenções, o capitão juntou-se à tripulação no salva-vidas, seguindo este para Paço de Arcos. Também presente no local do sinistro o salva-vidas de Paço de Arcos, os seus serviços foram dispensados. O patrão e tripulação do salva-vidas foram louvados por mais esta dura prova de grande heroísmo. (Náufrágios no litoral Cascalense, 2005)
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Dois dias decorridos sobre o encalhe do vapor “Arrábida”, o navio não mudou de posição, conservando-se com a proa ao norte, muito adornado a bombordo e metido por terra dentro. No local do encalhe esteve o rebocador “Cabo da Roca”, para encetar os trabalhos do seu salvamento, mas teve de retroceder, por soprar nortada forte e o cachão a isso impossibilitar. O navio que continua abandonado pela tripulação, considera-se perdido se o mar não amainar, ou se não se apressarem os trabalhos para retirá-lo daquela situação. Até esta altura, nem o Agente nem o proprietário apareceram a tomar conta dele, encontrando-se apenas a guardar o navio a guarda-fiscal. Ao local do encalhe tem afluído muita gente. (CP 24.03.1914)
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Os treze náufragos do vapor “Arrábida”, encalhado na Ponta da Rana, foram apresentar-se ao Instituto de Socorros a Náufragos para pedir auxílio, pois perderam todos os seus haveres. (CP 24.03.1914)

quarta-feira, 4 de março de 2009

O lugre-escuna " Cecília "


O " Cecília "
1917 - 1918
A.J. Gonçalves de Moraes, Lda., Porto

O "Cecília" no rio Douro
foto de autor desconhecido - minha colecção

Nº Oficial : A-194 > Iic.: H.C.E.L. > Registo : Porto
Construtor : Doughty & Kapela, Filadélfia, E.U.A., 1882
ex "Samuel B. Vrooman", J.R. Bateman, Filadélfia, 1882-1889
ex "Samuel B. Vrooman", G.W. Smith, Filadélfia, 1889-1896
ex "Edward G. Hight", G.R. Heffner, Baltimore, 1897-1909
ex "Edward G. Hight", F.A. Thompson, Tampa, Flr., 1909-1916
ex "Amora", A.J. Gonçalves de Moraes, Porto, 1917-1917
Tonelagens : Tab 499,71 to > Tal 423,49 to
Comprimentos : Pp 43,80 mt > Boca 10,20 mt > Pontal 4,72 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Equipagem : 10 tripulantes
Vendido a armador de Lisboa no decorrer do ano de 1918.

terça-feira, 3 de março de 2009

Navegar é preciso, viver não é preciso...


O lugre “ Rio Cávado “
1918 – 1918

O "Rio Cávado" no estaleiro em Fão
foto / postal da minha colecção

Este navio foi construído no estaleiro de Fão, por José de Azevedo Linhares. Por ter ficado preso na carreira durante o seu 1º bota-abaixo, a 11 de Junho, foi atrasado o lançamento à água para o dia 15 de Julho de 1918. Destinou-se a uma sociedade armadora do Porto, encabeçada por João de Barros. Tinha uma tonelagem de arqueação liquida de 277 toneladas. De curta existência pouco ou quase nada navegou. Na primeira e última viagem em derrota para Bristol, Inglaterra, com um carregamento de vinho do Porto, foi afundado por um submarino Alemão, com 13 tiros de canhão. O ataque aconteceu pelas 6 horas da manhã do dia 2 de Outubro de 1918, quando se encontrava a 290 milhas NW do Cabo Prior. Os 5 tripulantes salvaram-se recorrendo à baleeira do navio, aportando à cidade do Ferrol, no norte de Espanha, onde chegaram famintos, quase nús mas felizmente vivos. Desta vez navegar não foi preciso, fundamental foi sobreviver a qualquer custo.