sábado, 30 de novembro de 2013

História trágico-marítima (XCVI)


A explosão a bordo do vapor "Reinbeck"

Sinistro marítimo
Acerca do sinistro ocorrido a bordo do vapor alemão “Reinbeck”, em 12 de Abril, são já conhecidos os seguintes pormenores: o vapor viajava de Newport para Constantinopla, transportando um carregamento de carvão à ordem. Mede 977 metros cúbicos e é novo, pois foi construído apenas há dois meses, sendo esta a primeira viagem que realizava.
Deu-se uma explosão a bordo há dois dias, com a seguinte origem: O primeiro piloto desceu ao paiol dos mantimentos, que é situado na popa e por baixo do qual ficava um dos porões, cheio de carvão até à escotilha. Por um motivo qualquer acendera um fosforo, resultando de imediato uma explosão no «grisou», que costuma desenvolver-se no carvão, e que penetrando pelas fendas se espalhara pelo paiol.
O infeliz piloto morreu instantaneamente e dois marinheiros que estavam no convés ficaram feridos, um gravemente no rosto e nas mãos, e o outro levemente contuso nos braços. Por efeito da explosão ficaram destruídos, voando em estilhas, os paióis da popa e o convés, bem como os mantimentos, havendo igualmente um rombo no costado acima da linha de flutuação, que alagou logo o navio.
A tripulação correu pressurosa a preparar a bomba, que, apesar de movida a vapor, não conseguia esgotar a água que com o movimento das vagas entrava em grandes quantidades, fazendo demandar o navio cerca de 21 pés. O incêndio provocado pela explosão, felizmente, pode ser debelado.
Foi nesta tristíssima situação que o vapor navegou pelo espaço de 46 horas até à barra do rio Douro, onde encalhou ontem pelas 6 horas da manhã no banco do Cabedelo, colhendo pouco depois a bandeira em sinal de socorro, que lhe foi prontamente fornecido por um dos barcos salva-vidas.
Partiu também para bordo uma catraia, onde embarcaram o capitão e os dois marinheiros feridos. O que apresentava ferimentos mais leves recebeu o necessário curativo na Foz, voltando mais tarde para bordo; o outro infeliz deu entrada no hospital do salva-vidas, e horas depois, acompanhado pelo capitão, foi conduzido ao hospital da Misericórdia, onde se acha para ser tratado.
Como o vapor não tinha consignatário no Porto, o capitão entregou a consignação ao sr. J.H. Andresen, e em seguida contratou o salvamento do vapor com os srs. José de Barros Freire, administrador da Companhia de Reboques Fluviais, e Costa Basto, gerente da parceria do vapor “Victoria”, pela quantia de 700 libras esterlinas. Partiram então os rebocadores “Veloz” e “Victoria” para o lugar do sinistro, mas os seus esforços durante muitas horas não produziram resultado, chegando até cada um destes dois vapores a partir uma amarreta.
Em vista disto, resolveram alijar carga ao mar para aliviar o “Reinbeck” e esperar pela maré da tarde para fazerem novas tentativas com os rebocadores. Efectivamente, foram então mais felizes, conseguindo safar o vapor às 4 horas e meia da tarde, rebocando-o para o norte, onde o deixaram fundeado, em frente a Carreiros, não sendo possível recolhe-lo para dentro da barra, em razão do navio demandar ainda 20 pés de água. Continuaram, portanto, a alijar mais carvão, enquanto que o “Victoria”, entrando a barra, saía daí a pouco em direcção ao vapor, rebocando uma catraia com duas excelentes bombas do sistema «Letestu» (estanca-rios), que o sr. Andresen mandara buscar à Companhia Aliança (Fundição de Massarelos).
Às 6 horas da tarde o “Victoria” entrava novamente, e por ordem do sr. Andresen e do capitão veio até ao sítio dos banhos, a fim de rebocar duas barcas, para nelas se recolher durante a noite a descarga que pudesse ser feita. Os trabalhadores, a bordo, porém, parece que estavam bastante fatigados, e como a descarga por este modo se tornava difícil, resolveram que ela tivesse lugar hoje de manhã, partindo então para ali as referidas barcas.
Há toda a esperança de que com o auxílio das bombas e aliviando-se o vapor um pouco mais de carga, ele possa entrar na maré de hoje. O “Veloz” entrou também a barra às 6 horas e meia, fundeando no ancoradouro. Segundo consta, o cadáver do primeiro piloto veio ontem para terra num caixão.
(In jornal “Comércio do Porto”, sexta, 13 de Abril de 1883)

Identificação do navio
Vapor alemão “Reinbeck” - 1883-1897
Armador: Lange Bros, Hamburgo
Construtor: Stettiner Vulkan, Stettin, 1883
Arqueação: Tab 1.468,00 tons
O navio afundou-se por motivo de colisão ao largo dos Dardanelles, em 30 de Junho de 1897.

O vapor “Reinbeck”
Acha-se já ancorado no rio Douro, onde fundeou ontem pelas 7 horas da tarde, o vapor alemão “Reinbeck” que ante-ontem de manhã encalhou no banco do Cabedelo. Durante a noite de ante-ontem para ontem, um grande número de trabalhadores que estavam a bordo ocuparam-se no esgoto do vapor com as duas bombas do sistema «Letestu» enviadas pelo gerente da Companhia Aliança, e com a bomba de bordo a trabalhar a vapor.
Ontem de manhã, reconhecida a impossibilidade de levar a bordo barcas para a descarga, a fim de o vapor ser aliviado, que a esse tempo ainda demandava 19 pés de água, decidiram-se por alijar carga ao mar, tanta quanta se tornasse necessária para que o vapor pudesse entrar a barra. Ocuparam-se, pois, o dia nesta faina, podendo calcular-se em mais de 500 toneladas a quantidade de carvão que foi lançada ao mar.
Os rebocadores “Veloz” e “Victoria” conservaram-se durante o dia na Cantareira, indo várias vezes a bordo do “Reinbeck” levar e receber ordens. Pouco depois das 4 horas saiu o “Victoria” para verificar a água que o vapor demandava, e voltou à Cantareira às 4 horas e cinquenta minutos, trazendo a notícia que o navio estava em cerca de 17 pés. Em vista disto os rebocadores saíram novamente com ordem de conduzir o vapor para dentro da barra; e às 6 horas e um quarto entrava finalmente na barra do rio, rebocado pelo “Veloz”, vindo um pouco atrás o “Victoria”, para prestar qualquer auxílio que porventura fosse necessário.
O reboque dado ao “Reinbeck” pelo “Veloz” serviu-lhe de poderoso auxílio quando o vapor entrava o canal da barra, pois que se não fosse aquele rebocador, o “Reinbeck”, em razão do seu grande comprimento, não podia dar a volta tão rápida como se tornava necessário, e infalivelmente caíria sobre as pedras, de onde seria difícil arrancá-lo. Felizmente o “Veloz” dando grande força à máquina para esticar a amarreta, e encostando ao sul o mais que lhe foi possível, obrigou o vapor a dar a volta rapidamente, seguindo depois sem novidade.
O “Reinbeck” está seguro na Reunião de Seguradores de Hamburgo, de que é comissário de avarias no Porto o sr. J.W. Burmester, em quantia superior a 20.000 libras esterlinas. A carga não se sabe por ora onde estava segura.
Hoje o casco do navio deve ser vistoriado, para se avaliarem as avarias. Segundo consta, o resto da carga será vendida no Porto, seguindo o vapor em lastro, depois de receber os reparos indispensáveis.
O cadáver do desditoso piloto do vapor, falecido por efeito da explosão, foi dado ontem à sepultura no cemitério protestante.
(In jornal “Comércio do Porto”, sábado, 14 de Abril de 1883)

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

História trágico-marítima (XCV)


O naufrágio do caíque " Resolvido "

Sinistro marítimo
Ontem, (29.03.1883) cerca das 4 horas da tarde, na ocasião em que vinha a entrar a barra o caíque “Resolvido”, procedente da Figueira em 1 dia de viagem, com carregamento de pedra de cal, partiu-se-lhe a verga do traquete por efeito do vento SO (leia-se sudoeste) fortíssimo que então soprava. Um quarto de hora depois o barco encalhava nas proximidades do Castelo da Foz, sendo salva a tripulação, composta de 5 homens, por meio de um cabo, a qual foi recolhida no hospital do salva-vidas.
O caíque, de que era consignatário no Porto o sr. J.J. de Miranda, e que pertencia à praça da Figueira, julga-se completamente perdido, tendo a tripulação corrido grave risco de sucumbir antes e no momento do naufrágio.
(In jornal “Comércio do Porto”, sexta, 30 de Março de 1883)

Identificação do caíque
Não consta na lista de navios portugueses de 1882.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

História trágico-marítima (XCIV)


O naufrágio do iate " Novo Feliz "

Por informação do cônsul de Portugal em Gibraltar, datada de 21 de Março corrente, consta haver ido a pique, no dia anterior (20.03.1883), próximo daquela praça, o iate português “Novo Feliz”, de Setúbal, propriedade de António Maria Sales e outros, tendo-se salvo a tripulação.
(In jornal “Comércio do Porto”, sábado, 31 de Março de 1883)

Identificação do navio
Armador: António Maria Sales e outros, Setúbal
Nº Oficial: N/tem - Iic.: H.D.M.P. - Registo: S. Martinho do Porto
Arqueação: 91,537 m3
Propulsão: À vela

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

História trágico-marítima (XCIII)


O naufrágio do caíque " Harmonia "

Naufragou na quinta-feira (08.03.1883), ao sul da barra do porto da Figueira da Foz, na praia fronteira aos palheiros da Cova, o caíque “Harmonia”, que se destinava a um dos portos do norte, com carga de pedra. Carga e navio perderam-se completamente, salvando-se a custo, na lancha do caíque, a tripulação.

Identificação do caíque
Armador: Manuel Moisés, Cova, Figueira da Foz
Não consta na lista de navios portugueses de 1882

O caíque era propriedade do sr. Manuel Moisés, da Cova, empregado das obras da barra do porto da Figueira. Embarcação e carga não estavam no seguro.
Informam que o naufrágio não fora presenciado por pessoa alguma e que não havia na praia do sul um único guarda aduaneiro, por estarem todos em serviço nos postos (!) estabelecidos para a fiscalização do sal.
Ora, assim como a carga transportada era de pouca importância, se se desse o caso de ser valiosa, quem daria comunicação à alfândega, quem deveria fiscalizar, e em caso de necessidade, prestar os necessários socorros aos náufragos?
(In jornal “Comércio do Porto”, terça, 13 de Março de 1883)

domingo, 24 de novembro de 2013

História trágico-marítima (XCII)


O abandono do palhabote “Florinda”

O cônsul de Portugal em Málaga comunicou ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, que entrou no dia 22 do corrente, à noite, naquele porto, rebocado pelo vapor de pesca espanhol “Galícia”, o palhabote português, denominado “Florinda”, que o referido vapor encontrou abandonado na costa de Marrocos, em frente da cidade de Casablanca.
Diz essa comunicação, que esse palhabote lhe consta pertencer a um armador do Porto. A tripulação desse barco, já regressou há dias às terras das suas residências, nos concelhos do distrito de Viana do Castelo.
(In jornal “Comércio do Porto”, quarta, 30 de Dezembro de 1925)

Identificação do iate português “Florinda”
Armador: Soc. Pesca Florinda, Figueira da Foz (1906-1925)
Nº Oficial: A-279 - Iic.: H.K.M.G. - Registo: Figueira da Foz
Construtor: Desconhecido, Vila do Conde, 1893
ex “Florinda”, José Correia dos Santos, Porto (1893-1906)
Arqueação: Tab 112,84 tons - Tal 88,21 tons
Dimensões: Pp 28,64 mts - Boca 7,13 mts - Pontal 2,80 mts
Propulsão: À vela

Nota: Este iate foi abandonado pela tripulação, ao largo de Gibraltar, em Dezembro de 1925, por ser considerado inavegável, quando se encontrava sob o comando do mestre António Cadilha (1924-1925). Inicialmente, no período em que esteve matriculado na praça do Porto, foi posto ao serviço do comércio, no tráfego de pequena cabotagem. Após ter sido adquirido pela Soc. de Pesca Florinda, efectuou dez campanhas à pesca do bacalhau, sob o comando dos capitães José Tomás Rosa (1907-1915) e João de Oliveira (1916). Posteriormente, regressou ao serviço de pequena cabotagem, em 1917, sob o comando dos capitães Luís Francisco Capote (1917 e 1918), Paulo Fernandes Bagão (1919) e Luís Simões Chuva (1923).

sábado, 23 de novembro de 2013

História trágico-marítima (XCI)


O naufrágio do vapor "Duque do Porto"


Vapor “Duque do Porto”
Não é conhecido até esta hora (meio dia) qualquer pormenor sobre o naufrágio do vapor “Duque do Porto”, nas alturas de Peniche. Esperava-se que através da correspondência vinda da capital haveria algumas informações sobre tão lamentável acontecimento, mas como estão em falta nada há a acrescentar.
Procura-se indagar detalhes do sinistro pela cidade, porém, algumas pessoas que receberam cartas de Lisboa, dizem que elas ainda nada adiantam. É pois provável que na capital à saída do correio também ainda não houvesse pormenores sobre o naufrágio, que teve lugar na manhã desta terça-feira.
(In jornal “Comércio do Porto”, quarta, 28 de Julho de 1859)

Vapor “Duque do Porto”
Lisboa, 27 – Perdeu-se o vapor “Duque do Porto”. Até esta hora, 3 da tarde, não consta na agência mais do que o seguinte:
Uma parte telegráfica dirigida da estação das Caldas da Rainha ao director da alfândega grande, recebida ontem à tarde, noticia a perda do referido navio, acontecida no mesmo dia de ontem, pelas 6 horas da manhã, próximo a Peniche.
Um ofício ao inspector do Arsenal de Marinha, confirma aquela notícia, acrescentando que apenas perecera um moço. Os demais tripulantes e todos os passageiros salvaram-se, havendo esperança de que também se salve a carga e uma grande parte dos objectos do navio, em consequência do sinistro ter acontecido perto da praia e o mar estar bom.
Esperam-se hoje mais informações minuciosas, sendo para admirar que até esta hora não tenham chegado, quando o sinistro se deu a tão pequena distancia!
(In jornal “Comércio do Porto”, sexta, 29 de Julho de 1859)

Vapor “Duque do Porto”
Ontem à noite foi recebida na cidade uma participação telegráfica do capitão do porto de Peniche, sobre o naufrágio do vapor “Duque do Porto”, na qual diz que aquele navio encalhara ali em cima de umas pedras, mas como em seguida a essas pedras havia uma praia, esperavam poder salvar a carga e todos os utensílios do vapor.
(In jornal “Comércio do Porto”, sexta, 29 de Julho de 1859)

Vapor “Duque do Porto”
Consta que o vapor “Duque do Porto” não encalhara por acaso, mas que a isso fôra obrigado por necessidade, porque começando nas alturas de Peniche a fazer água na proa, em tal quantidade que foi reconhecida a impossibilidade de esgotá-la com as bombas, pelo que resolveram encalhá-lo próximo daquele porto, salvando-se todos os passageiros e a tripulação, e só morrera um moço por se ter lançado intempestivamente ao mar. No acto da varação, partiu-se o casco e por isso este não poderá ser salvo. Há já notícia de terem salvado parte da carga, mas bastante avariada.
(In jornal “Comércio do Porto”, sábado, 30 de Julho de 1859)

Post-scriptum
Até esta hora (5 da tarde) não chegou à agência do “Duque do Porto” nenhuma notícia além do que foi anteriormente transmitido. Parece incrível, mas é verdade, o capitão do vapor ainda não fez participação alguma aos srs. Chambica & Gonçalves.
(In jornal “Comércio do Porto”, sábado, 30 de Julho de 1859)

Vapor “Duque do Porto”
Já há hoje alguns pormenores acerca do naufrágio do vapor “Duque do Porto”, que passamos a informar, segundo uma carta que foi lida:
O vapor navegava com a proa a S.S.O. (leia-se sul-sudoeste) estando um nevoeiro fortíssimo, e quando calculavam que já estivessem fora das Berlengas, foi visto pela proa a ponta mais saída de Peniche. O capitão julgando que era o Farilhão, que é semelhante, mandou orçar, mas vendo o mar a rebentar pela proa, mandou logo recuar. Nesta ocasião o vapor foi de encontro a uma pedra que estava no meio da enseada, e quebrou-se-lhe o cadastre, a quilha e a popa; perdeu o leme e a máquina parou ficando entalado o hélice.
Os marinheiros saltaram no salva-vidas e puseram-se em terra, sem tratarem da salvação dos passageiros, o que sendo verdade, é muito censurável. Com este procedimento contrasta o do capitão, piloto e dois engenheiros que se portaram duma maneira condigna conservando-se a bordo até que os passageiros fossem salvos, e ao meio-dia todos estavam em terra, à excepção de um que pereceu neste naufrágio. O sr. major João José Barreto França ficou maltratado.
O vapor ficou entalado entre grandes pedras enchendo-se de água na preia-mar. Diz a referida carta que dificilmente poderão salvar o casco, não obstante todos os esforços que tem sido feitos para isso. Consta que parte da carga já chegara a Lisboa.
(In jornal “Comércio do Porto”, segunda, 1 de Agosto de 1859)

Vapor “Duque do Porto”
Chegou a notícia de ter sido recebida ontem a participação telegráfica, de que o mar desfizera o vapor “Duque do Porto”, ficando assim destruídas algumas esperanças que ainda havia de se salvar o casco.
(In jornal “Comércio do Porto”, terça, 2 de Agosto de 1859)

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Faróis


Novidades do passado

Por portaria de 7 de Julho último foi determinado que se escolha o local proposto pela comissão de faróis e balizas para a construção de um farol em Aveiro, cuja torre deverá ter 55 metros de altura desde a respectiva base até à plataforma da lanterna, e que a direcção geral dos correios, telégrafos e faróis elabore o projecto e orçamento do referido farol, por modo que permita o estabelecimento de um posto meteorológico e de um semáforo.

Imagem do farol de Aveiro (Ílhavo) - Postal ilustrado

Farol de Aveiro (Long 40º38’29” Lat 8º44’48”)
Situado perto da barra do rio Vouga, na margem esquerda. Torre circular, de alvenaria, às faixas horizontais brancas e vermelhas. Elevando-se do centro de um edifício de dois pavimentos, tem um alcance luminoso de pelo menos 28 milhas. Terminada a construção e inaugurado em 1893.

O «Diário do Governo» publica também um mapa da distribuição da verba consignada no orçamento, com destino à construção de faróis e balizas. Essa verba é de 220:000$000, destinando-se 122:090$000 réis para o alumiamento da costa marítima do continente; 55:193$200 réis para alumiamento de portos e barras do continente; 39:300$000 réis para alumiamento das costas e portos do arquipélago dos Açores; 800$000 réis para marcas marítimas e 2:616$800 réis para estudos e despesas imprevistas.

Imagem do farol de Felgueiras - Foto de António Tedim

Farol de Felgueiras, Porto (Long 41º08’41” Lat 8º40’37”)
Situado na testa do molhe de Felgueiras, à entrada da barra do rio Douro. Torre hexagonal de cantaria, com uma elevação de 11,50 metros, visível de 265º a 134º pelo norte. Foi construído e inaugurado em 1886.

No mapa de que se trata compreende-se a construção de um farol no molhe norte de Felgueiras e outro na marca da barra do Porto. Para cada uma dessas construções é destinada a quantia de 690$000 réis.
(In jornal “Comércio do Porto”, Domingo, 5 de Agosto de 1883)

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Farewell!


Um eventual adeus ao paquete “ Saga Ruby “


Nunca tive tanto prazer, como tristeza, em fotografar um navio, tal como aconteceu esta tarde em clima de provável despedida. Como não há palavras que possam descrever o sentir em relação a harmonioso amontoado de aço, só me posso valer das imagens, que retratam o mais elegante navio de cruzeiros, que desde há alguns anos visita o porto de Leixões, com uma apreciável regularidade.


A companhia Saga Cruises, proprietária do navio, vai colocá-lo à venda. Como sempre acontece nestas circunstâncias, fica sempre a esperança de que possa aparecer alguém interessado nele e, nesse sentido, seja ainda possível revê-lo, ao vivo, ou através de imagens, se o futuro destino o mantiver afastado das águas europeias. De outra forma, a já longa existência poderá pô-lo num qualquer estaleiro, dos vários que proliferam no leste asiático, entregue aos insensíveis maçaricos cortadores de metal.
Está cada vez mais próximo o fim dos paquetes, daqueles navios construídos com paixão e afetos, pensados com a finalidade de transportar passageiros, famílias que se deslocaram à procura de novas formas de vida em locais distantes do seu meio ambiente, do seu país natal, e inclusivamente dos seus familiares, saudosos dos entes outrora emigrados.


Este e outros navios que fizeram história na marinha de comércio tendem a desaparecer muito rapidamente e por essa razão ficam esquecidos, exigência da construção naval moderna, cuja indústria teima em progredir, inovar, melhorar e aumentar sempre, cada vez mais, o tamanho de novos navios, luxuosamente decorados e com a oferta de viagens de sonho, naqueles locais onde o sol e o calor prometem ser o eterno elixir da juventude.
Mas, simultaneamente perde-se o mais importante, que era a extraordinária capacidade de se conseguir socializar e criar novas amizades, afinal a continuação de uma nova família, descoberta e continuada por muitos anos, fora de portas.


Fiquemos pois a aguardar para saber que futuro vai ter o navio. Resta desejar-lhe sorte e boas viagens por mares bonançosos, e um até sempre, independentemente do que ainda possa vir a acontecer.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

História trágico-marítima (XC)


O naufrágio do iate “ Bussaco “
Continuam a assinalar-se por lamentáveis as ocorrências marítimas por efeito do temporal que tem pairado sobre o litoral norte do país.
Ontem (01.02.1883), ao fim da tarde, vindo com a bandeira colhida, deu à costa na restinga do Cabedelo o iate “Bussaco”, que encalhou exactamente no ponto onde há dias esteve encalhado o vapor “Rio Douro”. A causa deste sinistro foi o iate não poder arrostar com o temporal, estando o mar cavadíssimo, com vento de sudoeste a soprar com grande violência.
Segundo informação do sr. Visconde de Moser, em virtude da participação telegráfica que teve da Foz, a tripulação, composta de 7 homens, salvou-se inteiramente, ainda que a custo. Os náufragos foram recolhidos pelo barco salva-vidas e depois de desembarcarem na Cantareira, foram recolhidos no Hospital Humanitário. O casco considera-se perdido.
O “Bussaco” era propriedade dos srs. Manuel dos Santos Vitorino e Joaquim Gomes da Silva Rodrigues. Vinha de Aveiro, por Vigo, com carregamento de sal e vários objectos salvados do naufragado vapor inglês “Kate Forster”.
O casco e a carga estão seguros na Companhia Lealdade e outras.
(In jornal “Comércio do Porto”, de 2 de Fevereiro de 1883)

Identificação do navio
Armador: Manuel dos Santos Vitorino e Joaquim Gomes da Silva Rodrigues, Porto
Nº Oficial: N/t - Iic.: H.C.L.R. – Porto de registo: Porto
Construtor: Desconhecido, Vila do Conde, 1875
Arqueação: 84,872 m3
Propulsão: À vela

O naufrágio do iate “ Bussaco “
De ante-ontem para ontem o iate “Bussaco”, que encalhou no Cabedelo, conservou-se direito, não se sabendo se tinha água aberta. Ontem, porém, cerca das 8 horas da manhã, impelido pelo ímpeto da corrente, safou do lugar onde havia encalhado e foi barra fora à garra, com os ferros no fundo, ficando bem depressa com a borda de bombordo destruída. Pouco depois despedaçava-se inteiramente.
(In jornal “Comércio do Porto”, sábado, 3 de Fevereiro de 1883)

O serviço do salva-vidas
Do sr. Abel Coutinho, o corajoso salvador da tripulação do iate “Grande Baptista”, há dias naufragado próximo de Carreiros, recebemos uma carta que a seguir publicamos, na qual se denuncia um facto que merece realmente ser considerado pela benemérita corporação que se acha à testa dos serviços de salvamento na barra do rio Douro.
Segundo refere essa carta, há por vezes bastante demora em preparar o salva-vidas, tornando-se assim moroso o socorro que ele deve prestar. Com a tripulação do iate “Bussaco”, nem os seus serviços puderam aproveitar-se, pois os náufragos foram trazidos para terra por uma lancha de bordo. Fazendo a publicação da carta, fica a certeza que a sua leitura despertará a atenção de quem compete para o assunto de que se trata:
«Sr. redactor – Como esclarecimento à notícia dada nas páginas de 2 do corrente, com relação ao naufrágio do iate “Bussaco”, e para evitar de futuro a repetição do facto que sucedeu com o salvamento da tripulação desse barco, peço-lhe que chame a atenção de quem compete para a morosidade com que em ocasiões de sinistro na barra é feito o serviço do salva-vidas.
Com a tripulação do iate “Bussaco” deu-se essa morosidade, pois que, além do longo tempo que demorou a preparar o barco salva-vidas, a referida tripulação teve de vir para terra na lancha do iate, quando aquele barco podia ainda de dia ter-se aproximado da embarcação.
Além disso, como tivessem ficado a bordo dois homens, que não puderam vir na lancha, teve esta de voltar para ir lá buscá-los, quando esse serviço devia competir ao salva-vidas, que se achava próximo da referida lancha.
São estes os factos que se deram e que seria para estimar não se repetissem. Devo acrescentar, em obediência à verdade, que as primeiras pessoas que saltaram para o salva-vidas foram o srs. Joaquim Bilte, piloto da barra, e António, banheiro, por alcunha o “Bexiga”, os quais da melhor vontade se prestaram a ir em socorro dos náufragos, não podendo infelizmente ser aproveitados os seus serviços.
Vossa senhoria, sr. redactor, prestaria um bom serviço, publicando estes meus esclarecimentos e pedindo em vista deles as providências necessárias.
(a) Abel Coutinho Felgueiras Osório
(In jornal “O Comércio do Porto”, Domingo, 4 de Fevereiro 1883)

Iate “Bussaco”
Foi arrematado ontem no Cabedelo o visto e o não visto da carga e casco do iate “Bussaco”, ultimamente naufragado na barra do rio Douro, produzindo o visto e o não visto do casco a quantia de 25$250 réis e o visto e não visto da carga 10$500 réis. O arrematante foi o sr. António Lopes.
(In jornal “O Comércio do Porto”, terça, 6 de Fevereiro de 1883)

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

História trágico-marítima (LXXXIX)


O naufrágio da barca “ Laura “

Às 10 horas e cinquenta minutos da manhã de ontem apareceu ao norte da barra do rio Douro, a barca portuguesa “Laura”, de 253 metros cúbicos, pertencente à praça do Porto e propriedade do sr. Adrião Joaquim da Rocha. O navio trazia a bandeira colhida e falta de pano, e corria em direcção à barra, acossada pelo mar, que estava agitadíssimo, denunciando tudo isto o perigo iminente em que ele se achava.
O castelo disparou-lhe alguns tiros de peça, aos quais o navio não obedeceu, continuando a demandar a barra, mas era tal o vento de travessia e a braveza do mar, que o arrastou para o banco de areia ao sul do Cabedelo, encalhando ali, com grande perigo de se perder toda a tripulação pela violência do mar, que quebrava naquele sítio com grande valentia.
Do hospital do salva-vidas mandaram imediatamente todos os socorros; foram tripulados dois barcos, saindo logo o “Valente”, comandado pelo seu corajoso patrão o sr. Manuel da Silva Faustino. Este barco atravessou o rio, atracando no areal do Cabedelo; e daí foi levado aos ombros até à praia, de onde seguiu até bordo, com grandíssimas dificuldades, mas conseguindo, enfim, salvar toda a tripulação, que se compunha de 12 homens, entre os quais vinha um com uma perna quebrada pelo terço superior.
Este infeliz gemia com dores, deitado sobre um enxergão, na câmara do navio. Tinha quebrado a perna há cerca de 3 semanas, na ocasião em que ferrando uma das velas do navio, próximo do porto de Portland, caiu do mastro ao convés. Neste porto, onde o navio arribou, fizeram-lhe o competente curativo, vindo, por consequência, ainda doente.
O arrojado patrão do salva-vidas, o sr. Manuel Faustino, condoído da situação do pobre rapaz, tirou-lhe o aparelho que lhe ligava a perna, conduziu-o nos braços até ao convés, e uma vez aqui atirou-o para o barco, onde já se achava o capitão da barca, o sr. Mota, de Matosinhos, que o aparou nos braços.
Entretanto, o digno fiel do hospital do salva-vidas, o sr. Augusto do Nascimento, tendo ido para o Cabedelo com o novo aparelho de foguetes há pouco mandado vir de Inglaterra, dali despediu um para o navio, produzindo o melhor e mais satisfatório resultado. O foguete levou a linha a uma extraordinária distancia e sem perder a direcção, apesar de caminhar contra um vento ponteiro e violentíssimo. Todas as pessoas que presenciaram esta experiência, abençoaram o dinheiro gasto com a sua aquisição.
Neste comenos o barco salva-vidas conduzia para terra os pobres náufragos, quase nus, cheios de fome e molhados até à medula, chegando finalmente à Cantareira ao meio-dia, desembarcando ali entre as saudações, os risos e as lágrimas que lhes eram dirigidos por uma enorme multidão. Durante esta hora de uma ânsia extrema, a digna esposa do sr. Augusto do Nascimento tornava-se credora dos maiores elogios, preparando tudo para o agasalho dos náufragos e para lhes restaurar a vida, se acaso algum deles chegasse com ela aparentemente perdida.
Não se tornou menos digno dos maiores elogios o sr. Visconde de Moser, membro da Comissão do salva-vidas, comparecendo logo na Foz, dando as mais acertadas e enérgicas providencias para que a vida daqueles infelizes não perigasse. A este cavalheiro se deve, em grande parte, o bom andamento de todos os trabalhos.
Muitos particulares ofereceram também os seus serviços, tais como: o sr. J.H. Andresen, que logo compareceu a auxiliar os trabalhos; o sr. Manuel van Zeller, que mandou preparar comida para os náufragos e o sr. D. Francisco da Prelada, que mandou imediatamente uma carruagem para trazer de Rio Tinto o algebrista.
Às duas horas da tarde o navio submergia-se, e às 3 já se lhe não viam os mastros. Já então o mar tinha arrojado à praia bastantes madeiras, cabos e outros utensílios. Estes arrojos do mar eram recebidos por grande número de trabalhadores que se achavam para esse fim no Cabedelo, contratados pelos srs. António Machado e Manuel Gonçalves Lagarinho Júnior, os quais, por contrato prévio feito com o dono do navio, o sr. Adrião da Rocha, se encarregaram de angariar e receber os salvados mediante a comissão de 35 por cento sobre o produto que eles derem.
A barca “Laura” vinha do Havre com um carregamento de gesso consignado aos srs. Tomás Joaquim Dias & Cª. Trazia 36 dias de viagem, e há dias que andava cruzando fora da barra, esperando ocasião de entrada; acossada, porém, pelo temporal, perdeu muito pano e abriu água. Em vista do grande perigo em que se encontrava, demandou algumas barras ao norte do rio Douro, a fim de ver se podia entrar em alguma delas, visto que aqui era impossível aproximar-se. Como não tivesse melhor fortuna, encaminhou-se novamente para o Porto, com o fim de, ou entrar a barra ou encalhar no melhor sitio que se lhe proporcionasse, furtando-se todos por este modo a uma morte certa. Foi então que se deu o sinistro agora mencionado.
Cumpre mencionar também que no acto de ser salva a tripulação, foram igualmente retirados do navio alguns instrumentos náuticos. Parte da tripulação, depois de restaurar as forças, voltou para o Cabedelo; dois dos tripulantes, porém, ficaram no hospital do salva-vidas, por estarem excessivamente fatigados. A todos foi fornecida a roupa necessária.
Logo que tiveram conhecimento do acontecido, os dignos facultativos srs. Navarro e Pinho, correram a prestar todos os socorros, verificando que o marinheiro doente tinha perna novamente desmanchada. Este infeliz chama-se José de Castro Viana, tem 18 anos e é natural de Esposende. Como pelo regulamento da Sociedade Humanitária não podia ser tratado no hospital do salva-vidas, e o quisessem conduzir para o da Misericórdia, o sr. D. Francisco da Prelada não o consentiu, prontificando-se a pagar todas as despesas para que ele fosse curado numa casa da rua de Miragaia, para onde foi conduzido numa maca, requisitada ao comissariado geral da cidade.
A tripulação ficou na maior penúria, pois que nem a própria bagagem pode salvar. O navio estava seguro na Companhia Garantia. Segundo declarou o capitão, estão ao norte e muito perto dois lugres e um brigue inglês, que ele supõe estarem em grande perigo, e arriscados a virem à praia. Em consequência desta declaração tomaram-se providencias para durante a noite se lhes prestar qualquer socorro que seja possível.
O serviço da alfândega é dirigido pelo zeloso empregado daquela casa fiscal, o sr. António Guerreiro Valadas; e o da fiscalização externa pelo fiscal, o sr. António Joaquim de Oliveira. As margens do rio e as praias do norte e sul acham-se vigiadas por guardas apeados.
(In jornal “Comércio do Porto”, quinta, 1 de Fevereiro de 1883)

Identificação do navio
Armador: Adrião da Rocha, Porto
Nº Oficial: n/t - Iic.: H.G.R.K. - Porto de registo: Porto
Construtor: Desconhecido
Arqueação: 253,000 m3
Propulsão: À vela
Capitão embarcado: Mota (1883)
Navio de construção posterior a 1877

O naufrágio da barca “Laura”
Em esclarecimento à notícia publicada no último número, com respeito ao naufrágio da barca “Laura”, foi recebido do sr. Visconde de Moser a carta abaixo transcrita, na qual se confirmam os pontos principais da notícia, elucidando-se o que ficou escrito relativamente ao modo como foi socorrido o náufrago que tinha uma perna fracturada. Quanto a este ponto cumpre dizer que as informações foram recolhidas na Foz e fornecidas por algumas das pessoas que intervieram no socorro prestado aos náufragos. Eia a carta a que aludimos:
«Meu caro redactor:- É tudo muito exacto, quanto se lê no seu jornal de ontem, debaixo da epigrafe «Barca Laura». São bem merecidos os elogios que ali se tecem a vários indivíduos, menos a mim, porque apesar da pequena demora que tive em comparecer no local, depois do sinistro, já estavam dadas as mais acertadas providencias pelo fiel do salva-vidas, nada restando para fazer; e não pode pôr-se em dúvida que, se não fossem os aprestos daquele estabelecimento e a tripulação do navio, poucos ou nenhum talvez tivesse escapado à morte.
Quanto ao infeliz, que vinha já com a perna direita fracturada, não se opunha nenhum regulamento a que fosse ali tratado; sendo, porém, recomendado pelos srs. facultativos que, sem perda de tempo, fosse enviado para o hospital de Santo António, imediatamente requisitei uma maca, própria para a sua condução para a cidade. Posteriormente, sendo bem conhecida a perícia do algebrista de Rio Tinto, o sr. D. Francisco (da Prelada), o sr. Manuel van-Zeller, e talvez mais alguém, apresentaram que seria preferível entregar o enfermo ao seu cuidado.
Tanto o meu colega, o sr. Andresen, como eu, concordamos nesse alvitre, e o sr. D. Francisco com louvável zelo mandou um carro a Rio Tinto, para imediatamente o conduzir para o hospital do salva-vidas. Visto aqueles que de imediato se interessaram por aquele rapaz, quererem que ele fosse tratado em sua casa, em Miragaia, o algebrista disse que era preferível fazê-lo transportar para lá numa maca, para ser endireitada ou encanada a perna na casa em que tinha de ficar e assim se resolveu.
Restabelecendo por esta forma a exactidão dos factos, sou de V.Exa., etc, (a) Visconde de Moser, Porto, 1 de Fevereiro de 1883
(In jornal “Comércio do Porto”, sexta, 2 de Fevereiro de 1883)

O naufrágio da barca “Laura”
A barca “Laura”, naufragada ante-ontem no Cabedelo, estava segura em 5:000$000 réis na Companhia Garantia. O carregamento deste navio consistia em gesso, tinha o valor declarado no manifesto de 3:500 francos e estava seguro numa companhia estrangeira.
(In jornal “Comércio do Porto”, sexta, 2 de Fevereiro de 1883)

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

História trágico-marítima (LXXXVIII)


O naufrágio dos iates “Santo António”, “Ressuscitado” e “Preceito”

Segundo notícias publicadas no jornal «Faro de Vigo», perderam-se naquele porto, na noite de terça-feira passada, dia 30 de Janeiro, em consequência do temporal, os seguintes iates portugueses: O iate “Santo António”, carregado com vinho, destinado àquela cidade, o qual foi de encontro às pedras do Espinheiro; e os iates “Resuscitado” (deve ler-se “Ressuscitado”) e “Perfeito" (deve ler-se “Preceito”), que, faltando-lhe as amarras, deram à costa em Guixar, posto não fosse em condições tão funestas como o primeiro.
(In jornal “Comércio do Porto”, quinta, 1 de Fevereiro de 1883)

Identificação dos navios
Iate “Santo António”
Nº Oficial: N/t - Iic.: H.G.P.W. - Registo: S. Martinho do Porto
Construtor: Manuel Dias dos Santos Borda, Fão, 1879
Arqueação: 76,762 m3
Propulsão: À vela
Este iate corresponde a uma encomenda efectuada por Luís Nunes dos Santos e outros, de Esposende. O seu mestre era o referido proprietário, tendo os 5 elementos da equipagem origem em Fão. Saíram de Esposende em Setembro de 1879.
In (Felgueiras, José Eduardo de Sousa, Sete séculos no mar XIV a XX; A construção de embarcações , Vol.II, 2010)

Iate “Resuscitado” (deve ler-se “Ressuscitado”)
Nº Oficial: N/t - Iic.: H.D.W.Q. - Porto de registo: Porto
Construtor: Luís José da Silva Maciel, Fão, 16.08.1872
Arqueação: 70,776 m3
Dimensões: Pp 19,30 mts - Boca 5,40 mts - Pontal 2,20 mts
Propulsão: À vela
Este iate foi construído no estaleiro do Cais, em Fão e corresponde a uma encomenda efectuada por João Fernandes Mano, de Ílhavo. O seu mestre era o referido proprietário. Noutro registo idêntico, datado de 23 de Agosto de 1877, este navio passou a ter 21,27 metros de comprimento, em consequência de reparações efectuadas a bordo.
In (Felgueiras, José Eduardo de Sousa, Sete séculos no mar XIV a XX; A construção de embarcações , Vol.II, 2010)

Iate “Perfeito” (deve ler-se “Preceito”)
Nº Oficial: N/t - Iic.: H.C.F.L. - Porto de registo: Porto
ex iate “Fé” - Iic.: H.C.F.L. - Porto de registo: Porto
Arqueação: 78,940 m3
Propulsão: À vela
Construção anterior a 1870

Naufrágios em Vigo
Segundo as últimas notícias chegadas de Vigo, estão a tratar de salvar as pipas de vinho que constituíam o carregamento do iate “Santo António”, que ali bateu numas pedras, que bordam parte do Monte da Guia. Essa operação estava a ser facilitada pelo estado tranquilo do mar e pela proximidade a que o navio estava da costa.
Havia muitas esperanças de salvar os cascos dos iates "Ressuscitado” e “Perfeito”, encalhados próximo de Guixar, porém os carregamentos de sal consideram-se completamente perdidos.
O comentário que corre apreciando as causas dos sinistros marítimos, que ultimamente ocorreram naquele porto, diz que eles foram devidos em primeiro lugar à má qualidade das amarras usadas pelos três iates portugueses que deram à costa, sendo, porém, indubitável que muito contribuiu também a falta de um bom vapor guarda-costas, que poderia prestar auxílio a esses navios, fornecendo-lhes cabos ou rebocando-os no momento do perigo.
(In jornal “Comércio do Porto”, sexta, 2 de Fevereiro de 1883)

Iates naufragados
O despachante sediado no Porto, sr. João José de Miranda recebeu ontem de Vigo um telegrama participando-lhe que estavam salvos os aparelhos dos iates “Resuscitado” (deve ler-se “Ressuscitado”) e “Perfeito” (deve ler-se “Preceito”), que se encontram encalhados naquele porto.
Aquele senhor dirigiu ao capitão de um dos iates um telegrama ordenando-lhe que salvasse das embarcações tudo quanto pudesse. Parece que os cascos ficaram em muito mau estado.
(In jornal “Comércio do Porto”, Domingo, 4 de Fevereiro 1883)

Arrematação de salvados
Realizou-se ante-ontem, no consulado português em Vigo, a arrematação dos iates “Resuscitado” (deve ler-se “Ressuscitado”) e “Preceito”, que ali encalharam na noite de 20 de Janeiro findo, em consequência de se lhes ter partido as amarras, por motivo de forte temporal.
(In jornal “Comércio do Porto”, sábado, 10 de Fevereiro, 1883)

Arrematação de salvados
Realizou-se na quinta-feira, dia 8, à tarde, em Vigo, perante o Cônsul português naquela cidade, a arrematação dos iates “Resuscitado” (deve ler-se “Ressuscitado”) e “Preceito”, que ultimamente ali encalharam. Foram adjudicados por 1.200 pesetas (216$000 réis), cada um, ao sr. Canoa, daquela cidade.
Ontem devia ter sido arrematado, perante a mesma autoridade consular, o casco e mastros do iate “Santo António”, que naufragou ali, indo de encontro às pedras do Espiñeiro.
(In jornal “Comércio do Porto”, Domingo, 11 de Fevereiro, 1883)

Arrematação de salvados
Teve lugar no sábado passado, perante o cônsul português em Vigo, a arrematação do casco, mastros e lancha do iate “Santo António”, ali naufragado no dia 30 de Janeiro. Aqueles objectos foram adjudicados ao sr. D. Camilo Lago, por 105 pesetas (18$900 réis).
(In jornal “Comércio do Porto”, terça, 15 de Fevereiro de 1883)

terça-feira, 5 de novembro de 2013

História trágico-marítima (XXXIX)


O encalhe do vapor " Rio Douro ", na barra do Porto

Entrou ante-ontem a barra e acha-se fundeado defronte da alfândega, o novo vapor “Rio Douro”, ultimamente adquirido pela companhia Thétis. O referido barco reúne as qualidades essenciais de boa marcha e elegância, tendo capacidade superior a 1.000 toneladas. Destina-se à navegação entre o rio Douro e os portos de Lisboa, Havre e Antuérpia. A aquisição deste novo vapor foi importante para a companhia, pois habilita-a a dar maior desenvolvimento às suas operações.
(In jornal “Comércio do Porto”, terça-feira, 2 de Março de 1875)


Identificação do navio Vapor “ Rio Douro”
1875 - 1884
Armador: Comp. Portuguesa de Transportes Marítimos “Thétis”

Nº Oficial: N/ tem - Iic.: H.F.C.L. - Porto de registo: Porto
Consttor: J. Brown & Simpson & Co., Dundee, Escócia, 08.1871
ex “Ravensdowne”, Newcomb & Thomson, Londres, 1871-1875
Arqueação: Tab 699,00 tons - Tal 450,00 tons
Dimensões: Pp 57,30 mts - Boca 8,17 mts - Pontal 4,51 mts
Propulsão: J. Brown & Simpson & Co. - 1:Cp - 80 Nhp
dp “Saint Jacques”, G. Leroy & Cie., Le Havre, 1884-1886
dp “Saint Jacques”, Soc. Navale de l’Ouest, Havre, 1886-1888
dp “Saint Jacques”, Naveg. a Vapeur, Marselha, 1888-1889
Naufragou por encalhe no Cabo Couronne, em viagem de S/fax para Sete, com carga de fosfatos em 17 de Novembro de 1889. Foi depois desencalhado e mandado demolir.

Sinistro marítimo
Ontem, depois do meio-dia, quando o vapor “Rio Douro” vinha a entrar a barra, desgovernou e encalhou na restinga do Cabedelo. Acorreram logo em socorro do navio o barco salva-vidas e os rebocadores “Veloz” e “Victória”, chegando este último a lançar uma amarreta ao “Rio Douro”, porém, com o impulso dado pelo rebocador essa amarreta rebentou, sem conseguir, infelizmente, safar o vapor encalhado. O “Veloz” ainda se aproximou, mas não chegou a lançar qualquer amarreta, devido ao mau êxito que a primeira tentativa tivera.
A tripulação abandonou em seguida o “Rio Douro” e veio para terra no barco salva-vidas. Pouco depois atracava uma catraia ao vapor para transportar a bagagem dos tripulantes.
Havia esperança de safar o navio na maré da noite, se os rebocadores conseguissem desenvolver o esforço suficiente. O vapor “Rio Douro” é propriedade da Companhia Thétis; vinha de Antuérpia, com 7 dias de viagem e trazia um carregamento de fazendas consignado àquela companhia.
(In jornal “Comércio do Porto”, segunda, 22 de Janeiro de 1883)

Naufrágio do vapor “Rio Douro”
Até ontem à noite continuava na mesma posição o casco do vapor “Rio Douro”, que encalhou ante-ontem próximo do Cabedelo, na ocasião em que ia a entrar a barra do rio.
A fim de aliviar o vapor e salvar ao mesmo tempo alguma carga, aproximaram-se daquele navio 5 barcaças, às 7 horas da noite de ante-ontem, que poderão comportar apenas 10 a 12 toneladas de peso cada uma, tripuladas por quarenta e tantos homens, tendo conseguido retirar do vapor bastantes caixas e fardos e uma pequena parte de ferro (vergalhão).
Às 10 horas da noite atracavam os mesmos barcos à Cantareira, lutando com muitas dificuldades para ali chegar, em consequência da corrente da água. Para o conseguir foi necessário lançar espias para o Cabedelo, e serem as barcaças rebocadas de terra por este modo até um certo ponto, atravessando depois o rio com muito trabalho, para vencer a corrente.
Às 6 horas e meia da manhã de ontem aproximaram-se do vapor mais 4 barcaças iguais aos da véspera, tripulados por igual número de homens, conseguindo novamente salvar mais alguma carga e bem assim vários Cabos, sobresselentes, e mais aprestos pertencentes ao vapor, que se julgaram ser da maior importância. Cerca das 11 horas da manhã regressaram as barcaças à Cantareira, tendo sido empregue o mesmo sistema de sirga, em razão da velocidade da corrente.
A maior parte da carga foi baldeada para uma barca, tendo esta seguido ontem de tarde para a alfândega. Às 7 horas da noite devia ser feita uma terceira viagem a bordo, a fim de aliviar o mais possível o vapor. O serviço, para salvar a carga e o casco foi contratado com os srs. C.J. Schneider, Manuel de Sousa Guerra e João dos Anjos, os quais receberão por este trabalho 15 por cento da importância dos salvados.
Segundo a opinião dos peritos há-de ser muito difícil salvar o vapor, porque a posição que ele ocupa é uma das piores, em consequência de ter muito próximo - à distância de apenas um metro - a pedra denominada “Prolonga”, por um lado, e pelo outro as pedras “Folga manadas”, sendo muito para recear que, ele vá bater em qualquer delas por causa da agitação do mar, partindo-se.
A velocidade da corrente e a braveza do mar tem embaraçado muitíssimo o serviço da descarga, de sorte que esta só pode fazer-se quando a maré começa a subir e num pequeno espaço de tempo. Felizmente que é feita a vapor, e isso é sem dúvida um grande auxílio.
A carga do vapor era na maior parte destinada a Lisboa e consignada ao sr. Henrique Burnay; vinha também bastante para esta cidade, e uma pequena parte, em trânsito para Espanha. Entre a carga com destino a Lisboa vinham 496 carris com o peso de 214 toneladas, destinados ao caminho-de-ferro de Salamanca à fronteira portuguesa, e 225 barris com parafusos para os mesmos, da conta do sr. Burnay.
O serviço por parte da alfândega é dirigido pelo sr. António Guerreiro Valadas; e o da fiscalização externa pelo chefe da 1ª divisão, o sr. Francisco de Magalhães Menezes de Lencastre, os quais têm sido incansáveis no cumprimento dos seus deveres. No Cabedelo e na Foz as margens são vigiadas por guardas a pé e a cavalo.
Ontem de manhã, quando o sr. Schneider estava a bordo do vapor, dirigindo o serviço da descarga, sucedeu-lhe um lamentável desastre. Sendo-lhe necessário descer à câmara, onde havia pouca luz, fê-lo com tal precipitação, que, não reparando que o escotilhão estava aberto, caiu por ele ao porão, ficando bastante contuso no peito e pelo corpo. Logo que chegou a terra consultou um facultativo, o qual ordenou que se recolhesse imediatamente a casa, para lhe ser aplicado o devido tratamento.
O naufrágio do vapor tem chamado à Foz um grande concurso de pessoas. Ontem, especialmente, como era dia santificado, foi extraordinária a concorrência, vendo-se constantemente o paredão do Passeio Alegre apinhado de curiosos. As companhias de carros americanos não tiveram mãos a medir, sendo necessário aumentar o número de trens para dar lugar a todos os passageiros. No areal do Cabedelo viam-se também muitas pessoas.
(In jornal “Comércio do Porto”, terça, 23 de Janeiro de 1883)

O naufrágio do vapor “Rio Douro”
Está finalmente salvo, e já se acha ancorado no quadro da alfândega, o vapor “Rio Douro”, pertencente à Companhia Thétis. Os peritos reputam a salvação do vapor como único exemplo, e mais devida ao acaso, do que aos esforços sobre-humanos que se empregaram para o salvar.
Como foi dito anteriormente, os trabalhadores ocupados na faina da descarga deviam aproximar-se do vapor, para esse fim, e pela terceira vez, ante-ontem, às 7 horas da noite, por ser esta a melhor hora que a maré oferecia. Infelizmente, porém, não o puderam fazer em consequência do muito vento e da grande agitação do mar, cujas vagas cada vez mais se encapelavam.
Resolveram, pois, esperar pelo dia de ontem, mas às 7 horas da manhã o mar continuava bastante bravo, e resolveu-se por isso que, em lugar de cinco barcaças, fosse apenas uma, tripulado por mais gente, o qual ia largando um cabo que ficaria preso a terra, e no cabo dessa barcaça conseguir aproximar-se do vapor, faria de bordo um sinal, para os outros se aproximarem então com o auxílio do cabo que a já referida barcaça teria lançado.
Assim foi executado, mas por mais de uma vez os tripulantes viram a morte diante dos olhos, e só com muita dificuldade puderam atracar ao vapor. Chegados ali fizeram o respectivo sinal para a Cantareira, partindo então as restantes quatro barcaças, com o auxílio do cabo atrás referido.
Chegados a bordo deram início à descarga para uma das barcaças, mas pouco depois reconheceram que a muita agitação do mar durante a noite tinha feito correr o vapor um pouco a N.E. (leia-se noroeste) e que o leito de areia onde ele assentava tinha alargado muito, em consequência das oscilações do casco motivadas pelo ímpeto do mar. Resolveram, pois, largar uma barcaça com um ancorote ao qual ia segura uma espia, a fim de ver se, com o auxílio do aparelho a vapor, o navio corria à ré. Assim fizeram e com tanta felicidade que pouco depois o casco do vapor abandonava o banco de areia onde tinha encalhado e seguia em direcção ao mar; a sua carreira, porém, ia-se tornando bastante impetuosa por causa da corrente, ao que se obstou cortando a espia, e dando a proa do vapor à barra. Ao mesmo tempo deram também toda a força à máquina para obrigar o navio a demandar o canal.
Na mesma ocasião partia da Cantareira uma catraia com o respectivo piloto de número, e o vapor estava felizmente salvo, entrando no rio às 10 horas e vinte minutos da manhã, seguindo até ao quadro da alfandega, onde, conforme atrás referimos, ancorou.
Segundo consta, quando os trabalhadores foram para bordo, havia ideia de lançar ao mar alguma carga, caso se não pudesse realizar a baldeação para as barcaças; como se constata não foi necessário usar desse recurso. Eram noventa e tantos os trabalhadores que estavam a bordo, e que por consequência o vapor conduziu até ao local do ancoradouro. Quanto ao casco, dizem que parece estar óptimo, não tendo sofrido a mais pequena avaria. No convés, porém, há alguns estragos, não só feitos pelo mar, como resultantes do trabalho ali realizado para o salvamento do navio. O resto da carga desembarcada no sítio do encalhe, bem como os aprestos que também ali foram recolhidos, seguiram ontem de tarde em duas barcaças, dando entrada na alfândega.
A entrada do vapor foi saudada na Foz por um grande número de pessoas que ali estacionavam, e que ansiosas esperavam o desfecho daquele horrível drama.
(In jornal “Comércio do Porto”, quarta, 24 de Janeiro de 1883)

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

História trágico-marítima (LXXXVII)


O naufrágio do lugre-patacho " Nilo" em Peniche

Naufrágio
Noticias recebidas ontem (20.12.1882) de Peniche, afirmam que a bordo do navio abandonado, que deu à costa na praia daquela vila houvera incêndio, em consequência do qual foi abandonado pela tripulação, estando baptizado com o nome “Nilo”.
O encarregado da delegação da alfândega participou ontem que do navio apenas existia parte do costado, já queimado, e uma pequena porção de cortiça de que se compunha o carregamento. A alfândega autorizou a venda imediata em leilão dos fragmentos do navio e da cortiça, conforme proposto pelo encarregado da delegação.
(In jornal “Comércio do Porto”, quinta, 21 de Dezembro de 1882)

Identificação (provável) do navio
Lugre-patacho alemão “Nilo”
Armador: W. Winckier & Co., Hamburgo, 1875-1882
Construtor: Desconhecido, Lussino, Austrália, 1851
ex “Duma”, Proprietário desconhecido, 1851-1875
Arqueação: Tab 376,00 tons
Dimensões: Pp 30,79 mts - Boca 8,38 mts - Pontal 5,49 mts
Propulsão: À vela

Tripulação salva
Sabe-se já onde está a tripulação da barca alemã “Nilo”, que abandonou este navio depois de um incêndio que nela se manifestou, dando em resultado vir o casco dar à costa em Peniche.
Segundo notícia publicada no jornal “Gibraltar Guardian”, a tripulação foi acolhida pelo iate inglês “Janira”, que a conduziu à baía de Gibraltar. A “Nilo”, que transportava um carregamento de cortiça, foi encontrada pelo iate “Janira”, com 9 pés (2,74 metros) de água no porão.
(In jornal “Comércio do Porto”, segunda, 23 de Dezembro 1882)

sábado, 2 de novembro de 2013

História trágico-marítima (LXXXVI)


Dois sinistros na área marítima de Viana do Castelo

Sinistro marítimo
A escuna inglesa “Margaret”, quando ante-ontem (15.12.1882) entrava a barra do porto de Viana do Castelo, encalhou numas pedras próximo do cais do Fortim, indo em seguida de encontro à escuna inglesa “Dahlia”, que entrara pouco antes. Deste incidente resultou ficar a “Margaret” com o leme e o pau da bujarrona partidos. A “Margaret” procedia da Terra Nova, com um carregamento de bacalhau.
(In jornal “Comércio do Porto”, Domingo, 17 de Novembro 1882)

Identificação (provável) dos navios
Escuna inglesa “Margaret”
Armador: William Grive & Sons, Ltd., Greenock
Construtor: Desconhecido, Bridgeport, 03.1862
Arqueação: Tab 135,00 tons
Dimensões: Pp 28,74 mts - Boca 6,40 mts - Pontal 3,54 mts
Propulsão: À vela
e
Escuna inglesa “Dahlia”
Armador: P.G. Tessier, St. John’s, Terra Nova
Construtor: Laing, Bideford, Inglaterra, 08.1873
Arqueação: Tab 128,00 tons
Dimensões: Pp 29,57 mts - Boca 6,40 mts - Pontal 3,26 mts
Propulsão: À vela

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Naufrágio
Ontem de madrugada (19.12.1882) naufragou a uma milha ao sul da barra de Viana o iate “Africano”, que havia saído há seis dias de Setúbal para aquele porto com um carregamento de sal. A tripulação, de que era mestre o sr. João dos Santos Silva salvou-se com muito custo na catraia dos pilotos.
O casco e o carregamento estão completamente perdidos. O naufrágio foi ocasionado devido ao navio estar alquebrado. O iate “Africano” pertencia à praça de Aveiro e era propriedade do sr. António Henriques e de outro individuo.
(In jornal “Comércio do Porto”, quarta, 20 de Dezembro de 1882)

Identificação do navio
Iate português “Africano”
Armador: António Henriques & Cª., Aveiro
Construtor: Desconhecido
Propulsão: À vela
Não há referência a este iate na lista de navios de 1882.