segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Comp. Portuguesas - Santos, Mónicas & Lau


Santos, Mónicas & Lau, Lda.
Gafanha da Nazaré - Aveiro

Esta empresa foi proprietária do lugre " Islandia ", registado na Marinha de Comércio, que supomos tivesse como objectivo o transporte de sal para o exterior e a importação de bacalhau, através da compra directa aos comerciantes sediados em portos próximos dos grandes bancos. Já no período anterior tinha ancoradouro no Porto e em Aveiro, integrando na primeira fase a frota de navios bacalhoeiros, tendo estado presente nas campanhas de 1930 a 1934. De 1935 até 1939 foi colocado a efectuar viagens à Islandia e Terra Nova.

" Rosita "
1930 - 1939

O "Rosita" em viagem de regresso da pesca do bacalhau
imagem (c) colecção Delfim Nora / Napesmat

Armador : Cupérnico Conceição da Rocha, Ílhavo
Nº Oficial : B-200 > Iic.: H.R.O.T. > Registo : Porto, 1930
ex "Edith M. Cavell" - Armador desconhecido, 1916-1929
Tonelagens : Tab 168,37 to > Tal 123,41 to
Cpmts.: Pp 32,16 mt > Boca 8,02 mt > Pontal 3,32 mt

" Islandia "
1939 - 1945

O "Islandia" a navegar nos anos da II Grande Guerra
Foto (c) minha colecção

Nº Oficial : B-234 > Iic.: C.S.L.T. > Registo : Aveiro, 1939
Construtor : W.C. McKay & Son, Shelburne, E.U.A., 1916
Reconstruído por Manuel Maria Bolais Mónica, em 1940
Tonelagens : Tab 222,30 to > Tal 169, 31 to > Porte 648 to
Cpmts.: Ff 37,75 mt > Pp 33,32 mt > Bc 7,96 mt > Ptl 3,93 mt
Máq.: 1:Sd > 130 Bhp
Perde-se por encalhe no norte de Espanha, em 14.03.1945, tendo-se salvo os 10 tripulantes nas baleeiras de bordo.

domingo, 28 de setembro de 2008

Mais navios de cruzeiros


Navios de cruzeiros em Leixões

Durante o mês de Setembro o porto teve um considerável aumento de visitas destes navios, quer ao nível da tonelagem e das dimensões, quer em relação ao número de turistas embarcados. Sem pretender ser exaustivo, até porque são ainda esperados 3 navios até ao final do mês, aproveitamos para registar as seguintes escalas :

18 de Setembro
" Regatta "

O "Regatta" - postal da companhia

Nacionalidade : Ilhas Marshall > Agente : Barwill Knudsen
Tonelagem : Tab 30.277 to > Comprimento : Ff 181 metros
Procedia da Corunha e saíu com destino a Lisboa

28 de Setembro
" Thomson Celebration "

O "Thomson Celebration" - postal da Companhia

Nacionalidade : Antilhas Holandesas > Agente : Rawes
Tonelagem : Tab 33.933 to > Comprimento : Ff 215 metros
Procedia de Lisboa e Portimão, saindo com destino à Corunha
Está previsto repetir as escalas nos mesmos portos em Outubro

29 de Setembro
" Saga Rose "

O "Saga Rose" - postal da Companhia

Nacionalidade : Ilhas Bahamas > Agente : Rawes
Tonelagem : Tab 24.528 to > Comprimento : Ff 189 metros
Procede de Bilbao e sai com destino a Lisboa

30 de Setembro
" Maxim Gorkiy "

O "Maxim Gorkiy" - postal do Operador

Nacionalidade : Ilhas Bahamas > Agente : Aminter
Tonelagem : Tab 24.220 to > Comprimento : Ff 195 metros
Procede de Falmouth e sai com destino a Melilla

30 de Setembro
" Amadea "

O "Amadea" - postal do Operador

Nacionalidade : Ilhas Bahamas > Agente : Zanave
Tonelagem : Tab 28.856 to > Comprimento : Ff 190 metros
Procede de St. Peter Port e sai com destino ao Funchal

O nome Bagão, no armamento nacional (III)


Bagão, Nunes & Machado, Lda.
(continuação)

A bandeira e a chaminé dos navios

Para completar a referência que estamos a fazer em relação a esta empresa, e apesar do parco conhecimento que temos sobre a pesca em geral, parece-nos da maior justiça incluir as embarcações “Buçaco” e “São Gonçalo”, que estiveram ligados à pesca costeira.

Arrastão “ Buçaco “
1945 – 19??

Nº Of.: LX-6-C > Iic.: Não tinha > Registo : Lisboa, 1945
Cttor.: Arménio Bolais Mónica, Gafanha da Nazaré, 1945
Tlgns.: Tab 126,97 to > Tal 44,82 to > Porte 35,50 to
Cpmts : Ff 28,10 mt > Pp 25,35 mt > Bc 5,78 mt > Ptl 3,30 mt
Máq.: Sté. Suisse, 1944 > 1:Di > 300 Bhp > Veloc. 10 m/h
Sem rasto

Arrastão “ São Gonçalo “
1955 – 19??

O "São Gonçalo" em Lisboa - foto (c) colecção L.M. Correia

Nº Of.: LX-31-C > Iic.: Não tinha > Registo : Lisboa, 1955
Construtor : Desconhecido, Yarmouth, Inglaterra, 1907
Reconstruído em 1942
Tlgns.: Tab 113,69 to > Tal 48,02 to > Porte 20,00 to
Cpmts.: Pp 26,60 mt > Boca 5,65 mt > Pontal 2,75 mt
Máq.: Sulzer Frères, 1941 > 1:Di > 175 Bhp > Vlc. 8,5 m/h
Sem rasto

terça-feira, 23 de setembro de 2008

O nome Bagão, no armamento nacional ( I )


O nome Bagão,
no armamento do comércio e na pesca do bacalhau

Praticamente desde o início do século XX, surge o nome Bagão ligado à marinha de comércio e à pesca do bacalhau, logo a seguir aos anos que coincidem com a liberalização da pesca no país. Julgando saber que a origem do nome teve lugar em Ílhavo, poderão muito provavelmente, ou não, ser membros da mesma família. Simultâneamente ao armamento, tudo leva a crer que existisse igualmente vínculos afectivos em relação à pesca e ao mar como oficiais navegadores, permitindo-lhes gerir navios e frotas com aperfeiçoado conhecimento dessas actividades.

Augusto F. Bagão
(1º sócio - outros não referenciados, empresa do mesmo nome),
proprietários do lugre “Açoriano”

Lugre “ Açoriano “

No comércio pelo menos de 1914 a 1917
----
Nº Oficial : 423-C > Iic.: H.B.R.N. > Registo : Lisboa
Construtor : Desconhecido, Port Maurizio, 1897
Tonelagens : Tab 312,22 to > Tal 296,61 to
Cpmts.: Pp 38,36 mt > Boca 8,50 mt > Pontal 4,04 mt
Afundado por ataque de submarino Alemão na costa Portuguesa, em local não especificado, a 17.12.1917

L. F. Bagão
(1º sócio - outros não referenciados, empresa do mesmo nome),
proprietários do lugre “Fernando”

Lugre “ Fernando “

No comércio pelo menos de 1906 a 1917
----
Nº Oficial : 374-C > Iic.: H.B.M.F. > Registo : Lisboa
Construtor : Desconhecido
Tonelagens : Tab 269,07 to > Tal 255,62 to
Entre 1911 e 1913 o navio recebeu melhoramentos, mais visíveis ao nível da tonelagem, cujos valores passam a ser
Tonelagens : Tab 1.128,26 to > Tal 1.030,55 to
Cpmts.: Pp 38,10 > Boca 7,75 mt > Pontal 4,18 mt

Apesar da pesquisa levada a efeito na tentativa de localizar o navio, perde-se-lhe o rasto, deixando apenas a possibilidade de poder tratar-se dum lugre com o mesmo nome, comprado em princípios dos anos 20 por Henrique da Silveira, a operar com base nos Açores, como segue :

Lugre “Fernando”
No Oficial : 937 > Iic.: H.F.E.N. > Registo : Ponta Delgada
Tonelagens : Tab 334,25 to > Tal 297,88 to
Cpmts.: Pp 39,58 mt > Boca 9,75 mt > Pontal 4,37 mt
Sem rasto após 1929

Paulo Fernandes Bagão
Proprietário do iate “Cândida”

Iate “Cândida”

Na pesca pelo menos de 1927 a 1929
---
Nº Oficial : A-249 > Iic.: H.C.A.N. > Registo : Aveiro
Cttor.: J.M. Bolais Mónica, Pardilhó, Estarreja, 1919
ex “Nazaré 2º” – Armador desconhecido
Tonelagens : Tab 149,80 to > Tal 113,38 to
Cpmts.: Pp 26,68 to > Boca 7,90 mt > Pontal 3,49
Naufragado à entrada do porto de Viana do Castelo, em 29.06.1929, devido a mau tempo, tendo sido salva a tripulação.

O nome Bagão, no armamento nacional ( II )


Bagão, Nunes & Machado, Lda.
1920 (?) - 1988 (?)

A sociedade aparece ligada ao armamento desde o início dos anos 20, com três navios, o lugre "Orion", o palhabote “Gonçalves Zarco“ e o também lugre “ Anfitrite 1º “, entretanto adquirido na Dinamarca. Enquanto que o lugre "Orion" esteve sempre ligado à pesca do bacalhau, os restantes navios estiveram ligados ao serviço de cabotagem e longo curso. A empresa sai do cenário nacional depois de quase 70 anos de bons serviços, próximo do início dos anos 90, paralelamente à venda do último navio em actividade, o “ Nereida “.

O lugre “ Orion “
1927 – 1933

O "Orion" à data da construção - foto (c) Delfim Nora / Napesmat

O "Orion" a navegar - foto (c) Delfim Nora / Napesmat

Nº Oficial : A-234 > Iic.: HORI / CSEF > Registo: Aveiro
Construtor : José Maria de Lemos, Aveiro, 1921
Tonelagens : Tab 183,32 to > Tal 130,83 to
Cpmts.: Pp 30,80 mt > Boca 8,34 mt > Pontal 3,40 mt
dp “Silva Lau” – Amandio F. Matias Lau, Aveiro, 1934
Sem rasto após 1936

Conforme se percebe pelas imagens a estrutura do navio foi alterada, tendo-lhe sido aplicado um terceiro mastro, com o objectivo de lhe melhorar a velocidade. Lamentavelmente perdeu toda a beleza original. A partir de 1935 o navio conserva os detalhes anteriores, ficando desde então inscrito na pesca costeira.

Palhabote “ Gonçalves Zarco “
19?? - 1929

Nº Oficial: 887 > Iic.: H.G.Z.C. > Registo : Funchal
Construtor : Desconhecido
Tonelagens : Tab 158,91 to > Tal 135,44 to
Cpmts : Pp 27,38 mt > Boca 7,40 mt > Pontal 2,96 mt
Sem rasto após 1930

Lugre com motor “ Anfitrite 1º “
1927 – 1977

O "Anfitrite 1º" em Lisboa - imagem (c) L.M. Correia

Nº Oficial : 359-F > Iic.: HAFT / CSFD > Registo : Lisboa
Construtor : J. Ring Andersen, Svendborg, 11-1914
ex “Phonix” - A/S Phonix (R.S. Hansen), S/borg, 1914-1919
ex “Aukur” – A.C. Rasmussen, Svendborg, 1919 -1927
Tlgns.: Tab 357,96 to > Tal 281,52 to > Porte 630 to
Cpmts.: Pp 42,80 mt > Boca 9,02 mt > Pontal 3,22 mt
Máq.: Sulzer Frères, 1914 > 1:Di > 250 Bhp > Vlc. 7 m/h
Digno de nota, regista-se uma colisão na barra de Setúbal, com o iate “Santa Luzia”, que cortado a meia nau se afundou em 2 minutos, a 05.11.1950.
Transformado em batelão ou pontão, em 1977.

n/m “ Nereida “
1936 - 1988

O "Nereida" à entrada do rio Douro - foto (c) Rui Amaro

Nº Oficial : G-263 > Iic.: C.S.N.G. > Reg.: Lisboa, 24.08.1936
Cttor.: A. Vuijk & Zonen, Cap. a/d Yssel, Holanda, 05.08.1936
Tonelagens : Tab 317,39 to > Tal 196,89 to > Porte 490 to
Cpmts.: Ff 44,03 mt > Pp 41,16 mt > Bc 7,10 mt > Ptl 3,09 mt
Máq.: Sulzer Frères, 1936 > 1:Di > 240 Bhp > Veloc.: 8 m/h
Provavelmente vendido para demolição. S/ rasto após 1988.

n/m “ Nereus “
1947 – 1977

O "Nereus" saindo do rio Douro - foto (c) Rui Amaro

Nº Oficial : H-450 > Iic.: C.S.S.I. > Reg.: Lisboa, 03.07.1947
Construtor : Estaleiros de São Jacinto, Lda., Aveiro, 1947
Tonelagens : Tab 334,40 to > Tal 228,22 to > Porte 530 to
Cpmts.: Ff 45,75 mt > Pp 42,43 mt > Bc 7,17 mt > Ptl 3,11 mt
Máq.: Sulzer Frères, 1944 > 1:Di > 330 Bhp > Veloc.: 10 m/h
dp “Efii” - A. Myrianthis, 1977-1977
dp “Kalathos” - A. Myrianthis, 1977-1977
Afundado a cerca de 120 milhas a Sudoeste de Port Sudan, em 16.03.1977

domingo, 21 de setembro de 2008

Navio mistério - o " Esmeralda "


O " Esmeralda "
1936 - 1969

O "Esmeralda" na Ilha do Cabo, Luanda

Recebi 3 fotos do amigo e Sr. António Moleiro, no sentido de averiguar um pouco da história deste navio, construído em ferro-cimento, que se encontrava em Luanda, velho e sem utilidade, até à decisão de afundá-lo em águas profundas em frente à costa Angolana, durante o ano de 1969, tarefa levada a cabo pela Marinha Portuguêsa.

Planta de construção do "Esmeralda"

Considerando o facto de não encontrar o navio nos registos nacionais, solicitei ajuda ao exterior através do amigo Rui Amaro, que por sua vez teve o apoio dum anónimo germano-americano, facultando os seguintes elementos :

Trata-se pois dum navio que integrou uma série de seis construções, efectuadas no estaleiro Ferro-Concrete Ship Construction Co. Ltd., (cais Nº 99, Nº Oficial 142777, com início de construção em Janeiro de 1919), que por sua vez era composta pela dupla construtora naval Hennebique Ferro Concrete Construction Co. e a Vickers Shipbuilding & Engineering Ltd., com sede e estaleiros em Barrow-in-Furness, Inglaterra.

Histórico

" Esmeralda " - Pontão / armazém - Registo em Luanda, Angola
ex "Armistice" - Walford Lines Ltd., Londres, 03/1919 - 08/1927
Tonelagens : Tab 894,00 to > Tal 535,00 to > Porte 1.150 to
Comprimentos.: Pp 62,48 mt > Boca 9,75 mt > Pontal 5,97 mt
Máq.: Shields Eng. Co Ltd., > 1:Te > 400 Ihp > 1 veio/ hélice
ex "Armistício" - Comp. Combustíveis Lobito, 08/1927 - ??/1929
ex "General Paiva de Andrade" - Gov. da Colónia, 1929- ??/1936
nome "Esmeralda" - convertido em pontão (Armada), 1936-1969

O "Esmeralda" na Ilha do Cabo, Luanda

Relativamente à última questão, constata-se que estando o navio ao serviço de uma Empresa Angolana desde 1927, o mais lógico é o navio ter sido abandonado, inviabilizando a ideia de ter sido capturado aos Alemães, durante a II Grande Guerra Mundial.

O "Esmeralda" - inútil mas elegante, na hora do abate

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Efeméride - 50 anos sobre o encalhe do "Arnel"


O " Arnel " da Empresa Insulana
1955 - 1958
50 anos sobre o naufrágio

Depois do lembrete em comentário recente do amigo e Sr. João Coelho, que agradecemos, quisemos recordar a curta existência deste navio e o respectivo naufrágio, com o seu quê de trágico, enlutando diversas famílias da Ilha de Santa Maria.

O "Arnel" em 1º plano - imagem do site CAM/EIN

Como resultado do deficiente serviço de cabotagem oferecido aos Açoreanos, efectuado por palhabotes no transporte de passageiros e mercadorias, que durou quase até ao início da década de 50, a Empresa Insulana de Navegação optou pela compra de 2 navios, o "Cedros" e o "Arnel", com características específicas para esse mesmo tráfego. Foram encomendados aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo e a sua construção terá orçado em 14 mil contos por navio.

O "Arnel em Lisboa" - imagem do site CAM/EIN

Ambos os navios foram registados no porto de Ponta Delgada. O "Arnel" tinha de Tab 1.025,00 to e uma Tal com 551,16 to. O comprimento Ff era de 59,57 mt, entre Pp 53,90 e de Boca 10,10 mt. Estava preparado para transportar 144 passageiros e tinha uma equipagem com cerca de 25 tripulantes. Julgamos que a máquina tenha sido uma Sulzer, com 1 motor diesel que lhe assegurava uma velocidade entre as 12 a 13 milhas por hora.

O "Arnel" encalhado - imagem do site CAM/EIN

Navegando de porto em porto, com escalas curtas e ininterruptas, o "Arnel" dava início a mais uma viagem que o levaria de Vila do Porto, na Ilha de Santa Maria, para o porto de Ponta Delgada, na Ilha de S. Miguel. Sexta-feira, 19 de Setembro de 1958, o navio aproximou-se 300 metros da costa a norte da ilha, numa rota que se revelaria fatal. Logo após as 3 horas da manhã, encalhava no baixio do Anjo, abria um rombo junto à casa da máquina, que lhe paralisou o motor e pior ainda lhe cortou a hipótese de ter pelo menos corrente eléctrica a bordo. Em plena noite, às escuras e com o mar a dar sinais de querer invadir o navio, tinha-se gerado o panico e a confusão perfeitamente normal e comum nessas circunstâncias.
O navio transportava 133 passageiros, muitos dos quais embarcados em Vila do Porto e alguns Micaelenses de regresso a casa. Por exigência dos passageiros o Capitão José Rodrigues Bernardes, velho e experimentado marinheiro Açoreano, concorda em fazer descer uma baleeira. Entram 17 pessoas que esperam chegar a terra e pedir socorros. A baleeira vira-se e nos instantes seguintes naufragos apercebem-se que o Rev. Artur Brandão, Capelão do Aeroporto de Santa Maria tenta acudir a uma mãe com o filho ao colo. Esforço inglório. Apenas 3 tripulantes da baleeira rumam a terra e dão o alarme. O guincheiro de bordo José Joaquim foi uma das vitimas, junto a 2 passageiros Micaelense e 11 residentes em Santa Maria, entre os quais duas crianças, uma com 4 anos de idade, outra com apenas 8 meses.

Chegam 5 helicópteros da base das Lajes, na Ilha Terceira e equipas de socorro de S. Miguel, embarcados no salva-vidas "Almirante Augusto de Castilho", no rebocador "Gazela" e também em dois iates particulares. Já durante o dia os helicópteros resgatam passageiros e tripulantes. Dias depois o navio solta-se das pedras e flutua. Não teve rebocadores na ocasião que o pudessem levar para o largo. Desloca-se alguns metros para o norte e senta-se novamente sobre pedras. Está perdido para sempre.

O "Arnel" - desenho de Luís Filipe Silva

P.S.- Com muita pena minha não consegui encontrar fotos do navio tiradas no norte do país, motivo pelo qual recorri às imagens no trabalho dos amigos Carlos Monteiro e Luís Filipe Silva, com os meus antecipados agradecimentos.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

O terminal de petroleiros de Leixões


O terminal de petroleiros
Leixões, 08.10.1969

Encontrei no baú (o amigo de Ílhavo está sempre presente, até nas expressões) este subscrito de 1º dia, comemorativo da inauguração do Terminal de Petroleiros e reparo que estão prestes a decorrer 39 anos de actividade, certamente vividos com bons e menos bons momentos. Mas o facto é que o terminal mantem-se firme, operacional e activo, revelando-se fundamental para a economia do país, fonte de escoamento de derivados do petróleo para diversos destinos no mundo, de produtos refinados nas instalações do Porto.
Lembro-me da cerimónia de inauguração das novas instalações. Recordo perfeitamente ter visto o novíssimo "Larouco" encostado ao cais, para descarregar crude carregado numa das suas primeiras viagens ao Golfo. Acresce ser à época o maior navio português, motivo de orgulho para as gentes do norte. Agora resta-me esperar que a Petrogal no próximo ano, possa comemorar o 40º aniversário com identico brilhantismo, ao do dia da inauguração.


O " Larouco "

Nº Oficial : I-374 > Iic.: C.S.A.I. > Registo : Lisboa, 10.07.1969

Cttor.: Estal. Weser, Bremen (concluído na Lisnave), 19.07.1968
Tlgns.: Tab 46.690,42 to > Tal 33.400,54 to > Porte 81.710 to
Cpmts.: Ff 250,50 mt > Pp 241,00 mt > Bc 37,82 mt > Ptl 17,11 mt
Máq.: B&W, Dinamarca, 1968 > 1:Di > 20.700 Bhp > Vlc. 14 m/h
foi depois o "King Alexander" - Alberta Navigation, 1988-1993
Vendido para demolição em Chittagong a 19.04.1993

O "Larouco" em Leixões - imagem (c) Fotomar

Porto - A cidade e o rio


É sempre bom saber

Através das páginas do Tripeiro, Vol. V, Nº 1 de Janeiro de 1986, que estive a reler recentemente, encontrei uma nota sobre a cidade e o rio, que julgo ser da maior oportunidade para finalizar a série de posts sobre o mesmo tema. Escreveu João Pereira Baptista Vieira Soares um manuscrito em 1845, onde descreve com detalhe e a ironia da época, aspectos pitorescos sobre a cidade, dos quais seleccionamos os seguintes:

§ 28º - A barra da Foz do Douro ainda é muito perigosa como d'antes era. Pouco, ou nenhum melhoramento hão produzido as quantiosas somas gastas com ela. Já se mandou pela Portaria de 7 de Dezembro de 1837, pôr a concurso o plano das obras da barra. Nós estamos certos que se elas tivessem sido confiadas a alguma empresa nacional, ou estrangeira, já há muito tempo se gloriava a Invicta Cidade de ter uma barra de fácil entrada e saída para os navios mercantes e até para os vasos de guerra. Mas por fatalidade em 15 de Fevereiro de 1799 foi cometida à Junta da Companhia das Vinhas do Alto Douro a inspecção das obras da barra; e atendendo às grandes contribuições aplicadas para elas, podemos com segurança afirmar, que se desperdiçarão milhões de cruzados. Eis o fatal resultado das Administrações. Proscriptas sejam elas do nosso país. Sempre foram consideradas entre nós morgados, ou benefícios colados para os Administradores: a experiência o tem mostrado desgraçadamente.
(Pela Portaria de 3 de Março de 1838 mandou o Governo formar o programa para a construção de um molhe, que nas ocasiões de temporais sirva de abrigo às embarcações que aportarem à barra do Douro. E a Portaria de 11 de Junho de 1839 estranhou a fatal demora de se formar o dito programa. O certo é que tal molhe ainda não se fez e muito útil seria que se fizesse. A proposta para o melhoramento da barra foi aprovado pelo Decreto de 13 de Agosto de 1844. O empresário era Jacinto Dias Damazio por escritura de 6 de Março do dito ano, e fiador o Conde de Farrobo. Ficou sem efeito a proposta e o decreto).

Valeu a pena esperar! O molhe está quase pronto...

§ 29º - Também temos experimentado ser desnecessário, e assaz prejudicial o lugar de Piloto Mór da Barra. Outrora, à sombra dos Governos corrompidos da Cidade, ele a fazia mui dificultosa por seu interesse particular; de sorte que nenhuma embarcação saía, nem entrava, senão quando ele muito bem queria. Era o Piloto Mór um verdadeiro e temível régulo, e ao seu capricho, orgulho e ambição estavam sujeitos os donos, caixas e capitães dos navios; e por consequência padecia o Comércio e o Público. Navio houve que andou meses fora da barra sem o deixarem entrar. E para se evitarem estas e outras violencias e despotismos, seja em todo tempo livre a cada proprietário, ou consignatário, ou capitão de navio escolher Piloto aprovado, e da sua confiança, sem que o Piloto Mór se intrometa na saída, ou entrada das embarcações. Hajam por tanto bons e experimentados Pilotos da barra; mas nunca um Piloto Mór com tal e tão danosa ingerência.
(Os nossos maiores fizeram construir a Torre da Marca para servir de baliza aos mareantes; porém arruinou-se pelo decurso dos anos, e o Governo pela Portaria de 31 de Janeiro de 1839 mandou reedificá-la, autorizando a Comissão Administrativa d'Alfandega para proceder à reedificação. Até hoje nada se fez).

Genial !!! Assim foi no Porto. E Viana ? E Aveiro ? E na Figueira ?
Quanto interesse, quanta vontade, quanto tempo ?...

domingo, 14 de setembro de 2008

Porto - A cidade e o rio (1)


Quanto valeu um rio Douro ?

Certamente valeu mais do que se possa imaginar. E continua a valer, atendendo aos banhos de multidão vistos no ano passado e no último fim de semana, para ver os aviões da Red Bull. Viu-se também alguns anos antes, aquando da visita dos grandes veleiros que participaram na regata Cutty Sark. Acredito que antigamente acontecia o mesmo, sempre que o rio nos dava algo sem pedir nada em troca. Como por exemplo a visita da Rainha Isabel de Inglaterra nos anos 50.
Achamos que a ocasião era propícia para homenagear o rio e decidimos fazê-lo através das imagens dos bilhetes postais. Porque são retratos fieis de tempos vividos, de épocas felizes e principalmente de momentos, que amanhã e provávelmente daqui a 10 anos, ou mais, se revelerão indispensáveis para podermos recordar.

A barca"Oliveira" e outras embarcações no cais da Ribeira

As barcas "Arcelina", "Venturosa" e "Oliveira" no cais de Gaia

Navio não identificado no cais de Gaia

Navio Norueguês "Douro" nos Vanzeleres, lugres na Ribeira

Navio não identificado no Muro dos Bacalhoeiros

O lugre bacalhoeiro "Condestável" amarrado no Bicalho

A ponte D. Luís de braços abertos sempre à espera de novos regressos.

Porto - A cidade e o rio (2)


Quanto valia um rio Douro?

Vivo, febril, cosmoplita...

O rio "da Ribeira até à Foz"...

O "Auk" da General Steam, ainda com as cores da Moss Hutchisson

A presença constante da Ellerman Lines

O "Darinian" a reboque do "Júlio Luís"

O "Palmelian"(?) no cais de Gaia

E o vinho, do bom, único...

O Holandês "Arnouldspolder" da Ribeira para o Norte da Europa

Quem sabe quanto valia, quanto valeu !


sábado, 13 de setembro de 2008

Porto - A cidade e o rio (3)


Quanto vale um rio Douro ?

Na época do comércio marítimo...

Navio holandês "Marinus Smits" sob a ponte da Arrábida

Navio holandês "Mariscal Lopez" no cais de Gaia

Navio holandês não identificado no cais do Terreiro

No tempo da indústria do turismo...

O "Princesa do Douro" de partida rio acima

O "Vasco da Gama" próximo à barragem de Crestuma

Barco não identificado em pleno Alto Douro

O "Princesa do Douro" em cruzeiro para a Régua

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Companhias Portuguesas - Vieira & Silveira


Vieira & Silveira, Lda.
Travessa do Corpo Santo, 21-1º - Lisboa

Esta empresa tem como data do início de actividade o ano de 1951, dando continuidade à empresa Vieira & Labrincha, Lda., mantendo a sede social nas mesmas instalações. Tem à data dois navios já referenciados, que são empregues no serviço de cabotagem nacional e internacional, mas porque se trata de nova empresa, voltamos a mencioná-los com as obvias e necessárias correcções.

“ João José Primeiro “
1951 – 1965

O "João José 1º" no Douro - foto (c) colecção fsc

Nº Of.: H-407 > Iic.: C.S.D.R. > Registo: Lisboa, 1951
Construtor: J. Smit & Zoon, Groningen, Holanda, 1917
ex “Merwestein” - Zeevart N.V., Holanda, 1917-1919
ex “Merwestein” - J.H. Andresen, Porto, 1919-1923
ex “Merwestein” - Taveira Laidley & Cª., Lisboa, 1923-1930
ex “Horizonte 1º” - Sonami, Lisboa, 1930-1932
ex “Teotónio Pereira” - utilizado como pontão, 1932-1932
ex “João José 1º” - José M. Labrincha, Lisboa, 1932-1937
ex “João José 1º” – Vieira & Labrincha, Lisboa, 1937-1951
Tonelagens: Tab 242,28 to > Tal 174,17 to > Porte 330 to
Cpmts.: Ff 36,93 mt > Pp 33,44 mt > Bc 7,23 mt > Ptl 3,21 mt
Máq.: Humboldt-Deutz, 1937 > 1:di > 400 Bhp > 8 m/h
Naufragou próximo a Aveiro, em viagem de Setúbal para o Porto a 01.01.1965, devido a más condições de tempo e mar, registando-se o falecimento dos 9 tripulantes a bordo.

“ Alger “
1951 - 1969

O "Alger" a entrar em Leixões - imagem (c) Fotomar

Nº Of.: H-403 > Iic.: C.S.J.I. > Registo: Lisboa, 15.09.1951
Construtor: J. Smit & Zoon, Foxhol, Holanda, Maio de 1930
ex “Oldambt” - Mtrvaart. Oke N.V., Groningen, 1930-1936
ex “Alger” - Vieira & Labrincha, Lda., Lisboa, 1936-1951
Tonelagens: Tab 430,68 to > Tal 288,35 to > Porte 600 to
Cpmts.: Ff 47,62 mt > Pp 45,39 mt > Bc 7,80 mt > Ptl 3,10 mt
Máq.: Sulzer Frères, 1945 > 1:Di > 400 Bhp > Veloc. 8 m/h
Tem um registo de encalhe próximo a Peniche em 29.06.1969, mas foi recuperado e posto a flutuar no dia seguinte. Digno de nota tem igualmente uma colisão contra a ponte de caminho de ferro, que liga o Lavradio ao Seixal, à entrada do rio Coina em 18.09.1969, provocando-lhe diversas avarias. Terá sido supostamente vendido para demolição em Alhos Vedros, em 1998.

Companhias Portuguesas - A Funchalense de Cabotagem


Empresa Funchalense de Cabotagem
Rua da Alfândega, 22 - Funchal

O rebocador " Lobo "

O rebocador "Lobo" - colecção Rui Amaro

Nº Of.: A-603-G > Iic.: N/T > Reg.: Funchal, 15.03.1903
Construtor.: João Aniceto Martins, Funchal, 1886
Tonelagens: Tab 35,05 to > Tal 17,52 to
Cpmts.: Pp 17,50 mt > Boca 3,85 mt > Pontal 2,25 mt
Máq.: Mathew & Paul Co., 1885 > 1:Cd > 25 Ihp > 8 m/h
S/ rasto


quinta-feira, 11 de setembro de 2008

A draga " Porto "


“ Porto “

A draga “Porto” constitui para uma boa parte dos trabalhadores portuários, do Douro e de Leixões, já reformados ou a reformar nos próximos anos, uma das imagens mais marcantes de um longo quotidiano. Sempre presente, vestida no luto característico das dragas, raramente dela se falava, apesar dos seus respeitáveis 80 anos de existência.
A sua construção foi encomendada pela Junta Autónoma das Obras da Cidade do Porto ao estaleiro Alemão Deutsche Werke F. Schichau, em Elbing, tendo ficado pronta em Junho de 1913, ano em que deu início ao serviço de dragagens. A compra do navio foi conseguida através de subscrição pública, efectuada na cidade, por proposta da Associação Comercial do Porto. Funcionou sempre com a mesma máquina, do mesmo nome e marca do construtor, tinha um motor de tripla expansão a debitar 450 Ihp, para uma velocidade média na ordem das 8 milhas por hora.
E porque com o mudar dos tempos mudam-se as vontades, reparamos que além do primeiro registo na Capitania do Douro, de 1913 até 1930, muito curiosamente a draga teve ainda dois outros registos, como segue:

A draga "Porto" vista em postal ilustrado
Edição da Tabacaria Africana, Porto

Nº Of.: P-2647 > Iic.: Não tinha > Registo: Porto, 1931-1935
Entidade responsável: Junta Autónoma do Porto de Leixões
Tonelagens: Tab 825,12 to > Tal 323,34 to
Cpmts.: Pp 57,23 mt > Boca 10,94 mt > Pontal 4,22 mt

Nº Of.: G-408 > Iic.: C.S.D.E. > Registo: Lisboa, 1936-1992
Ent. responsável: Adm. Geral Serv. Hidráulicos e Eléctricos
Não se registaram alterações nas principais características.
Amarrada no porto de Viana do Castelo desde 1981, sob o nome "Procyon", ali deve ter permanecido durante vários anos, até à resolução de venda em hasta pública, possivelmente a sucateiros para trabalhos de demolição, em 1992.

A draga "Porto" em operação na fase mais recente

imagem (c) Fotomar