Imagem gentilmente cedida pelo Sr. Delfim Nora / Napesmat
Como resposta a este apelo, a Companhia de Pescarias Lisbonense, armou barcos e estabeleceu secas no Faial e na Trafaria. Acabaria como a maior parte das empresas, que decidiram arriscar neste período, liquidada ruinosamente em 1857, incapaz de tornear os interesses dos comerciantes Lisboetas, que punham e dispunham livremente o preço da compra e venda do peixe, utilizando navios estrangeiros concorrenciais.
Em sentido oposto aos restantes pescadores de países próximos, que recebiam apoio e incentivos dos estados, o governo do reino em aberto conluio com os comerciantes da capital, decide proibir a construção e armamento de navios destinados à pesca. Apenas alguns armadores do Norte ignoram as proibições, mas é dos Açores que a partir de 1866 a firma Bensaúde & Cª., arma na Horta o lugre “Hortense” e o palhabote “Social”, continuando a pesca. De regresso à ilha de S. Jorge, emigrantes locais nos Estados Unidos formam uma segunda empresa, a Mariano & Irmãos, que dispunha de dois navios trazidos da América, posteriormente ali baptizados como “Júlia I” e “Júlia II”. No continente esta indústria somente será tornada livre dando sinais de prosperidade a partir de 1903.
De entre o leque de armadores que ousaram desrespeitar a lei do governo monárquico, encontra-se os nomes do Ílhavense Manuel F.F. Razoilo e do seu sócio Aveirense José Pereira Júnior, que prepararam diversos navios e arrendaram terra na Gafanha, local onde procediam à secagem e tratamento do peixe. Da frota que lhes pertenceu, existe referência aos seguintes navios:
Chalupa “Razoilo & Cª.”, indicativo H.J.R.P., 249 m3 de carga, 87,82 toneladas de arqueação bruta, com registo em Aveiro. Navegou pelo menos durante as campanhas entre 1891 e 1910. Sem rasto após 1911.
Iate “Novo Razoilo”, indicativo H.D.N.W., 131 m3 de carga, com registo em Aveiro. Há registo de presença na pesca. Sem rasto após 1905.
Lugre “Razoilo 1º”, indicativo H.J.P.F., 237 m3 de carga, a navegar entre 1887 e 1912, inicialmente com registo em Aveiro e posteriormente em S. Martinho do Porto. Foi seu capitão o Sr. Tude d’Oliveira da Velha, tendo partido de Aveiro para a campanha de 1911, rumo aos bancos a 3 de Abril, com passagem por Lisboa. O navio é vendido em 1913 a António Henriques, de Lisboa e passou desde então para serviço comercial. Foi depois o
Nº Of.: 493 > Iic.: H.J.P.F. > Reg.: Lisboa > 9 tripulantes
Construção: S. Martinho do Porto, 1884
Tonelagens: Tab 202,03 to > Tal 192,26 to
Cpmts.: Pp 31,87 mt > Boca 8,52 mt > Pontal 3,24 mt
Nº Of.: 242 > Iic.: H.D.N.V. > Reg.: Aveiro > 26 tripulantes
Construção: Aveiro, 1900
Tonelagens: Tab 148,27 to > Tal 105,05 to
Cpmts.: Pp 30,19 mt > Boca 8,00 mt > Pontal 3,11 mt
Palhabote “Razoilo”, indicativo H.K.M.D., 459 m3 de carga, 162,28 toneladas de arqueação bruta, com registo em Aveiro. Iniciou a actividade na campanha de 1894, tendo navegado aos bancos até 1913, ano em que foi vendido à Parceria Marítima Ílhavense, de Aveiro. Foi depois o
Palhabote “Sofia”
Cttor.: José Maria Bolais Mónica, Gafanha, em 1893
Tonelagens: Tab 162,28 to > Tal 154,17 to
Cpmts.: Pp 31,26 mt > Boca 7,35 mt > Pontal 3,11 mt
1 comentário:
cUm desses navios, o hyate Razoilo, fez a sua primeira campanha em 1908numa parceria entre o Sr. Razoilo, o capitão Manoel Nunes da Graça, o Sr. Alberto Pinto Bastos (da família proprietária das Fábricas de Porcelana Vista Alegre)e o Sr. Mário Duarte (suponho que tio-avô do poeta Manuel Alegre. O capitão era de Ílhavo, assim como parte da tripulação, e chamava-se Tude.
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