domingo, 14 de setembro de 2008

Porto - A cidade e o rio (1)


Quanto valeu um rio Douro ?

Certamente valeu mais do que se possa imaginar. E continua a valer, atendendo aos banhos de multidão vistos no ano passado e no último fim de semana, para ver os aviões da Red Bull. Viu-se também alguns anos antes, aquando da visita dos grandes veleiros que participaram na regata Cutty Sark. Acredito que antigamente acontecia o mesmo, sempre que o rio nos dava algo sem pedir nada em troca. Como por exemplo a visita da Rainha Isabel de Inglaterra nos anos 50.
Achamos que a ocasião era propícia para homenagear o rio e decidimos fazê-lo através das imagens dos bilhetes postais. Porque são retratos fieis de tempos vividos, de épocas felizes e principalmente de momentos, que amanhã e provávelmente daqui a 10 anos, ou mais, se revelerão indispensáveis para podermos recordar.

A barca"Oliveira" e outras embarcações no cais da Ribeira

As barcas "Arcelina", "Venturosa" e "Oliveira" no cais de Gaia

Navio não identificado no cais de Gaia

Navio Norueguês "Douro" nos Vanzeleres, lugres na Ribeira

Navio não identificado no Muro dos Bacalhoeiros

O lugre bacalhoeiro "Condestável" amarrado no Bicalho

A ponte D. Luís de braços abertos sempre à espera de novos regressos.

3 comentários:

joão coelho disse...

Que pena que o Douro, na cidade do Porto, tenha perdido este movimento..
Resta-me o porto de Leixões, para mim o mais "maritimo" de Portugal continental, para matar saudades de entradas e saídas de navios directamente para o mar e à vista de todos os interessados, tal como na minha terra, P.Delgada, S.Miguel, Açores. Vivendo em Lisboa há mais de 30 anos, a possibilidade que tenho de "ver navios" lutando contra o mar, é de ir até ao Guincho..cheio de paciência para aguentar sa bichas de trânsito..
Foi o assoreamento da barra do Douro que alterou as condições de acesso, ou foi desinteresse comercial, que desertificou os vários cais que surgem nos seus postais?

Saudações marinheiras

João Coelho

reimar disse...

Caro amigo,
Julgo ter acontecido um divórcio a separar ambos os portos. Leixões ficou com o comércio marítimo, o rio Douro com a indústria turística. Entretanto existiu muita apatia e desinteresse em deslocar navios para o Douro, já que todas as infraestruturas foram colocadas em Leixões.
No presente todos os cais estão praticamente concessionadas a embarcações para passeios no rio, muitas das quais réplicas de barcos rabelos.
Como o movimento marítimo também não é muito em Leixões, é provável que seja rentável à Administração dos Portos ter esses cais e molhes concessionados.
Todavia o rio mantem aberta uma estrada até ao cais de Sardoura (em Castelo de Paiva), onde os navios vão carregar granito, e tenho fé que os netos possam ver igualmente os navios a chegar à Régua. Acho também que os navios de passageiros com calado inferior a 5 metros deviam vir para o Douro, pois muito se ganharia nacional e internacionalmente.
Fé meu amigo, é sempre a última coisa a morrer...
Um grande abraço atlântico,
Reimar

Rui Amaro disse...

Não há duas sem três!
O rio Douro ou melhor o porto marítimo do Douro, ainda poderá vir a valer alguma coisa, se as suas autarquias ribeirinhas, Porto e Gaia, o não estragarem com um tecto de novas pontes projectadas à cota baixa ou média baixa, que será o maior disparate já mais ocorrido nas duas cidades de guerrinhas e dizem eles que o Danúbio em Budapeste e o Sena em Paris também as têm, nem que haja comparação possível. A navegação flúvio-maritima não tem problemas, baixa a mastreação e a ponte de comando e lá passa, agora a navegação de mastreação elevada, tall ships, barcos de guerra, etc, essa ou vai para Leixões ou passa ao largo procurando outros portos. A Cutty Sark Tall Ship’ Race/ Prince Hemry Memorial, que visitou o Douro e Leixões por alguns dias, teve mais forasteiros dos que o Red Bull Air Race de há poucos dias e porque não incentivar navios de cruzeiro de pequeno porte, que os há, a virem ao porto do Douro. Isso é que não era um disparate como o das pontes!
2ª Imagem – As três barcas estão amarradas entre o lugar do cais das Pedras e o do cais do Monchique.
4ª Imagem – Na margem Norte, Ribeira, vê-se o vapor Ourém e um lugre mercante dinamarquês ou inglês da Terra Nova na descarga de bacalhau seco.
5ª Imagem – O vapor na Ribeira é norueguês da Toresen Line, de Cristiania, possivelmente mais tarde tenha sido adquirido pela Fred Olsen, como todos os vapores do seu armamento.
6ª Imagem – Vê-se o lugre-motor Condestável na lingueta do Bicalho na descarga do bacalhau, pela proa está um caça-minas da classe Terceira e em Massarelos um lugre bacalhoeiro da praça do Porto, já pronto a hibernar. Na margem Sul vê-se um navio-motor da pesca à linha, Nossa Senhora da Vitória ou o Sam Tiago, da SNAB, e um lugre bacalhoeiro de Aveiro, a aguardar maré naquela barra assoreada. Como as coisas são, naqueles tempos, década de 50, era impensável meter a barca de quatro mastros Russa Sedov no porto Aveirense, pois se aquele lugre, quase do tamanho dum escaler do Sedov o não podia fazer devido a barra e ria de pouca água. Se lhe instalam terminal de contentores, lá se vai Leixões. A Figueira já possui, só que a barra anda assoreada.
7ª Imagem – Mostra o lugre-motor costeiro de três mastros Vianense, o n/m Secil Grande e atracado o rebocador Mira e ainda no meio do rio, uma traineira da sardinha a aguardar vistoria da capitania.
E fico por aqui, que o dia já vai longo!
Saud… Mar…-entus….
Rui Amaro