sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Um navio Português, que não chegou a ser...

Trata-se do último navio adquirido pelo armador portuense Júlio Ribeiro de Campos, decisão de compra errada, tal como antes acontecera com o lugre “Cidade do Porto”, cuja existência lembramos recentemente. Se tivermos presente os custos de manutenção da barca “Foz do Douro”, mais o agravamento económico provocado pela tentativa de recuperação dos outros navios, é fácil prever o descalabro financeiro e a correspondente falência, quer da empresa de navegação, quer das empresas ligadas à área têxtil exploradas pelo empresário nortenho, que obviamente se lamenta. Durante os anos em que esteve ao seu serviço, o navio foi baptizado “Ultramarino” e esta é a sua história:

O “ Ultramarino “
1943 – 1951

O navio “Ultramarino” amarrado em Lisboa

Nº Oficial: Não teve > Iic.: C.S.F.E. > Reg.: Não fez
Detalhes conforme a lista de navios portugueses de 1949
Cttor.: A.G. Vulkan Werke, Stettin, Alemanha, Outubro, 1921
Tlgns.: Tab 4.323,02 to > Tal 2.592,69 to > Porte 6.480 to

Cmpts.: Ff 118,40 mt > Pp 109,94 mt > Bc 15,55 mt > Ptl 7,92 mt

Máq.: D.S.M. AG. Weser, 1921 > 1:Tv > 1.068 Ihp > Vlc. 13 m/h
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Antes das reparações efectuadas durante o ano de 1939
Tab 4.177,00 to > Cpp 109,50 mt > Máq. 1:Te > Veloc. 10,5 m/h
ex “Alda” - Roland Linie, Bremen, 1921-1925
ex “Alda” – Norddeutscher Lloyd, Bremen, 1925-1936
ex “Eisenach” (3) – Norddeutscher Lloyd, Bremen, 1936-1942
ex “Oceania” – Compañia. Oceanica, Costa Rica, 1942-1943
dp “Traunstein” – Roland Linie, Bremen, 1951-1960
Vendido para demolição em Wilhelmshaven a 29.09.1960

Devido à fusão da Roland Linie com a Norddeutscher Lloyd, todos os navios da empresa foram-lhes transferidos, tendo o “Alda” continuado a navegar com o mesmo nome até 1936, ano em que a NL opta pela alteração do nome para “Eisenach”, o terceiro com o mesmo baptismo. Faz escalas no país, com destino a portos na América do Sul.
Deu entrada em estaleiro para receber melhoramentos e aumento do casco, terminando as obras a inícios de 1939. Pouco tempo depois, a 31 de Março, é vitimado por violento incêndio a bordo, afundando-se em Punta Arenas, no Sul do Chile. Recuperado é posto a flutuar em Novembro de 1941 e em 1942 é vendido à Companhia Oceanica da Costa Rica, que lhe muda o nome para “Oceanica” e para quem efectua algumas viagens.

Adquirido em 1943 por Júlio Ribeiro de Campos, o navio muda o nome para “Ultramarino” e viaja para os Estados Unidos. A 17 de Junho de 1948 largou a reboque de Salinas para Nova Orleans, onde chegou a 8 de Julho. Em 27 de Dezembro desse mesmo ano, por motivo de avaria arribou ao porto de Galveston, tendo saído a 5 de Janeiro de 1949 com destino a Lisboa, onde deveria ter chegado a 24 de Janeiro. Nova avaria obriga-o a arribar nas Bermudas a 17 de Janeiro. Após uma semana em porto deixa as Bermudas no dia 24, navegando para Lisboa, mas novo problema mecânico imobiliza o navio no mar, quando já se encontrava próximo dos Açores. O rebocador “Monsanto” da Colonial sai de Lisboa ao encontro do navio e passando-lhe cabo de reboque conduz o navio até Lisboa, dando entrada a 18 de Fevereiro.

Amarrado no Tejo para efectuar reparações, já que Lisboa foi o único porto nacional tocado pelo navio, sai a barra em 4 de Setembro, com destino a Bremen, a fim de prosseguir as reparações, rebocado pelos salvadegos alemães “Gulosenfjord” e “Kurefjord”. Por força da grave e deficitária situação financeira, Júlio Ribeiro de Campos vê-se obrigado a pôr o navio à venda, sendo comprado pela renovada Roland Linie, que lhe muda o nome para “Traunstein”.

O “Traunstein” em Leixões – imagem © Fotomar

Navega então sob bandeira Alemã, tanto pelo armador como em fretamentos pela companhia Woermann Linie, durante a década de 50, com escalas em Lisboa e Leixões, mas agora com destino a portos Africanos. A 29 de Setembro de 1960 sai pela última vez de Bremerhaven para Wilhelmshaven, sendo vendido à empresa Eisen und Metal AG., que procedeu à respectiva demolição.

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