A confirmação do naufrágio
Apesar do desalento devido à falta de comentários referentes a este lugre, que originou uma situação impar relacionado com a frota bacalhoeira, continuei a investigar o naufrágio, tendo agora mais e melhores elementos, muito embora estando ainda em falta as principais características do navio. Lá chegaremos !…
1. Do naufrágio… (telegrama de Sines - 11.12.1916)
.........................
.........................
Cerca das 14 horas do dia 11 foi avistada no mar uma baleeira, tendo seguido ao seu encontro uma barca, que a trouxe para terra com 5 homens que a ocupavam. Soube-se então que esses homens pertenciam à tripulação de um lugre da praça de Aveiro, o “Brizella”, que tinha saído da capital no mesmo dia em que saiu o barco de vela “Vasco da Gama” e que no mar alto, de noite, sofreu um choque que lhe abriu um grande rombo, começando logo a afundar. Os pobres homens, acordados em sobressalto, não sabem explicar ao certo a causa do rombo, mas suspeitam que ele fosse produzido por um submarino, que andasse naquelas paragens.
A tripulação que era composta por 10 homens, fez todas as diligências para salvar o barco, mas na impossibilidade de tapar o rombo, que era enorme, abandonou-o metendo-se 5 homens em cada uma das baleeiras existentes a bordo. Entre os cinco que aqui chegaram figura o capitão. Dos outros ignora-se o paradeiro, dizendo estes que estiveram à fala com eles até às 4 horas da madrugada, pelo que tem esperança que fossem arribar a Sesimbra.
A tripulação que era composta por 10 homens, fez todas as diligências para salvar o barco, mas na impossibilidade de tapar o rombo, que era enorme, abandonou-o metendo-se 5 homens em cada uma das baleeiras existentes a bordo. Entre os cinco que aqui chegaram figura o capitão. Dos outros ignora-se o paradeiro, dizendo estes que estiveram à fala com eles até às 4 horas da madrugada, pelo que tem esperança que fossem arribar a Sesimbra.
2. Do naufrágio… (comentário oficial da Armada - 11.12.1916)
.........................
.........................
Sobre o assunto a Armada informa, que a 65 milhas a Oeste de Cascais, o lugre “Brizella” foi de encontro a um corpo duro, afundando-se hora e meia depois. A tripulação, meteu-se em duas baleeiras, uma das quais chegou já a terra, não tendo a outra aparecido até agora, onde se encontram 4 ou 5 homens.
3. Do naufrágio… (ao telefone desde Lisboa - 11.12.1916)
.........................
.........................
O barco que naufragou em Sines era o “Brizella”, de 303 toneladas liquídas, de Aveiro, e pertencia à empresa de pesca “Boa Esperança”, da mesma praça. Seguia de Lisboa com carga de telha, sal, azeite, etc., quando a cerca de 65 milhas de Cascais abalroou com a carcassa de um navio que flutuava submerso, tendo sofrido grandes rombos, por onde a água ia entrando, não sendo possível estancá-la. Então o capitão mandou arriar dois escaleres onde tomaram lugar os tripulantes, que recolheram alguns dos seus haveres. O navio afundou-se rapidamente. Os náufragos desembarcaram em Sines.
O capitão FERNANDO DOMINGOS MAGANO, é natural de Aveiro. Com ele vinham os marinheiros Manuel Russo, Joaquim das Neves, Emílio Francisco e Manuel da Silva Monteiro, tendo estado 57 horas à espera de socorro e só próximo da costa foi um bote dar-lhes reboque. No outro escaler encontravam-se os restantes náufragos; Piloto António dos Santos Embonado, contra-mestre Manuel dos Santos Carabonête e os marinheiros Manuel Pina, Rogério de Sousa e o moço de bordo Manuel dos Santos Malaquias.
Informaram terem perdido de vista os seus companheiros às 15 horas da véspera, supondo-se que tenham já alcançado porto de salvamento, talvez em Sesimbra. O navio tinha sido adquirido na Inglaterra há menos de um ano por 1.000 libras. A carga estava segura. Depois da Madeira, para onde se destinava, estava previsto seguir em lastro para um dos portos da América, a fim de carregar madeira para o Porto.
O capitão FERNANDO DOMINGOS MAGANO, é natural de Aveiro. Com ele vinham os marinheiros Manuel Russo, Joaquim das Neves, Emílio Francisco e Manuel da Silva Monteiro, tendo estado 57 horas à espera de socorro e só próximo da costa foi um bote dar-lhes reboque. No outro escaler encontravam-se os restantes náufragos; Piloto António dos Santos Embonado, contra-mestre Manuel dos Santos Carabonête e os marinheiros Manuel Pina, Rogério de Sousa e o moço de bordo Manuel dos Santos Malaquias.
Informaram terem perdido de vista os seus companheiros às 15 horas da véspera, supondo-se que tenham já alcançado porto de salvamento, talvez em Sesimbra. O navio tinha sido adquirido na Inglaterra há menos de um ano por 1.000 libras. A carga estava segura. Depois da Madeira, para onde se destinava, estava previsto seguir em lastro para um dos portos da América, a fim de carregar madeira para o Porto.
4. Do naufrágio… (em Lisboa - 12.12.1916)
.........................
.........................
Está confirmado que o lugre “Brizella” foi afundado por um submarino alemão. Este navio partira daqui no dia 8 com destino à Madeira e a 60 milhas da costa de Sines, pelas 4 horas e meia, foi surpreendido pelo aparecimento repentino de um grande submarino que emergiu pela sua popa.
Um oficial de bordo do submarino pediu uns documentos do lugre, que lhe foram entregues pelo piloto e um marinheiro. Depois de lidos aqueles, foi a tripulação intimada a, no prazo de 10 minutos, arriar as baleeiras e a abandonar o navio, para a tripulação se salvar. Em seguida, atracaram o submarino ao lugre, dinamitando-o, pondo-se aquele ao largo. Como o efeito da bomba não fosse o esperado, disparou um tiro da peça sobre a proa do navio, que em seguida se afundou no espaço de 10 minutos. O submarino tinha de comprimento aproximadamente 55 metros, calculando-se o deslocamento em 800 toneladas. Estava pintado de branco e durante esta façanha, conservou no seu tombadilho uns 40 homens carregados de carabinas.
Uma parte da carga estava segura contra o risco de guerra e marítimo nas companhias Ultramarina e Atlântica, pela firma fretadora, Srs. Ramalheira, Pires & Bastos, de Lisboa. O valor da carga era de 9.500 escudos.
Os relatos acima foram publicados no Jornal de Notícias, nos dias 12 e 13 de Dezembro de 1916, respectivamente.
Parece-me perfeitamente justificada a continuação da pesquisa sobre o naufrágio do “Brizella”, pois por experiência própria reconheço que a necessidade da urgência em publicar este tipo de artigos, leva a incorrecções e a situações de difícil compreensão. Juntando todas as notícias podemos por fim completar o puzzle e formar opinião sobre o que pode ter realmente acontecido durante o incidente. Acresce também tentar compreender o que se dizia e o que se podia dizer, face ao rigoroso controle de censura civil e militar, durante os anos da guerra.
Um oficial de bordo do submarino pediu uns documentos do lugre, que lhe foram entregues pelo piloto e um marinheiro. Depois de lidos aqueles, foi a tripulação intimada a, no prazo de 10 minutos, arriar as baleeiras e a abandonar o navio, para a tripulação se salvar. Em seguida, atracaram o submarino ao lugre, dinamitando-o, pondo-se aquele ao largo. Como o efeito da bomba não fosse o esperado, disparou um tiro da peça sobre a proa do navio, que em seguida se afundou no espaço de 10 minutos. O submarino tinha de comprimento aproximadamente 55 metros, calculando-se o deslocamento em 800 toneladas. Estava pintado de branco e durante esta façanha, conservou no seu tombadilho uns 40 homens carregados de carabinas.
Uma parte da carga estava segura contra o risco de guerra e marítimo nas companhias Ultramarina e Atlântica, pela firma fretadora, Srs. Ramalheira, Pires & Bastos, de Lisboa. O valor da carga era de 9.500 escudos.
Os relatos acima foram publicados no Jornal de Notícias, nos dias 12 e 13 de Dezembro de 1916, respectivamente.
Parece-me perfeitamente justificada a continuação da pesquisa sobre o naufrágio do “Brizella”, pois por experiência própria reconheço que a necessidade da urgência em publicar este tipo de artigos, leva a incorrecções e a situações de difícil compreensão. Juntando todas as notícias podemos por fim completar o puzzle e formar opinião sobre o que pode ter realmente acontecido durante o incidente. Acresce também tentar compreender o que se dizia e o que se podia dizer, face ao rigoroso controle de censura civil e militar, durante os anos da guerra.
Sem comentários:
Enviar um comentário