quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Companhias Portuguesas - a " Baltir "


Sociedade de Navegação Baltir, Sarl.
Aveiro

1962 - 1970

Esta foi outra companhia de Aveiro, de capitais reduzidos e perspectivas de lucro a curto prazo. Enganaram-se aqueles que ao embandeirar os navios com bandeira de conveniência, neste caso do Panamá, teriam a vida facilitada. Pelo contrário, o registo Panamiano muito acessível de início, teve os navios severamente penalizados com inúmeras despesas de vária ordem. Inclusivé, devido ao largo número de situações paralelas que aconteceram mais tarde, com navios de diversos países, levou ao aparecimento de instituições internacionais como o I.T.F. e o Port State Control, cuja vigilância aos navios se revelou indispensável, contudo teve também momentos de absoluto exagero, quantas vezes em puro benefício dos peritos nomeados para as inspecções.
Como normalmente acontece havia capital no início, que começou a faltar a partir de 1968 e daí surgir o habitual rol de problemas, que acabam sempre no banco dos tribunais. Mais grave é sempre quando se descura a salvaguarda das tripulações, que a bordo padecem sem água nem alimentos, obrigados a regressar a casa pelos seus próprios meios e quantas vezes de bolsos vazios.
Nos jornais de Novembro de 1969, chegava a notícia que a companhia agonizava com um passivo de 15 a 20 mil contos. Que os navios estavam retidos em portos espanhóis por falta de pagamento às tripulações, oriundas da região de Aveiro e que estariam a ser repatriados em transes bastante aflitivos. Em Gijon, o “Capitão Abreu” semi abandonado ficou à guarda de dois tripulantes nacionais, um a bordo, outro no hospital, mas sempre sob vigilância ininterrupta e atenta a cargo de 2 espanhóis. Com o “Capitão Bismarck” a situação era idêntica. O capitão do “Capitão Abreu”, Sr. Manuel Óscar, comentava na época, que as complicações surgiram quando foram iniciadas as viagens para África. Era também de opinião que a nova sociedade foi vitima de perseguição gananciosa por parte doutras empresas, que financiando a Baltir, queriam apenas comprar os barcos por baixo preço.
Os navios estiveram fretados à Empresa Ancora, de Aveiro, entretanto substituída pela Centromares, sociedade criada em Madrid para localmente operar como agente geral, arranjando fretes contra o pagamento de comissões, através dum serviço que ligaria a Suécia com os portos de Huelva e Gijon. Tiveram um bom começo, responsabilizando-se pelo pagamento da alimentação e salários, mas volvidos três meses descambou. Como o apelo de um dos responsáveis da Baltir, o Capitão Fernandes, para reunir os credores e tentar negociar as dividas antes da empresa cair no banco dos réus, não mereceu resposta adequada, o tribunal deu a machadada final com a venda dos navios em hasta pública, obrigando ao fim da sociedade em 1970.

N/m “Capitão Abreu”
1963 - 1973
Nacionalidade Panamiana

O n/m "Leicesterbrook" a nevagar sob pavilhão Inglês
Imagem de autor desconhecido - Photoship, UK

O "Capitão Abreu" próximo da entrada em Leixões
Imagem (c) Fotomar

Construtor : John Lewis, Aberdeen, Escócia, 11.1948
Efectua reparação no estaleiro Mónica, na Gafanha em 1965
ex “Leicesterbrook” - Comben Longstaff, Londres, 1948-1963
Tonelagens : Tab 982,00 to > Porte 1.220 to
Cpmts.: Pp 60,96 to > Boca 9,14 mt > Pontal 4,36 mt
Máquina : 1:Di > Veloc. 9 m/h
Vendido para demolição em Gijon, a 20.10.1973

N/m “Capitão Bismarck”
1966 - 1969
Nacionalidade Panamiana

O "Capitão Bismarck" durante uma das estadias em Leixões
Imagem (c) Fotomar

Construtor : John Lewis, Aberdeen, Escócia, 04.1947
Efectua reparação no estaleiro Mónica, na Gafanha em 1966
ex “City of Brussels” – Brussels S/ship Co. Ltd., 1947-1964
ex “Barbamihalis” - Kollakis Brothers, Panamá, 1964-1966
Apesar de vendido à Ancora em 1969 e já ter previsto o registo com o nome “Aveiro”, o tribunal anulou a venda, tendo o navio ficado em Espanha, às ordens do tribunal, condenado para sucata.
Tonelagens : Tab 671,00 to > Porte 1.100 to
Cpmts.: Pp 51,21 to > Boca 9,14 mt > Pontal 5,18 mt
Máquina : 1:Di > Veloc. 8,5 m/h
Vendido para demolição em Santander, a 17.12.1971

N/m “ Julieta ”
1967 - 1970
Nacionalidade Panamiana

O "Soemba" nos anos 40 escalava o Douro com regularidade
Imagem (c) colecção de fsc

O "Julieta" junto aos molhes de Leixões
Imagem (c) Fotomar

Construtor : Scheepswerf Vooruitgang, Foxhol, Holanda, 04.1940
ex “Soemba” - Rederij J. Sloots, Groningen, Holanda, 1940-1945
Capturado durante a IIª Grande Guerra Mundial, muda de nome
ex “Artilleritrager” - Marinha Alemã, Kiel, 06.1945-1946
No final da guerra foi devolvido ao armador e retoma o nome
ex “Soemba” - Rederij J. Sloots, Groningen, Holanda, 1946-1961
1951 - Repara, aumenta o comprimento e recebe novo motor
ex “Sirius S” - Christian Sloots, Vlaardingen, Holanda, 1961-1963
ex “Sirius S” - Sietri S.A., registo no Panamá, 1963-1964
ex “Arlene” - Orietta Shipping S.A., reg. no Panamá, 1964-1964
ex “Orietta” - Orietta Shipping S.A., reg. no Panamá, 1964-1965
ex “Puma” - Transp. Marít. San Blas S.A., Panamá, 1966-1967
dp “Julieta” – Lacerda & Arlindo Fernandes, Lisboa, 1968-1997
Tonelagens : Tab 314,00 to > depois de 1951 a Tab é 465,00 to
Cpmts.: Pp 37,60 mt > Boca 7,40 > dp de 1951 o c/Pp 50,70 mt
Máquina : 1950 > 1:Di > Veloc. 9 m/h
Provávelmente abandonado em Lisboa para desmantelar em 1997.

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