Porto, 1890-1910
Nome de uma barca registada no Porto, Formigosa é simultaneamente um topónimo utilizado para dar nome a um lugar no concelho de Vila Nova de Gaia, provavelmente o local de origem da família do respectivo proprietário.
Navio construído em Quebec, no Canadá, em 1876, depois de navegar durante vários anos com o nome “Glengarry”, chega ao Douro durante a última década do século XIX. Pertenceu a J. T. Costa Basto, que a registou no Porto ( indicativo H.K.J.N., 635,43 to de registo bruto e 603,66 to de registo liquído), local onde normalmente iniciava e terminava as viagens de longo curso até às Américas do Norte e do Sul.
Navio construído em Quebec, no Canadá, em 1876, depois de navegar durante vários anos com o nome “Glengarry”, chega ao Douro durante a última década do século XIX. Pertenceu a J. T. Costa Basto, que a registou no Porto ( indicativo H.K.J.N., 635,43 to de registo bruto e 603,66 to de registo liquído), local onde normalmente iniciava e terminava as viagens de longo curso até às Américas do Norte e do Sul.
A barca " Bella Formigosa "
À entrada do Douro, a reboque do "Veloz", por volta de 1900
Imagem (c) da colecção de fsc
À entrada do Douro, a reboque do "Veloz", por volta de 1900
Imagem (c) da colecção de fsc
Os 24 anos de serviço completados em 1903 e uma eventual necessidade de manutenção e reparação, terão pesado na decisão de colocar o navio à venda, ainda no decorrer desse mesmo ano. Apareceu como candidato interessado o armador portuense José Soares da Costa, confirmando a compra. O registo em 1904, foi a exemplo dos navios da sua frota mantido no Porto, alterando-lhe apenas o nome para “Soares da Costa”, caracteristicamente comum por ter sido repetido em vários navios, ao longo dos tempos.
A barca " Soares da Costa "
Encalhada em Massarelos, depois da cheia do rio, Dezembro,1909
Imagem (c) da colecção de fsc
Encalhada em Massarelos, depois da cheia do rio, Dezembro,1909
Imagem (c) da colecção de fsc
Segue-se uma série de anos de relativa tranquilidade, até à tormentosa cheia do Douro, em Dezembro de 1909, que vai apanhar diversos navios, muitos dos quais para voltar a navegar, por falta de seguro, vão exigir um enorme esforço económico, que viria a terminar em profunda rotura financeira, sendo os navios levados à praça para venda, para pagamento das dívidas.
18.02.1910
Quando um mal, nunca vem só...
Quando um mal, nunca vem só...
Devido ao violento temporal, a barca "Soares da Costa", fundeada no porto de Leixões, com carregamento de aduela e algodão, ali recebido e trazido pelo vapor espanhol "Catalina", cerca das sete horas da noite, começou a garrar, sendo imediatamente pedido socorro de bordo, bem como das embarcações que se encontravam próximo. Sem que qualquer auxílio fosse prestado à barca, esta, pelas oito horas, encalhou no enrocamento do cais norte, um pouco a oeste do porto de serviço.
Saindo então o salva-vidas, encostou à barca, recolhendo a tripulação, composta pelo capitão Francisco Fernandes Batata, quatro marinheiros e duas mulheres, que foram transferidas para terra. A barca "Soares da Costa", que por ocasião da última cheia do rio Douro, esteve encalhada em Massarelos, junto ao cais, é de 566 toneladas de registo e pertence ao Sr. José Soares da Costa, que ainda há pouco tempo recebera uma proposta de venda, por 6.000$000 (mil reis). Não estava no seguro. A carga que como foi dito, se compunha de fardos de algodão e aduela, flutuava em grande quantidade, em volta do barco, procedendo-se ao seu salvamento. A barca "Soares da Costa", que se encontra em condições muito criticas, não havendo esperanças de a salvar, devia ser leiloada juntamente com outras embarcações, na próxima quinta-feira, no edifício da Bolsa do Porto. (Notícia do Comércio do Porto, de 20.02.1910)
Saindo então o salva-vidas, encostou à barca, recolhendo a tripulação, composta pelo capitão Francisco Fernandes Batata, quatro marinheiros e duas mulheres, que foram transferidas para terra. A barca "Soares da Costa", que por ocasião da última cheia do rio Douro, esteve encalhada em Massarelos, junto ao cais, é de 566 toneladas de registo e pertence ao Sr. José Soares da Costa, que ainda há pouco tempo recebera uma proposta de venda, por 6.000$000 (mil reis). Não estava no seguro. A carga que como foi dito, se compunha de fardos de algodão e aduela, flutuava em grande quantidade, em volta do barco, procedendo-se ao seu salvamento. A barca "Soares da Costa", que se encontra em condições muito criticas, não havendo esperanças de a salvar, devia ser leiloada juntamente com outras embarcações, na próxima quinta-feira, no edifício da Bolsa do Porto. (Notícia do Comércio do Porto, de 20.02.1910)
E foi...
Arrematação de embarcações
Na bolsa do Porto foram ontem postas em praça as seguintes embarcações, que tiveram estas propostas :
Patacho "Soares da Costa", no rio Douro, 7.100$000 (mil reis)
Iate "Othelinda Costa", surto em Leixões, 3.604$000 (mil reis)
Iate "Adelaide Costa", também em Leixões, 4.410$000 (mil reis)
Iate "Odília Costa", surto em Setúbal, 3.310$000 (mil reis)
Iate "José Costa", também em Setúbal, 4.000$000 (mil reis)
Patacho "Soares da Costa", no rio Douro, 7.100$000 (mil reis)
Iate "Othelinda Costa", surto em Leixões, 3.604$000 (mil reis)
Iate "Adelaide Costa", também em Leixões, 4.410$000 (mil reis)
Iate "Odília Costa", surto em Setúbal, 3.310$000 (mil reis)
Iate "José Costa", também em Setúbal, 4.000$000 (mil reis)
e o visto e não visto da barca "Soares da Costa", naufragada em Leixões, 500$000 (mil reis).
Todas as propostas estão sujeitas às condições lidas na praça.
(No jornal "O Comércio do Porto", de 25.02.1910)
(No jornal "O Comércio do Porto", de 25.02.1910)
Pelo que me é dado constatar, do leilão resultou a venda de dois navios. O iate "Adelaide Costa" foi comprado por José Joaquim Gouveia, continuou matriculado no Porto, mas alterou o nome para "Oceano". O iate "José Costa" foi comprado por Manuel de Oliveira Júnior, matriculou na praça da Figueira da Foz, sendo rebaptizado como "República".
1 comentário:
Boa tarde,
Chamo-me Alvaro Manuel Marques Ferreira, sou neto de Adelaide Vasconcelos Soares da Costa Marques e bisneto de Jose Soares da Costa.
Gostaria obter mais informações s/ este ramos da familia de forma a poder completar a nossa historia.
Ficaria grato se acaso me pudessem facultar mais elementos ou indicar onde posso obter p.ex uma planta do Iate Adelaide Costa ( m/ avÓ )
Antecipadamente obrigado
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