sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Rumores...


A compra do " Argus "

A notícia no jornal "Público"

Correm rumores pelo país náutico, que a empresa Pascoal & Filhos, de Aveiro, terá adquirido em Aruba o lugre “Polynesia II”, antigo bacalhoeiro “Argus”, que pertenceu à Parceria Geral de Pescarias, de boa memória.
Correm rumores que o caso terá merecido pela empresa Pascoal & Filhos, o direito ao nascimento de um blog “The new quest of the schooner Argus”, que de certa forma esclarece o que a notícia do jornal Público não confirma, mas desde logo adianta.
Correm rumores que a empresa Pascoal & Filhos, terá adquirido recentemente um arrastão, para aumentar a sua frota pesqueira e quase em simultâneo terrenos onde estiveram implantadas as secas do bacalhau, uma das quais a da Soc. Gafanhense.
Correm ainda rumores que a Pascoal & Filhos, é uma empresa sólida, contudo não é do tipo que oferece ordenados chorudos aos empregados e tripulantes dos seus navios, bem pelo contrário.
Para terminar corre também o rumor que a Pascoal & Filhos, esteve na eminência de se juntar a uma empresa Islandesa, cujo país sabemos todos, atravessa uma gravíssima crise financeira.

A contrabalançar estes rumores temos algumas certezas. A da notável recuperação do lugre “Santa Maria Manuela”, que segundo os directores da Pascoal & Filhos, vai rondar os 8 milhões de euros. A alegria incontida pela compra do “Argus”, o alargado regozijo que nos trouxe a notícia divulgada e propagada através da bloguesfera e a imensa satisfação de ver crescer o parque histórico-naval, no que respeita aos navios da faina maior. Apesar de lamentarmos que a recuperação do mesmo possa orçar os 10 ou 12 milhões de euros, porque o navio está actualmente em muito pior estado de conservação, do que estava o “Santa Maria Manuela”. Situação que vai ainda ser agravada, pelo indispensável reboque do navio desde Aruba até Aveiro.

Ficam-nos portanto algumas dúvidas quanto à oportunidade da compra, em que a Pascoal & Filhos se substitui ao governo do país, já que na nossa modesta opinião deveria ter sido o Estado a comprar o navio. Estado que através da Marinha já apresenta condicionantes, relativamente à capacidade para manter o “Creoula” a navegar, porque está obviamente secundarizado face às reais dificuldades enfrentadas nas missões, que lhes estão oficialmente distribuídas.

Que a minha falta de compreensão sobre o assunto, não seja vista como critica ou falta de sensibilidade. Fiquei tão radiante com a notícia, como todos os amigos que gostam e se esforçam por um Portugal marítimo, que honre nobremente as nossas tradições. Receio é que o dinheiro da Pascoal & Filhos e certamente dos bancos, que vão garantindo estes investimentos se esgote e se percam os navios, num período de assustadora crise, cujo fim está tão longe quanto o horizonte.

4 comentários:

Rui Amaro disse...

Caro Reimar
Pois é verdade, no trabalho que postei no meu Blogue Navios à Vista, “Temos Navio, Temos o Santa Maria Manuela, é da Pascoal!”, agora com a aquisição do Polynesia II, lá nas Arubas, pela Pascoal & Filhos, já poderemos dizer “Temos Navios, Temos o Santa Maria Manuela e o Argus, são da Pascoal!”.
O teu texto está excelente, contudo em minha opinião temos de pensar positivo e deixar os pessimismos para trás. Rumores são rumores!
Quanto à “joint-venture” com a empresa Islandesa, em minha opinião a Pascoal & Filhos é sólida e saberá dar a volta à situação.
No que respeita o Argus estar em mau estado, talvez não. A aparência pelas fotos parece ser razoável, além disso o navio é de muito boa construção, até porque foi preparado para campanhas extensas nos mares dos gelos da Terra Nova, Labrador e da Groenlândia. Note-se que o Polynesia II, como navio de cruzeiros, tem tido manutenção e apenas ultimamente esteve arrestado, o que sucede, frequentemente com muitos desses navios.
Prolongando de braço dado o NRP Creoula aos seus dois gémeos, o que seria interessante um dia ocorrer, teremos o trio completo dos “lugres do Gelo” ou “Cisnes Brancos do Noroeste do Atlântico”.
Estão de parabéns todos aqueles que se interessam por estas coisas do mar e dos navios, antigos capitães, pilotos, maquinistas, pescadores dos navios bacalhoeiros, que todos eles sofreram na pele os rigores da Faina Maior, Portugal e sobretudo a empresa Pascoal & Filhos, que de certeza irá ter grande sucesso no empreendimento, que está a levar a cabo.
Até parece milagre! Allan Villiers lá nos Céus deve ter feito alguma prece!
Agora o que é deveras lamentável, é os nossos governantes ainda não se terem pronunciado pelo menos com uma simples palavra de estímulo, só lhes ficaria bem!
Saudações marítimo-entusiásticas
Rui Amaro / Blogue Navios à Vista

Luis Filipe Morazzo disse...

Simplesmente F A B U L O S O, aquilo que a equipa da Pascoal tem feito ultimamente, pelo património náutico nacional. Esta derradeira acção de recuperar o mítico “Argus”, com toda a complexidade que certamente a envolveu, quanto a mim, entrou já e com altíssimo mérito, nos anais contemporâneos da marinha portuguesa.

Bem-haja mais uma vez a toda essa formidável equipa, que conseguiu dar esta tremenda alegria, a muita boa gente neste país, e que por variadíssimas razões tem andado arredia destas sensações.

Saudações marinheiras

Luis Filipe Morazzo

J.pião disse...

Boa noite meus caros amigos ,então o nosso Argus estará assim tão mál?eu acho que não ,porque o proprio Argus se recompôs e de que maneira ,ser assim salvo na hora ,ele ganhou vida e vamos ter o nosso Prinçepe dos Mares a navegar ,porque na minha óptica ele está muito melhor do que o Manuéla más os entendidos é que vão vêr.Lembro que o Manuela na altura que estáva ém São Jacinto ,eu pessoalmente esteve dentro dele e disse prá mim ,este morre aqui! porque estáva mesmo uma lastima ,sem mastros, sem nada e praticamente abandonado ,cheio de ferrugém por tudo quanto éra navio e no entanto graças aos Sres de Pascoais vamos ter de certeza um Sre Manuéla que nos vai encantar ,queria eu estár lá dentro e navegar com ventos frescos de maneira a dar a borda como as Lanchas Poveiras noutros tempos e então queria vêr ele contar as 12 e as vezes 15 milhas com todas as velas feitas ,más que gozo para um pescador reformado como eu que cheguei ém tres anos no Lugre Motor Aviz a içar as 10 vélas que o Aviz tinha e com ventos frescalhudos dar as 9 e 10 milhas ,más com o motor auxiliar ?o Aviz não tinha nada do Argos nem dos outros IRMÃOS ,estes sim autenticos Veleiros dos mares gelados dos bacalhaus ! Bém Hajam a Empresa Pascoal e Filhos ,que com certesa como todas as empresas dete País e não só com muitas dificuldades saberão dar a volta por sima ! Muito óbrigado por Caxinas térra de bacalhoeiros .saúdações maritimas .Jaime Pontes «Pião»

Rui Amaro disse...

Ainda ontem à noite, no canal Hollywod vi um filme, em que participavam dois palhabotes ou hiates, como os queiram classificar, para mim eram palhabotes, dois mastros e mastaréus, pau da bujarrona, gurupés ou não, velas latinas, foi assim que o meu pai habituado a quase todo o tipo de embarcações de vela me ensinou, mesmo lanchas do alto poveiras, por acaso eram aqui da Foz, que também as houve, que o meu avô, um Murtoseiro, que aos 17 anos escolheu a Afurada e a Foz para recomeçar a sua vida, também as possuiu, e na tragédia do 27 de Fevereiro de 1892 já muito ao Sul e ao largo, começou a ver os céus a toldarem-se, e por muito destemido que era, não hesitou, desandou, assim como outras embarcações da Foz, Afurada, Valbom e de outros centros piscatórios Nortenhos como as Cachinas, e correndo ao tempo, já demandou a barra do Porto, com certa dificuldade, mas safou a sua pele e a dos seus cerca de 12 camaradas. Pois no filme os dois palhabotes tipo “Newfoundlander” (um era Português de nome Santa Isabel, o outro Americano. Está claro só para o filme). Tipo de navio que o amigo Jaime Pontes, possivelmente deve ter visto nos Grandes Bancos, se bem que a partir do final da guerra, começaram a desaparecer, era vê-los a navegar à bolina com a borda toda debaixo de água, aquilo dava as 12 a 15 milhas de certeza e eram de bastante calado e parece que trabalhavam com dóris de dois homens.
O meu pai antes da guerra, deu entrada aqui no Douro a um palhabote desses, a reboque, pois com o pano todo içado chegou quase a ultrapassar o rebocador, que teve de se por de capa à nortada, e pedir ao palhabote para ferrar o pano. Pois os nossos três últimos “Windjammers dos Bacalhaus” foram projectados baseados nesses velozes palhabotes de vela, que também atravessavam o Atlântico e chegavam a ir ao sul de Espanha, era por isso que os nossos três gémeos atingiam marchas muito apreciáveis. Dos três, apenas cheguei a ver o SMM na aproximação a Leixões, a vela e possivelmente com a máquina a trabalhar, aquilo não navegava, voava! Os Aviz, Condestável, Maria Frederico e por aí fora eram mais bojudos de proa, devia-lhes dificultar a navegação. As máquinas faziam um ruído ensurdecedor! Pois se houver problema com a manutenção do Creoula com a “crise” que parece que veio para largar ferro, com um bocado de jeito, e com os ganhos que espero a “Santa Pascoal” venha a ter com SMM/Argus, o Creoula ainda venha parar à Gafanha da Nazaré.
Os amigos Jaime Pontes, Jaime Pião e António Fangueiro, ainda hão-de ver os três gémeos fundeados frente às Cachinas! Olhe, frente à barra da Vila e à doca da Povoa, já ancoraram vasos de guerra de algum porte, fora o São Raphael, que se perdeu.
Saudações marítimo-entusiásticas
Rui Amaro - Blogue Navios à Vista