terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Os navios de Viana do Castelo, 1911-1915


Na rota da pesca,
a frota Vianense nos anos da guerra

Ao iniciar a segunda década do século, existiam registados no porto de Viana 9 navios, já integrados na frota referente aos anos anteriores. A única alteração digna de registo, conforme abaixo referenciado, aponta para a transferência de 1 navio para a praça da Figueira da Foz. Dessa frota faziam parte os seguintes navios :

Escuna “Maria Augusta”, ex “Adelaar”, 187 toneladas, de aço, construída em 1897 em Martinshock, Holanda (Magalhães, Filho, Lda. – capitão M. da Luz Guerreiro), iate “Santa Luzia”, ex “Teiga & Companhia”, 145 toneladas, de madeira, construído em 1897 em Aveiro (A. dos Santos Machado Júnior), iate “Pimpão”, 130 toneladas, de madeira, construído em Viana do Castelo (José Martins de Mattos), iate “D. Joaquina” (114 toneladas), de madeira, construído por António Dias dos Santos, em Fão a 12.06.1903, chalupa “D. Rosa”, 106 toneladas, de madeira, construída em Fão (José Manoel Vivo e outros), chalupa “Mensageira”, 46 toneladas, de madeira, construída em Fão (Magalhães, Filho, Lda.), chalupa “Valladares”, 118 toneladas, de madeira, foi construída por António Dias dos Santos Borda em Novembro de 1899 (Magalhães, Filho, Lda.), e a chalupa “Valladares 2º”, 76 toneladas, de madeira, construída em Esposende, em 1902 (Magalhães, Filho, Lda.).

Entretanto ainda em 1911, a chalupa “Ventura de Deus 2º”, 47 toneladas, de madeira, construída em Fão por António Dias dos Santos em 1900, que se manteve propriedade de José António Affonso Fontaínhas, aliviou a mastreação, sendo transformada em caíque. Mudou o nome para “Ventura de Deus II”, e alterou o registo para o porto da Figueira da Foz. Só em 1914 um novo navio vai aumentar a lista dos navios a operar na cabotagem; o lugre “Vianna”, ex “Maria do Rosário”, ex “Palmyra”, ex Ethel”, ex “A.M. Brundit”, de 96 toneladas, construído em Runcorn, Inglaterra, em 1882, que passa à propriedade de Rodolpho Vieitas Costa (capitão Manoel dos Santos Roda), de Viana do Castelo. Este navio pertencia a Maria do Rosário Manata, encontrando-se registado na praça da Figueira da Foz.

Os primeiros sinais efectivos de desenvolvimento e adaptação do porto com equipamento para os navios da pesca longuínqua, incluindo as necessárias áreas de secagem do peixe, tem lugar no decorrer dos anos 1913 a 1914, através da Sociedade de Pescarias de Viana. Ali armam dois lugres, que vão participar já na campanha de 1914, a saber :

Lugre “ Santa Luzia “
1914 –1920

Armador : Sociedade de Pescarias de Viana, Viana do Castelo
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Nº Oficial : 55 > Iic.: H.G.K.F. > Registo : Viana do Castelo
Cttor.: -?-___________, Cambridge, Maine, EUA, 1893
ex “Venus”, J. C. Johnson, Baltimore, EUA, 1893-1914
Tonelagens : Tab 195,20 to > Tal 175,40 to
Comprimentos : Pp 32,94 mt > Boca 8,97 mt > Pontal 2,77 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Equipagem : 29 tripulantes
Capitães embarcados : João Fernandes Mano Agualuza (1914 a 1917), Luiz Carriço (1918) e José Francisco Carrapichano (1919)
Vendido a Joaquim Morais Júnior, em 1920, manteve o mesmo nome, mas alterou o registo para a Figueira da Foz, integrando a frota de serviço comercial. Revendido em Havana, Cuba, em 1921.

Lugre “ Santa Maria “ (1º)
1914 - 1914

Armador : Sociedade de Pescarias de Viana, Viana do Castelo
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Nº Oficial : 56 > Iic.: n/s > Registo : Viana do Castelo
Construtor : R. Mc Leod, Liverpool, Nova Escócia, 1902
ex “Albani”, L. B. Corrie, Liverpool, Nova Escócia, 1902-1914
Tonelagens : Tab -?- to > Tal 249,00 to
Comprimentos : Pp 38,40 mt > Boca 9,10 mt > Pontal 7,4 mt
Naufragou por encalhe motivado pela agitação do mar e escassez de vento, quando na sua 1ª viagem entrava a barra do porto de Viana do Castelo, em 28.02.1914.

Face ao insólito incidente, cuja existência mostra outro bacalhoeiro sem ter viajado à Terra Nova, foi prontamente substituído por um outro navio, como segue :

Lugre-escuna “ Santa Maria “ (2º)
1914 –1917

Armador : Sociedade de Pescarias de Viana, Viana do Castelo
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Cttor.: -?-, Thuroe, Dinamarca, 1909
ex “Fyn”,-?-, Faversham, Inglaterra, 1909-1914
Tonelagens : Tab 204,00 to > Tal 190,00 to
Comprimentos : Pp 33,80 mt > Boca 7,63 mt > Pontal 3,40 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Equipagem : 36 tripulantes
Capitães embarcados : Manoel Mendes (1914 e 1915)
Naufragou após ter sido torpedeado a cerca de 6 milhas ao Sul das Berlengas, por submarino Inglês, que lhe provocou o afundamento, em 10 de Junho de 1917.

Ao fechar o ano de 1915, regista-se o naufrágio da chalupa “Valladares”, encalhada nas proximidades da Torre do Outão, devido a temporal, quando em viagem de Setúbal para Viana do Castelo, no dia 4 de Novembro.

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