segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Memorativo da Armada


O draga-minas “S. Roque”
Efeméride de há 60 anos

Numa brilhante cerimónia a que assistiram os ministros da Defesa
e da Marinha, foi ontem lançado à água o draga-minas “S. Roque”

Foto do draga-minas M401 - NRP "S. Roque"
Imagem da Photoship.Uk

Numa cerimónia que se revestiu de grande solenidade, foi lançado ontem à água o draga-minas “S. Roque”, a primeira das quatro unidades encomendadas aos estaleiros navais da CUF (Companhia União Fabril), dentro do plano «Off-Shore» de auxílio americano.
Assistiram à cerimónia da bênção do novo navio, os srs. ministros da Defesa Nacional e da Marinha, embaixador dos Estados Unidos, general Willard K. Liebel, chefe da missão M.A.A.G.; capitão-de-fragata Hugh B. Sutherland, adido principal para a cultura e imprensa; Sylvester Olsen, director da missão da U.S.O.N. em Portugal; capitão de mar-e-guerra Ranson Fullinweder, chefe da secção naval da M.A.A.G.; capitão-de-fragata Alton Waldron, e capitães Anton Frade e Burton Davis, da M.A.A.G.
Da Companhia União Fabril, estiveram presentes, os srs. D. Manuel de Melo, presidente do Conselho da Administração; engº Eduardo Madail, Nicolas Gouri e José Manuel de Melo, administradores; engº Vasco de Melo, director-delegado do Estaleiro Naval, e engº João Rocheta, director-técnico.
Assinalando o acontecimento da construção do novo draga-minas, concebido inteiramente por técnicos e operários portugueses, o sr. embaixador dos Estados Unidos usou da palavra para acentuar que o “S. Roque” é um símbolo da era em que vivemos, «uma era, talvez sem paralelo na História, de interdependência e cooperação entre os povos unidos por um propósito comum». Disse que, desde o princípio, o plano de construção das quatro unidades irmãs «constituiu um empreendimento de conjunto».
Nas suas futuras funções, bem como nas suas próprias origens – afirmou – o “S. Roque” simboliza a colaboração dos povos livres. Ele desempenhará o seu honrado papel como elemento da Marinha Portuguesa. Mas, em cada missão em que, porventura, tomar parte, servirá também a segurança e o bem-estar de toda a comunidade atlântica.
Dizendo que a ameaça de agressão «ainda não foi dissipada apesar da esperança causada por recentes acontecimentos, salientou que a N.A.T.O. é – e deve continuar a ser – uma aliança forte e viva» e terminou, referindo-se ao «navio admiravelmente construído» afirmando: «admirámo-lo – e com toda a justiça – como o mais jovem produto da renovada e tradicional arte portuguesa de construção naval».
Agradeceu as referências feitas aos seus estaleiros, o sr. D. Manuel de Melo, presidente do Conselho de Administração da CUF, que dirigiu também palavras de saudação aos membros do Governo, que ali se encontravam presentes.
E, por último, falou o sr. almirante Américo Tomás, ministro da Marinha, que felicitou os estaleiros pela obra realizada e disse que, embora não se trate de um navio grande, ele era de difícil construção e honrará os estaleiros nacionais e dará conhecimento de que a construção naval do nosso país atingiu um alto nível.
Acentuando, depois, que este era o primeiro de cinco navios que os Estados Unidos, nos encomendaram, disse poder este país estar certo de que cumpriremos a missão de que nos incumbiram e honraremos a confiança depositada nos nossos estaleiros.
Depois de ter feito largas referências ao progresso técnico da nossa indústria de construção naval, o sr. ministro da Marinha, disse que à N.A.T.O. se fica devendo a paz de que disfrutamos, a qual tem que perdurar para que os benefícios colhidos continuem a ser a razão da força dessa organização.
E terminou:-
– Portugal tem de ser forte para ser respeitado e se é certo que os sacrifícios se têm sucedido por parte de todos, não é menos certo que o clarão da esperança que ora se nos apresenta, tem de ser acompanhado dos sacrifícios de todos para que a paz seja possível.
(In jornal “Comércio do Porto”, quarta, 17 de Agosto de 1955)

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