domingo, 16 de dezembro de 2018

História trágico-marítima (CCXVIIIC)


Ocorrência marítima

Iate desarvorado (1)
Ontem, cerca das 11 horas da manhã, quando palhabote-motor “Adelaide Terceiro” navegava à vela, a cerca de 10 milhas a Sudoeste de Espinho, devido ao forte vento de Sudoeste e a uma grande vaga de través que apanhou, partiram-se lhes os mastros, motivo porque ficou completamente desarvorado.
Conhecido este incidente por intermédio do Posto Semafórico da Luz, as autoridades marítimas trataram logo de providenciar auxílio, seguindo para o local o rebocador “Lusitânia” e a lancha-motor dos pilotos de Leixões, tendo esta última, por motivo do mestre ter recusado o rebocador, passado um cabo de reboque ao navio, conduzindo-o para Leixões, onde entrou cerca das 15 horas.

Desenho de navio do tipo palhabote, sem correspondência ao texto

Características do palhabote-motor “Adelaide Terceiro”
Armador: Sociedade Ferreira & Cª., Figueira da Foz
Nº Oficial: B-256 - Iic: H.A.D.T. - Porto de registo: Figueira da Foz
Construtor: Jeremias Martins Novais, Vila do Conde, Maio de 1919
ex “Adelaide III”, Lopes, Pereira & Cª., Figueira da Foz, 1919-1924
Arqueação: Tab 81,01 tons - Tal 61,68 tons
Dimensões: Pp 25,60 mts - Boca 6,65 mts - Pontal 2,52 mts
Propulsão: 1 motor semi-diesel - 50 Bhp
Equipagem: 7 tripulantes

Este sinistro, que devido à sua gravidade poderia ter causado algumas mortes, como algumas vezes tem acontecido, desta vez, felizmente, só deu motivo a registar alguns prejuízos materiais, atendendo a que a respectiva mastreação caiu para o mar e não no convés do navio, como tantas vezes tem acontecido.
O “Adelaide Terceiro” vinha procedente de Setúbal, com 15 dias de viagem, tendo sido obrigado, logo após a saída daquele porto, a arribar a Lisboa. Tem um motor que o auxilia nas viagens e nas entradas das barras, mas, desta vez, parece que não funcionou.
É mestre deste palhabote o Sr. Manuel de Sousa, conduzindo a bordo mais 6 tripulantes. Transporta um carregamento de sal para descarregar em Leixões.

Notícia publicada no jornal “Comércio do Porto”, em:
(1) Domingo, 4 de Dezembro de 1932

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