O afundamento do contra-torpedeiro “Vouga”
Imagem do contra-torpedeiro "Vouga", correspondente ao texto
Desenho da autoria de Luís Filipe Silva
O abalroamento do “Vouga” com o “Pedro Gomes” (1)
Desenho da autoria de Luís Filipe Silva
O abalroamento do “Vouga” com o “Pedro Gomes” (1)
São já conhecidos do Governo alguns pormenores da violenta colisão do paquete “Pedro Gomes” com o contra-torpedeiro “Vouga”, no mar da Madeira, aquando das operações contra os revoltosos do Funchal.
Na noite de 30, alguns navios evolucionavam em frente do Machico, tomando posições para o início do bombardeamento na madrugada do dia 1. A noite estava escura e os navios deslocavam-se, de luzes apagadas, a fim de evitar que as suas evoluções próximo de terra fossem observadas das posições dos revoltosos.
De súbito, foi vista de bordo do “Vouga” a silhueta negra do “Pedro Gomes” que avançava. O contra-torpedeiro acelerou a marcha, ao mesmo tempo que o paquete a reduzia. Lamentavelmente não foi possível obstar a uma violenta colisão. A proa alterosa do “Pedro Gomes” apanhou o “Vouga” a meio navio, produzindo-lhe um enorme rombo entre as duas primeiras chaminés.
A tripulação do contra-torpedeiro manifestou, sob a direcção do seu comandante, o capitão-tenente Sr. Álvaro Marta, e dos restantes oficiais, um grande sangue-frio, iniciando desde logo alguns trabalhos tendentes a evitar o imediato afundamento do navio sinistrado. Contudo, a casa das máquinas e outros compartimentos eram rapidamente inundados e o contra-torpedeiro começava a adernar.
Uma parte da tripulação, por ordem do comandante, abandonou o navio, dando entrada a bordo do “Pedro Gomes”. Apesar da escuridão da noite, os trabalhos de salvamento decorreram em perfeita ordem, não havendo a registar qualquer vitima.
Entretanto, o “Pedro Gomes” passou um cabo ao “Vouga”, a fim de o rebocar para Porto Santo, continuando porém, o navio a meter água, que ia inundando sucessivamente os outros compartimentos. O Sr. comandante Álvaro Marta, conservou-se a bordo dirigindo os trabalhos de salvamento, no que foi coadjuvado pelos seus oficiais.
Segundo informaram esta tarde na Presidência do Ministério, o último rádio do Sr. ministro da Marinha diz que o “Pedro Gomes” tentava rebocar cuidadosamente o “Vouga” para Porto Santo e que o comandante ainda se podia conservar a bordo. Posteriormente, não foi recebida outra comunicação referente à situação do navio sinistrado.
Porém, devido à importância das avarias e à extensão do rombo, que permitiu a rápida invasão da água, o contra-torpedeiro deve considerar-se perdido. O “Vouga” prestava serviço na Armada há nove anos, pois foi lançado ao mar no Arsenal de Lisboa, pelo presidente da República, Sr. dr. António José de Almeida.
Na câmara do “Vouga” a única fotografia que se encontrava era um retrato daquele estadista com as seguintes palavras: «Ao “Vouga” com os meus votos de grandes prosperidades – António José de Almeida».
Na noite de 30, alguns navios evolucionavam em frente do Machico, tomando posições para o início do bombardeamento na madrugada do dia 1. A noite estava escura e os navios deslocavam-se, de luzes apagadas, a fim de evitar que as suas evoluções próximo de terra fossem observadas das posições dos revoltosos.
De súbito, foi vista de bordo do “Vouga” a silhueta negra do “Pedro Gomes” que avançava. O contra-torpedeiro acelerou a marcha, ao mesmo tempo que o paquete a reduzia. Lamentavelmente não foi possível obstar a uma violenta colisão. A proa alterosa do “Pedro Gomes” apanhou o “Vouga” a meio navio, produzindo-lhe um enorme rombo entre as duas primeiras chaminés.
A tripulação do contra-torpedeiro manifestou, sob a direcção do seu comandante, o capitão-tenente Sr. Álvaro Marta, e dos restantes oficiais, um grande sangue-frio, iniciando desde logo alguns trabalhos tendentes a evitar o imediato afundamento do navio sinistrado. Contudo, a casa das máquinas e outros compartimentos eram rapidamente inundados e o contra-torpedeiro começava a adernar.
Uma parte da tripulação, por ordem do comandante, abandonou o navio, dando entrada a bordo do “Pedro Gomes”. Apesar da escuridão da noite, os trabalhos de salvamento decorreram em perfeita ordem, não havendo a registar qualquer vitima.
Entretanto, o “Pedro Gomes” passou um cabo ao “Vouga”, a fim de o rebocar para Porto Santo, continuando porém, o navio a meter água, que ia inundando sucessivamente os outros compartimentos. O Sr. comandante Álvaro Marta, conservou-se a bordo dirigindo os trabalhos de salvamento, no que foi coadjuvado pelos seus oficiais.
Segundo informaram esta tarde na Presidência do Ministério, o último rádio do Sr. ministro da Marinha diz que o “Pedro Gomes” tentava rebocar cuidadosamente o “Vouga” para Porto Santo e que o comandante ainda se podia conservar a bordo. Posteriormente, não foi recebida outra comunicação referente à situação do navio sinistrado.
Porém, devido à importância das avarias e à extensão do rombo, que permitiu a rápida invasão da água, o contra-torpedeiro deve considerar-se perdido. O “Vouga” prestava serviço na Armada há nove anos, pois foi lançado ao mar no Arsenal de Lisboa, pelo presidente da República, Sr. dr. António José de Almeida.
Na câmara do “Vouga” a única fotografia que se encontrava era um retrato daquele estadista com as seguintes palavras: «Ao “Vouga” com os meus votos de grandes prosperidades – António José de Almeida».
Postal ilustrado do navio "Pedro Gomes", emitido pelo proprietário
Minha colecção
O afundamento do “Vouga” (2)
Minha colecção
O afundamento do “Vouga” (2)
O afundamento do contra-torpedeiro “Vouga” deu-se quando este navio era rebocado pelo paquete “Pedro Gomes” para Porto Santo, possivelmente a meio do caminho entre a Madeira e aquela ilha.
Depois de terminado o lançamento do reboque, seguiram para bordo as praças da tripulação e oficiais, que ainda estavam no “Vouga”, ficando apenas a bordo o actual comandante Sr. Álvaro Marta.
A certa altura foi verificado que a situação era insustentável, porquanto, o “Vouga” se submergia pouco a pouco com os compartimentos invadidos sucessivamente pela água. Quando o mar varria já o convés, o comandante Sr. Álvaro Marta, vendo a impossibilidade de continuar a bordo, já com o seu navio irremediavelmente perdido, passou então para uma baleeira do “Pedro Gomes”, que o conduziu para aquele paquete.
Nesse momento, os dois navios haviam parado e do “Vouga” apenas se via fora da água a ponte de comando, as chaminés e mastros, que desapareciam lentamente. Foi então cortado o cabo de reboque e poucos minutos depois o contra-torpedeiro desaparecia por completo.
O afundamento daquela unidade naval causou profunda emoção entre todos os oficiais, soldados e marinheiros, que estavam a bordo do “Pedro Gomes”. Havia lágrimas nos olhos de alguns marinheiros. Entretanto dava entrada neste paquete o Sr. comandante Álvaro Marta, a quem todos os presentes manifestaram o seu pesar pelo sucedido.
O Sr. ministro da Marinha comunicou em rádio o sinistro para a Presidência do Ministério, que lamentava profundamente o incidente, acrescentando que o comandante, oficiais e praças do “Vouga” se tinham distinguido nos trabalhos que se tinham seguido ao sinistro, por forma a honrarem o nome da corporação.
Devido ao pouco tempo que o “Vouga” esteve a flutuar depois do abalroamento, não foi possível salvar a artilharia, nem qualquer outro material de bordo.
Notícias publicadas no jornal “Comércio do Porto”, em:
(1) terça-feira, 5 de Maio de 1931; e (2) quarta-feira, 6 de Maio de 1931
Depois de terminado o lançamento do reboque, seguiram para bordo as praças da tripulação e oficiais, que ainda estavam no “Vouga”, ficando apenas a bordo o actual comandante Sr. Álvaro Marta.
A certa altura foi verificado que a situação era insustentável, porquanto, o “Vouga” se submergia pouco a pouco com os compartimentos invadidos sucessivamente pela água. Quando o mar varria já o convés, o comandante Sr. Álvaro Marta, vendo a impossibilidade de continuar a bordo, já com o seu navio irremediavelmente perdido, passou então para uma baleeira do “Pedro Gomes”, que o conduziu para aquele paquete.
Nesse momento, os dois navios haviam parado e do “Vouga” apenas se via fora da água a ponte de comando, as chaminés e mastros, que desapareciam lentamente. Foi então cortado o cabo de reboque e poucos minutos depois o contra-torpedeiro desaparecia por completo.
O afundamento daquela unidade naval causou profunda emoção entre todos os oficiais, soldados e marinheiros, que estavam a bordo do “Pedro Gomes”. Havia lágrimas nos olhos de alguns marinheiros. Entretanto dava entrada neste paquete o Sr. comandante Álvaro Marta, a quem todos os presentes manifestaram o seu pesar pelo sucedido.
O Sr. ministro da Marinha comunicou em rádio o sinistro para a Presidência do Ministério, que lamentava profundamente o incidente, acrescentando que o comandante, oficiais e praças do “Vouga” se tinham distinguido nos trabalhos que se tinham seguido ao sinistro, por forma a honrarem o nome da corporação.
Devido ao pouco tempo que o “Vouga” esteve a flutuar depois do abalroamento, não foi possível salvar a artilharia, nem qualquer outro material de bordo.
Notícias publicadas no jornal “Comércio do Porto”, em:
(1) terça-feira, 5 de Maio de 1931; e (2) quarta-feira, 6 de Maio de 1931
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