"Valladares 2º"
1910 - 1917
Armador : João António Magalhães Viana Júnior,
Viana do Castelo
1910 - 1917
Armador : João António Magalhães Viana Júnior,
Viana do Castelo
Nº Oficial : 53 > Iic.: H.D.S.C. > Registo : Viana do Castelo
Construtor : António Dias dos Santos, Fão, 1912
Construtor : António Dias dos Santos, Fão, 1912
Início da construção 18.08.1902 terminada 24.04.1903. Tinha 2 mastros, sem beque, popa redonda, canto quebrado e borda falsa.
ex "Valladares 2º", José Maria Valladares, Caminha, 1903-1910
Tonelagens : Tab 76,47 to > Tal 72,65 to
Comprimentos : Pp 22,74 mt > Boca 6,50 mt > Pontal 2,43 mt
Equipagem : 7 tripulantes
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Tonelagens : Tab 76,47 to > Tal 72,65 to
Comprimentos : Pp 22,74 mt > Boca 6,50 mt > Pontal 2,43 mt
Equipagem : 7 tripulantes
Máquina : Não tinha motor auxiliar
No dia 7 de Janeiro de 1917 chegaram a Viana do Castelo, o mestre e dois tripulantes da chalupa "Valladares 2º", canhoneada próximo a Peniche por um submarino Alemão. Sobre o ataque, o mestre António dos Santos Machado, informou que no dia 3, pelas 8 horas e meia da manhã, navegava a chalupa a 12 milhas W.N.O. dos Farilhões, procedente de Portimão, com um carregamento de figos, com destino a Viana do Castelo.
A tripulação encontrava-se a almoçar quando foi ouvido um tiro de peça, tendo o projectil partido o galope do mastro da mezena, onde estava hasteada a bandeira nacional. A intimação era para que a chalupa ficasse atravessada, o que foi feito. Imediatamente foi lançada ao mar a lancha do navio, saltando para ela dois tripulantes, que sob a ameaça das armas logo ficaram detidos a bordo do submarino, à ordem do seu comandante. Para a lancha saltaram dois Alemães, sendo que um deles devia ser oficial, remando de regresso à chalupa, onde foi arreado todo o pano.
A bordo da chalupa os dois Alemães efectuaram uma rigorosa busca ao navio. Depois lançaram um liquido qualquer no colchão do beliche pertencente ao mestre, lançando-lhe o fogo. Antes disso foram retiradas de bordo da chalupa para o submarino cerca de 100 caixas de figo, tendo os Alemães indagado se a bordo havia vinho. Como a resposta foi negativa, deram à tripulação 15 minutos para salvarem as roupas e mais haveres, tempo esse que não foi aproveitado em consequência do completo desânimo da tripulação.
Os Alemães levaram também a bandeira nacional que a chalupa trazia içada, por a princípio julgarem estar frente a um barco Inglês. O mestre da "Valladares 2º" pediu ao comandante do submarino que lhe devolvesse a adriça da bandeira, sendo-lhe negada, negativa acompanhada da seguinte frase; "não exigam muito, pois se fossem ingleses morreriam todos".
Para se proceder à retirada das caixas de figo, foram arrombadas as escotilhas com um pé de cabra, existente a bordo da chalupa, sendo o mestre também obrigado a trabalhar na descarga. Os documentos de bordo foram inutilizados pelo comandante do submarino, à excepção das cédulas maritímas, que as restituiu ao mestre. Embarcados de novo na lancha, remaram para o submarino onde deixaram as caixas de fruta. Entretanto regressaram à lancha os marinheiros lá detidos, seguindo-se a intimação para se afastarem para o largo, o que fizeram, assistindo com os olhos rasos de água ao fim trágico da pobre chalupa, contra a qual foram disparados 8 tiros de canhão, num curto espaço de 10 minutos.
Os tripulantes que estiveram a bordo do submarino chamam-se Augusto Gonçalves S. João e António da Silva, os quais fizeram constar que a bordo conheceram um indivíduo que falava correctamente o português e melhor ainda a lingua espanhola. A tripulação da chalupa, chegou a Peniche nesse mesmo dia, pela meia-noite, não tendo encontrado no percurso um único navio a vigiar a costa. (resumo da notícia publicada no "Comércio do Porto", em 09.01.1917)
A tripulação encontrava-se a almoçar quando foi ouvido um tiro de peça, tendo o projectil partido o galope do mastro da mezena, onde estava hasteada a bandeira nacional. A intimação era para que a chalupa ficasse atravessada, o que foi feito. Imediatamente foi lançada ao mar a lancha do navio, saltando para ela dois tripulantes, que sob a ameaça das armas logo ficaram detidos a bordo do submarino, à ordem do seu comandante. Para a lancha saltaram dois Alemães, sendo que um deles devia ser oficial, remando de regresso à chalupa, onde foi arreado todo o pano.
A bordo da chalupa os dois Alemães efectuaram uma rigorosa busca ao navio. Depois lançaram um liquido qualquer no colchão do beliche pertencente ao mestre, lançando-lhe o fogo. Antes disso foram retiradas de bordo da chalupa para o submarino cerca de 100 caixas de figo, tendo os Alemães indagado se a bordo havia vinho. Como a resposta foi negativa, deram à tripulação 15 minutos para salvarem as roupas e mais haveres, tempo esse que não foi aproveitado em consequência do completo desânimo da tripulação.
Os Alemães levaram também a bandeira nacional que a chalupa trazia içada, por a princípio julgarem estar frente a um barco Inglês. O mestre da "Valladares 2º" pediu ao comandante do submarino que lhe devolvesse a adriça da bandeira, sendo-lhe negada, negativa acompanhada da seguinte frase; "não exigam muito, pois se fossem ingleses morreriam todos".
Para se proceder à retirada das caixas de figo, foram arrombadas as escotilhas com um pé de cabra, existente a bordo da chalupa, sendo o mestre também obrigado a trabalhar na descarga. Os documentos de bordo foram inutilizados pelo comandante do submarino, à excepção das cédulas maritímas, que as restituiu ao mestre. Embarcados de novo na lancha, remaram para o submarino onde deixaram as caixas de fruta. Entretanto regressaram à lancha os marinheiros lá detidos, seguindo-se a intimação para se afastarem para o largo, o que fizeram, assistindo com os olhos rasos de água ao fim trágico da pobre chalupa, contra a qual foram disparados 8 tiros de canhão, num curto espaço de 10 minutos.
Os tripulantes que estiveram a bordo do submarino chamam-se Augusto Gonçalves S. João e António da Silva, os quais fizeram constar que a bordo conheceram um indivíduo que falava correctamente o português e melhor ainda a lingua espanhola. A tripulação da chalupa, chegou a Peniche nesse mesmo dia, pela meia-noite, não tendo encontrado no percurso um único navio a vigiar a costa. (resumo da notícia publicada no "Comércio do Porto", em 09.01.1917)
1 comentário:
Muito obrigado pelo relato, fiquei muito contente pela historia, o mestre da chalupa era o meu bisavó.
Obrigado
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