sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Navios portugueses - O "Ana Mafalda"


O navio “Ana Mafalda” foi ontem lançado à água,
com a assistência de vários membros do Governo
Nos estaleiros da C.U.F. foi ontem lançado à água o navio “Ana Mafalda”, destinado à Sociedade Geral de Comércio, Indústria e Transportes, para a carreira da Guiné. À cerimónia assistiram os srs. ministro da Marinha, das Colónias, da Economia e das Corporações, sub-secretário de Estado do Comércio e Indústria, capitão de mar-e-guerra Pereira Viana, presidente da Junta Nacional da Marinha Mercante; almirantes Oliveira Pinto, comandante-geral da Armada, Pereira da Fonseca, director-geral de Marinha; Jaime Thompsom, engº Fernando de Abreu Reis, comandante Celestino Ramos; directores da Companhia Nacional de Navegação; major Raposo Ferreira, administrador da Companhia Colonial de Navegação; Visconde de Botelho, pela Companhia dos Carregadores Açoreanos; comandante José dos Santos, pelo Sindicato Nacional da Marinha Mercante; funcionários superiores das Alfândegas, muitas senhoras, etc.
Os convidados foram recebidos pelos srs. D. Manuel José de Melo, Jorge de Melo e pelo engº Aulânio Lobo, administradores da C.U.F., da Sociedade Geral e dos estaleiros. Numa tribuna montada para o efeito, assistiram as autoridades, várias individualidades, e as senhoras das famílias de Alfredo da Silva e D. Manuel José de Melo. O prior de Santos, monsenhor Fernandes Duarte, lançou a bênção ao novo navio.
Depois, a menina Ana Mafalda da Cunha Melo, neta do sr. D. Manuel José de Melo e bisneta do falecido industrial Alfredo da Silva, partiu a simbólica garrada de champanhe no casco do navio, enquanto este deslizava pela carreira em direcção ao rio. Neste momento as sirenes de bordo tocaram festivamente.
O presidente do conselho de administração da Sociedade Geral e dos estaleiros, sr. D. Manuel José de Melo, agradeceu a comparência do sr. ministro da Marinha e dos seus colegas do Governo. É o segundo navio desta série - disse - que a sociedade encomendou nestes estaleiros; outros se seguirão em execução no plano traçado e para a contribuição do desolvolvimento da Marinha Mercante nacional, de que o sr. ministro da Marinha tem sido o grande impulsionador. Defendeu a construção de mais navios mercantes nos estaleiros portugueses, que pela sua qualidade de construção, dada a técnica dos nossos engenheiros navais, não são inferiores aos que são construídos lá fora. E terminou dizendo:
Para o sr. ministro da Marinha, a quem o país deve já a importante obra da reconstrução da frota mercante nacional, apelamos para em complemento da sua grande obra realizada, continue a impulsionar o progresso da construção naval, protegendo-a e dando-lhe condições económicas possíveis e assim trabalhara para um Portugal maior.
O sr. ministro da Marinha disse fora fôra com prazer que assistira ao lançamento à água de mais uma unidade mercante destinada à Sociedade Geral e elogiou a acção e perseverança dos seus dirigentes. Concordou com o alvitre do sr. D. Manuel José de Melo para que o Governo da Nação apoiassa a construção de mais navios mercantes no nosso país, assim como já protegeu largamente a renovação da Marinha Mercante Nacional.
Fonte: Jornal “Comércio do Porto”, quarta-feira, 10 de Janeiro de 1951
Foto do navio “Ana Mafalda”, em Leixões

Características do navio
Armador: Soc. Geral de Comércio, Industria e Transportes, Sarl.
Nº Oficial: H-397 - Iic: C.S.L.Y. - Porto de registo: Lisboa
Construtor: Companhia União Fabril, Lisboa
Arqueação: Tab 3.317,78 tons - Tal 1.882,56 tons
Dimensões: Ff 103,07 mt - Pp 98,57 mt - Bc 13,90 mt - Ptl 7,51 mt
Propulsão: Atlas, Suécia, 1949 - 2:Di - 14:Ci - 2x1.330 Bhp

Dois membros do Governo assistiram à entrega do navio
“Ana Mafalda”, nova unidade da Marinha Mercante Nacional
No estaleiro naval da C.U.F., à Rocha do Conde de Óbidos, fizeram ontem a entrega à Sociedade Geral, do navio-motor “Ana Mafalda”, de 5.500 toneladas, nova unidade da Marinha Mercante nacional, encomendada por aquela empresa, em obediência ao plano de renovação da frota de comércio do nosso país.
Pelas 17,30 horas chegaram os srs. ministro da Marinha e das Comunicações, que eram aguardados pelos srs. almirante Pereira da Fonseca, director-geral da Marinha, comandante Simões Vaz, vice-presidente da Junta Nacional da Marinha Mercante, comandante Oliveira Lima, director da Marinha Mercante, capitão-de-fragata João Francisco Fialho, capitão do porto de Lisboa, D. Manuel José de Melo, presidente dos conselhos de administração da C.U.F. e da Sociedade Geral, dr. Jorge de Melo e engº Aulânio Lobo, administradores, D. Vasco de Melo, director do estaleiro, funcionários superiores da C.U.F., oficiais da Marinha Mercante, etc.
Os membros do Governo e outras individualidades percorreram demoradamente todas as dependências do “Ana Mafalda”, que é o segundo navio construído naquele estaleiro possuindo óptimas instalações para 60 passageiros das três classes, onde nada falta em termos de conforto e comodidade, pois até possui uma sala apetrechada com brinquedos para crianças, e grandes alojamentos para a tripulação e oficialidade. Após a visita, na sala da 1ª classe, perante os ministros e outras individualidades, a menina Ana Mafalda, que deu o nome à nova unidade, descerrou o seu retrato, que estava coberto com a bandeira da Sociedade Geral. A seguir, no convés da 1ª classe, foi oferecido um lanche aos ministros e demais convidados.
O sr. ministro da Marinha felicitou o conselho de administração da Sociedade Geral pela nova unidade que acaba de adquirir, de óptima construção, feito em estaleiros portugueses, com todos os apetrechos modernos, adiantando ter grande alegria em afirmar que a Sociedade Geral tem dia a dia aumentado e renovado a sua frota mercante, sem pedir o auxílio do Estado.
Dirigiu palavras de louvor ao sr. D. Manuel José de Melo pelo seu entusiasmo e dedicação no ressurgimento da marinha mercante, a quem entregou depois o diploma e as insígnias de Grande Oficial da Ordem de Cristo, com que fora agraciado pelo chefe de Estado.
O sr. D. Manuel José de Melo recordou a figura inolvidável do sr. marechal Carmona, que durante a sua presidência tanto entusiasmo teve no aumento e renovação da marinha mercante nacional, agradecendo as amáveis referências que lhe fez o sr. comandante Américo Tomás, afirmando que tinha grande honra em ter sido agraciado pelo Chefe do Estado. Terminou, garantindo que trabalharia sempre com dedicação e entusiasmo para o progresso da nossa marinha mercante.
Fonte: Jornal “Comércio do Porto”, quinta-feira, 10 de Maio de 1951

O “Ana Mafalda” vai partir para a sua viagem inaugural
O navio “Ana Mafalda”, nova unidade da Sociedade Geral de Transportes, construída nos estaleiros da C.U.F., e da qual o sr. ministro da Marinha, no acto da inauguração, disse ser a melhor construção feita em Portugal, tem sido submetido a experiências de navegação em velocidade, no Tejo e no mar. Amanhã, o “Ana Mafalda” vai a Leixões, e no dia 5, iniciará a sua viagem inaugural, saindo de Lisboa para Bissau, Praia e S. Vicente, com carga e passageiros.
Fonte: Jornal “Comércio do Porto”, segunda-feira, 28 de Maio de 1951

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