quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Memorativo da Armada


O navio hidrográfico “Almirante Lacerda” foi solenemente
entregue à Marinha de Guerra Portuguesa

Com a presença de toda a missão naval portuguesa e representantes do Almirantado inglês, realizou-se no porto de Sheerness à cerimónia de entrega a Portugal do novo navio hidrográfico “Almirante Lacerda”, recentemente adquirido por iniciativa do Sr. ministro da Marinha.
A cerimónia decorreu com grande simplicidade, na presença da guarnição formada na tolda. No convés da popa reuniram-se os oficiais do navio e os pilotos aviadores de Marinha, que foram a Inglaterra para conduzir ao Tejo as vedetas-ambulâncias para a Aviação Naval, também adquiridas recentemente naquele país.
Depois de lidas as portarias de incorporação do “Almirante Lacerda” no efectivo da Armada Portuguesa e de nomeação do Sr. capitão-de-fragata Luís de Noronha Andrade para exercer o seu comando, procederam à cerimónia do içar de bandeira nacional à popa, do «jack» à proa e da flamula no mastro grande. O pavilhão português foi arvorado ao som dos toques regulamentares e perante a oficialidade e a marinhagem em continência.

Imagem do navio hidrográfico "Almirante Lacerda"
Foto na Revista da Armada, nº 462 de Abril de 2012

Findo o acto, o Sr. comandante Luís de Noronha Andrade recebeu os cumprimentos de toda a oficialidade, passou revista à guarnição, alinhada no convés e assistiu, depois, ao desfile dos seus marinheiros.
Depois de assumir o comando do novo navio da Armada Nacional, o Sr. capitão-de-fragata Noronha Andrade expediu um rádio de cumprimentos ao Sr. ministro da Marinha, no qual também fazia votos para que a Armada possa continuar a sua bela tarefa de hidrografia.
O “Almirante Lacerda” e as vedetas-ambulância devem largar dentro de breves dias do Tamisa para o Tejo, donde o primeiro partirá, depois de alguns trabalhos de adaptação, para Moçambique, a fim de continuar o levantamento da carta hidrográfica do respectivo litoral, começada há anos pelo “Bérrio” e nunca interrompida, apesar deste navio já ontem, não oferecer condições para tal serviço.
Há dias, os oficiais da missão naval portuguesa, actualmente em Inglaterra, efectuaram uma visita a alguns dos pontos de Londres mais atingidos pelos bombardeamentos aéreos e, mais tarde, falaram pela B.B.C., para as suas famílias.
(Jornal “Comércio do Porto”, sexta-feira, 12 de Julho de 1946)


O texto acima foi publicado, tal como a fotografia do navio, na Revista da Armada nº 462, correspondente ao mês de Abril de 2012, com a colaboração do Instituto Hidrográfico. Trata-se de um excelente resumo, que permite ficar a conhecer melhor o navio, durante muito tempo destacado em Moçambique, onde seguramente prestou bons serviços à Marinha e ao país.

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