O incêncio a bordo do vapor África", em Lisboa
Manifestou-se incêndio com violência no porão nº1 do
paquete “África”, atracado no Jardim do Tabaco.
Os bombeiros trabalham com dificuldade na extinção.
O vapor “*Africa” pertencente à Companhia Nacional de Navegação, viera no dia 27 do mês findo do Porto, onde estivera a receber carga diversa, principalmente caixas de vinho e fardos de fazendas.
Acostara ao cais de Santa Apolónia, onde esteve a receber mais carga, a fim de seguir para os portos de África.
Hoje, cerca das 2 horas da tarde, foi visto sair muito fumo pelos respiradores do porão nº2. Dado o alarme compareceram, dentro em pouco, os bombeiros municipais e voluntários, assim como vapores e rebocadores, sendo estabelecido, imediatamente, o ataque ao fogo.
Foram fechadas as escotilhas e o porão começou por ser inundado, no local onde o incêndio se manifestara. Pelas 4 horas e 45 minutos foram abertas as escotilhas, sendo verificado que o fogo continuava, pelo que um bombeiro com escafandro desceu ao porão, a fim de localizar o sítio exacto, conseguindo extinguir assim o incêndio.
O vapor está um tanto adernado a estibordo.
Ao posto de socorros, estabelecido no cais, foram receber curativo o bombeiro voluntário da 3ª secção Amorim, tripulante Laranjeira, João dos Santos Ferreira, José Nunes Ferreira e Joaquim Mendes Raimundo dos Santos, 3º piloto, e o comandante João Augusto Ferreira, intoxicados pelo fumo, ao tentarem descer ao porão.
(Jornal “Comércio do Porto”, terça-feira, 8 de Novembro de 1921)
Acostara ao cais de Santa Apolónia, onde esteve a receber mais carga, a fim de seguir para os portos de África.
Hoje, cerca das 2 horas da tarde, foi visto sair muito fumo pelos respiradores do porão nº2. Dado o alarme compareceram, dentro em pouco, os bombeiros municipais e voluntários, assim como vapores e rebocadores, sendo estabelecido, imediatamente, o ataque ao fogo.
Foram fechadas as escotilhas e o porão começou por ser inundado, no local onde o incêndio se manifestara. Pelas 4 horas e 45 minutos foram abertas as escotilhas, sendo verificado que o fogo continuava, pelo que um bombeiro com escafandro desceu ao porão, a fim de localizar o sítio exacto, conseguindo extinguir assim o incêndio.
O vapor está um tanto adernado a estibordo.
Ao posto de socorros, estabelecido no cais, foram receber curativo o bombeiro voluntário da 3ª secção Amorim, tripulante Laranjeira, João dos Santos Ferreira, José Nunes Ferreira e Joaquim Mendes Raimundo dos Santos, 3º piloto, e o comandante João Augusto Ferreira, intoxicados pelo fumo, ao tentarem descer ao porão.
(Jornal “Comércio do Porto”, terça-feira, 8 de Novembro de 1921)
Foto-postal do "África", emitido pela Cª Nacional de Navegação
Minha colecção
Características do paquete “África”
O incêndio a bordo do “África”
Morte de um estivador – Os prejuízos materiais
Minha colecção
Características do paquete “África”
Armador: Companhia Nacional de Navegação, Lisboa
Nº Oficial: 443-B - Iic: H.B.G.K. - Porto de registo: Lisboa
Construtor: Raylton Dixon & Co., Ltd., Middlesbrough, Agosto 1905
Arqueação: Tab 5.490,81 tons - Tal 3.582,87 tons
Dimensões: Pp 127,52 mts - Boca 15,70 mts - Pontal 5,80 mts
Propulsão: N.E. Marine Engineering, Newcastle, 1:Tv - 6:Ci - 752 Nhp
Equipagem: 156 tripulantes
Abatido à frota da companhia durante o ano de 1932
Nº Oficial: 443-B - Iic: H.B.G.K. - Porto de registo: Lisboa
Construtor: Raylton Dixon & Co., Ltd., Middlesbrough, Agosto 1905
Arqueação: Tab 5.490,81 tons - Tal 3.582,87 tons
Dimensões: Pp 127,52 mts - Boca 15,70 mts - Pontal 5,80 mts
Propulsão: N.E. Marine Engineering, Newcastle, 1:Tv - 6:Ci - 752 Nhp
Equipagem: 156 tripulantes
Abatido à frota da companhia durante o ano de 1932
Imagem do incêndio no vapor "África" da autoria de Salgado
Ilustração Portuguesa, Nº 821 de 12 de Novembro de 1921, pp.371
Ilustração Portuguesa, Nº 821 de 12 de Novembro de 1921, pp.371
O incêndio a bordo do “África”
Morte de um estivador – Os prejuízos materiais
Ficou hoje, ao meio dia, extinto o incêndio que ontem se declarou no porão nº2 do vapor “África”.
A experiência feita com uma máquina de ar quente, que encheu por completo o porão, não deu os resultados desejados, pois que às 4 horas da madrugada, sendo o porão destapado, viu-se que o incêndio continuava a lavrar com a mesma intensidade.
Foram então, para debelar o incêndio, postos a funcionar os rebocadores “Cabo da Roca”, “Buarcos” e “Josephina”, bem como duas bombas a vapor, uma auto-bomba dos bombeiros municipais e várias mangueiras, que começaram a despejar água em grande quantidade (850 metros cúbicos aproximadamente), sendo o incêndio debelado.
Pouco depois começaram a proceder ao esvaziamento da água que enchia o porão, a fim de serem recolhidos os salvados.
Os prejuízos, tanto no porão como no resto do vapor são importantes, principalmente nos beliches que ficam próximo do porão e que a acção do calor muito danificou.
Os trabalhos decorriam com toda a regularidade, quando apareceu, numa embarcação, a mulher do estivador José Firmino Pinto, a dizer que o seu marido, que estava empregado no “África”, não tinha aparecido em casa.
Alguns empregados de bordo tiveram logo a suspeita de que o infeliz tivesse morrido no incêndio, pois que tinha sido visto a bordo quando este se declarou.
Vários bombeiros desceram imediatamente ao porão, sendo encontrado o cadáver do estivador à tona da água. Retirado para o cais, foi entregue à família, depois de verificado o óbito pelo respectivo sub-delegado de saúde.
Hoje de manhã também foi retirado o empregado de bordo Joaquim António Reis, sendo conduzido ao posto médico, onde foi submetido a ginástica respiratória, seguindo depois para sua casa.
Ao meio dia retiraram o material de incêndios e os rebocadores. Como medida de precaução, ficou junto do “África” uma bomba a vapor.
Os prejuízos estão cobertos por várias companhias de seguros.
(Jornal “Comércio do Porto”, quarta-feira, 9 de Novembro de 1921)
A experiência feita com uma máquina de ar quente, que encheu por completo o porão, não deu os resultados desejados, pois que às 4 horas da madrugada, sendo o porão destapado, viu-se que o incêndio continuava a lavrar com a mesma intensidade.
Foram então, para debelar o incêndio, postos a funcionar os rebocadores “Cabo da Roca”, “Buarcos” e “Josephina”, bem como duas bombas a vapor, uma auto-bomba dos bombeiros municipais e várias mangueiras, que começaram a despejar água em grande quantidade (850 metros cúbicos aproximadamente), sendo o incêndio debelado.
Pouco depois começaram a proceder ao esvaziamento da água que enchia o porão, a fim de serem recolhidos os salvados.
Os prejuízos, tanto no porão como no resto do vapor são importantes, principalmente nos beliches que ficam próximo do porão e que a acção do calor muito danificou.
Os trabalhos decorriam com toda a regularidade, quando apareceu, numa embarcação, a mulher do estivador José Firmino Pinto, a dizer que o seu marido, que estava empregado no “África”, não tinha aparecido em casa.
Alguns empregados de bordo tiveram logo a suspeita de que o infeliz tivesse morrido no incêndio, pois que tinha sido visto a bordo quando este se declarou.
Vários bombeiros desceram imediatamente ao porão, sendo encontrado o cadáver do estivador à tona da água. Retirado para o cais, foi entregue à família, depois de verificado o óbito pelo respectivo sub-delegado de saúde.
Hoje de manhã também foi retirado o empregado de bordo Joaquim António Reis, sendo conduzido ao posto médico, onde foi submetido a ginástica respiratória, seguindo depois para sua casa.
Ao meio dia retiraram o material de incêndios e os rebocadores. Como medida de precaução, ficou junto do “África” uma bomba a vapor.
Os prejuízos estão cobertos por várias companhias de seguros.
(Jornal “Comércio do Porto”, quarta-feira, 9 de Novembro de 1921)
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