O naufrágio do vapor alemão “Borussia”
Sinistro marítimo no rio Tejo
Lisboa, 22 de Outubro - Hoje de tarde, o vapor alemão “Borussia”, procedente de Santos com 44 passageiros em transito e 10 com destino a Lisboa, na ocasião em que se encontrava em frente do posto de desinfecção, metendo carvão, um golpe de mar, inundando de repente o navio, não deu tempo a que a tripulação fechasse as agulhas.
Com a força da água o navio garrou, indo rio abaixo, levado depois pela corrente para a Trafaria. Foram-lhe atirados foguetões e partiram em socorro rebocadores do Arsenal e outros barcos, que não conseguiram atracar ao vapor, que tinha muita carga e que, com a grande quantidade de água que lhe inundara os porões, começou a afundar-se lentamente desaparecendo cerca das nove horas da noite naquele local.
Ignora-se se há mortes, constando que, na ocasião do sinistro se atiraram ao mar quatro tripulantes, não se sabendo se eles se salvaram.
No paquete embarcaram aqui cinco passageiros.
Consta mais que os passageiros, bem como a maioria dos tripulantes, conseguiram salvar-se nos barcos que acorreram logo ao local do sinistro. Entretanto, há quem presuma que dentro do navio ainda ficou gente, que não se conseguiu aproveitar dos socorros.
Salvaram-se as malas do correio.
(Jornal “Comércio do Porto, quarta-feira, 23 de Outubro de 1907)
Com a força da água o navio garrou, indo rio abaixo, levado depois pela corrente para a Trafaria. Foram-lhe atirados foguetões e partiram em socorro rebocadores do Arsenal e outros barcos, que não conseguiram atracar ao vapor, que tinha muita carga e que, com a grande quantidade de água que lhe inundara os porões, começou a afundar-se lentamente desaparecendo cerca das nove horas da noite naquele local.
Ignora-se se há mortes, constando que, na ocasião do sinistro se atiraram ao mar quatro tripulantes, não se sabendo se eles se salvaram.
No paquete embarcaram aqui cinco passageiros.
Consta mais que os passageiros, bem como a maioria dos tripulantes, conseguiram salvar-se nos barcos que acorreram logo ao local do sinistro. Entretanto, há quem presuma que dentro do navio ainda ficou gente, que não se conseguiu aproveitar dos socorros.
Salvaram-se as malas do correio.
(Jornal “Comércio do Porto, quarta-feira, 23 de Outubro de 1907)
Imagem do "Borussia" - postal da Companhia proprietária do navio
Características do vapor “Borussia”
1905 - 1907
Características do vapor “Borussia”
1905 - 1907
Armador: Hamburg-Amerikanische Packetfahrt A.G., Hamburgo
Nº Oficial: N/d - Iic: N/d - Porto de registo: Hamburgo
Construtor: Germaniawerft, Kiel, Alemanha, 15 de Julho de 1905
Arqueação: Tab 6.951,00 tons
Dimensões: Ff 128,40 mts - Boca 16,50 mts - Pontal 6,95 mts
Propulsão: Do construtor - 2:Qe - 3.600 Bhp - 12,5 m/h
Equipagem: 115 tripulantes
Nº Oficial: N/d - Iic: N/d - Porto de registo: Hamburgo
Construtor: Germaniawerft, Kiel, Alemanha, 15 de Julho de 1905
Arqueação: Tab 6.951,00 tons
Dimensões: Ff 128,40 mts - Boca 16,50 mts - Pontal 6,95 mts
Propulsão: Do construtor - 2:Qe - 3.600 Bhp - 12,5 m/h
Equipagem: 115 tripulantes
O naufrágio do vapor “Borussia”
Lisboa, 23 - Acerca do naufrágio do “Borussia”, sabe-se que há apenas duas mortes: a de um interprete russo e a de um tripulante, também russo. Dois passageiros, que se julgavam afogados, estão vivos e hospedados no Hotel Viziense.
A Companhia proprietária do paquete vai tentar pô-lo a flutuar. O vapor tem os mastros fora da água.
Seguiram para o norte os indivíduos que do Brasil vinham a bordo do “Borussia”, em regresso às terras da sua naturalidade.
(Jornal “Comércio do Porto, quinta-feira, 24 de Outubro de 1907)
O naufrágio do vapor “Borussia”
A Companhia proprietária do paquete vai tentar pô-lo a flutuar. O vapor tem os mastros fora da água.
Seguiram para o norte os indivíduos que do Brasil vinham a bordo do “Borussia”, em regresso às terras da sua naturalidade.
(Jornal “Comércio do Porto, quinta-feira, 24 de Outubro de 1907)
O naufrágio do vapor “Borussia”
Lisboa, 24 - Os náufragos do paquete “Borussia”, que seguiram de Lisboa para as terras de suas naturalidades, são os seguintes:
- Francisco António Aires, com a mulher e 8 filhos. É natural de Argana, freguesia de Vialonga, concelho de Macedo de Cavaleiros, e tem 41 anos. Perdeu tudo o que trazia, ganho em lavouras de café e que avaliava em 1:700$000 réis, ficando reduzido à miséria.
- António Gomes Pinto, de 29 anos, solteiro, natural de Arouca. Voltava do Brasil, aonde fora três vezes, empregando-se no mister de cozinheiro de restaurante. Para esta última viagem de regresso teve que valer-se de dinheiro que um seu primo lhe emprestou.
- Vitorino José Gomes, de 72 anos, solteiro, natural de Cabeceiras de Basto. Esteve por cinco vezes no Brasil, onde conta ainda voltar. Declarou não ter família e que estes passeios pelo mar são o seu maior prazer. De resto, não tem modo de vida definido. Trabalhava em tudo que se lhe deparava para ganhar a vida. No naufrágio perdeu apenas um saco com roupa. O dinheiro, uns 80$000 réis, tinha-os com ele, num bolso do colete.
- Albino Francisco Regato, de 25 anos, solteiro, da freguesia de Vilar de Andorinho, concelho de Vila Nova de Gaia. Ficou sem duas malas com roupas e objetos, que trazia no valor de 100$000 réis, e uma caderneta com 500$000 réis. Por sete vezes, após o naufrágio, saltou do “Borussia” para os vapores que foram em socorro dos passageiros, procurando as suas malas; como as não encontrasse, salvou bastantes outras, pertencentes a diversos dos seus companheiros de viagem.
- Deocleciano Augusto Cunha, de 24 anos, de Moncorvo. Deixou mulher e uma filha no Rio de Janeiro, para onde conta voltar brevemente. Perdeu uma mala com dinheiro – uns 150$000 réis.
- Germano dos Santos, de 34 anos, filho de Manoel dos Santos e Maria Cândida dos Santos, natural do Porto. Tendo ido há 18 anos para o Rio de Janeiro, é com esta a terceira vez que vem a Portugal. Perdeu alguma roupa, mas conseguiu salvar a mala.
- António Alves Moreira, de 46 anos, casado e com dois filhos. Foi já ao Rio de Janeiro por três vezes. Perdeu duas malas, numa das quais tinha 50$000 réis em dinheiro.
- Domingos José Gonçalves, de 42 anos, casado e com uma filha. É natural da freguesia de S. Pedro, concelho de Chaves.
- Maria de Sá Mendes Ribeiro, de 36 anos, natural de Olho Marinho, concelho de Óbidos. Deixou no Rio de Janeiro o marido, Constantino Augusto Ribeiro, para vir despedir-se de sua mãe, que numa carta lhe disseram estar a morrer.
- António de Sousa, de 40 anos, filho de João de Sousa e de Maria Penedo, casado, natural de Braga. Já foi três vezes ao Brasil. Perdeu duas malas com roupa, relógios de ouro e prata e dinheiro.
- Joaquim da Costa, de 40 anos, de Castro d’Aire. Ficaram-lhe a bordo duas malas, numa das quais tinha 20 libras em ouro.
- Manuel Gonçalves, de 36 anos, casado, sapateiro, de Mourão. Perdeu valores de 200$000 réis e 15 libras em ouro. Declarou este náufrago, que um seu companheiro de trabalho no Rio de Janeiro, e que era também natural de Mourão, viera com ele, e, na ocasião do naufrágio se atirara ao Tejo, não tornando a aparecer. Chamava-se Serapião Afonso de Oliveira, e tinha 42 anos.
(Jornal “Comércio do Porto, sexta-feira, 25 de Outubro de 1907)
- Francisco António Aires, com a mulher e 8 filhos. É natural de Argana, freguesia de Vialonga, concelho de Macedo de Cavaleiros, e tem 41 anos. Perdeu tudo o que trazia, ganho em lavouras de café e que avaliava em 1:700$000 réis, ficando reduzido à miséria.
- António Gomes Pinto, de 29 anos, solteiro, natural de Arouca. Voltava do Brasil, aonde fora três vezes, empregando-se no mister de cozinheiro de restaurante. Para esta última viagem de regresso teve que valer-se de dinheiro que um seu primo lhe emprestou.
- Vitorino José Gomes, de 72 anos, solteiro, natural de Cabeceiras de Basto. Esteve por cinco vezes no Brasil, onde conta ainda voltar. Declarou não ter família e que estes passeios pelo mar são o seu maior prazer. De resto, não tem modo de vida definido. Trabalhava em tudo que se lhe deparava para ganhar a vida. No naufrágio perdeu apenas um saco com roupa. O dinheiro, uns 80$000 réis, tinha-os com ele, num bolso do colete.
- Albino Francisco Regato, de 25 anos, solteiro, da freguesia de Vilar de Andorinho, concelho de Vila Nova de Gaia. Ficou sem duas malas com roupas e objetos, que trazia no valor de 100$000 réis, e uma caderneta com 500$000 réis. Por sete vezes, após o naufrágio, saltou do “Borussia” para os vapores que foram em socorro dos passageiros, procurando as suas malas; como as não encontrasse, salvou bastantes outras, pertencentes a diversos dos seus companheiros de viagem.
- Deocleciano Augusto Cunha, de 24 anos, de Moncorvo. Deixou mulher e uma filha no Rio de Janeiro, para onde conta voltar brevemente. Perdeu uma mala com dinheiro – uns 150$000 réis.
- Germano dos Santos, de 34 anos, filho de Manoel dos Santos e Maria Cândida dos Santos, natural do Porto. Tendo ido há 18 anos para o Rio de Janeiro, é com esta a terceira vez que vem a Portugal. Perdeu alguma roupa, mas conseguiu salvar a mala.
- António Alves Moreira, de 46 anos, casado e com dois filhos. Foi já ao Rio de Janeiro por três vezes. Perdeu duas malas, numa das quais tinha 50$000 réis em dinheiro.
- Domingos José Gonçalves, de 42 anos, casado e com uma filha. É natural da freguesia de S. Pedro, concelho de Chaves.
- Maria de Sá Mendes Ribeiro, de 36 anos, natural de Olho Marinho, concelho de Óbidos. Deixou no Rio de Janeiro o marido, Constantino Augusto Ribeiro, para vir despedir-se de sua mãe, que numa carta lhe disseram estar a morrer.
- António de Sousa, de 40 anos, filho de João de Sousa e de Maria Penedo, casado, natural de Braga. Já foi três vezes ao Brasil. Perdeu duas malas com roupa, relógios de ouro e prata e dinheiro.
- Joaquim da Costa, de 40 anos, de Castro d’Aire. Ficaram-lhe a bordo duas malas, numa das quais tinha 20 libras em ouro.
- Manuel Gonçalves, de 36 anos, casado, sapateiro, de Mourão. Perdeu valores de 200$000 réis e 15 libras em ouro. Declarou este náufrago, que um seu companheiro de trabalho no Rio de Janeiro, e que era também natural de Mourão, viera com ele, e, na ocasião do naufrágio se atirara ao Tejo, não tornando a aparecer. Chamava-se Serapião Afonso de Oliveira, e tinha 42 anos.
(Jornal “Comércio do Porto, sexta-feira, 25 de Outubro de 1907)
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