O encalhe do N.R.P." Sam Braz "
Na madrugada do dia 13 de Março de 1945, quando o petroleiro da Marinha de Guerra “Sam Braz”, de 7.000 toneladas, entrava a barra do porto de Lisboa, procedente do continente americano, avariou-se-lhe o leme, pelo que o navio foi arrastado por um estoque de água, indo encalhar em fundo de areia, próximo da praia da Trafaria.
O comandante, ainda tentou com os meios de bordo safar o navio, mas como a maré foi descendo, os esforços efectuados nesse sentido foram infrutíferos. Ao verificar que não era possível prescindir de assistência, aquele oficial expediu um rádio para a Majoria General da Armada a informar do encalhe, devido a avaria no leme, solicitando os necessários meios para o desencalhe.
A Direcção dos Serviços Marítimos tomou imediatamente todas as providencias. De manhã atracaram ao “Sam Braz” batelões, para que o navio fosse aliviado da carga o mais possível, por forma a ser tentado o desencalhe na preia-mar da tarde, cerca das 17 horas, com o auxílio dos rebocadores de maior força.
Às 13 horas, saíram da doca de Alcântara para o local do sinistro, com material de assistência, os rebocadores “Cabo Espichel” e “Cabo Sines”. Pouco depois das 15 horas, quando o navio se encontrava já completamente aliviado da sua carga, foi desencalhado com relativa facilidade e começou a navegar rio acima, com destino ao quadro dos navios de guerra.
(In jornal “O Comércio do Porto”, de 13 de Março de 1945)
O comandante, ainda tentou com os meios de bordo safar o navio, mas como a maré foi descendo, os esforços efectuados nesse sentido foram infrutíferos. Ao verificar que não era possível prescindir de assistência, aquele oficial expediu um rádio para a Majoria General da Armada a informar do encalhe, devido a avaria no leme, solicitando os necessários meios para o desencalhe.
A Direcção dos Serviços Marítimos tomou imediatamente todas as providencias. De manhã atracaram ao “Sam Braz” batelões, para que o navio fosse aliviado da carga o mais possível, por forma a ser tentado o desencalhe na preia-mar da tarde, cerca das 17 horas, com o auxílio dos rebocadores de maior força.
Às 13 horas, saíram da doca de Alcântara para o local do sinistro, com material de assistência, os rebocadores “Cabo Espichel” e “Cabo Sines”. Pouco depois das 15 horas, quando o navio se encontrava já completamente aliviado da sua carga, foi desencalhado com relativa facilidade e começou a navegar rio acima, com destino ao quadro dos navios de guerra.
(In jornal “O Comércio do Porto”, de 13 de Março de 1945)
N.R.P. “ Sam Braz “
(Transporte de combustíveis)
1942 - 1967 - 1976
Marinha de Guerra Portuguesa
(Transporte de combustíveis)
1942 - 1967 - 1976
Marinha de Guerra Portuguesa
Imagem to navio tanque N.R.P."Sam Braz" em Lisboa
Foto-postal de Roiz, Lda., Lisboa - (minha colecção)
Foto-postal de Roiz, Lda., Lisboa - (minha colecção)
Construtor: Arsenal do Alfeite, 1942
Deslocamento: Tlb 7.375,00 tons - Tll 6.374,00 tons
Dimensões: Pp 197,75 mts - Boca 15,15 mts
Propulsão: 1:Di - 2.820 Bhp - 13 m/h
Abatido aos efectivos (meios navais) da Armada em 1976.
Deslocamento: Tlb 7.375,00 tons - Tll 6.374,00 tons
Dimensões: Pp 197,75 mts - Boca 15,15 mts
Propulsão: 1:Di - 2.820 Bhp - 13 m/h
Abatido aos efectivos (meios navais) da Armada em 1976.
Como é óbvio, cada notícia é o que é e vale o que vale. Num caso como este, em que um navio da Armada encalha por motivo de avaria no leme, esperava-se que no mínimo o navio seguisse rebocado rio acima, situação que não está esclarecida através da leitura do texto, permitindo ajuizar que o encalhe pode não ter sido fortuito, quanto a notícia favorece. Enfim…
6 comentários:
Quando eu estive na Reserva Naval(Já lá vão 20 anos) os navios da Armada estavam dispensados do embarque de pilotos e utilização de rebocador. Talvez nessa altura essa postura já existisse.
Caro amigo Luís Bonifácio,
Grato pela sua explicação.
O que não compreendi, em função da notícia do jornal, é saber que o navio, que se apresentava ingovernável, por ter o leme avariado, encalhando por esse motivo e ficando sujeito a agravar a capacidade de manobra, segue rio acima, sem ter necessidade de reboque!
Muitos cumprimentos,
Reinaldo Delgado
Sobre este assunto:
No volume 13 da obra "Setenta e cinco anos no mar", na parte relativa ao Sam Brás pode ler-se ... ao entrar a barra, em 14 Março, ao meter-se o leme a Bombordo o navio não obedeceu prontamente. Foi parada a máquina tendo o leme ficado trancado. Quando o leme começou a obedecer ouviu-se um ruído estranho, à proa, que poucos instantes depois se reconheceu ser devido ao navio estar a rasper no fundo....
O extrato nostra que a avaria do leme foi momentanea.
Já no dia 28 Fev de 1945 durante a mesma viagem, ficou desgovernado por avaria da máquina do leme, durante bastante tempo.
Ricardo Matias
Caro amigo e Sr. Ricardo Matias,
No trabalho que ambos desenvolvemos, vamos fazendo comentários, seguramente reflexo do conhecimento adquirido ao longo dos anos e simultaneamente com base na nossa experiência de vida.
Ambos utilizamos textos ou artigos escritos por terceiros, que à priori esperamos estejam correctos, o que lamentavelmente nem sempre acontece.
Quanto ao caso do encalhe do "Sam Braz" defendo a opinião de poder ter existido negligencia de quem estava ao leme do navio, aquando do sinistro, porque tenho muita dificuldade em aceitar uma avaria momentânea, tratando-se de equipamento mecânico. Posso até estar errado, mas continua a ser a minha opinião!...
O que eu não tenho dúvida é que a notícia está no jornal de 23 de Março, pelo que o encalhe nunca poderia ter acontecido a 24.
De qualquer forma o meu agradecimento, pela sua sempre atempada colaboração.
Cumprimentos,
Reinaldo Delgado
Mais uns dados:
O San Brás em 28 e 29 de Jan de 1943, em viagem de Curaçao para Lisboa esteve a governar com o leme manual por ter o servo-motor avariado. Em 12 Nov 1943, nova avaria do servo.motor. Em 30 de Agosto de 1944, esteve a pairar, por o motor ter avariado. Em viagem para Aruba, em 2 Dez 1944 esteve desgovernado por avaria da máquina do leme. Mais uma avaria da máquina em 28 Fev 1945. O encalhe em 14 Mar de 1944. Em 23 de Março o navio já estava a preparar a sua saída para nova viagem depois de ter docado na Doca Nº 1 Da AGPL de 19 a 22 de Mar. O leme voltou a avariar em 15 de Maio de 1945 a caminho de Curaçao.
O livro que citei, foi escrito com base no livro de bordo, está correcto, mas já encontrei uma falha aqui e ali.
Passei o meu serviço militar na Marinha e vi que quando os NRP's, entram e saiem a barra do Tejo, está tudo atento, o comandante está na ponte e o leme é entregue a timoneiro de confiança.
Por outro lado este navio e outros construídos durante a Guerra sofreram com falta de materiais e o nível aprendizagem do Arsenal estava no início. Apesar de tudo o Sam Brás entre Nov de 1942 e 20 de Dez de 1945 efectuou 24 viaqens redondas às Antilhas para carregar combustíveis líquidos para Portugal, se não fosse ele a vida dos nossos avós teria sido bem mais penosa.
Este navio foi projectado para abastecer os contratorpedeiros de modo a poderem deslocar-se às Colónias em caso de emergência, apesar de termos à epoca muito portos no caminho, não havia estrutaras para abastecer os navios.
Só nos anos 50, foi equipada para reabastecimento em flecha, mas continuou a transportar combustíveis para Portugal. Em 1963 foi substítuido pelo S. Gabriel.
Quanto á máquina do leme, foi avariando de quando conforme se pode ler nos registos.
Ricardo Matias
Caro amigo e sr Ricardo Matias,
Muito lhe agradeço as informações complementares, sobre os diversos problemas ocorridos com o leme do navio, o que confirma que por regra a Armada soube manter ao seu serviço um quadro de pessoal altamente qualificado e por isso mesmo digno dos maiores elogios.
Quanto à importância que este navio teve para a Marinha e para o país, em conjunto com os tanques "Penteola" e "Shell 15", já foi referido neste blog a 26.01.2008.
Muitos cumprimentos,
Reinaldo Delgado
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