quarta-feira, 3 de agosto de 2011

História trágico-marítima (XVII)


O afundamento do “ Neptuno “

O vapor " Neptuno " - atacado e afundado
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No dia 27 de Janeiro saiu do Tejo, com destino ao Funchal, o vapor português “Neptuno”, pertencente ao sr. João de Freitas Mathias, daquela praça e do qual é consignatária em Lisboa a firma António Pedro da Costa & Comandita.
A 140 milhas da costa portuguesa um submarino alemão de grandes dimensões e que se presume ser o mesmo que torpedeou os vapores de pesca “Germano” e “Serra do Gerez”, sem aviso prévio torpedeou-o e meteu-o no fundo.
A tripulação, que se compunha, além do comandante, sr. Joaquim Labrincha, natural de Ílhavo, de mais 13 homens, uns naturais da Madeira e outros da terra do capitão, apenas teve tempo de salvar algumas roupas que vestia, acontecendo que aqueles que estavam repousando, como sucedeu ao capitão, entraram na baleeira em roupas brancas e descalços.
Os 14 homens, dentro de uma única baleeira, pois o inimigo nem tempo lhes deu para arriar uma outra que tinham a bordo, lutaram desde o dia 28 até ao dia 30 com enormes vagas, navegando sempre em direcção à nossa costa.
Quando os infelizes náufragos andavam no mar do Cabo da Roca, foram vistos pela estação semafórica de Oitavos, que imediatamente participou para Cascais qual era o seu paradeiro.
Um caça-minas foi então ao encontro dos náufragos, recolhendo-os quase exaustos e molhados, conduzindo-os para Belém, onde desembarcaram. O capitão telefonou para o consignatário, pedindo auxílio, roupas, etc.
O “Neptuno” deslocava 300 toneladas e levava um importante carregamento, composto por 1.300 sacos com arroz, 200 fardos de bacalhau, 150 caixotes com fósforos, 15 toneladas de figos, 500 sacos com enxofre, louças, vidros, etc., tudo avaliado em cerca de 80 contos. Parte da carga estava segura, bem como o barco. Além deste carregamento, o “Neptuno” levava 119 malas de correio, embarcadas em Lisboa, assim discriminadas: 57 de Lisboa, 10 da América do Norte para o Funchal, 15 da América do Sul para o Funchal, 16 da África Oriental e 4 do Porto. Com registo transportava 17 malas.
O navio tinha recebido ultimamente em Lisboa consideráveis reparações e a próxima viagem que se propunha fazer era do Funchal para Bordéus, com carregamento de vinho.
(In jornal “O Comércio do Porto”, de 31 de Janeiro de 1918).

Analisados todos os elementos da notícia supra, está confirmado que este navio foi afundado pelo submarino alemão U-152, do comando do cap. Constantin Kolbe, em cujo relatório referia ter mandado parar o “Neptuno”, a 140 milhas de Lisboa, nas coordenadas 37º12’N 11º37’W, quando este se encontrava em viagem de Lisboa para o Funchal. Que a bordo foi encontrada carga diversa, alimentos e correspondência.

Vapor construído em madeira “ Neptuno “
1916-1918
Companhia de Navegação Madeirense, Lda.
(João de Freitas Mathias, Funchal, Madeira)

Nº Oficial: 869 - Iic.: H.B.T.V. - Porto de registo: Funchal
Construtor: J.S. White, Cowes, Inglaterra, 1867
ex “Elisabeth”, (proprietário desconhecido), 1867-1900
ex “Maria”, Manuel Gonçalves, Funchal, 1900-1916
Arqueação: Tab 178,30 tons - Tal 115,57 tons
Dimensões: Pp 38,80 mts - Boca 7,20 mts - Pontal 3,90 mts
Propulsão: Day Summer & Co, 1867 - 1:Cp - 2:Ci - 33 Nhp
Equipagem: 14 tripulantes

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