O naufrágio do navio ” Save “
(2ª parte)
(2ª parte)
237 mortos na catástrofe do vapor “Save”, que encalhou na foz do rio dos Bons Sinais, ao sul de Quelimane, e, após se registarem explosões, ficou a arder de proa à popa no mar embravecido.
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Salvaram-se 263 pessoas
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Salvaram-se 263 pessoas
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Avionetas, aviões e barcos de pesca, embora com dificuldade, prestaram socorros
Consumou-se, mais tragicamente dos que as primeiras notícias faziam crer, o drama do “Save”, devorado pelas chamas e desmantelado por sucessivas explosões, depois de encalhar na barra do rio dos Bons Sinais, ao sul de Quelimane. O luto cobre não só a Marinha Mercante Portuguesa, como o próprio País. O sinistro é daqueles que não podem deixar de impressionar profundamente pelo número das suas vitimas e pelo valor dos prejuízos materiais. O mar, aquele mesmo mar às vezes acalmado pela branda e morna viração, às vezes encolerizado pelas frias rajadas, levou o barco com as suas garras de ressaca para a morte. Horas terríveis de emoção, a que se seguiu o pânico, devem ter vivido os que nele seguiam, espalhando a ansiedade por toda a população da província de Moçambique e, agora, o luto por todo o Portugal.
A maior catástrofe marítima, após a guerra, com unidades mercantes, registou-se em 17 de Julho de 1947, quando o barco a vapor costeiro indiano “Randas” se afundou ao Norte de Bombaim, perdendo a vida cerca de 690 pessoas Também se anunciou que desapareceram, pelo menos, 150 vidas, depois do incêndio a bordo do paquete britânico “Dara Lasi”, de 5.030 toneladas, em Abril último.
O balanço da tragédia do “Save” (que ainda não pode ser estabelecida definitivamente) diz-nos que ela se eleva à escala das grandes catástrofes mundiais, a qual se avoluma quando o País atravessa tão grave conjuntura, que impõe a mobilização de todos os nossos recursos da Marinha Mercante.
Consumou-se, mais tragicamente dos que as primeiras notícias faziam crer, o drama do “Save”, devorado pelas chamas e desmantelado por sucessivas explosões, depois de encalhar na barra do rio dos Bons Sinais, ao sul de Quelimane. O luto cobre não só a Marinha Mercante Portuguesa, como o próprio País. O sinistro é daqueles que não podem deixar de impressionar profundamente pelo número das suas vitimas e pelo valor dos prejuízos materiais. O mar, aquele mesmo mar às vezes acalmado pela branda e morna viração, às vezes encolerizado pelas frias rajadas, levou o barco com as suas garras de ressaca para a morte. Horas terríveis de emoção, a que se seguiu o pânico, devem ter vivido os que nele seguiam, espalhando a ansiedade por toda a população da província de Moçambique e, agora, o luto por todo o Portugal.
A maior catástrofe marítima, após a guerra, com unidades mercantes, registou-se em 17 de Julho de 1947, quando o barco a vapor costeiro indiano “Randas” se afundou ao Norte de Bombaim, perdendo a vida cerca de 690 pessoas Também se anunciou que desapareceram, pelo menos, 150 vidas, depois do incêndio a bordo do paquete britânico “Dara Lasi”, de 5.030 toneladas, em Abril último.
O balanço da tragédia do “Save” (que ainda não pode ser estabelecida definitivamente) diz-nos que ela se eleva à escala das grandes catástrofes mundiais, a qual se avoluma quando o País atravessa tão grave conjuntura, que impõe a mobilização de todos os nossos recursos da Marinha Mercante.
A tragédia era imprevisível, pois o “Save”, pelos seus meios, safara-se do encalhe e preparava-se para prosseguir, quando o temporal o atirou de novo para a costa, onde se perdeu
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Lourenço Marques, 10 – O “Save”, navio de cabotagem entre os principais portos da costa moçambicana, saíra de Lourenço Marques para o norte da província, às ordens do comandante Mário Vieira, com quinhentos passageiros, entre os quais trezentos mineiros negros, que regressavam das minas de ouro do Transval e uma tripulação de cinquenta homens.
Para Quelimane o navio levava, nos porões, milhares de contos de mercadorias, entre as quais mil caixas de cerveja, carregadas na Beira, automóveis e tractores.
Na tarde de sexta-feira, houve conhecimento que o “Save” encalhara a dez milhas ao sul de Quelimane, em frente da foz do rio dos Bons Sinais, não longe da povoação piscatória de Sonhani, entre o Chinde e aquele porto. Foram tomadas, imediatamente previdências, entre as quais foi dada ordem para que o rebocador “Timbué”, que se encontrava no Chinde, estivesse preparado. Analisadas as marés, chegou-se à conclusão que as condições não era favoráveis para se proceder ao desencalhe do navio e que para isso era deitar à água parte da carga, entrando depois em acção o rebocador “Sofala”, que o arrastaria para Quelimane. Verificando-se, porém, que o “Save” estava a meter água, previu-se a necessidade de desembarcar os passageiros, tendo-se para o efeito entrado em contacto com os Serviços de Fotogrametria Aérea, a fim de enviarem para o local o seu helicóptero. Mas na manhã de ontem viu-se que, durante a noite, o navio procurara safar-se pelos seus próprios meios na preia-mar, à noite, suspendendo-se a ida do helicóptero por se considerar desnecessária a sua utilização.
Assim, de manhã, o “Save” encontrava-se a flutuar, depois de ter sido alijada a carga e alguns passageiros, utilizando as duas baleeiras do navio, por estas se terem dirigido a terra, que ficava à distancia de algumas centenas de metros do local do encalhe. Na praia encontravam-se o capitão do porto de Quelimane e outras entidades, que seguiam à distancia a tragédia, pois estavam impossibilitados de se deslocar ao navio, devido à forte ondulação e ao mau tempo.
Igualmente, devido à forte rebentação das ondas, não puderam aproximar-se do navio, para fazer o transbordo dos passageiros, que nessa altura se encontravam reunidos à popa, os barcos “Liaze”, “Chaimite” e “Angoche” e os rebocadores “Sofala” e “Timbué”, que desde as primeiras horas se encontravam próximo.
Para Quelimane o navio levava, nos porões, milhares de contos de mercadorias, entre as quais mil caixas de cerveja, carregadas na Beira, automóveis e tractores.
Na tarde de sexta-feira, houve conhecimento que o “Save” encalhara a dez milhas ao sul de Quelimane, em frente da foz do rio dos Bons Sinais, não longe da povoação piscatória de Sonhani, entre o Chinde e aquele porto. Foram tomadas, imediatamente previdências, entre as quais foi dada ordem para que o rebocador “Timbué”, que se encontrava no Chinde, estivesse preparado. Analisadas as marés, chegou-se à conclusão que as condições não era favoráveis para se proceder ao desencalhe do navio e que para isso era deitar à água parte da carga, entrando depois em acção o rebocador “Sofala”, que o arrastaria para Quelimane. Verificando-se, porém, que o “Save” estava a meter água, previu-se a necessidade de desembarcar os passageiros, tendo-se para o efeito entrado em contacto com os Serviços de Fotogrametria Aérea, a fim de enviarem para o local o seu helicóptero. Mas na manhã de ontem viu-se que, durante a noite, o navio procurara safar-se pelos seus próprios meios na preia-mar, à noite, suspendendo-se a ida do helicóptero por se considerar desnecessária a sua utilização.
Assim, de manhã, o “Save” encontrava-se a flutuar, depois de ter sido alijada a carga e alguns passageiros, utilizando as duas baleeiras do navio, por estas se terem dirigido a terra, que ficava à distancia de algumas centenas de metros do local do encalhe. Na praia encontravam-se o capitão do porto de Quelimane e outras entidades, que seguiam à distancia a tragédia, pois estavam impossibilitados de se deslocar ao navio, devido à forte ondulação e ao mau tempo.
Igualmente, devido à forte rebentação das ondas, não puderam aproximar-se do navio, para fazer o transbordo dos passageiros, que nessa altura se encontravam reunidos à popa, os barcos “Liaze”, “Chaimite” e “Angoche” e os rebocadores “Sofala” e “Timbué”, que desde as primeiras horas se encontravam próximo.
O “Save” está completamente perdido
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O “Save” está completamente perdido e com fogo a bordo. Foi sacudido por diversas explosões, que o destroçaram completamente. A carcaça, que apresenta grande rombo num dos flancos, encontra-se fumegando encalhada em águas baixas, enquanto alguns sobreviventes, na praia, aguardam a vez de serem transportados para a Beira.
Ontem, de manhã, encontrava-se já a flutuar, depois de ter sido alijada a carga, e de alguns passageiros, utilizando as duas baleeiras do navio, se terem feito a terra, que ficava à distancia de algumas centenas de metros do local do encalhe
Na praia encontravam-se o capitão do porto de Quelimane e outras autoridades. Foi, então, que se registou o incêndio seguido de varias explosões. O mar ter vindo a lançar corpos para o areal da praia.
Ontem, de manhã, encontrava-se já a flutuar, depois de ter sido alijada a carga, e de alguns passageiros, utilizando as duas baleeiras do navio, se terem feito a terra, que ficava à distancia de algumas centenas de metros do local do encalhe
Na praia encontravam-se o capitão do porto de Quelimane e outras autoridades. Foi, então, que se registou o incêndio seguido de varias explosões. O mar ter vindo a lançar corpos para o areal da praia.
Foram salvos 30 soldados europeus e 105 nativos
Comunicado do Ministério da Defesa Nacional
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Comunicado do Ministério da Defesa Nacional
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Entre os passageiros do navio “Save” figuravam 55 soldados europeus e 167 soldados nativos. As últimas notícias oficiais indicam que parece terem já sido salvos 30 soldados europeus e 105 soldados nativos. Espera-se que estejam mais soldados nas embarcações que ainda andam no mar com náufragos. Desconhece-se por enquanto o nome das vitimas.
Balanço oficial da tragédia:
263 pessoas salvas e 237 desaparecidas
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263 pessoas salvas e 237 desaparecidas
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Lourenço Marques, 10 - O Comando Naval de Moçambique informou oficialmente que o balanço da tragédia ocorrida a bordo do navio “Save” é o seguinte: tripulantes europeus: 17 salvos e 4 mortos; indígenas: 27 salvos e 4 desaparecidos; passageiros, entre europeus e indígenas: 219 salvos e 227 desaparecidos. Os mortos e desaparecidos somam um total de 237 pessoas. As outras vitimas são na maioria mineiros indígenas que seguiam a bordo, mas há também a lamentar a morte de trinta soldados europeus. Julga-se, no entanto, que muitos desaparecidos tenham alcançado as praias da costa e venham a ser ainda localizados. Sabe-se que se encontravam a bordo 350 passageiros e 53 tripulantes. Muitos deles atiraram-se à água, tomados de pânico, quando se seu o incêndio, seguido das explosões. (ANI-L)
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Os textos relativos ao naufrágio do navio “Save”, que nos permitem ajuizar do encalhe e do processo de salvamento do navio, tripulação e passageiros, são transcritos dos jornais de “O Século”, publicados nos dias 11, 12 e 13 de Julho de 1961.
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