quarta-feira, 28 de novembro de 2018

História trágico-marítima (CCLXXXIX)


O naufrágio do vapor “Mello” em Marrocos

O navio de carga português “Mello” encalhou próximo de
Casablanca, devido ao nevoeiro que encobre a costa
marroquina e considera-se perdido – A tripulação salvou-se
Casablanca, 27 - Em consequência do denso nevoeiro, o cargueiro português “Mello” encalhou esta manhã, pelas 4 horas, na foz do Uede Mellah, a 20 km ao Norte de Casablanca, encontrando-se imobilizado sobre um banco de areia. A tripulação, composta de 35 homens, conseguiu alcançar a costa, pelos seus próprios meios.
Casablanca, 27 – É de 4.500 toneladas o cargueiro português “Mello”, que encalhou hoje no estuário do rio Uede Mellah, a cerca de 20 km de Casablanca, às 4 horas da madrugada (3 horas em Lisboa). O navio é propriedade da Sociedade Geral de Comércio, Indústria e Transportes, Lda., de Lisboa e vinha carregar fosfatos.
Casablanca, 27 – Considera-se perdido o navio português que encalhou em Uede Mallah, à entrada de Casablanca. Apareceram várias fendas no casco do “Mello” e o mau tempo tem prejudicado os esforços para o libertar do lodo.
O comandante do navio, Sr. António Carrilho, concordou com os técnicos, que consideram perdidas as esperanças de salvar o navio.
(Jornal “Comércio do Porto”, sábado, 28 de Novembro de 1964)

Imagem do navio "Mello" à chegada a Leixões
Foto minha colecção

Características do navio português “Mello“
21.03.1923 – 27.11.1964
Armador: Sociedade Geral de Comércio, Indústria e Transportes, Lda.
Nº Oficial : 397-E - Iic.: H.M.E.O. – Portro de registo: Lisboa 21.03.23
Construtor: Blyth Shipbuilding Co., Blyth, Inglaterra, Abril de 1915
ex “Hebburn”, Huddart Parker, Ltd., Londres, Inglaterra, 1915-1919
ex “Graziella”, A. C. Aboaf, Londres, Inglaterra, 1919-1922
Propulsão: Rich. Westgarth & Co., 1915 - 1:Te - 2.000 Ihp - 11 m/h
Arqueação: Tab 4.188,12 tons - Tal 2.993,54 tons
Dimensões: Pp 112,77 mts - Boca 11,54 mts - Pontal 8,37 mts
Equipagem: 36 tripulantes - 6 passageiros
Alteração à matrícula
Nº Oficial: 397-E - Iic.: C.S.B.G. – Porto de registo: Lisboa, 21.03.1923
Arqueação: Tab 4.471,29 tons - Tal 2.693,05 tons
Dimensões: Ff 117,30 mts - Pp 112,96 mts - Bc 15,63 mts - Ptl 7,58 mts
Equipagem: 35 tripulantes - 12 passageiros

O vapor “Mello” continua encalhado
próximo de Casablanca
Contrariamente ao que chegou a constar, o navio “Mello” da Sociedade Geral, que anteontem encalhou, a uns 20 km de Casablanca, não se afundou, embora não haja esperanças de salvá-lo. Em face da precária situação do navio, a administração da empresa proprietária determinou que a respectiva tripulação seguisse para Casablanca, permanecendo próximo do “Mello” o rebocador “Sintra”, que seguiu para o local do encalhe.
O regresso dos tripulantes a Lisboa deve verificar-se num dos primeiros dias desta semana.

A identidade dos 35 tripulantes
Os 35 tripulantes, incluindo o comandante, Sr. António Camarate Carrilho, e imediato, Sr. José Araújo, são os seguintes: António José Fernandes de Oliveira e Carlos Luís de Sousa Rocha, 2º e 3ºs pilotos; José dos Santos, radiotelegrafista; Alberto Artur de Melo Soares, enfermeiro; António Fiel e Emílio Carlos da Cunha Ferreira e Silva, 1º e 2º maquinistas; e António Fernandes e Cristiano Ribeiro, 3ºs. maquinistas; Francisco Barreto Ferreira, artífice; Vidal Fernandes, Manuel Ricardo Generoso, António Bártolo, Abílio Lopes e Custódio Tavares, fogueiros; Primo Marques Patrão, Daniel Filipe Torres de Brito e António Augusto dos Santos, chegadores; Primo Martins Torres de Albuquerque, contramestre; Manuel Rodrigues, Afonso Perre, Estevão Bonança, António Santana Gordinho, e Manuel dos Santos, marinheiros; João Baptista da Rocha Júnior, dispenseiro; Francisco Luís, cozinheiro; Pedro Maria Pereira, padeiro; António Baptista Soares, Armando de Almeida e Laurentino Rodrigues Machado, criados; Sebastião Manuel Martins Fernandes, Raul Aníbal Baptista, João Ramos de Oliveira, e Bernardino Maria Ramalho, moços.
(Jornal “Comércio do Porto”, Domingo, 29 de Novembro de 1964)

Chegaram a Lisboa 15 tripulantes do navio português “Mello”,
que encalhou na costa marroquina
Procedentes de Casablanca chegaram a Lisboa anteontem, de avião, 15 tripulantes do navio português “Mello”, que encalhou na costa de Marrocos, considerando-se perdido. Os restantes náufragos devem chegar a Portugal, provavelmente, por via marítima.
(Jornal “Comércio do Porto”, quinta-feira, 3 de Dezembro de 1964)

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