sexta-feira, 30 de novembro de 2018
quinta-feira, 29 de novembro de 2018
História trágico-marítima (CCXC)
O encalhe do navio de carga "Nereus" em Marrocos
Encalhou na costa marroquina o cargueiro
português “Nereus”
Encalhou na costa marroquina o cargueiro
português “Nereus”
Casablanca, 7 – O navio de carga português “Nereus”, de 475 toneladas, de Lisboa, encalhou, na noite passada, em Moulay Bousslhem, a cerca de 10 km do porto de Larache (ou seja a 270 km ao sul de Casablanca), por causa do nevoeiro. O navio encalhou num baixo rochoso.
A tripulação (28 marinheiros de nacionalidade portuguesa), conseguiu abandonar o navio pelos seus próprios meios.
O “Nereus”, que transportava uma carga de metais e se dirigia para Casablanca, encontra-se actualmente numa situação critica.
É o segundo navio português a encalhar na costa marroquina num período de dez dias.
(Jornal “Comércio do Porto”, terça-feira, 8 de Dezembro de 1964)
A tripulação (28 marinheiros de nacionalidade portuguesa), conseguiu abandonar o navio pelos seus próprios meios.
O “Nereus”, que transportava uma carga de metais e se dirigia para Casablanca, encontra-se actualmente numa situação critica.
É o segundo navio português a encalhar na costa marroquina num período de dez dias.
(Jornal “Comércio do Porto”, terça-feira, 8 de Dezembro de 1964)
O navio "Nereus" de saída do rio Douro
Foto da colecção de Rui Picarote Amaro
Características do navio Nereus"
3.7.1947 – 1977
Foto da colecção de Rui Picarote Amaro
Características do navio Nereus"
3.7.1947 – 1977
Armador: Bagão, Nunes & Machado, Lda., Lisboa
Nº Oficial : H-450 - Iic: C.S.S.I. - Porto de registo: Lisboa, 03.07.1947
Construtor: Estaleiros de São Jacinto, Lda., Aveiro, 1947
Arqueação: Tab 334,40 tons - Tal 228,22 tons - Porte 530 tons
Dimensões: Ff 45,75 mts - Pp 42,43 mts - Bc 7,17 mts - Ptl 3,11 mts
Propulsão: Sulzer Frères, 1944 - 1:Di - 330 Bhp - Velocidade: 10 m/h
dp “Efii” - A. Myrianthis, Grécia, 1977-1977
dp “Kalathos” - A. Myrianthis, Grécia, 1977-1977
O navio foi desencalhado e retornou ao serviço comercial, tendo aproveitado o auxílio prestado pelo rebocador “Sintra”, da Sociedade Geral, quando esteve se encontrava próximo a Casablanca, a realizar operações de assistência ao navio “Mello”, do mesmo armador.
Viria a naufragar posteriormente a cerca de 120 milhas a Sudoeste de Port Sudan, em 16 de Março de 1977.
Nº Oficial : H-450 - Iic: C.S.S.I. - Porto de registo: Lisboa, 03.07.1947
Construtor: Estaleiros de São Jacinto, Lda., Aveiro, 1947
Arqueação: Tab 334,40 tons - Tal 228,22 tons - Porte 530 tons
Dimensões: Ff 45,75 mts - Pp 42,43 mts - Bc 7,17 mts - Ptl 3,11 mts
Propulsão: Sulzer Frères, 1944 - 1:Di - 330 Bhp - Velocidade: 10 m/h
dp “Efii” - A. Myrianthis, Grécia, 1977-1977
dp “Kalathos” - A. Myrianthis, Grécia, 1977-1977
O navio foi desencalhado e retornou ao serviço comercial, tendo aproveitado o auxílio prestado pelo rebocador “Sintra”, da Sociedade Geral, quando esteve se encontrava próximo a Casablanca, a realizar operações de assistência ao navio “Mello”, do mesmo armador.
Viria a naufragar posteriormente a cerca de 120 milhas a Sudoeste de Port Sudan, em 16 de Março de 1977.
quarta-feira, 28 de novembro de 2018
História trágico-marítima (CCLXXXIX)
O naufrágio do vapor “Mello” em Marrocos
O navio de carga português “Mello” encalhou próximo de
Casablanca, devido ao nevoeiro que encobre a costa
marroquina e considera-se perdido – A tripulação salvou-se
Casablanca, 27 - Em consequência do denso nevoeiro, o cargueiro português “Mello” encalhou esta manhã, pelas 4 horas, na foz do Uede Mellah, a 20 km ao Norte de Casablanca, encontrando-se imobilizado sobre um banco de areia. A tripulação, composta de 35 homens, conseguiu alcançar a costa, pelos seus próprios meios.
Casablanca, 27 – É de 4.500 toneladas o cargueiro português “Mello”, que encalhou hoje no estuário do rio Uede Mellah, a cerca de 20 km de Casablanca, às 4 horas da madrugada (3 horas em Lisboa). O navio é propriedade da Sociedade Geral de Comércio, Indústria e Transportes, Lda., de Lisboa e vinha carregar fosfatos.
Casablanca, 27 – Considera-se perdido o navio português que encalhou em Uede Mallah, à entrada de Casablanca. Apareceram várias fendas no casco do “Mello” e o mau tempo tem prejudicado os esforços para o libertar do lodo.
O comandante do navio, Sr. António Carrilho, concordou com os técnicos, que consideram perdidas as esperanças de salvar o navio.
(Jornal “Comércio do Porto”, sábado, 28 de Novembro de 1964)
Casablanca, 27 – É de 4.500 toneladas o cargueiro português “Mello”, que encalhou hoje no estuário do rio Uede Mellah, a cerca de 20 km de Casablanca, às 4 horas da madrugada (3 horas em Lisboa). O navio é propriedade da Sociedade Geral de Comércio, Indústria e Transportes, Lda., de Lisboa e vinha carregar fosfatos.
Casablanca, 27 – Considera-se perdido o navio português que encalhou em Uede Mallah, à entrada de Casablanca. Apareceram várias fendas no casco do “Mello” e o mau tempo tem prejudicado os esforços para o libertar do lodo.
O comandante do navio, Sr. António Carrilho, concordou com os técnicos, que consideram perdidas as esperanças de salvar o navio.
(Jornal “Comércio do Porto”, sábado, 28 de Novembro de 1964)
Imagem do navio "Mello" à chegada a Leixões
Foto minha colecção
Características do navio português “Mello“
21.03.1923 – 27.11.1964
Foto minha colecção
Características do navio português “Mello“
21.03.1923 – 27.11.1964
Armador: Sociedade Geral de Comércio, Indústria e Transportes, Lda.
Nº Oficial : 397-E - Iic.: H.M.E.O. – Portro de registo: Lisboa 21.03.23
Construtor: Blyth Shipbuilding Co., Blyth, Inglaterra, Abril de 1915
ex “Hebburn”, Huddart Parker, Ltd., Londres, Inglaterra, 1915-1919
ex “Graziella”, A. C. Aboaf, Londres, Inglaterra, 1919-1922
Propulsão: Rich. Westgarth & Co., 1915 - 1:Te - 2.000 Ihp - 11 m/h
Arqueação: Tab 4.188,12 tons - Tal 2.993,54 tons
Dimensões: Pp 112,77 mts - Boca 11,54 mts - Pontal 8,37 mts
Equipagem: 36 tripulantes - 6 passageiros
Nº Oficial : 397-E - Iic.: H.M.E.O. – Portro de registo: Lisboa 21.03.23
Construtor: Blyth Shipbuilding Co., Blyth, Inglaterra, Abril de 1915
ex “Hebburn”, Huddart Parker, Ltd., Londres, Inglaterra, 1915-1919
ex “Graziella”, A. C. Aboaf, Londres, Inglaterra, 1919-1922
Propulsão: Rich. Westgarth & Co., 1915 - 1:Te - 2.000 Ihp - 11 m/h
Arqueação: Tab 4.188,12 tons - Tal 2.993,54 tons
Dimensões: Pp 112,77 mts - Boca 11,54 mts - Pontal 8,37 mts
Equipagem: 36 tripulantes - 6 passageiros
Alteração à matrícula
Nº Oficial: 397-E - Iic.: C.S.B.G. – Porto de registo: Lisboa, 21.03.1923
Arqueação: Tab 4.471,29 tons - Tal 2.693,05 tons
Dimensões: Ff 117,30 mts - Pp 112,96 mts - Bc 15,63 mts - Ptl 7,58 mts
Equipagem: 35 tripulantes - 12 passageiros
Arqueação: Tab 4.471,29 tons - Tal 2.693,05 tons
Dimensões: Ff 117,30 mts - Pp 112,96 mts - Bc 15,63 mts - Ptl 7,58 mts
Equipagem: 35 tripulantes - 12 passageiros
O vapor “Mello” continua encalhado
próximo de Casablanca
próximo de Casablanca
Contrariamente ao que chegou a constar, o navio “Mello” da Sociedade Geral, que anteontem encalhou, a uns 20 km de Casablanca, não se afundou, embora não haja esperanças de salvá-lo. Em face da precária situação do navio, a administração da empresa proprietária determinou que a respectiva tripulação seguisse para Casablanca, permanecendo próximo do “Mello” o rebocador “Sintra”, que seguiu para o local do encalhe.
O regresso dos tripulantes a Lisboa deve verificar-se num dos primeiros dias desta semana.
O regresso dos tripulantes a Lisboa deve verificar-se num dos primeiros dias desta semana.
A identidade dos 35 tripulantes
Os 35 tripulantes, incluindo o comandante, Sr. António Camarate Carrilho, e imediato, Sr. José Araújo, são os seguintes: António José Fernandes de Oliveira e Carlos Luís de Sousa Rocha, 2º e 3ºs pilotos; José dos Santos, radiotelegrafista; Alberto Artur de Melo Soares, enfermeiro; António Fiel e Emílio Carlos da Cunha Ferreira e Silva, 1º e 2º maquinistas; e António Fernandes e Cristiano Ribeiro, 3ºs. maquinistas; Francisco Barreto Ferreira, artífice; Vidal Fernandes, Manuel Ricardo Generoso, António Bártolo, Abílio Lopes e Custódio Tavares, fogueiros; Primo Marques Patrão, Daniel Filipe Torres de Brito e António Augusto dos Santos, chegadores; Primo Martins Torres de Albuquerque, contramestre; Manuel Rodrigues, Afonso Perre, Estevão Bonança, António Santana Gordinho, e Manuel dos Santos, marinheiros; João Baptista da Rocha Júnior, dispenseiro; Francisco Luís, cozinheiro; Pedro Maria Pereira, padeiro; António Baptista Soares, Armando de Almeida e Laurentino Rodrigues Machado, criados; Sebastião Manuel Martins Fernandes, Raul Aníbal Baptista, João Ramos de Oliveira, e Bernardino Maria Ramalho, moços.
(Jornal “Comércio do Porto”, Domingo, 29 de Novembro de 1964)
(Jornal “Comércio do Porto”, Domingo, 29 de Novembro de 1964)
Chegaram a Lisboa 15 tripulantes do navio português “Mello”,
que encalhou na costa marroquina
que encalhou na costa marroquina
Procedentes de Casablanca chegaram a Lisboa anteontem, de avião, 15 tripulantes do navio português “Mello”, que encalhou na costa de Marrocos, considerando-se perdido. Os restantes náufragos devem chegar a Portugal, provavelmente, por via marítima.
(Jornal “Comércio do Porto”, quinta-feira, 3 de Dezembro de 1964)
(Jornal “Comércio do Porto”, quinta-feira, 3 de Dezembro de 1964)
segunda-feira, 26 de novembro de 2018
A nova canhoneira “Diu” (1)
O lançamento ao mar da nova canhoneira “Diu”, tem lugar no próximo sábado, às 3 horas e 15 minutos. Foram hoje dirigidos convites aos membros do governo, governador civil, Câmara Municipal, oficiais do Exército e mais autoridades.
Imagem da canhoneira "Diu" a entrar no porto de Leixões
Foto da minha colecção
Características da canhoneira “Diu”
19.10.1929 - 20.4.1969
Foto da minha colecção
Características da canhoneira “Diu”
19.10.1929 - 20.4.1969
Propriedade da Marinha de Guerra Portuguesa
Nº Oficial (Armada): 42 - Iic: C.T.A.L. - Porto de armamento: Lisboa
Construção no Arsenal da Armada
Data de lançamento: 1929 – Material do casco: Aço
Deslocamento standard: 403,00 tons
Deslocamento normal: 451,00 tons
Deslocamento máximo: 500,00 tons
Arqueação: Tab 428,66 tons - Tal 192,00 tons
Dimensões: Pp 45,00 mts - Boca 8,30 mts - Pontal 4,50 mts
Autonomia: 2.300 milhas
Propulsão: 1 motor diesel tripla expansão - 11 m/h
Nº Oficial (Armada): 42 - Iic: C.T.A.L. - Porto de armamento: Lisboa
Construção no Arsenal da Armada
Data de lançamento: 1929 – Material do casco: Aço
Deslocamento standard: 403,00 tons
Deslocamento normal: 451,00 tons
Deslocamento máximo: 500,00 tons
Arqueação: Tab 428,66 tons - Tal 192,00 tons
Dimensões: Pp 45,00 mts - Boca 8,30 mts - Pontal 4,50 mts
Autonomia: 2.300 milhas
Propulsão: 1 motor diesel tripla expansão - 11 m/h
Não será permitida a entrada no Arsenal senão a pessoas munidas de bilhetes, que também serão exigidos ao pessoal operário.
Exceptuam-se os convidados oficiais, autoridades superiores, civis e militares, Câmara Municipal, representantes da imprensa, oficiais e aspirantes do Exército e da Armada, bem como os sargentos do Exército e da Armada uniformizados.
Não há lugares especiais a não ser na tribuna do governo, comitiva e convidados, oficiais e outras autoridades.
A guarda de honra será feita por uma companhia a 2 pelotões, fornecida pela “Sagres”, sob o comando de um 1º tenente, com a banda de música e terno de clarins.
Exceptuam-se os convidados oficiais, autoridades superiores, civis e militares, Câmara Municipal, representantes da imprensa, oficiais e aspirantes do Exército e da Armada, bem como os sargentos do Exército e da Armada uniformizados.
Não há lugares especiais a não ser na tribuna do governo, comitiva e convidados, oficiais e outras autoridades.
A guarda de honra será feita por uma companhia a 2 pelotões, fornecida pela “Sagres”, sob o comando de um 1º tenente, com a banda de música e terno de clarins.
A nova canhoneira “Diu”, foi incorporada na Armada (2)
Realizou-se hoje, pelas 14 horas, a bordo da nova canhoneira “Diu”, recentemente lançada ao mar, no Arsenal, a cerimónia da entrega daquele navio à Armada.
Àquela hora chegaram a bordo o capitão-tenente Sr. Manuel Francisco da Silva, delegado do almirante comandante geral da Armada, e o 1º tenente Sr. Luiz de Oliveira Lima, comandante da nova unidade, prestando honras a guarnição alinhada à ré.
Em seguida, na tolda, o imediato da “Diu” leu a comunicação oficial que manda armar a nova canhoneira e que determina a sua incorporação no efectivo das forças navais, sendo depois içada a flâmula de «navio de guerra ao serviço».
Falou então o capitão-tenente Sr. Francisco da Silva, que deu posse ao novo comandante cujo elogio fez em termos calorosos. Destacou ainda o significado do nome do novo navio, que evoca factos gloriosos da nossa história, terminando com estas palavras:
- «O comandante deste navio é um oficial de tradições liberais, um bom republicano, qualidades que, aliadas ao seu saber, devem constituir motivo de justo regozijo para os que vão servir sob as suas ordens».
O comandante Sr. Oliveira Lima agradeceu as saudações que lhe haviam sido dirigidas, pedindo a colaboração dos seus subordinados, para uma acção conjunta de disciplina, de método e de trabalho que dignifique a Marinha, servindo ao mesmo tempo a Pátria e a República.
Toda a oficialidade desceu depois à câmara da “Diu”, onde foi servido um «Porto de honra», sendo por último visitadas as instalações da nova unidade da nossa esquadra.
Notícias publicadas no jornal "Comércio do Porto", em:
(1) Sexta, 18 de Outubro de 1929; e (2) quarta, 2 de Novembro de 1932
Àquela hora chegaram a bordo o capitão-tenente Sr. Manuel Francisco da Silva, delegado do almirante comandante geral da Armada, e o 1º tenente Sr. Luiz de Oliveira Lima, comandante da nova unidade, prestando honras a guarnição alinhada à ré.
Em seguida, na tolda, o imediato da “Diu” leu a comunicação oficial que manda armar a nova canhoneira e que determina a sua incorporação no efectivo das forças navais, sendo depois içada a flâmula de «navio de guerra ao serviço».
Falou então o capitão-tenente Sr. Francisco da Silva, que deu posse ao novo comandante cujo elogio fez em termos calorosos. Destacou ainda o significado do nome do novo navio, que evoca factos gloriosos da nossa história, terminando com estas palavras:
- «O comandante deste navio é um oficial de tradições liberais, um bom republicano, qualidades que, aliadas ao seu saber, devem constituir motivo de justo regozijo para os que vão servir sob as suas ordens».
O comandante Sr. Oliveira Lima agradeceu as saudações que lhe haviam sido dirigidas, pedindo a colaboração dos seus subordinados, para uma acção conjunta de disciplina, de método e de trabalho que dignifique a Marinha, servindo ao mesmo tempo a Pátria e a República.
Toda a oficialidade desceu depois à câmara da “Diu”, onde foi servido um «Porto de honra», sendo por último visitadas as instalações da nova unidade da nossa esquadra.
Notícias publicadas no jornal "Comércio do Porto", em:
(1) Sexta, 18 de Outubro de 1929; e (2) quarta, 2 de Novembro de 1932
domingo, 25 de novembro de 2018
Leixões na rota do turismo! (10/2018)
Navios em porto durante o mês de Outubro
As condições adversas de tempo vieram prejudicar as expectativas de ter em porto um simpático número de navios, sendo de lamentar o cancelamente de visitas previstas para este período. Mesmo assim, houve oportunidade de dar as boas vindas aos navios "Seabourne Ovation" e "Le Champlain", de visita a Leixões em escala inaugural.
Foto do navio de passageiros "Star Breeze"
No dia 2, chegou procedente de Bilbao, saindo com destino a Lisboa
No dia 2, chegou procedente de Bilbao, saindo com destino a Lisboa
Foto do navio de passageiros "Marella Spirit"
No dia 5, chegou procedente de Málaga, tendo saído para Lisboa
No dia 5, chegou procedente de Málaga, tendo saído para Lisboa
Foto do navio de passageiros "Marina"
No dia 8, veio procedente do Ferrol, saindo também para Lisboa
No dia 8, veio procedente do Ferrol, saindo também para Lisboa
Foto do navio de passageiros "Ocean Dream"
No dia 12, chegou procedente de Tanger, saiu com destino à Corunha
No dia 12, chegou procedente de Tanger, saiu com destino à Corunha
Foto do navio de passageiros "Seabourne Ovation"
Ainda no dia 12, veio procedente da Corunha, saiu para Lisboa
Ainda no dia 12, veio procedente da Corunha, saiu para Lisboa
Foto do navio de passageiros "Viking Sun"
No dia 15, chegou procedente de Portsmouth, saindo para Málaga
No dia 15, chegou procedente de Portsmouth, saindo para Málaga
Foto do navio de passageiros "Azura"
No dia 16, chegou procedente de Lisboa, saindo para Cherbourg
No dia 16, chegou procedente de Lisboa, saindo para Cherbourg
Foto do navio de passageiros "Albatros"
No dia 19, veio procedente do Funchal, também saiu para Cherbourg
No dia 19, veio procedente do Funchal, também saiu para Cherbourg
Foto do navio de passageiros "Amadea"
No dia 23, chegou procedente de Hamburgo, saiu para o Funchal
No dia 23, chegou procedente de Hamburgo, saiu para o Funchal
sábado, 24 de novembro de 2018
quinta-feira, 15 de novembro de 2018
História trágico-marítima (CCLXXXVIII)
No Norte do Brasil - A catástrofe do Camará
O “Paes de Carvalho” em chamas nas águas do Solimões,
Amazonas - Dezenas de náufragos mutilados - 12 mortos
Manaus, 31 de Março – Conforme o telégrafo comunicou já, a madrugada de 22 do corrente veio trazer à nossa população a emoção mais profunda que temos sentido nestes últimos tempos: o sinistro do vapor fluvial “Paes de Carvalho”, da frota da «Amazon River».
Ainda todos os corações pulsam no mesmo sentimento de piedade e horror, de tristeza e comoção, ao evocar essa tremenda hecatombe, que supera outras desgraças análogas, tal a amplitude de consequências trágicas e inesperadas, com o séquito extenso de luto, a trazer inúmeros lares presos de mágoa infinda causada pelas irreparáveis perdas.
À meia-noite de 19 do corrente, o “Paes de Carvalho” deixava o «roadway» da «Manaus Harbour», continuando, assim, a viagem da linha do Juruá, empreendida de Belém, porto inicial.
Comandado pelo piloto João de Deus Cabral dos Anjos, marítimo bastante conhecido e conceituado na nossa marinha mercante, o “Paes de Carvalho” conduzia elevado número de passageiros e avultada quantidade de carga, como aliás o fazem todos os gaiolas empregados na navegação do Amazonas.
O percurso do “Paes de Carvalho” ia sendo feito sem novidade, quando, ao chegar ao porto da vila de Codajás, o comandante notou que dois reboques de pescadores portugueses atrasavam a marcha da embarcação. Verificando esse facto, que, realmente, já vinha retardando em quatro horas a viagem, aquele oficial deliberou propôr aos pescadores que largassem o reboque, transmitindo-lhes essa resolução, por intermedio do praticante Mário de Assis Costa, que se tornou, mais tarde, num verdadeiro herói.
Atendendo às ponderações do comandante um dos pescadores procedeu logo à resolução tomada, desamarrando a canoa do navio, enquanto o seu colega de ofício se obstinava em continuar a viagem, já tendo, a esse tempo, o “Paes de Carvalho” deixado o porto de Codajás.
Diante da desobediência das suas ordens, o comandante Cabral dos Anjos renovou o aviso de que não podia continuar a conduzir o reboque, até que, vendo a insistência do pescador, mandou um marinheiro desatar os nós das cordas.
Esse facto não enfureceu o mariscador lusitano.
Ainda todos os corações pulsam no mesmo sentimento de piedade e horror, de tristeza e comoção, ao evocar essa tremenda hecatombe, que supera outras desgraças análogas, tal a amplitude de consequências trágicas e inesperadas, com o séquito extenso de luto, a trazer inúmeros lares presos de mágoa infinda causada pelas irreparáveis perdas.
À meia-noite de 19 do corrente, o “Paes de Carvalho” deixava o «roadway» da «Manaus Harbour», continuando, assim, a viagem da linha do Juruá, empreendida de Belém, porto inicial.
Comandado pelo piloto João de Deus Cabral dos Anjos, marítimo bastante conhecido e conceituado na nossa marinha mercante, o “Paes de Carvalho” conduzia elevado número de passageiros e avultada quantidade de carga, como aliás o fazem todos os gaiolas empregados na navegação do Amazonas.
O percurso do “Paes de Carvalho” ia sendo feito sem novidade, quando, ao chegar ao porto da vila de Codajás, o comandante notou que dois reboques de pescadores portugueses atrasavam a marcha da embarcação. Verificando esse facto, que, realmente, já vinha retardando em quatro horas a viagem, aquele oficial deliberou propôr aos pescadores que largassem o reboque, transmitindo-lhes essa resolução, por intermedio do praticante Mário de Assis Costa, que se tornou, mais tarde, num verdadeiro herói.
Atendendo às ponderações do comandante um dos pescadores procedeu logo à resolução tomada, desamarrando a canoa do navio, enquanto o seu colega de ofício se obstinava em continuar a viagem, já tendo, a esse tempo, o “Paes de Carvalho” deixado o porto de Codajás.
Diante da desobediência das suas ordens, o comandante Cabral dos Anjos renovou o aviso de que não podia continuar a conduzir o reboque, até que, vendo a insistência do pescador, mandou um marinheiro desatar os nós das cordas.
Esse facto não enfureceu o mariscador lusitano.
Foto do navio fluvial «gaiola» "Paes de Carvalho"
Retirada do corpo da notícia abaixo discriminada
Aliviado desse reboque, o navio prosseguiu a rota, costeando o Camará, à margem esquerda do Solimões. Nesse percurso, o “Paes de Carvalho” defrontou a ilha de Ajurá, situada na foz do paraná do Mamiá, conseguindo atingir a ponta da ilha da Botija, que, digamos de passagem, é circundada por barrancos intransponíveis. Essa ilha, que fica localizada a dez metros do canal de navegação, é o ponto que, nessa altura da viagem, todas as embarcações costeiam, não chegando, porém, o “Paes de Carvalho” a costear, porque, exactamente nessa travessia, se verificou o início do incêndio, às três horas e quarenta e cinco minutos da madrugada.
É de notar que a ilha da Botija, situada, como fica, no rio Solimões, divide esse rio em dois braços: um que segue para a esquerda – denominado paraná do Mamiá – e outro que se estende à direita – o Solimões propriamente dito, e onde fica situada a ilha do Trocary, pouco abaixo do porto do mesmo nome, para onde se destinava a embarcação sinistrada, a fim de descarregar mercadorias. Uma vez no Trocary, o “Paes de Carvalho” devia voltar ao local onde se deu o sinistro, entrando no paraná do Mamiá e seguindo o seu rumo.
Nesse momento, isto é, às 3 horas e quarenta minutos da madrugada, o vapor “Índio do Brazil”, que fazia a viagem inversa ao “Paes de Carvalho”, apitava para o porto do Mamiá, situado no paraná do mesmo nome, a fim de tomar lenha. O prático do “Índio do Brazil”, sr. Raimundo Baptista da Silva, que fez a atracação em Mamiá, diz que realmente observou, na direcção da ponta extrema da ilha da Botija, um clarão e fumo intenso. Acreditou que se tratasse de uma queimada na ponta da referida ilha. Não ouviu os apitos soltados pelo “Paes de Carvalho”, que a menos de trinta minutos, servia de pasto ao mais pavoroso incêndio em águas amazónicas.
Explicou este profissional que não admira de não ouvir o pedido de socorro do “Paes de Carvalho”, pois o vento soprava em sentido contrário e, portanto, levava o som noutra direcção. A profundidade do rio Solimões, no local onde o “Paes de Carvalho” soçobrou é, mais ou menos, de doze braças. O incêndio teve origem no presumível gesto de uma passageira de 3ª classe que, após fumar um cachimbo, sacudiu as cinzas, sem se aperceber de que estava próxima a inflamáveis.
Retirada do corpo da notícia abaixo discriminada
Aliviado desse reboque, o navio prosseguiu a rota, costeando o Camará, à margem esquerda do Solimões. Nesse percurso, o “Paes de Carvalho” defrontou a ilha de Ajurá, situada na foz do paraná do Mamiá, conseguindo atingir a ponta da ilha da Botija, que, digamos de passagem, é circundada por barrancos intransponíveis. Essa ilha, que fica localizada a dez metros do canal de navegação, é o ponto que, nessa altura da viagem, todas as embarcações costeiam, não chegando, porém, o “Paes de Carvalho” a costear, porque, exactamente nessa travessia, se verificou o início do incêndio, às três horas e quarenta e cinco minutos da madrugada.
É de notar que a ilha da Botija, situada, como fica, no rio Solimões, divide esse rio em dois braços: um que segue para a esquerda – denominado paraná do Mamiá – e outro que se estende à direita – o Solimões propriamente dito, e onde fica situada a ilha do Trocary, pouco abaixo do porto do mesmo nome, para onde se destinava a embarcação sinistrada, a fim de descarregar mercadorias. Uma vez no Trocary, o “Paes de Carvalho” devia voltar ao local onde se deu o sinistro, entrando no paraná do Mamiá e seguindo o seu rumo.
Nesse momento, isto é, às 3 horas e quarenta minutos da madrugada, o vapor “Índio do Brazil”, que fazia a viagem inversa ao “Paes de Carvalho”, apitava para o porto do Mamiá, situado no paraná do mesmo nome, a fim de tomar lenha. O prático do “Índio do Brazil”, sr. Raimundo Baptista da Silva, que fez a atracação em Mamiá, diz que realmente observou, na direcção da ponta extrema da ilha da Botija, um clarão e fumo intenso. Acreditou que se tratasse de uma queimada na ponta da referida ilha. Não ouviu os apitos soltados pelo “Paes de Carvalho”, que a menos de trinta minutos, servia de pasto ao mais pavoroso incêndio em águas amazónicas.
Explicou este profissional que não admira de não ouvir o pedido de socorro do “Paes de Carvalho”, pois o vento soprava em sentido contrário e, portanto, levava o som noutra direcção. A profundidade do rio Solimões, no local onde o “Paes de Carvalho” soçobrou é, mais ou menos, de doze braças. O incêndio teve origem no presumível gesto de uma passageira de 3ª classe que, após fumar um cachimbo, sacudiu as cinzas, sem se aperceber de que estava próxima a inflamáveis.
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Eis o que sobre a catástrofe disse a um jornalista o 3º maquinista do navio, Leonardo Severo de Jesus, de serviço no momento angustioso:
- Era o maquinista do quarto de vigilância, e, como de costume, entrei à meia-noite e devia largar às 4 horas da manhã. Saímos desta capital à meia-noite do dia 19, tendo sido eu o maquinista que deu saída à embarcação. Até ao dia 22, às 3 e meia da madrugada, a viagem prosseguiu, como de costume, sem incidentes.
Às 3 horas e quarenta minutos o segundo cozinheiro deu o alarme de fogo a bordo, tendo eu deixado por breves instantes a casa das máquinas a certificar-me se era exacto o sinal e de onde irrompia o incêndio. Conjugando os meus esforços com dois tripulantes, conseguimos atirar à água o enxergão incendiado, não fazendo outro tanto com a outra banda porque a esse tempo já o fogo se começava a propagar a uma das caixas que ia vazando combustível.
Nesse momento então os gritos de alarme foram mais intensos e como o meu lugar era junto à caldeira, corri à casa das máquinas onde cheguei exactamente quando o telégrafo me determinava parada imediata da embarcação. Procedi de acordo com o determinado, sabendo depois que essa ordem fora efectivada pelo comandante Cabral dos Anjos.
Por essa altura, fui sobressaltado por dois estampidos, quase simultâneos: eram as primeiras explosões das centenas que depois se verificaram. Uma vez parado o “Paes de Carvalho”, determinei ao cabo-fogueiro que estava de plantão que tocasse o aparelho denominado «burro» para que puxasse e conduzisse a água para extinguir o fogo. Era tarde; o fogo havia tomado proporções agigantadas; qualquer esforço para dominar a fogueira era improfícuo e insensato; nem um dilúvio, naquela altura, conseguiria acalmar os ímpetos das chamas; o navio estava irremediavelmente perdido e as nossas vidas colocadas num fatal dilema: ou morrer pelo fogo, ou morrer pela água.
Os lotes de caixas que estavam próximos à casa das máquinas invadiram aquele recinto, comunicado o fogo ao dínamo gerador da luz a bordo. Todo o navio ficou, desde esse momento, completamente às escuras. Pela porta que me tinha dado entrada era impossível sair, porque o incêndio nessa altura já me assoberbava a passagem, resolutamente procurei sair pela frente da caldeira.
Conquanto surpreso, estava completamente senhor de mim, e pude com calma procurar abrigo seguro contra a avassaladora ira das chamas. Fui à procura de sossego na proa do navio, onde já encontrei o comandante Cabral dos Anjos, o prático Josino do Carmo Palheta, o prático Milton Angelin, o mestre José Ezequiel de Salles e o 1º maquinista. Foi mesmo neste momento que o pânico atingiu o mais alto grau, pois os passageiros totalmente desorientados gritavam muito alto, clamando por socorro, confundindo preces com imprecações, orações com blasfémias.
Muitos passageiros solicitavam ao comandante que aproasse o navio a terra, mas, quando o comandante quis tomar essas providências era demasiado tarde…
(Jornal "Comércio do Porto", Domingo, 9 de Maio de 1926)
- Era o maquinista do quarto de vigilância, e, como de costume, entrei à meia-noite e devia largar às 4 horas da manhã. Saímos desta capital à meia-noite do dia 19, tendo sido eu o maquinista que deu saída à embarcação. Até ao dia 22, às 3 e meia da madrugada, a viagem prosseguiu, como de costume, sem incidentes.
Às 3 horas e quarenta minutos o segundo cozinheiro deu o alarme de fogo a bordo, tendo eu deixado por breves instantes a casa das máquinas a certificar-me se era exacto o sinal e de onde irrompia o incêndio. Conjugando os meus esforços com dois tripulantes, conseguimos atirar à água o enxergão incendiado, não fazendo outro tanto com a outra banda porque a esse tempo já o fogo se começava a propagar a uma das caixas que ia vazando combustível.
Nesse momento então os gritos de alarme foram mais intensos e como o meu lugar era junto à caldeira, corri à casa das máquinas onde cheguei exactamente quando o telégrafo me determinava parada imediata da embarcação. Procedi de acordo com o determinado, sabendo depois que essa ordem fora efectivada pelo comandante Cabral dos Anjos.
Por essa altura, fui sobressaltado por dois estampidos, quase simultâneos: eram as primeiras explosões das centenas que depois se verificaram. Uma vez parado o “Paes de Carvalho”, determinei ao cabo-fogueiro que estava de plantão que tocasse o aparelho denominado «burro» para que puxasse e conduzisse a água para extinguir o fogo. Era tarde; o fogo havia tomado proporções agigantadas; qualquer esforço para dominar a fogueira era improfícuo e insensato; nem um dilúvio, naquela altura, conseguiria acalmar os ímpetos das chamas; o navio estava irremediavelmente perdido e as nossas vidas colocadas num fatal dilema: ou morrer pelo fogo, ou morrer pela água.
Os lotes de caixas que estavam próximos à casa das máquinas invadiram aquele recinto, comunicado o fogo ao dínamo gerador da luz a bordo. Todo o navio ficou, desde esse momento, completamente às escuras. Pela porta que me tinha dado entrada era impossível sair, porque o incêndio nessa altura já me assoberbava a passagem, resolutamente procurei sair pela frente da caldeira.
Conquanto surpreso, estava completamente senhor de mim, e pude com calma procurar abrigo seguro contra a avassaladora ira das chamas. Fui à procura de sossego na proa do navio, onde já encontrei o comandante Cabral dos Anjos, o prático Josino do Carmo Palheta, o prático Milton Angelin, o mestre José Ezequiel de Salles e o 1º maquinista. Foi mesmo neste momento que o pânico atingiu o mais alto grau, pois os passageiros totalmente desorientados gritavam muito alto, clamando por socorro, confundindo preces com imprecações, orações com blasfémias.
Muitos passageiros solicitavam ao comandante que aproasse o navio a terra, mas, quando o comandante quis tomar essas providências era demasiado tarde…
(Jornal "Comércio do Porto", Domingo, 9 de Maio de 1926)
segunda-feira, 12 de novembro de 2018
Construção naval
O lançamento à água do navio-motor “António Carlos”
Nos estaleiros da C.U.F. realiza-se, amanhã, a cerimónia do lançamento à água do navio-motor “António Carlos”, o primeiro da série de seis do mesmo tipo, que a Sociedade Geral de Transportes mandou construir para ampliação da sua frota mercante.
À cerimónia, que se realiza às 14 horas e 45 minutos, assistem o chefe do Estado, membros do Governo e outras entidades.
Depois do lançamento à água daquela unidade, procederão ao assentamento da quilha e cravação do primeiro rebite do navio-motor “Conceição Maria”, o segundo da mesma série.
Estes navios tem de comprimento entre perpendiculares 86 metros, deslocam 4.518 toneladas e possuem seis anteparas estanques. Dispõem de dois amplos porões e de duas cobertas, têm bons alojamentos para a tripulação e camarotes para oito passageiros.
A Sociedade Geral de Transportes vai mandar construir, ainda, quatro unidades de 3.800 unidades cada, com a velocidade de 15 nós.
(Jornal “Comércio do Porto”, sexta-feira, 26 de Julho de 1946)
Postal ilustrado com a imagem do navio-motor "António Carlos"
Edição da empresa proprietária - minha colecção
Características do navio-motor “António Carlos”
Registo na capitania de Lisboa, em 6 de Janeiro de 1948
Armador: Soc. Geral, de Comércio, Indústria e Transportes, Lisboa
Nº Oficial: G-493 - Iic: C.S.J.O - Porto de registo: Lisboa
Construtor: Companhia União Fabril, Lisboa, 1946
Arqueação: Tab 1.735,64 tons - Tal 931,59 tons
Dimensões: Ff 93,32 mts - Pp 86,40 mts - Bc 12,84 mts - Ptl 4,55 mts
Propulsão: Burmeister & Wain - 1:Di - 7:Ci - 2.500 Bhp - Veloc. 13 m/h
Equipagem: 26 tripulantes – acomodações para 8 passageiros
Nº Oficial: G-493 - Iic: C.S.J.O - Porto de registo: Lisboa
Construtor: Companhia União Fabril, Lisboa, 1946
Arqueação: Tab 1.735,64 tons - Tal 931,59 tons
Dimensões: Ff 93,32 mts - Pp 86,40 mts - Bc 12,84 mts - Ptl 4,55 mts
Propulsão: Burmeister & Wain - 1:Di - 7:Ci - 2.500 Bhp - Veloc. 13 m/h
Equipagem: 26 tripulantes – acomodações para 8 passageiros
O lançamento à água do novo navio-motor “António Carlos”
Foi, ontem, lançado à água o terceiro navio compreendido no programa de renovação da nossa frota mercante. O novo navio desceu a carreira do estaleiro naval da C.U.F., na presença do Chefe do Estado, membros do Governo e outras altas personalidades.
O primeiro lançado foi o “Benguela”, de 9.000 toneladas, construído na Suécia e destinado à frota da Companhia Colonial de Navegação, navio que deve ser entregue dentro de poucas semanas.
Realizaram-se, ontem, duas cerimónias de lançamento: uma em Inglaterra, a do navio “Rovuma”, de 9.500 toneladas, com a assistência do embaixador de Portugal e outras entidades, e, quase à mesma hora, a do navio-motor “António Carlos”, construído nos estaleiros da Administração Geral do porto de Lisboa, pela Companhia União Fabril, para a Sociedade Geral de Transportes.
Assistiram o Srs. Presidente da República, ministros da Marinha e Obras Públicas, sub-secretário das Comunicações, adidos navais americano, inglês, francês e espanhol e muitas outras entidades, além de grande número de outros convidados, entre os quais senhoras.
Numa tribuna, construída junto da proa do navio, e no momento da cerimónia, o Sr. D. Manuel de Melo, administrador da C.U.F., agradeceu a presença do Chefe do Estado, dos ministros e das outras pessoas, afirmando que o lançamento à água de uma nova unidade para a Marinha Mercante não é um acto banal, porque representa - disse - mais um elemento de trabalho ao serviço da economia nacional.
Após ter feito referência ao apelo, que em tempo fez, no sentido de ser dedicada a necessária atenção ao problema da Marinha Mercante, afirmou da sua satisfação por ter verificado que o Governo começou a dispensar desvelado estudo a este assunto.
O Sr. D. Manuel de Melo referiu-se ao despacho do Sr. ministro da Marinha, que estabelece o programa de reconstrução da Marinha Mercante portuguesa, e disse que o “António Carlos” era o primeiro navio, em execução do plano de renovação da frota nacional, lançado à água e feito por operários portugueses. Por isso, disse, este lançamento tem maior significado, visto constituir a execução de um programa oficialmente estudado e estabelecido, com o cuidado, a ponderação, e o desejo de bem servir, contribuindo para o engrandecimento do país.
O Sr. general Carmona felicitou, o Sr. engº D. Manuel de Melo pela ampliação da frota da sua empresa e pelo trabalho dos seus estaleiros.
Em seguida, realizou-se a cerimónia do assentamento da quilha e cravação do primeiro rebite do navio-motor “Conceição Maria”, o segundo navio da mesma série, a ser construído imediatamente.
Estudam-se agora os projectos de uma série de mais quatro navios, de 3.800 toneladas, com a velocidade de 15 nós, a construir depois.
(Jornal “Comércio do Porto”, Domingo, 28 de Julho de 1946)
O primeiro lançado foi o “Benguela”, de 9.000 toneladas, construído na Suécia e destinado à frota da Companhia Colonial de Navegação, navio que deve ser entregue dentro de poucas semanas.
Realizaram-se, ontem, duas cerimónias de lançamento: uma em Inglaterra, a do navio “Rovuma”, de 9.500 toneladas, com a assistência do embaixador de Portugal e outras entidades, e, quase à mesma hora, a do navio-motor “António Carlos”, construído nos estaleiros da Administração Geral do porto de Lisboa, pela Companhia União Fabril, para a Sociedade Geral de Transportes.
Assistiram o Srs. Presidente da República, ministros da Marinha e Obras Públicas, sub-secretário das Comunicações, adidos navais americano, inglês, francês e espanhol e muitas outras entidades, além de grande número de outros convidados, entre os quais senhoras.
Numa tribuna, construída junto da proa do navio, e no momento da cerimónia, o Sr. D. Manuel de Melo, administrador da C.U.F., agradeceu a presença do Chefe do Estado, dos ministros e das outras pessoas, afirmando que o lançamento à água de uma nova unidade para a Marinha Mercante não é um acto banal, porque representa - disse - mais um elemento de trabalho ao serviço da economia nacional.
Após ter feito referência ao apelo, que em tempo fez, no sentido de ser dedicada a necessária atenção ao problema da Marinha Mercante, afirmou da sua satisfação por ter verificado que o Governo começou a dispensar desvelado estudo a este assunto.
O Sr. D. Manuel de Melo referiu-se ao despacho do Sr. ministro da Marinha, que estabelece o programa de reconstrução da Marinha Mercante portuguesa, e disse que o “António Carlos” era o primeiro navio, em execução do plano de renovação da frota nacional, lançado à água e feito por operários portugueses. Por isso, disse, este lançamento tem maior significado, visto constituir a execução de um programa oficialmente estudado e estabelecido, com o cuidado, a ponderação, e o desejo de bem servir, contribuindo para o engrandecimento do país.
O Sr. general Carmona felicitou, o Sr. engº D. Manuel de Melo pela ampliação da frota da sua empresa e pelo trabalho dos seus estaleiros.
Em seguida, realizou-se a cerimónia do assentamento da quilha e cravação do primeiro rebite do navio-motor “Conceição Maria”, o segundo navio da mesma série, a ser construído imediatamente.
Estudam-se agora os projectos de uma série de mais quatro navios, de 3.800 toneladas, com a velocidade de 15 nós, a construir depois.
(Jornal “Comércio do Porto”, Domingo, 28 de Julho de 1946)
domingo, 11 de novembro de 2018
sexta-feira, 9 de novembro de 2018
Construção naval
O lançamento à água do navio-motor "São Macário"
O navio-motor “São Macário” foi ontem lançado à água,
em Lisboa, na presença do Chefe do Estado
Com a assistência do Sr. Presidente da República, membros do Governo e demais entidades oficiais, realizou-se, ontem, como estava anunciado, o lançamento à água do navio mercante “São Macário”.
Desde manhã cedo que os estaleiros da Administração Geral do porto de Lisboa, adjudicados à C.U.F., onde o novo navio-motor foi construído e de onde seria lançado à água, estavam profusamente embandeirados, com o ar festivo dos grandes dias. Pouco antes da hora marcada para o lançamento do navio à água, começaram a chegar aos estaleiros, na Rocha do Conde de Óbidos, as entidades convidadas.
Quando o Sr. Presidente da República chegou, já ali estavam, entre muitas outras pessoas, os Srs. ministro da Marinha e das Colónias, sub-secretários de Estado das Obras Públicas e do Comércio e Indústria, Major-General da Armada, chefe do E.M. Naval, Superintendente Geral da Armada, Diretor-geral de Marinha, chefe do Departamento Marítimo do Centro, chefe de gabinete do ministro da Marinha, etc.
Pelas empresas de navegação, estavam presentes os Srs. Bernardino Correia e capitão José Pessoa, da Companhia Colonial de Navegação; Jaime Thompson, da Companhia Nacional de Navegação; Melo e Silva, da Soc. Geral de Transportes; engº Gago de Medeiros, da Companhia de Navegação Carregadores Açoreanos, muitos oficiais da Armada, funcionários dos Ministérios das Obras Públicas e da Marinha, etc.
Junto à carreira, sobre a qual o “São Macário” deslizou para a água, formava, em frente da tribuna, propositadamente ali construída, a guarda de honra ao Chefe do Estado, constituída por um batalhão de Marinha, com banda de música, fanfarra de clarins e bandeira.
Eram 16 horas em ponto quando chegou aos estaleiros o Sr. Presidente da República, acompanhado pelo Sr. general Amilcar Mota, chefe da sua casa militar. O Sr. general Carmona foi recebido pelo Sr. ministro da Marinha e pelo Sr. D. Manuel de Melo, conde do Cartaxo, como director da C.U.F., empresa construtora do novo navio. Enquanto a banda tocava o Hino Nacional, o Chefe de Estado passou revista à guarda de honra, acompanhado pelo Sr. ministro da Marinha, após o que tomou lugar na tribuna.
Imediatamente procederam à cerimónia, que foi breve, do lançamento à água do navio. O Sr. general Carmona impulsionou a alavanca, que fez estilhaçar uma garrafa de vinho espumoso, em jeito de baptismo, enquanto a banda de Marinha voltava a tocar o Hino Nacional.
E o “São Macário” deslizava pela carreira, entrando no Tejo, no meio das aclamações de numerosos operários que assistiam à cerimónia e dos silvos das sereias dos navios que estavam perto. Um rebocador lançou depois um cabo ao “São Macário”, que ficou a pairar a uma centena de metros de terra.
Desde manhã cedo que os estaleiros da Administração Geral do porto de Lisboa, adjudicados à C.U.F., onde o novo navio-motor foi construído e de onde seria lançado à água, estavam profusamente embandeirados, com o ar festivo dos grandes dias. Pouco antes da hora marcada para o lançamento do navio à água, começaram a chegar aos estaleiros, na Rocha do Conde de Óbidos, as entidades convidadas.
Quando o Sr. Presidente da República chegou, já ali estavam, entre muitas outras pessoas, os Srs. ministro da Marinha e das Colónias, sub-secretários de Estado das Obras Públicas e do Comércio e Indústria, Major-General da Armada, chefe do E.M. Naval, Superintendente Geral da Armada, Diretor-geral de Marinha, chefe do Departamento Marítimo do Centro, chefe de gabinete do ministro da Marinha, etc.
Pelas empresas de navegação, estavam presentes os Srs. Bernardino Correia e capitão José Pessoa, da Companhia Colonial de Navegação; Jaime Thompson, da Companhia Nacional de Navegação; Melo e Silva, da Soc. Geral de Transportes; engº Gago de Medeiros, da Companhia de Navegação Carregadores Açoreanos, muitos oficiais da Armada, funcionários dos Ministérios das Obras Públicas e da Marinha, etc.
Junto à carreira, sobre a qual o “São Macário” deslizou para a água, formava, em frente da tribuna, propositadamente ali construída, a guarda de honra ao Chefe do Estado, constituída por um batalhão de Marinha, com banda de música, fanfarra de clarins e bandeira.
Eram 16 horas em ponto quando chegou aos estaleiros o Sr. Presidente da República, acompanhado pelo Sr. general Amilcar Mota, chefe da sua casa militar. O Sr. general Carmona foi recebido pelo Sr. ministro da Marinha e pelo Sr. D. Manuel de Melo, conde do Cartaxo, como director da C.U.F., empresa construtora do novo navio. Enquanto a banda tocava o Hino Nacional, o Chefe de Estado passou revista à guarda de honra, acompanhado pelo Sr. ministro da Marinha, após o que tomou lugar na tribuna.
Imediatamente procederam à cerimónia, que foi breve, do lançamento à água do navio. O Sr. general Carmona impulsionou a alavanca, que fez estilhaçar uma garrafa de vinho espumoso, em jeito de baptismo, enquanto a banda de Marinha voltava a tocar o Hino Nacional.
E o “São Macário” deslizava pela carreira, entrando no Tejo, no meio das aclamações de numerosos operários que assistiam à cerimónia e dos silvos das sereias dos navios que estavam perto. Um rebocador lançou depois um cabo ao “São Macário”, que ficou a pairar a uma centena de metros de terra.
Postal ilustrado com a imagem do navio-motor "São Macário"
Edição da empresa proprietária - minha colecção
Características do navio-motor “São Macário”
Registo na capitania de Lisboa, em 11 de Abril de 1944
Edição da empresa proprietária - minha colecção
Características do navio-motor “São Macário”
Registo na capitania de Lisboa, em 11 de Abril de 1944
Armador: Soc. Geral de Comércio, Indústria e Transportes, Lisboa
Nº Oficial: G-464 - Iic: C.S.C.H. - Porto de registo: Lisboa
Construtor: Companhia União Fabril, Lisboa, 1944
Arqueação: Tab 1.038,72 tons - Tal 772,03 tons
Dimensões: Ff 66,97 mts - Pp 61,47 mts - Bc 10,83 mts - Ptl 4,09 mts
Propulsão: Sulzer Frérès - 1:Di - 5:Ci - 500 Bhp - Veloc. 9 m/h
Equipagem: 19 tripulantes com acomodações para 6 passageiros
Nº Oficial: G-464 - Iic: C.S.C.H. - Porto de registo: Lisboa
Construtor: Companhia União Fabril, Lisboa, 1944
Arqueação: Tab 1.038,72 tons - Tal 772,03 tons
Dimensões: Ff 66,97 mts - Pp 61,47 mts - Bc 10,83 mts - Ptl 4,09 mts
Propulsão: Sulzer Frérès - 1:Di - 5:Ci - 500 Bhp - Veloc. 9 m/h
Equipagem: 19 tripulantes com acomodações para 6 passageiros
Fala o Sr. D. Manuel de Melo
Foi, então, que o Sr. D. Manuel de Melo, como gerente da C.U.F., pronunciou um discurso em que começou por saudar o Chefe de Estado e os membros do Governo, cuja presença agradeceu. Historiou, depois, rapidamente, a acção da C.U.F., em matéria de construção de navios mercantes, dizendo que, embora muito se tenha feito, muito mais é preciso fazer. Portugal precisa de aumentar a sua frota mercante, para que a bandeira portuguesa volte a flutuar nos navios que hão-de aproar aos vários pontos do Império, à Índia, a Macau e a Timor, e, também, às nações onde temos colónias populacionais importantes, como o Brasil e os Estados Unidos da América do Norte.
Alguma coisa se tem feito – repete – mas mais ainda é necessário fazer. Seguidamente, o orador pediu ao Chefe do Estado e aos ministros que olhem para a Marinha Mercante, não só com o carinho posto em tudo quanto é de interesse nacional, mas que a tratem com desvelo e cuidados especiais, como se deve merecer a um pai, ou a um filho. Disse, depois, que, apesar da sua insuficiência, é à Marinha Mercante que se deve, em grande parte, o abastecimento do País, mercê do esforço quase heroico que tem sido possível realizar no transporte de géneros alimentícios de primeira necessidade.
O orador acrescentou que para se construírem os navios que o País precisa há que modificar os estaleiros do porto de Lisboa. No entanto – acentuou – o desenvolvimento da Marinha Mercante só poderá conseguir desde que se estabeleça, em condições interessantes, um subsídio à construção, aliviando-a dos encargos que sobre ela pesam.
E a seguir:
- O “São Macário” é a décima unidade da marinha mercante construída nestes estaleiros. Estão, porém, em construção, mais dois arrastões para a Sociedade Nacional dos Armadores do Bacalhau, e um navio de carga, do tipo do “Alexandre Silva”, último navio que se construiu. Dentro em breve, daremos início à construção do terceiro navio do mesmo tipo. E, logo que se consiga o material indispensável, daremos execução ao projecto de construção de mais dois navios de cerca de 9.000 toneladas, cada, mistos, de passageiros e de carga.
E terminou:
- Levou este navio o nome de “São Macário”, santo patrono dos caldeireiros. E, assim, prestamos homenagem ao esforço e boa vontade demonstrada pelos operários nas construções. Que Deus proteja esta nova unidade e que à Nação ele preste o serviço que inspirou a sua construção, correspondendo ao esforço feito a bem da Nação.
Alguma coisa se tem feito – repete – mas mais ainda é necessário fazer. Seguidamente, o orador pediu ao Chefe do Estado e aos ministros que olhem para a Marinha Mercante, não só com o carinho posto em tudo quanto é de interesse nacional, mas que a tratem com desvelo e cuidados especiais, como se deve merecer a um pai, ou a um filho. Disse, depois, que, apesar da sua insuficiência, é à Marinha Mercante que se deve, em grande parte, o abastecimento do País, mercê do esforço quase heroico que tem sido possível realizar no transporte de géneros alimentícios de primeira necessidade.
O orador acrescentou que para se construírem os navios que o País precisa há que modificar os estaleiros do porto de Lisboa. No entanto – acentuou – o desenvolvimento da Marinha Mercante só poderá conseguir desde que se estabeleça, em condições interessantes, um subsídio à construção, aliviando-a dos encargos que sobre ela pesam.
E a seguir:
- O “São Macário” é a décima unidade da marinha mercante construída nestes estaleiros. Estão, porém, em construção, mais dois arrastões para a Sociedade Nacional dos Armadores do Bacalhau, e um navio de carga, do tipo do “Alexandre Silva”, último navio que se construiu. Dentro em breve, daremos início à construção do terceiro navio do mesmo tipo. E, logo que se consiga o material indispensável, daremos execução ao projecto de construção de mais dois navios de cerca de 9.000 toneladas, cada, mistos, de passageiros e de carga.
E terminou:
- Levou este navio o nome de “São Macário”, santo patrono dos caldeireiros. E, assim, prestamos homenagem ao esforço e boa vontade demonstrada pelos operários nas construções. Que Deus proteja esta nova unidade e que à Nação ele preste o serviço que inspirou a sua construção, correspondendo ao esforço feito a bem da Nação.
Fala o Sr. Presidente da República
O Sr. general Carmona proferiu, depois, algumas palavras e cumprimentou o Sr. D. Manuel de Melo, como director da organização construtora do novo navio mercante, tendo palavras de grande elogio para todos quantos colaboraram na construção do “São Macário”. Fez votos para que a nova unidade venha contribuir para a expansão económica da Nação e da Sociedade Geral de Transportes, congratulando-se por ter assistido a mais uma cerimónia desta natureza, produto da situação progressiva do País.
O Sr. Presidente da República abandonou, em seguida, a tribuna, sob as aclamações entusiásticas e demoradas da assistência, dando-se por finda a cerimónia.
O Sr. Presidente da República abandonou, em seguida, a tribuna, sob as aclamações entusiásticas e demoradas da assistência, dando-se por finda a cerimónia.
A nova unidade
O “São Macário” é um navio com todos os requisitos modernos, com deslocamento de 1.774 toneladas, comprimento de 66 metros, accionado por motores «Diesel», a dois tempos, que lhe garantem a velocidade de 9,5 nós, num raio de acção de 9.000 milhas. Toda a aparelhagem de bordo é eléctrica.
Dispõe de compartimentos estanques e amplos porões, bem como de alguns camarotes para certo número de passageiros.
O novo navio foi construído sob fiscalização de técnicos da Marinha Mercante, do Ministério da Marinha e dos peritos da Sociedade de Fiscalização «Lloyd’s Register of Shipping». O “São Macário” obterá a mais alta classificação desta Sociedade.
(Jornal “Comércio do Porto”, quinta-feira, 27 de Janeiro de 1944)
O “São Macário” vai fazer a sua primeira viagem
O novo navio foi construído sob fiscalização de técnicos da Marinha Mercante, do Ministério da Marinha e dos peritos da Sociedade de Fiscalização «Lloyd’s Register of Shipping». O “São Macário” obterá a mais alta classificação desta Sociedade.
(Jornal “Comércio do Porto”, quinta-feira, 27 de Janeiro de 1944)
O “São Macário” vai fazer a sua primeira viagem
Dentro de dias, a direcção dos estaleiros da C.U.F. fará a entrega do “São Macário” à Soc. Geral de Comércio, Indústria e Transportes, Lda.
O “São Macário”, que há dias foi lançado à água, já em Fevereiro vai fazer a primeira viagem, ao serviço da economia nacional.
Foi designado para ir a Casablanca buscar fosfatos, mercadoria por cuja vinda para Portugal, o Governo tem manifestado grande interesse, para o tratamento das terras, nesta hora de necessidades, em que é preciso garantir uma melhor e mais rendosa produção de artigos essenciais ao abastecimento do País.
Ontem, chegou, com 1.300 toneladas daquele produto o navio “Costeiro Terceiro”, também daquela empresa.
(Jornal “Comércio do Porto”, sábado, 29 de Janeiro de 1944)
O “São Macário”, que há dias foi lançado à água, já em Fevereiro vai fazer a primeira viagem, ao serviço da economia nacional.
Foi designado para ir a Casablanca buscar fosfatos, mercadoria por cuja vinda para Portugal, o Governo tem manifestado grande interesse, para o tratamento das terras, nesta hora de necessidades, em que é preciso garantir uma melhor e mais rendosa produção de artigos essenciais ao abastecimento do País.
Ontem, chegou, com 1.300 toneladas daquele produto o navio “Costeiro Terceiro”, também daquela empresa.
(Jornal “Comércio do Porto”, sábado, 29 de Janeiro de 1944)
quinta-feira, 8 de novembro de 2018
História trágico-marítima (CCLXXXVII)
O encalhe do navio "Almirante Schultz", na barra de Viana
Quando demandava o porto de Viana do Castelo encalhou
um navio que, porém, conseguiu safar-se horas depois
Viana do Castelo, 9 – Hoje, pelas 12 horas, ao demandar o porto de Viana, encalhou numa coroa de areia criada pelas recentes cheias, na foz do Lima, o navio balizador da Armada “Almirante Schultz”, de 547 toneladas, vindo de Leixões.
Este navio de guerra, que usualmente faz serviço de abastecimento de faróis, veio a Viana do Castelo para colocar uma boia-amarra destinada às corvetas da Marinha de Guerra, empregues na fiscalização da pesca.
Felizmente, o “Almirante Schultz”, safou-se na maré da tarde.
Este navio de guerra, que usualmente faz serviço de abastecimento de faróis, veio a Viana do Castelo para colocar uma boia-amarra destinada às corvetas da Marinha de Guerra, empregues na fiscalização da pesca.
Felizmente, o “Almirante Schultz”, safou-se na maré da tarde.
Imagem do navio-balizador "Almirante Schultz", em Leixões
Minha colecção
Características do navio balizador “Almirante Schultz”
Minha colecção
Características do navio balizador “Almirante Schultz”
Armador: Marinha de Guerra
Nº Oficial (Armada): 70 - Iic: C.T.B.O. - Porto de armamento: Lisboa
Data de lançamento: 1929 – Material do casco: Aço
Deslocamento standard: 529,45 tons
Deslocamento normal: 538,35 tons
Deslocamento máximo: 547,25 tons
Arqueação: Tab 547,55 tons - Tal 380,65 tons
Dimensões: Pp 40,00 mts - Boca 9,50 mts - Pontal 4,00 mts
Autonomia: 2.300 milhas
Propulsão: 1 motor diesel - 2x250 Bhp - 11,5 m/h
Nº Oficial (Armada): 70 - Iic: C.T.B.O. - Porto de armamento: Lisboa
Data de lançamento: 1929 – Material do casco: Aço
Deslocamento standard: 529,45 tons
Deslocamento normal: 538,35 tons
Deslocamento máximo: 547,25 tons
Arqueação: Tab 547,55 tons - Tal 380,65 tons
Dimensões: Pp 40,00 mts - Boca 9,50 mts - Pontal 4,00 mts
Autonomia: 2.300 milhas
Propulsão: 1 motor diesel - 2x250 Bhp - 11,5 m/h
O caso só tem importância pelo que significa o assoreamento da barra. Por um lado, pedra, por outro, areia. Nestas circunstâncias, a navegação tem de ser feita com riscos. Basta uma rajada de vento mais forte, que foi o que aconteceu hoje, ou uma vaga alterosa para os navios enfrentarem situações de perigo.
O quebramento da rocha submersa na entrada da barra e a dragagem correspondente, afiguram-se como medidas urgentes e necessárias.
(Jornal “Comércio do Porto”, Domingo, 10 de Fevereiro de 1946)
O quebramento da rocha submersa na entrada da barra e a dragagem correspondente, afiguram-se como medidas urgentes e necessárias.
(Jornal “Comércio do Porto”, Domingo, 10 de Fevereiro de 1946)
quarta-feira, 7 de novembro de 2018
História trágico-marítima (CCLXXXVI)
O naufrágio do lugre "Nossa Senhora da Agonia"
O lugre “Nossa Senhora da Agonia” afundou-se perto
da costa marroquina, salvando-se a tripulação
Devido ao temporal, afundou-se, há dias, perto da costa marroquina, o lugre português “Nossa Senhora da Agonia”, cuja tripulação foi salva e conduzida para Argel.
Face à dificuldade de transportes será demorada a repatriação. Três dos tripulantes embarcaram no lugre “Vitorioso”, que hoje ou amanhã chega ao Tejo, e os restantes regressarão oportunamente ao nosso país.
(Jornal “Comércio do Porto”, Domingo, 13 de Janeiro de 1946)
Face à dificuldade de transportes será demorada a repatriação. Três dos tripulantes embarcaram no lugre “Vitorioso”, que hoje ou amanhã chega ao Tejo, e os restantes regressarão oportunamente ao nosso país.
(Jornal “Comércio do Porto”, Domingo, 13 de Janeiro de 1946)
Imagem do lugre "Nossa Senhora da Agonia" (2º)
Minha colecção
Características do lugre “Nossa Senhora da Agonia”
1942 – 1945
Minha colecção
Características do lugre “Nossa Senhora da Agonia”
1942 – 1945
Armador: Soc. Navegação Costeira Nª Sª da Agonia, Lda., V. do Castelo
Nº Oficial: A-51 - Iic: C.S.G.Y. - Porto de matrícula: Viana do Castelo
Construtor: Harpswell Shipyard, Massachussets, E.U., Maio de 1874
ex lugre-patacho “Carrie D. Allen”, F.M. Lan, Mass., E.U., 1874-1887
ex lugre-patacho “Júlia 2º”, A. Mariano & Irmão, Lisboa, 1887-1915
- Reconstruído na Figueira da Foz durante o ano de 1903
ex lugre “Júlia 2º”, Atlântica- Comp. Port. de Pesca, Lisboa, 1915-1937
ex lugre “Atalante Primeiro”, Mesquita & Santiago, Viana, 1937-1941
- Reconstruído em Viana do Castelo durante o ano de 1938
Naufragou no estuário do rio Sado, sob violento ciclone, em 15.2.1941
- Recuperado e reconstruído em Setúbal durante o ano de 1942
Arqueação: Tab 206,80 tons - Tal 146,52 tons
Dimensões: Ff 37,30 mts - Pp 32,60 mts - Bc 7,85 mts - Ptl 3,60 mts
Propulsão: Skandia, Suécia, 1937 - 1:Sd - 2:Ci 130 Bhp - Veloc. 9 m/h
Equipagem: 9 tripulantes
Depois de reparado esteve matriculado em Setúbal à ordem da firma que procedeu à reparação. Vendido, passa à propriedade da Soc. Navegação Costeira Nossa Senhora da Agonia, e renova a matrícula na capitania de Viana do Castelo. Naufragou em 19 de Dezembro de 1945.
Nº Oficial: A-51 - Iic: C.S.G.Y. - Porto de matrícula: Viana do Castelo
Construtor: Harpswell Shipyard, Massachussets, E.U., Maio de 1874
ex lugre-patacho “Carrie D. Allen”, F.M. Lan, Mass., E.U., 1874-1887
ex lugre-patacho “Júlia 2º”, A. Mariano & Irmão, Lisboa, 1887-1915
- Reconstruído na Figueira da Foz durante o ano de 1903
ex lugre “Júlia 2º”, Atlântica- Comp. Port. de Pesca, Lisboa, 1915-1937
ex lugre “Atalante Primeiro”, Mesquita & Santiago, Viana, 1937-1941
- Reconstruído em Viana do Castelo durante o ano de 1938
Naufragou no estuário do rio Sado, sob violento ciclone, em 15.2.1941
- Recuperado e reconstruído em Setúbal durante o ano de 1942
Arqueação: Tab 206,80 tons - Tal 146,52 tons
Dimensões: Ff 37,30 mts - Pp 32,60 mts - Bc 7,85 mts - Ptl 3,60 mts
Propulsão: Skandia, Suécia, 1937 - 1:Sd - 2:Ci 130 Bhp - Veloc. 9 m/h
Equipagem: 9 tripulantes
Depois de reparado esteve matriculado em Setúbal à ordem da firma que procedeu à reparação. Vendido, passa à propriedade da Soc. Navegação Costeira Nossa Senhora da Agonia, e renova a matrícula na capitania de Viana do Castelo. Naufragou em 19 de Dezembro de 1945.
O naufrágio do “Nossa Senhora da Agonia”
Os três náufragos do lugre “Nossa Senhora da Agonia”, que chegaram ante-ontem, no “Vitorioso”, estiveram na Capitania do porto de Lisboa, a fim de prestarem declarações sobre a forma como se deu o sinistro.
Aguarda-se a chegada do comandante do navio naufragado, para ser elaborado o respectivo relatório.
(Jornal “Comércio do Porto”, terça-feira, 15 de Janeiro de 1946)
(Jornal “Comércio do Porto”, terça-feira, 15 de Janeiro de 1946)
terça-feira, 6 de novembro de 2018
História trágico-marítima (CCLXXXV)
O naufrágio do palhabote francês "Thomas L. Agnelet"
No vapor “S. Miguel”, procedente das ilhas, chegaram ontem a Lisboa 12 náufragos do palhabote francês “Thomas L’Agnelet”, que soçobrou na noite de 28 do mês passado, a 250 milhas da ilha da Madeira, tendo sido os náufragos recolhidos pelo lugre “Autonómico Açoriano”, da praça de Ponta Delgada, de que é capitão o Sr. Caetano José Madeira, o qual ia de Lisboa, com carga diversa, com rumo à ilha de S. Miguel.
O palhabote francês, belo navio de três (?) mastros, de 374 toneladas, comandado pelo seu armador, o capitão Eric de Basschop, bretão como todos os tripulantes, saíra do Havre no dia 10 e dirigia-se em lastro à República de S. Salvador, a fim de trazer para aquela cidade francesa uma carga de madeira.
Três dias antes de naufragar, o navio foi acossado por um violento temporal, que se manteve ininterruptamente, obrigando os marinheiros aos maiores sacrifícios. Quando já tinham pouca esperança de salvamento, pouco depois do meio-dia de 26, avistaram ao longe o “Autonómico Açoriano” e içaram o sinal de socorro, que foi visto de bordo do navio português, o qual avançou imediatamente, debaixo da grande tempestade a socorrer os infelizes.
Para chegarem à fala tiveram enorme trabalho, tal como na aproximação ao navio, a fim de procederem ao salvamento.
O palhabote francês metia água e os esforços dos marinheiros eram impotentes para a esgotar. Então, o comandante começou a passar para bordo do navio português os seus tripulantes, ficando ali apenas com o imediato, um oficial de nome Le Dorty, um piloto e um marinheiro. Depois entraram na faina de transportar para bordo do “Autonómico Açoriano” os víveres que tinham no palhabote.
Nestes trabalhos estiveram ocupados toda a tarde e parte da noite, gastando ainda algum tempo na transferência para bordo do navio português de roupa dos náufragos e dos aparelhos de marear. Cerca da meia-noite o navio francês começou a ir a pique, e os quatro tripulantes que tinham ficado a bordo, tiveram que saltar também para bordo do “Autonómico Açoriano”.
O palhabote francês, belo navio de três (?) mastros, de 374 toneladas, comandado pelo seu armador, o capitão Eric de Basschop, bretão como todos os tripulantes, saíra do Havre no dia 10 e dirigia-se em lastro à República de S. Salvador, a fim de trazer para aquela cidade francesa uma carga de madeira.
Três dias antes de naufragar, o navio foi acossado por um violento temporal, que se manteve ininterruptamente, obrigando os marinheiros aos maiores sacrifícios. Quando já tinham pouca esperança de salvamento, pouco depois do meio-dia de 26, avistaram ao longe o “Autonómico Açoriano” e içaram o sinal de socorro, que foi visto de bordo do navio português, o qual avançou imediatamente, debaixo da grande tempestade a socorrer os infelizes.
Para chegarem à fala tiveram enorme trabalho, tal como na aproximação ao navio, a fim de procederem ao salvamento.
O palhabote francês metia água e os esforços dos marinheiros eram impotentes para a esgotar. Então, o comandante começou a passar para bordo do navio português os seus tripulantes, ficando ali apenas com o imediato, um oficial de nome Le Dorty, um piloto e um marinheiro. Depois entraram na faina de transportar para bordo do “Autonómico Açoriano” os víveres que tinham no palhabote.
Nestes trabalhos estiveram ocupados toda a tarde e parte da noite, gastando ainda algum tempo na transferência para bordo do navio português de roupa dos náufragos e dos aparelhos de marear. Cerca da meia-noite o navio francês começou a ir a pique, e os quatro tripulantes que tinham ficado a bordo, tiveram que saltar também para bordo do “Autonómico Açoriano”.
Desenho de navio do tipo palhabote, sem correspondência ao texto
Dois dias andou este ainda navegando sob a fúria da tempestade e outros seis gastou para chegar a S. Miguel, onde os náufragos, enfim, desembarcaram em Ponta Delgada, dirigindo-se às autoridades marítimas e ao consulado francês, onde receberam agasalhos, tendo-se revelado difícil a hospedagem na cidade, tal a quantidade de emigrantes, que ali esperava o vapor com destino à América.
Os 12 náufragos, que melhor não podem dizer do socorro que lhes foi prestado pelos portugueses, para eles cheios de carinho e de dedicação, procuraram ontem em Lisboa as autoridades consulares do seu país, ficando todos hospedados no Hotel de France, onde ficarão até sexta-feira, dia em que embarcam no “Lutetia” para Marselha, praça a que pertence o navio naufragado. A bordo vinha também a esposa do capitão, que foi igualmente salva pelo navio português.
No vapor “S. Miguel”, que trouxe os náufragos para Lisboa, vieram mais 143 passageiros e 48 bois.
(Jornal “Comércio do Porto”, quinta-feira, 11 de Novembro de 1920)
Os 12 náufragos, que melhor não podem dizer do socorro que lhes foi prestado pelos portugueses, para eles cheios de carinho e de dedicação, procuraram ontem em Lisboa as autoridades consulares do seu país, ficando todos hospedados no Hotel de France, onde ficarão até sexta-feira, dia em que embarcam no “Lutetia” para Marselha, praça a que pertence o navio naufragado. A bordo vinha também a esposa do capitão, que foi igualmente salva pelo navio português.
No vapor “S. Miguel”, que trouxe os náufragos para Lisboa, vieram mais 143 passageiros e 48 bois.
(Jornal “Comércio do Porto”, quinta-feira, 11 de Novembro de 1920)
domingo, 4 de novembro de 2018
História trágico-marítima (CCLXXXIV)
O incêndo a bordo do navio brasileiro "Duque de Caxias"
Ao largo da costa brasileira, está a arder o paquete “Duque de Caxias”,
que transportava mil passageiros para Lisboa e Génova, os quais foram
todos salvos por cinco navios de guerra brasileiros e um navio
mercante inglês. Morreram dez tripulantes do navio incendiado
Na sua maior parte os passageiros são de origem portuguesa
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Rio de Janeiro, 31 – O navio “Duque de Caxias”, com mil passageiros a bordo, e que partira na noite passada deste porto, incendiou-se ao largo do Cabo Frio, quando se dirigia para a Europa. O fogo foi descoberto esta madrugada e diz-se que tomou grandes proporções.
Pouco depois do meio dia, havia a notícia que o fogo que lavra a bordo do “Duque de Caxias” está sob controle de alguns navios de guerra brasileiros e do navio mercante inglês “Dover Hill”, tendo ficado a bordo do transporte brasileiro, apenas a respectiva tripulação, que está a combater o fogo com o maior denodo.
Cinco navios de guerra brasileiros permanecem ao lado do transporte, que está em chamas, estando a auxiliar a combater o fogo.
O “Duque de Caxias” é um paquete de dezasseis mil toneladas e, durante a guerra, transportou tropas brasileiras para a Itália, dirigindo-se, agora, para Lisboa e Génova, a fim de recolher emigrantes.
O “Duque de Caxias” será rebocado para o Rio de Janeiro.
Pouco depois do meio dia, havia a notícia que o fogo que lavra a bordo do “Duque de Caxias” está sob controle de alguns navios de guerra brasileiros e do navio mercante inglês “Dover Hill”, tendo ficado a bordo do transporte brasileiro, apenas a respectiva tripulação, que está a combater o fogo com o maior denodo.
Cinco navios de guerra brasileiros permanecem ao lado do transporte, que está em chamas, estando a auxiliar a combater o fogo.
O “Duque de Caxias” é um paquete de dezasseis mil toneladas e, durante a guerra, transportou tropas brasileiras para a Itália, dirigindo-se, agora, para Lisboa e Génova, a fim de recolher emigrantes.
O “Duque de Caxias” será rebocado para o Rio de Janeiro.
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Rio de Janeiro, 31 – A maioria dos passageiros do transporte brasileiro “Duque de Caxias”, que se incendiou, quando ia a caminho da Europa, é de nacionalidade portuguesa. Precisamente, 680 passageiros iam com destino a Lisboa, e 377 da totalidade dos passageiros embarcados no Rio de Janeiro seguiam para Génova, e três para Marselha.
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Rio de Janeiro, 31 – Anuncia-se que morreram dez membros da tripulação do transporte brasileiro “Duque de Caxias”, devido ao incêndio que nele se declarou, esta manhã. Todos os 1.067 passageiros e restantes membros da tripulação – 500 homens – foram salvos.
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O Ministério da Marinha comunicou que 17 navios de guerra, 3 navios mercantes e dois aviões se aproximaram e entraram em contacto com o navio incendiado, ao largo de Cabo Frio, e procederam ao trabalho de salvamento, no máximo das suas possibilidades.
O incêndio começou próximo da caldeira
Rio de Janeiro, 31 – O incêndio no “Duque de Caxias” começou próximo de uma caldeira.
Mais de mil passageiros que se encontram a bordo estão a ser recolhidos por dois navios de guerra brasileiros e dois navios britânicos, segundo dizem as primeiras notícias. O paquete partira ontem, do Rio de Janeiro para a Europa.
Perderam a vida dez passageiros?
Perderam a vida dez passageiros?
Rio de Janeiro, 31 – Segundo notícias ainda não confirmadas, perderam a vida, devido ao incêndio, pelo menos vinte pessoas ao que se supõe, dez passageiros e dez tripulantes.
Não foi, ainda, possível identificar completamente os passageiros, que foram salvos num ambiente de terrível pânico, que irrompeu imediatamente ao ter soado o alarme, quando as chamas começaram a crepitar nas instalações superiores de 1ª classe.
Um dos passageiros declarou:
- Vi um pequeno barco afundar-se, quando um homem, uma mulher e uma criança procuravam salvar-se. A mulher e a criança morreram, afogadas, e o homem ainda foi salvo.
Outro sobrevivente declarou:
- Era tremenda a confusão a bordo, entre os ocupantes da 1ª classe.
E um terceiro sobrevivente é quem fornece os dados referentes à informação de que, pelo menos, dez passageiros perderam a vida.
Não foi, ainda, possível identificar completamente os passageiros, que foram salvos num ambiente de terrível pânico, que irrompeu imediatamente ao ter soado o alarme, quando as chamas começaram a crepitar nas instalações superiores de 1ª classe.
Um dos passageiros declarou:
- Vi um pequeno barco afundar-se, quando um homem, uma mulher e uma criança procuravam salvar-se. A mulher e a criança morreram, afogadas, e o homem ainda foi salvo.
Outro sobrevivente declarou:
- Era tremenda a confusão a bordo, entre os ocupantes da 1ª classe.
E um terceiro sobrevivente é quem fornece os dados referentes à informação de que, pelo menos, dez passageiros perderam a vida.
Os passageiros eram portugueses e italianos, que vinham,
pela primeira vez à sua Pátria, depois da guerra
pela primeira vez à sua Pátria, depois da guerra
Rio de Janeiro, 31 – As autoridades do Rio de Janeiro prepararam todas as camas disponíveis nos hospitais, por se crer haver muitos feridos, e ambulâncias estão, agora, no cais, a aguardar os sobreviventes, transportados em navios de guerra brasileiros e no vapor britânico “Dover Hill”.
Ao dar-se a explosão, o navio encontrava-se a 6 milhas do Cabo Frio, cerca de 120 quilómetros ao norte do Rio de Janeiro. A maior parte dos passageiros era de nacionalidade portuguesa e italiana que iam, pela primeira vez, à sua Pátria, desde o fim da guerra. O navio devia escalar os portos de Lisboa e Génova.
O “Duque de Caxias” era, originalmente, o transporte norte-americano “Orizaba” e tinha sido entregue ao Brasil para substituir, parcialmente, a tonelagem perdida por este país na campanha submarina alemã.
(Jornal “Comércio do Porto”, quinta-feira, 1 de Agosto de 1946)
Foto do transporte brasileiro "Duque de Caxias"
Imagem em www.naval.com.br
Características do transporte U-11 “Duque de Caxias”
Ao dar-se a explosão, o navio encontrava-se a 6 milhas do Cabo Frio, cerca de 120 quilómetros ao norte do Rio de Janeiro. A maior parte dos passageiros era de nacionalidade portuguesa e italiana que iam, pela primeira vez, à sua Pátria, desde o fim da guerra. O navio devia escalar os portos de Lisboa e Génova.
O “Duque de Caxias” era, originalmente, o transporte norte-americano “Orizaba” e tinha sido entregue ao Brasil para substituir, parcialmente, a tonelagem perdida por este país na campanha submarina alemã.
(Jornal “Comércio do Porto”, quinta-feira, 1 de Agosto de 1946)
Foto do transporte brasileiro "Duque de Caxias"
Imagem em www.naval.com.br
Características do transporte U-11 “Duque de Caxias”
Armador: Marinha do Brasil, Rio de Janeiro
Nº. Oficial: N/d - Iic: N/d - Porto de Registo: Rio de Janeiro
Construtor: W. Cramp & Sons, Filadelfia, U.S.A., Junho de 1918
ex “Orizaba”, New York and Cuba S.S. Co., Nova York
Arqueação: Tab 6.937,00 tons - Tal 3.420,00 tons
Dimensões: Pp 135,11 mts - Boca 18,28 mts - Pontal 7,43 mts
Propulsão: Do construtor, 4:Tv - 1.908 Nhp - 16,5 m/h
Equipagem: Cerca de 500 tripulantes
Abatido aos efectivos da Marinha brasileira em Abril de 1959
Nº. Oficial: N/d - Iic: N/d - Porto de Registo: Rio de Janeiro
Construtor: W. Cramp & Sons, Filadelfia, U.S.A., Junho de 1918
ex “Orizaba”, New York and Cuba S.S. Co., Nova York
Arqueação: Tab 6.937,00 tons - Tal 3.420,00 tons
Dimensões: Pp 135,11 mts - Boca 18,28 mts - Pontal 7,43 mts
Propulsão: Do construtor, 4:Tv - 1.908 Nhp - 16,5 m/h
Equipagem: Cerca de 500 tripulantes
Abatido aos efectivos da Marinha brasileira em Abril de 1959
Já chegaram ao Rio de Janeiro os corpos de dezassete vitimas
do incêndio no paquete brasileiro “Duque de Caxias”
do incêndio no paquete brasileiro “Duque de Caxias”
Ainda não está estabelecido, com precisão, o número de mortos, mas há indicações de que, vinte e três pessoas, incluindo dez tripulantes e cinco freiras perderam a vida no trágico sinistro.
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Rio de Janeiro, 1 – Foi afirmado, hoje, aqui, que perderam a vida, no incêndio que ontem houve a bordo do transporte brasileiro “Duque de Caxias", ao largo da costa do Brasil, 23 pessoas, incluindo 5 freiras e dez homens da tripulação. Depois da explosão de uma caldeira, o fogo ateou-se a todo o navio, no momento em que este estava a um dia de viagem do Rio de Janeiro, a caminho de Lisboa e Génova. As cinco freiras iam de viagem para Itália. O navio britânico “Dover Hill”, que foi o primeiro a chegar junto do transporte, salvou 500 passageiros.
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Rio de Janeiro, 1 – As primeiras informações dos sobreviventes do “Duque de Caxias” revelam que à explosão seguiu-se o pânico e o caos.
Os passageiros que estavam deitados nas suas cabines, foram projectados, e em breve, as chamas espalhavam-se pelo navio. Muitos lançaram-se ao mar e alguns deles foram salvos, ao amanhecer, por aviões «Catalina», da Força Aérea Brasileira.
Oficialmente, o número de mortos, entre os tripulantes, é de 10, mas pensam que esse número deve ser muito mais elevado.
Os passageiros que estavam deitados nas suas cabines, foram projectados, e em breve, as chamas espalhavam-se pelo navio. Muitos lançaram-se ao mar e alguns deles foram salvos, ao amanhecer, por aviões «Catalina», da Força Aérea Brasileira.
Oficialmente, o número de mortos, entre os tripulantes, é de 10, mas pensam que esse número deve ser muito mais elevado.
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Rio de Janeiro, 1 – Os corpos das 17 vitimas do incêndio, foram desembarcados de bordo dum barco auxiliar e transportados para uma câmara ardente, onde ficarão até serem sepultados.
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Rio de Janeiro, 1 – Entre as 17 vítimas do incendio no “Duque de Caxias”, que acabam de dar entrada na câmara ardente, figuram duas religiosas – a italiana Magdalena Oggiene, de 44 anos e a brasileira Teresa Lima, de 33 anos – e, ainda, o industrial italiano Giuseppe Mondollofe e sua esposa, ambos de 60 anos.
Sabe-se que o Lloyd Brasileiro já começou a tratar do embarque dos sobreviventes, que serão transportados em novos navios com destino à Europa. Os primeiros grupos de passageiros começaram a partir, provavelmente, em meados de Agosto.
A Embaixada do Brasil em Lisboa foi incansável
para obter notícias do Rio de Janeiro
Sabe-se que o Lloyd Brasileiro já começou a tratar do embarque dos sobreviventes, que serão transportados em novos navios com destino à Europa. Os primeiros grupos de passageiros começaram a partir, provavelmente, em meados de Agosto.
A Embaixada do Brasil em Lisboa foi incansável
para obter notícias do Rio de Janeiro
Ao ter conhecimento do gravíssimo sinistro a bordo do “Duque de Caxias”, a Embaixada do Brasil no nosso País entrou em contacto com o Ministério da Marinha no Rio, a fim de colher pormenores que a habilitassem a informar as famílias dos passageiros de nacionalidade portuguesa, sobre a extensão do sinistro e suas consequências.
À espera de comunicações passaram a noite, a pé, na Embaixada, o embaixador Sr. dr. Henrique Dodsworth, o adido naval Sr. capitão-de-fragata Saldanha da Gama e outros funcionários superiores daquela missão diplomática, tanto mais que entre os passageiros para Lisboa, contava-se a Srª Dª Madalena de Abaté Saldanha da Gama, esposa do adido naval brasileiro.
Pela madrugada de hoje foi recebida na Embaixada o primeiro telegrama oficial do Rio, assinado pelo próprio Ministro da Marinha, almirante Jorge Dodsworth Martins, primo do embaixador em Lisboa, dirigido ao Sr. comandante Saldanha da Gama e que continha apenas esta informação:
«Madalena bem no Rio. Nada sofreu» (a) Ministro da Marinha
Pouco depois era recebido outro telegrama, assinado pelo almirante Noronha, chefe do Estado Maior da Armada, que continha idêntica informação. Pelas 13 horas, o Ministério da Marinha voltou a informar a Embaixada, nestes termos:
«”Duque de Caxias” viagem Europa teve incêndio 1 hora 45 minutos, proximidades Cabo Frio. Prontamente socorrido navios de guerra, aviões e navios mercantes. Passageiros recolhidos estão a chegar Rio. Há dezassete mortos e alguns feridos entre passageiros e guarnição».
O Sr. comandante Saldanha da Gama informou ainda, esta tarde, na Embaixada, de que foram 17 os navios de guerra e mercantes que acorreram em auxílio do paquete sinistrado e de que a respectiva tripulação se manteve a bordo, a combater o incêndio, dando provas de decisão e valentia, sob as ordens do seu comandante.
A origem do incêndio não está perfeitamente averiguada mas parece, todavia, que o sinistro foi provocado pela rotura de um tubo de óleo.
(Jornal “Comércio do Porto”, sexta-feira, 2 de Agosto de 1946)
À espera de comunicações passaram a noite, a pé, na Embaixada, o embaixador Sr. dr. Henrique Dodsworth, o adido naval Sr. capitão-de-fragata Saldanha da Gama e outros funcionários superiores daquela missão diplomática, tanto mais que entre os passageiros para Lisboa, contava-se a Srª Dª Madalena de Abaté Saldanha da Gama, esposa do adido naval brasileiro.
Pela madrugada de hoje foi recebida na Embaixada o primeiro telegrama oficial do Rio, assinado pelo próprio Ministro da Marinha, almirante Jorge Dodsworth Martins, primo do embaixador em Lisboa, dirigido ao Sr. comandante Saldanha da Gama e que continha apenas esta informação:
«Madalena bem no Rio. Nada sofreu» (a) Ministro da Marinha
Pouco depois era recebido outro telegrama, assinado pelo almirante Noronha, chefe do Estado Maior da Armada, que continha idêntica informação. Pelas 13 horas, o Ministério da Marinha voltou a informar a Embaixada, nestes termos:
«”Duque de Caxias” viagem Europa teve incêndio 1 hora 45 minutos, proximidades Cabo Frio. Prontamente socorrido navios de guerra, aviões e navios mercantes. Passageiros recolhidos estão a chegar Rio. Há dezassete mortos e alguns feridos entre passageiros e guarnição».
O Sr. comandante Saldanha da Gama informou ainda, esta tarde, na Embaixada, de que foram 17 os navios de guerra e mercantes que acorreram em auxílio do paquete sinistrado e de que a respectiva tripulação se manteve a bordo, a combater o incêndio, dando provas de decisão e valentia, sob as ordens do seu comandante.
A origem do incêndio não está perfeitamente averiguada mas parece, todavia, que o sinistro foi provocado pela rotura de um tubo de óleo.
(Jornal “Comércio do Porto”, sexta-feira, 2 de Agosto de 1946)
Morreram, apenas, quatro portugueses dos seiscentos e oitenta
que o “Duque de Caxias” transportava quando se incendiou
que o “Duque de Caxias” transportava quando se incendiou
O Sr. embaixador do Brasil em Lisboa, que se mostrou incansável para averiguar as consequências que, para os portugueses, poderia ter tido o incêndio a bordo do “Duque de Caxias”, recebeu do seu primo, o Sr. Ministro da Marinha brasileira, o seguinte telegrama:
«Rio de Janeiro, 2 – Respondendo, agradecido, à expressão de pesar de V.Exa., informo que, devido à acção eficiente da guarnição do navio, o sinistro foi reduzido a proporções mínimas. Lamentamos a morte de dezoito pessoas, incluindo quatro portugueses: Olímpia Madureira da Silva, António Macedo, Maria Dias Pacheco e Emília da Silva Soares. Passageiros embarcaram no Rio confortados pelas autoridades de Marinha (a) Jorge Dodsworth Martins, Ministro da Marinha».
«Rio de Janeiro, 2 – Respondendo, agradecido, à expressão de pesar de V.Exa., informo que, devido à acção eficiente da guarnição do navio, o sinistro foi reduzido a proporções mínimas. Lamentamos a morte de dezoito pessoas, incluindo quatro portugueses: Olímpia Madureira da Silva, António Macedo, Maria Dias Pacheco e Emília da Silva Soares. Passageiros embarcaram no Rio confortados pelas autoridades de Marinha (a) Jorge Dodsworth Martins, Ministro da Marinha».
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Rio de Janeiro, 2 – Sabe-se, agora, que morreram cerca de trinta pessoas em consequência do incendio que deflagrou a bordo do transporte brasileiro “Duque de Caxias” no Atlântico, depois da explosão de uma caldeira.
O sinistro deu-se às primeiras horas de quarta-feira e provocou o pânico entre as mil pessoas que se encontravam a bordo, algumas das quais saltaram para o mar numa zona infestada por tubarões.
O capitão Ivor Llewelin Price, de 44 anos, comandante do navio britânico “Dover Hill” descreveu, hoje, a cena do vapor, em chamas, quando o seu navio em viagem para carregar arroz mudou de direcção para auxiliar os passageiros e tripulantes do “Duque de Caxias”.
Veterano da batalha do Atlântico e dos desembarques na Noruega, o capitão Price, declarou que, o imediato o despertou às quatro horas e disse-lhe que se avistava um navio em chamas.
O capitão Price continuou:
«Modificamos o rumo e aproximámo-nos do navio em chamas onde se desenrolavam cenas de terror. Os meus tripulantes procederam com uma rara coragem. O serviço de transporte de pessoas entre o “Duque de Caxias” e o meu navio decorreu segundo as normas mais perfeitas do regulamento. Sendo essas águas infestadas de tubarões é de espantar que o número de mortos tenha sido tão reduzido.
Louvo o capitão e os tripulantes do “Duque de Caxias” pela forma como agiram numa situação tão critica».
Espera-se que o Governo brasileiro conceda ao capitão Price a «Ordem do Cruzeiro do Sul».
(Jornal “Comércio do Porto”, sábado, 3 de Agosto de 1946)
O sinistro deu-se às primeiras horas de quarta-feira e provocou o pânico entre as mil pessoas que se encontravam a bordo, algumas das quais saltaram para o mar numa zona infestada por tubarões.
O capitão Ivor Llewelin Price, de 44 anos, comandante do navio britânico “Dover Hill” descreveu, hoje, a cena do vapor, em chamas, quando o seu navio em viagem para carregar arroz mudou de direcção para auxiliar os passageiros e tripulantes do “Duque de Caxias”.
Veterano da batalha do Atlântico e dos desembarques na Noruega, o capitão Price, declarou que, o imediato o despertou às quatro horas e disse-lhe que se avistava um navio em chamas.
O capitão Price continuou:
«Modificamos o rumo e aproximámo-nos do navio em chamas onde se desenrolavam cenas de terror. Os meus tripulantes procederam com uma rara coragem. O serviço de transporte de pessoas entre o “Duque de Caxias” e o meu navio decorreu segundo as normas mais perfeitas do regulamento. Sendo essas águas infestadas de tubarões é de espantar que o número de mortos tenha sido tão reduzido.
Louvo o capitão e os tripulantes do “Duque de Caxias” pela forma como agiram numa situação tão critica».
Espera-se que o Governo brasileiro conceda ao capitão Price a «Ordem do Cruzeiro do Sul».
(Jornal “Comércio do Porto”, sábado, 3 de Agosto de 1946)
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