segunda-feira, 5 de março de 2018

Histórias do tempo da guerra!


O ataque e afundamento do paquete "Avila Star"

Um dos últimos sobreviventes do “Avila Star” chegou
a Londres e prestou calorosa homenagem aos esforços
dos portugueses para encontrarem os náufragos
Londres, 31 – Chegou a esta cidade um dos últimos sobreviventes do paquete “Avila Star”. Tem dezoito anos de idade e chama-se Allen Fisher. Presta efusiva homenagem à eficiência do auxílio dado pelos portugueses. Fisher era o quinto piloto do paquete e teve ao seu cargo a direcção de um salva-vidas, que um segundo torpedo, dirigido contra o navio, fez ir pelos ares. Depois de andar à tôa durante cinco horas, foi recolhido por outro salva-vidas. Este andou sem governo durante quatro dias, alimentando-se os passageiros de tablóides de alimentos concentrados, de chocolate, e tendo apenas escassa ração de água. Um navio contra-torpedeiro português recolheu-os e conduziu os náufragos a uma ilha, donde passaram para bordo dum navio britânico.
(In jornal “Comércio do Porto”, sábado, 1 de Agosto de 1942)

Imagem do navio e aspectos diversos de interiores
Postal ilustrado da companhia armadora

Características do paquete “Avila Star”
Armador: Blue Star Line Ltd., Londres, Inglaterra
Nº Oficial: N/d - Iic: G.M.T.Y. - Porto de registo: Londres
Construtor: J. Brown & Co. Ltd., Glasgow, Escócia, Março 1927
Arqueação: Tab 14.443,00 tons - Tal 11.899,00 tons
Dimensões: Pp 167,74 mts - Boca 20,78 mts - Pontal 12,95 mts
Propulsão: Do construtor, 4xTv - 1.840 Nhp - Velocidade 18 m/h

O salvamento da baleeira com os náufragos do “Avila Star”
Festa de homenagem no Instituto Britânico
No Instituto Britânico, em Lisboa, realizou-se, ontem, à tarde, uma festa de homenagem aos oficiais e marinheiros do aviso “Pedro Nunes” e aos oficiais do Centro de Aviação Naval, que pesquisaram no mar e localizaram a baleeira do “Avila Star”.
Assistiram, também, alguns dos náufragos que chegaram a Lisboa.
Trocaram-se amistosos brindes.
(In jornal “Comércio do Porto”, sábado, 1 de Agosto de 1942)

O salvamento dos náufragos do “Avila Star”
Lisboa tem os habitantes mais amáveis do mundo,
afirma um jornal de Londres
Londres, 3 – Os jornais desta manhã publicam com grande relevo as primeiras gravuras do salvamento dos náufragos do “Avila Star”, pelo navio de guerra português “Pedro Nunes”. Mostram igualmente o estado lastimoso em que estavam muitos desses sobreviventes e o tocante carinho com que foram tratados pelos portugueses.
Uma dessas gravuras, por exemplo, mostra como os marinheiros portugueses prestaram assistência aos náufragos exaustos a bordo do “Pedro Nunes”. Em longos períodos descreve-se como os sobreviventes recordam a bondade dos portugueses.
O jornal «Daily Sketch” publica as fotografais com este titulo: «Dos mares perigosos para a terra amiga», recordando no texto que, durante a viagem do “Pedro Nunes” do local do salvamento para Lisboa, marinheiros portugueses deram o sangue para aqueles cujo estado exigia uma transfusão urgente.
Não há duvida que a publicação destas fotografias virá aumentar ainda o sentimento de gratidão que o povo britânico já manifestou pelos esforços que em Portugal se despenderam em auxílio das vitimas da tragédia do “Avila Star”.
Todos os ingleses sentirão que miss Muriel Clark, quando chegou à Grã-Bretanha, vinda de Lisboa, exprimiu com felicidade e verdade o sentimento geral nestas palavras: «Lisboa tem os habitantes mais amáveis do mundo».
(In jornal “Comércio do Porto”, terça-feira, 4 de Agosto de 1942)

Salva-vidas oferecido ao Instituto de Socorros a Náufragos
A baleeira salva-vidas, que conduziu os 28 náufragos do paquete inglês “Avila Star”, afundado no mês passado, e que foi recolhida pelo aviso “Pedro Nunes”, foi oferecida ao Instituto de Socorros a Náufragos.
(In jornal “Comércio do Porto”, Domingo, 16 de Agosto de 1942)

O paquete “Avila Star” foi atacado e afundado pelo submarino alemão U-201, sob o comando do capitão Adalbert Schnee, no dia 6 de Julho de 1942, a cerca de 90 milhas a este da Ilha de S. Miguel, Açores, na posição 38° 04'N, 22° 48'W. O paquete procedia dos portos de Buenos Aires e Freetown, encontrando-se a navegar com destino a Liverpool. Da equipagem composta por 196 tripulantes, há a registar 59 mortos e 137 sobreviventes, parte dos quais foram resgatados pelo contra-torpedeiro “Lima” (D 333) e desembarcados em Ponta Delgada, sendo os restantes salvos pelo aviso “Pedro Nunes” (A 528) e desembarcados em Lisboa.

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