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Se não conseguir nada igual ou semelhante, tem sempre ovos, amêndoas e os meus votos de Páscoa Feliz".
sexta-feira, 30 de março de 2018
quinta-feira, 29 de março de 2018
História trágico-marítima (CCXLVII)
A colisão e afundamento da canhoneira “Faro”
Navio de guerra no fundo – Mortes
Ontem, ao entardecer, em frente da barra de Alvôr, o rebocador “Josephina”, da praça de Lagos, abalroou com a canhoneira “Faro”, a qual foi ao fundo, havendo seis mortes.
A catástrofe está sendo o assunto de todas as conversas em Lisboa, onde só se teve conhecimento hoje, por volta do meio-dia.
Acerca da triste ocorrência recebeu-se, de manhã, na Majoria general da Armada, este telegrama:
Faro, 28 de Fevereiro, às 9 am – Ontem, pelas sete horas, defronte da barra de Alvôr, o rebocador “Josephina”, da praça de Lagos, pertencente ao armador Correia Cruz, abalroou com a canhoneira “Faro”, metendo-a no fundo e causando seis mortes: comandante Henrique Metzner, imediato Carlos Primo Guimarães Marques, maquinista Francisco Maria Antunes, 1º contra-mestre Higino e mais duas praças. Bastantes marinheiros, salvos a muito custo, acham-se no hotel da vila de Portimão.
A ocorrência só aqui se soube daquela vila às dez horas. Diz-se que a canhoneira está completamente perdida.
Ao quartel dos marinheiros, Arsenal de Marinha, Ministério da Marinha e outras estações oficiais tem ido muita gente procurar informações acerca do trágico caso.
Acerca da triste ocorrência recebeu-se, de manhã, na Majoria general da Armada, este telegrama:
Faro, 28 de Fevereiro, às 9 am – Ontem, pelas sete horas, defronte da barra de Alvôr, o rebocador “Josephina”, da praça de Lagos, pertencente ao armador Correia Cruz, abalroou com a canhoneira “Faro”, metendo-a no fundo e causando seis mortes: comandante Henrique Metzner, imediato Carlos Primo Guimarães Marques, maquinista Francisco Maria Antunes, 1º contra-mestre Higino e mais duas praças. Bastantes marinheiros, salvos a muito custo, acham-se no hotel da vila de Portimão.
A ocorrência só aqui se soube daquela vila às dez horas. Diz-se que a canhoneira está completamente perdida.
Ao quartel dos marinheiros, Arsenal de Marinha, Ministério da Marinha e outras estações oficiais tem ido muita gente procurar informações acerca do trágico caso.
Desenho da canhoneira "Faro" da autoria de Luís Filipe Silva
A canhoneira "Faro" foi adquirida em 1878, na Inglaterra, para o serviço de fiscalização aduaneira. Deslocava 134 toneladas, tinha 27 metros de comprimento, 4,70 metros de boca e 2,28 metros de pontal. Construída em aço, estava equipada com um motor compósito de 200 Ihp, que lhe assegurava 10,4 nós de velocidade.
A canhoneira "Faro" foi adquirida em 1878, na Inglaterra, para o serviço de fiscalização aduaneira. Deslocava 134 toneladas, tinha 27 metros de comprimento, 4,70 metros de boca e 2,28 metros de pontal. Construída em aço, estava equipada com um motor compósito de 200 Ihp, que lhe assegurava 10,4 nós de velocidade.
Lisboa, 28 de Fevereiro – Não são por enquanto conhecidas as causas do desastre, o qual se deu com uma rapidez extraordinária, sendo os referidos oficiais vítimas do cumprimento do seu dever, pois tentaram salvar primeiro toda a tripulação, que se compunha, além dos dois oficiais e maquinista, de 36 praças de marinhagem.
A canhoneira “Faro” era um pequeno navio de ferro, construído em 1878, que pertenceu à Alfândega durante muito tempo e que mais tarde passou para o Ministério da Marinha e era empregada na fiscalização da pesca nas águas do Algarve.
Tinha 134 toneladas, 27 metros de comprido por quatro metros de boca. A máquina era da força de 200 cavalos e estava armada com uma peça de 47 de tiro rápido.
Como foi dito, foram vitimas do sinistro o comandante, 1º tenente da Armada sr. Augusto Henrique Metzner, o imediato 2º tenente da Armada sr. Carlos Guimarães Marques, o maquinista, que não pertencia ao quadro da Armada, pois era contratado e mais três praças de marinhagem.
Para o local do sinistro seguiu o rebocador “Bérrio”.
O sr. Ministro da Marinha telegrafou ao chefe do Departamento Marítimo do Sul para que, em seu nome dê as condolências às famílias dos dois oficiais mortos e que o represente nos funerais.
Lisboa, 28 de Fevereiro – O sr. Ministro da Marinha recebeu de Vila Nova de Portimão o seguinte telegrama:
«A canhoneira “Faro” veio ontem aqui buscar o ministro inglês e comitiva para digressão a Sagres, tendo saído daqui com o cônsul inglês nesta terra e o capitão do porto. A canhoneira foi até Sagres, onde fundeou e desembarcou, voltando todos para bordo e largando às 17 horas para Lagos, onde desembarcaram todos os que não pertenciam à guarnição do navio.
Em seguida a “Faro” marchou para Faro, mas quando passava pelo través de Alvôr, abalroou com o rebocador “Josephina”, da praça de Lagos, que havia saído de Portimão tempos antes.
Como o “Josephina” fosse de proa contra a amurada de bombordo da “Faro”, fez-lhe um rombo, por onde meteu água em grande quantidade, não dando mais tempo de que para arriar as duas embarcações, onde a guarnição veio para terra, vindo também o comandante Metzner, mas este, devido a congestão, faleceu ao chegar a terra.
Reconheceu-se faltar: o imediato Guimarães Marques; o maquinista contratado Francisco Maria Antunes; 1º contra-mestre Nº 402 Higino Tomás António; 2º fogueiro Nº 3.325 Joaquim António; e grumete Nº 5.579 José Roma.
Logo que tive conhecimento do desastre pedi socorro para Alvôr, mandando ir outra vez ao mar uma das baleeiras que tinham trazido a guarnição, a fim de verificar se não haveria mais algum náufrago.
A baleeira dirigiu-se a uma luz, que reconheceu ser do “Josephina”, o qual já estava a ser rebocado pelo vapor “Colombo”, porque tinha um rombo à proa, mas flutuava, devido ao compartimento estanque.
O “Josephina” tinha dois homens mortos a bordo, com queimaduras, encontrando-se já ali o dono do rebocador e o capitão do porto.
Como a baleeira nada mais visse, retrocedeu, trazendo o cadáver do comandante para aqui, de onde seguirá para Faro amanhã, no comboio das 15.30 horas. O ministro inglês manifesta desejo de assistir ao funeral em Faro.
Nada falta aos náufragos, que no mesmo comboio vão seguir também para Faro, onde têm família.
A canhoneira flutuou apenas dez minutos depois do rombo, submergindo-se e ficando só com metade dos mastareus fora da água. A catástrofe ocorreu à distância de meia milha de terra e a uma profundidade de nove braças.
Até agora, os salvados são apenas duas pequenas embarcações (ass. O Capitão do Porto)».
Lisboa, 28 de Fevereiro – O 1º tenente sr. Augusto Henrique Metzner, comandante da canhoneira “Faro”, era natural de Lisboa, onde estudou no Colégio Militar, passando depois para Cavalaria 2, como aspirante, frequentando em seguida a Escola Naval, onde esteve também como aspirante de Marinha.
Era cavaleiro da Torre e Espada e da Ordem de S. Bento de Aviz e possuía as medalhas de prata de serviços e campanhas no ultramar e de comportamento exemplar.
Combateu, juntamente com Mouzinho de Albuquerque, contra o régulo Gungunhana, tomando também parte em algumas batalhas que se deram em Luanda e na Guiné contra o gentio.
Por ocasião da revolta ocorrida no Rio de Janeiro, encontrava-se ali a bordo da canhoneira “Mindelo”, da qual era comandante o almirante sr. Augusto de Castilho, A bordo daquele navio de guerra foram recolhidos, sob palavra de honra, os comandantes dos navios insurrectos e os partidários de Saldanha da Gama e de Custódio José de Melo.
Comandou o transporte de guerra “Salvador Correia” e desempenhou, sempre com zelo inexcedível várias outras comissões de serviço.
O falecido tem família em Lisboa.
O rebocador “Bérrio” seguiu para o local do sinistro.
No Algarve ficam agora as canhoneiras “Lagos” e “Lúrio”.
Faro, 28 de Fevereiro – Causou aqui profunda consternação a notícia da catástrofe da canhoneira “Faro”, sucedida perto de Alvôr.
O comandante Metzner, o imediato Primo Marques e o maquinista Antunes, eram aqui muito conhecidos e estimados, ouvindo-se por toda a parte lamentar o triste fim que tiveram.
A canhoneira ia à ordem do ministro inglês, que consta virá a Faro assistir aos funerais.
Em casa da família das vítimas dão-se cenas lancinantes, vendo-se na rua mulheres e crianças das famílias das praças, que também pereceram, chorando os seus mortos queridos.
(In jornal “Comércio do Porto”, quinta-feira, 29 de Fevereiro de 1912)
A canhoneira “Faro” era um pequeno navio de ferro, construído em 1878, que pertenceu à Alfândega durante muito tempo e que mais tarde passou para o Ministério da Marinha e era empregada na fiscalização da pesca nas águas do Algarve.
Tinha 134 toneladas, 27 metros de comprido por quatro metros de boca. A máquina era da força de 200 cavalos e estava armada com uma peça de 47 de tiro rápido.
Como foi dito, foram vitimas do sinistro o comandante, 1º tenente da Armada sr. Augusto Henrique Metzner, o imediato 2º tenente da Armada sr. Carlos Guimarães Marques, o maquinista, que não pertencia ao quadro da Armada, pois era contratado e mais três praças de marinhagem.
Para o local do sinistro seguiu o rebocador “Bérrio”.
O sr. Ministro da Marinha telegrafou ao chefe do Departamento Marítimo do Sul para que, em seu nome dê as condolências às famílias dos dois oficiais mortos e que o represente nos funerais.
Lisboa, 28 de Fevereiro – O sr. Ministro da Marinha recebeu de Vila Nova de Portimão o seguinte telegrama:
«A canhoneira “Faro” veio ontem aqui buscar o ministro inglês e comitiva para digressão a Sagres, tendo saído daqui com o cônsul inglês nesta terra e o capitão do porto. A canhoneira foi até Sagres, onde fundeou e desembarcou, voltando todos para bordo e largando às 17 horas para Lagos, onde desembarcaram todos os que não pertenciam à guarnição do navio.
Em seguida a “Faro” marchou para Faro, mas quando passava pelo través de Alvôr, abalroou com o rebocador “Josephina”, da praça de Lagos, que havia saído de Portimão tempos antes.
Como o “Josephina” fosse de proa contra a amurada de bombordo da “Faro”, fez-lhe um rombo, por onde meteu água em grande quantidade, não dando mais tempo de que para arriar as duas embarcações, onde a guarnição veio para terra, vindo também o comandante Metzner, mas este, devido a congestão, faleceu ao chegar a terra.
Reconheceu-se faltar: o imediato Guimarães Marques; o maquinista contratado Francisco Maria Antunes; 1º contra-mestre Nº 402 Higino Tomás António; 2º fogueiro Nº 3.325 Joaquim António; e grumete Nº 5.579 José Roma.
Logo que tive conhecimento do desastre pedi socorro para Alvôr, mandando ir outra vez ao mar uma das baleeiras que tinham trazido a guarnição, a fim de verificar se não haveria mais algum náufrago.
A baleeira dirigiu-se a uma luz, que reconheceu ser do “Josephina”, o qual já estava a ser rebocado pelo vapor “Colombo”, porque tinha um rombo à proa, mas flutuava, devido ao compartimento estanque.
O “Josephina” tinha dois homens mortos a bordo, com queimaduras, encontrando-se já ali o dono do rebocador e o capitão do porto.
Como a baleeira nada mais visse, retrocedeu, trazendo o cadáver do comandante para aqui, de onde seguirá para Faro amanhã, no comboio das 15.30 horas. O ministro inglês manifesta desejo de assistir ao funeral em Faro.
Nada falta aos náufragos, que no mesmo comboio vão seguir também para Faro, onde têm família.
A canhoneira flutuou apenas dez minutos depois do rombo, submergindo-se e ficando só com metade dos mastareus fora da água. A catástrofe ocorreu à distância de meia milha de terra e a uma profundidade de nove braças.
Até agora, os salvados são apenas duas pequenas embarcações (ass. O Capitão do Porto)».
Lisboa, 28 de Fevereiro – O 1º tenente sr. Augusto Henrique Metzner, comandante da canhoneira “Faro”, era natural de Lisboa, onde estudou no Colégio Militar, passando depois para Cavalaria 2, como aspirante, frequentando em seguida a Escola Naval, onde esteve também como aspirante de Marinha.
Era cavaleiro da Torre e Espada e da Ordem de S. Bento de Aviz e possuía as medalhas de prata de serviços e campanhas no ultramar e de comportamento exemplar.
Combateu, juntamente com Mouzinho de Albuquerque, contra o régulo Gungunhana, tomando também parte em algumas batalhas que se deram em Luanda e na Guiné contra o gentio.
Por ocasião da revolta ocorrida no Rio de Janeiro, encontrava-se ali a bordo da canhoneira “Mindelo”, da qual era comandante o almirante sr. Augusto de Castilho, A bordo daquele navio de guerra foram recolhidos, sob palavra de honra, os comandantes dos navios insurrectos e os partidários de Saldanha da Gama e de Custódio José de Melo.
Comandou o transporte de guerra “Salvador Correia” e desempenhou, sempre com zelo inexcedível várias outras comissões de serviço.
O falecido tem família em Lisboa.
O rebocador “Bérrio” seguiu para o local do sinistro.
No Algarve ficam agora as canhoneiras “Lagos” e “Lúrio”.
Faro, 28 de Fevereiro – Causou aqui profunda consternação a notícia da catástrofe da canhoneira “Faro”, sucedida perto de Alvôr.
O comandante Metzner, o imediato Primo Marques e o maquinista Antunes, eram aqui muito conhecidos e estimados, ouvindo-se por toda a parte lamentar o triste fim que tiveram.
A canhoneira ia à ordem do ministro inglês, que consta virá a Faro assistir aos funerais.
Em casa da família das vítimas dão-se cenas lancinantes, vendo-se na rua mulheres e crianças das famílias das praças, que também pereceram, chorando os seus mortos queridos.
(In jornal “Comércio do Porto”, quinta-feira, 29 de Fevereiro de 1912)
Ilustração Portuguesa, Nº 315, p.293, de 4 de Março de 1912
Navio de guerra no fundo – Mortes
Navio de guerra no fundo – Mortes
Lisboa, 29 de Fevereiro – O sr. Ministro de Inglaterra escreveu de Portimão uma carta ao sr. Ministro dos Estrangeiros dando sentimentos pela catástrofe da canhoneira “Faro”, acrescentando que assistirá aos funerais das vítimas.
Saiu para Lagos o rebocador “Bérrio”, levando a bordo um mergulhador do Arsenal de Marinha e pessoal do troço de mar.
O Departamento Marítimo do Sul telegrafou ao sr. Ministro da Marinha dando parte de terem aparecido na praia da Luz os cadáveres do maquinista Francisco Maria Antunes e do 1º contra-mestre Higino Tomás António.
Parece que os funerais das vítimas só se realizarão depois de verificadas as investigações no navio afundado, para retirar dali, caso existam, os cadáveres dos tripulantes vitimados.
Ao Ministério da Marinha continuam a afluir telegramas de condolências de várias entidades oficiais e corporações.
Lisboa, 29 de Fevereiro – Parece resolvido que o 1º tenente Metzner, o desventurado comandante da canhoneira que se afundou, será sepultado no cemitério de Faro.
Em muitos prédios ainda hoje se conservava a bandeira nacional a meia haste, como sinal de sentimento pela catástrofe que acaba de enlutar a Marinha portuguesa.
Parece ser certo que o sr. Ministro da Marinha vai a Faro, a fim de assistir aos funerais das vítimas.
Lisboa, 29 de Fevereiro – O sr. Presidente da República encarregou o seu secretário de ir apresentar, em seu nome, condolências às famílias das vítimas da catástrofe da canhoneira “Faro”.
Lisboa, 29 de Fevereiro – O sr. Ministro da Marinha encarregou o seu ajudante de ordens, o 2º tenente sr. Athias, de desanojar a família do 1º tenente sr. Augusto Metzner.
O mesmo Ministro só partirá para Faro quando estejam determinados os funerais das vítimas da catástrofe da canhoneira.
(In jornal “Comércio do Porto”, sexta-feira, 1 de Março de 1912)
Saiu para Lagos o rebocador “Bérrio”, levando a bordo um mergulhador do Arsenal de Marinha e pessoal do troço de mar.
O Departamento Marítimo do Sul telegrafou ao sr. Ministro da Marinha dando parte de terem aparecido na praia da Luz os cadáveres do maquinista Francisco Maria Antunes e do 1º contra-mestre Higino Tomás António.
Parece que os funerais das vítimas só se realizarão depois de verificadas as investigações no navio afundado, para retirar dali, caso existam, os cadáveres dos tripulantes vitimados.
Ao Ministério da Marinha continuam a afluir telegramas de condolências de várias entidades oficiais e corporações.
Lisboa, 29 de Fevereiro – Parece resolvido que o 1º tenente Metzner, o desventurado comandante da canhoneira que se afundou, será sepultado no cemitério de Faro.
Em muitos prédios ainda hoje se conservava a bandeira nacional a meia haste, como sinal de sentimento pela catástrofe que acaba de enlutar a Marinha portuguesa.
Parece ser certo que o sr. Ministro da Marinha vai a Faro, a fim de assistir aos funerais das vítimas.
Lisboa, 29 de Fevereiro – O sr. Presidente da República encarregou o seu secretário de ir apresentar, em seu nome, condolências às famílias das vítimas da catástrofe da canhoneira “Faro”.
Lisboa, 29 de Fevereiro – O sr. Ministro da Marinha encarregou o seu ajudante de ordens, o 2º tenente sr. Athias, de desanojar a família do 1º tenente sr. Augusto Metzner.
O mesmo Ministro só partirá para Faro quando estejam determinados os funerais das vítimas da catástrofe da canhoneira.
(In jornal “Comércio do Porto”, sexta-feira, 1 de Março de 1912)
Ilustração Portuguesa, Nº 316, p.329, de 11 de Março de 1912
Características do rebocador “Josephina”
Armador: Correia da Cruz, Lagos
Nº Oficial: A-175 - Iic: H.F.K.V. - Porto de registo: Lagos
Construtor: Desconhecido, Lisboa, 1904
Arqueação: Tab 26,02 tons - Tal 9,10 tons
Dimensões: Pp 16,29 mts - Boca 3,50 mts - Pontal 2,12 mts
Propulsão: 1 motor compósito - 140 Ihp
Equipagem: 6 tripulantes
A canhoneira “Faro”
Nº Oficial: A-175 - Iic: H.F.K.V. - Porto de registo: Lagos
Construtor: Desconhecido, Lisboa, 1904
Arqueação: Tab 26,02 tons - Tal 9,10 tons
Dimensões: Pp 16,29 mts - Boca 3,50 mts - Pontal 2,12 mts
Propulsão: 1 motor compósito - 140 Ihp
Equipagem: 6 tripulantes
A canhoneira “Faro”
Lisboa, 1 de Março – Regressou ao Tejo o rebocador “Bérrio”, constando que não encontrara nenhum cadáver nas pesquisas feitas na canhoneira “Faro”, que se afundou.
O Governo vai conceder pensões às famílias das vítimas do lutuoso desastre, correspondentes aos soldos dos extintos, na efectividade.
Lisboa, 1 de Março – No comboio da manhã, chegaram hoje de Faro dois marinheiros de torpedos, que faziam parte da guarnição da canhoneira “Faro”. Foram licenciados.
(In jornal “Comércio do Porto”, sábado, 2 de Março de 1912)
O Governo vai conceder pensões às famílias das vítimas do lutuoso desastre, correspondentes aos soldos dos extintos, na efectividade.
Lisboa, 1 de Março – No comboio da manhã, chegaram hoje de Faro dois marinheiros de torpedos, que faziam parte da guarnição da canhoneira “Faro”. Foram licenciados.
(In jornal “Comércio do Porto”, sábado, 2 de Março de 1912)
A catástrofe da canhoneira “Faro”
Lisboa, 2 de Março – Continua a ser ainda o assunto do dia o naufrágio da canhoneira “Faro”, fazendo-se comentários de toda a espécie sobre quem seria o verdadeiro culpado do sucedido.
Até agora, porém, nada se apurou de definitivo e só o inquérito que se vai proceder é que poderá esclarecer o que hoje se mostra ainda bastante confuso.
Os tripulantes do rebocador “Josephina” são os primeiros a lamentar a desgraça, da qual também foram vítimas dois dos seus companheiros.
O rebocador era tripulado, além dos dois homens que faleceram, pelos marítimos Pedro António, Francisco Barão, Augusto e Manuel Afonso, os quais já depuseram na capitania do porto de Lagos a respeito do desastre.
Os que morreram foram atingidos por um jacto de vapor: o José Diogo, quando subia as escadas da casa da maquina e o José Faustino, no momento em que estava a lavar o convés. Nestas posições foram encontrados.
O rebocador “Josephina” foi para próximo do cais da Borda Nova, em Lagos; tem a roda de proa arrombada e grossa avaria na máquina.
Os cadáveres do maquinista Francisco Maria Antunes e do 1º contra-mestre Higino Tomás António, que se achavam na casa da autópsia do regimento 43, foram metidos em caixões de chumbo, a fim de seguirem para Faro.
Lisboa, 2 de Março – Dizem de Lagos que acaba de regressar aquela baía o rebocador “Colombo”, da casa Fialho, que esteve no local do desastre procedendo a pesquisas.
O mergulhador Joaquim Azevedo, em serviço na casa Parreira Cruz, que tinha ido com o respectivo pessoal a bordo do mesmo rebocador, mergulhou por duas vezes, visitando os camarotes da ré, tendo feito uso de um escopro para arrombar a porta de um deles, não encontrando ali cadáver algum. O pessoal vai novamente no “Colombo” visitar os camarotes da proa.
A “Faro” está no fundo aproada ao norte, mas inclinada para oeste.
Lisboa, 2 de Março – No gabinete do sr. Ministro da Marinha foi recebida a seguinte informação:
«O comandante Metzner deixa mãe, viúva e três filhos menores de seis anos em más circunstâncias; o maquinista Antunes, viúva e quatro filhos; o contra-mestre Higino, viúva e três filhos; o fogueiro Nº 3.325, viúva; e o grumete Nº 5.579, pais de avançada idade. Todas estas famílias ficam em grande pobreza.
(In jornal “Comércio do Porto”, Domingo, 3 de Março de 1912)
Até agora, porém, nada se apurou de definitivo e só o inquérito que se vai proceder é que poderá esclarecer o que hoje se mostra ainda bastante confuso.
Os tripulantes do rebocador “Josephina” são os primeiros a lamentar a desgraça, da qual também foram vítimas dois dos seus companheiros.
O rebocador era tripulado, além dos dois homens que faleceram, pelos marítimos Pedro António, Francisco Barão, Augusto e Manuel Afonso, os quais já depuseram na capitania do porto de Lagos a respeito do desastre.
Os que morreram foram atingidos por um jacto de vapor: o José Diogo, quando subia as escadas da casa da maquina e o José Faustino, no momento em que estava a lavar o convés. Nestas posições foram encontrados.
O rebocador “Josephina” foi para próximo do cais da Borda Nova, em Lagos; tem a roda de proa arrombada e grossa avaria na máquina.
Os cadáveres do maquinista Francisco Maria Antunes e do 1º contra-mestre Higino Tomás António, que se achavam na casa da autópsia do regimento 43, foram metidos em caixões de chumbo, a fim de seguirem para Faro.
Lisboa, 2 de Março – Dizem de Lagos que acaba de regressar aquela baía o rebocador “Colombo”, da casa Fialho, que esteve no local do desastre procedendo a pesquisas.
O mergulhador Joaquim Azevedo, em serviço na casa Parreira Cruz, que tinha ido com o respectivo pessoal a bordo do mesmo rebocador, mergulhou por duas vezes, visitando os camarotes da ré, tendo feito uso de um escopro para arrombar a porta de um deles, não encontrando ali cadáver algum. O pessoal vai novamente no “Colombo” visitar os camarotes da proa.
A “Faro” está no fundo aproada ao norte, mas inclinada para oeste.
Lisboa, 2 de Março – No gabinete do sr. Ministro da Marinha foi recebida a seguinte informação:
«O comandante Metzner deixa mãe, viúva e três filhos menores de seis anos em más circunstâncias; o maquinista Antunes, viúva e quatro filhos; o contra-mestre Higino, viúva e três filhos; o fogueiro Nº 3.325, viúva; e o grumete Nº 5.579, pais de avançada idade. Todas estas famílias ficam em grande pobreza.
(In jornal “Comércio do Porto”, Domingo, 3 de Março de 1912)
terça-feira, 27 de março de 2018
História trágico-marítima (CCXLVI)
O naufrágio do lugre "Douro", em Inglaterra
Por telegrama recebido no Porto, sabe-se ter naufragado em 2 de Novembro, à saída de um porto de Inglaterra (Llanelly), devido a grande temporal, o lugre português “Douro”, pertencente à importante firma da praça do Porto, J. Mourão & Cª.
A tripulação morreu, tendo aparecido já vários cadáveres, entre os quais o do capitão do “Douro”.
(In jornal “Comércio do Porto”, quarta-feira, 13 de Novembro de 1918)
Desenho de um lugre, sem correspondência ao texto
Características do lugre “Douro”
1917-1918
1917-1918
Armador: J. Mourão & Cª., Porto
Nº Oficial: N/d - Iic: H.D.O.U. - Porto de registo: Porto
Construtor: Desconhecido, Bangor, Maine, Estados Unidos, 1875
ex “Carlos”, Serras & Sousa, Lda., Cidade da Praia, Cabo Verde
ex “Harry Smith”, Crosby Brothers, Bangor, Maine, Estados Unidos
Arqueação: Tab 521,45 tons - Tal 469,95 tons
Dimensões: Pp 41,50 mts - Boca 9,35 mts - Pontal 5,18 mts
Propulsão: À vela
Equipagem: 12 tripulantes
Nº Oficial: N/d - Iic: H.D.O.U. - Porto de registo: Porto
Construtor: Desconhecido, Bangor, Maine, Estados Unidos, 1875
ex “Carlos”, Serras & Sousa, Lda., Cidade da Praia, Cabo Verde
ex “Harry Smith”, Crosby Brothers, Bangor, Maine, Estados Unidos
Arqueação: Tab 521,45 tons - Tal 469,95 tons
Dimensões: Pp 41,50 mts - Boca 9,35 mts - Pontal 5,18 mts
Propulsão: À vela
Equipagem: 12 tripulantes
O naufrágio do lugre “Douro”
Pormenores
Pormenores
Acerca do naufrágio do lugre “Douro, pertencente à importante firma da praça do Porto, srs. J. Mourão & Cª., já referido da edição de quarta-feira passada, foi possível recolher os seguintes pormenores:
O lugre “Douro” tinha 480 toneladas de registo, 134.1 pés de comprido, 30.9 pés de largo, 17.2 pés de pontal e fôra construído, em 1875, em Bangor, Inglaterra.
O “Douro” tinha saído do Porto para Bristol no dia 6 de Setembro último, com um carregamento de vinho.
No dia 1 do corrente o “Douro” saiu de Bristol com destino ao Porto, trazendo um importante carregamento de carvão para os caminhos-de-ferro do Estado.
No dia seguinte, porém, fôra apanhado por um grande temporal na baía de Carmarthen (País de Gales), que o desmantelou por completo, não tendo sido possível prestar qualquer socorro à tripulação, composta de 12 pessoas, havendo conhecimento de ter aparecido já dez cadáveres, entre os quais o do capitão.
A tripulação do lugre “Douro” compunha-se dos seguintes indivíduos: capitão, João Simões Paião; piloto, Mário E.S. Azevedo; contra-mestre, Augusto Coelho; cozinheiro, José Francisco do Bem; marinheiros, José Vicente Gomes, Cristiano Joaquim Santos, Francisco Simões Chuva e Luiz Casimiro; moços, Francisco Neves, Eugénio Fernandes Bagão, Carlos C. Silva e António Caramonete. Apenas foi possível saber que o capitão era natural de Ílhavo e o piloto do Porto.
Os cadáveres aparecidos traziam cintos de salvação que, infelizmente, para nada serviram.
Confirmação - O que diz um jornal inglês
O lugre “Douro” tinha 480 toneladas de registo, 134.1 pés de comprido, 30.9 pés de largo, 17.2 pés de pontal e fôra construído, em 1875, em Bangor, Inglaterra.
O “Douro” tinha saído do Porto para Bristol no dia 6 de Setembro último, com um carregamento de vinho.
No dia 1 do corrente o “Douro” saiu de Bristol com destino ao Porto, trazendo um importante carregamento de carvão para os caminhos-de-ferro do Estado.
No dia seguinte, porém, fôra apanhado por um grande temporal na baía de Carmarthen (País de Gales), que o desmantelou por completo, não tendo sido possível prestar qualquer socorro à tripulação, composta de 12 pessoas, havendo conhecimento de ter aparecido já dez cadáveres, entre os quais o do capitão.
A tripulação do lugre “Douro” compunha-se dos seguintes indivíduos: capitão, João Simões Paião; piloto, Mário E.S. Azevedo; contra-mestre, Augusto Coelho; cozinheiro, José Francisco do Bem; marinheiros, José Vicente Gomes, Cristiano Joaquim Santos, Francisco Simões Chuva e Luiz Casimiro; moços, Francisco Neves, Eugénio Fernandes Bagão, Carlos C. Silva e António Caramonete. Apenas foi possível saber que o capitão era natural de Ílhavo e o piloto do Porto.
Os cadáveres aparecidos traziam cintos de salvação que, infelizmente, para nada serviram.
Confirmação - O que diz um jornal inglês
A firma J. Mourão & Cª. recebeu o seguinte, dos seus correspondentes em Bristol:
«Horas depois de escrita a nossa última carta, soubemos, com grande pesar, do naufrágio do “Douro”, perecendo toda a tripulação.
Durante a longa estadia connosco encontramos o capitão Paião, um homem agradável e correctíssimo, com o qual era um prazer conviver. Enviamos aos seus irmãos e parentes as nossas condolências por esta perda e à sua firma, que se priva dos serviços de tão apto capitão.
Junto enviamos uma notícia dos jornais de 5 do corrente, que informam ter aparecido o cadáver do capitão e presumimos também o do piloto, um jovem prometedor de um largo futuro».
«Notícia do “Western Mail”, de Bristol:
Falta de um barco salva-vidas – Vitimas de naufrágio em Burry Port
No inquérito aberto pelo sr. W.W. Brodie, em Llanelly, na segunda-feira, relativamente ao naufrágio do lugre português “Douro”, na baía de Carmarthen, foi expressa a opinião de que, se houvesse em Burry Port um barco salva-vidas, a tripulação poderia ter sido salva. O inquérito foi feito na presença de seis cadáveres aparecidos em Llanelly e dois em Burry Port.
O oficial de polícia, J. Rees, informou ter achado sobre o corpo de um dos homens um certificado de registo de tripulantes estrangeiros Nº 1.050-L, emitido pela polícia da cidade de Bristol.
O documento apresenta seis carimbos oficiais, dos quais o último foi afixado pelo departamento da polícia distrital de Newport, em 31 de Outubro de 1918. Foi emitido em nome de João Simões Paião, de Ílhavo, e a licença de desembarque concedida em Bristol, em 15 de Outubro, indicando ser ele o capitão da tripulação do “Douro”».
O capitão Richard Samuel, superintendente do porto, interinamente, deu a opinião seguinte:
«Que o “Douro” navegou até Lundy Island e aí perdeu todas as velas. Foi atingido pela corrente da maré em Carmarthen Bay e gradualmente impelido até chegar ao Hooper Bank, à entrada do estuário. Verificando que os corpos estavam munidos dos cintos de salvamento, é seu parecer que os tripulantes estavam preparados para, como último recurso, deixar o navio».
«Quanto ao interrogatório de testemunhas, foi apurado o seguinte:
Oficial de justiça – Foi o lugre visto de qualquer forma de Llanelly?
Testemunha – Sim, senhor, eu mesmo o vi, às 12.30 horas de sábado. Encontrava-se no Hooper Bank, mostrando só uma das suas velas.
Oficial de justiça – Poder-se-ia ter feito alguma coisa em seu socorro?
Testemunha – Depreendi que quando o barco salva-vidas “Tenby” chegasse ao local, já não fossem vistos vestígios. Até há três anos havia um barco salva-vidas estacionado em Burry Port, e, sem dúvida, se houvesse ali um no sábado último os tripulantes do navio naufragado teriam podido saltar para ele, com os seus cintos salva-vidas.
Nesta altura a continuação do inquérito foi adiada para daí a 15 dias».
(In jornal “Comércio do Porto”, sexta-feira, 15 de Novembro de 1918)
«Horas depois de escrita a nossa última carta, soubemos, com grande pesar, do naufrágio do “Douro”, perecendo toda a tripulação.
Durante a longa estadia connosco encontramos o capitão Paião, um homem agradável e correctíssimo, com o qual era um prazer conviver. Enviamos aos seus irmãos e parentes as nossas condolências por esta perda e à sua firma, que se priva dos serviços de tão apto capitão.
Junto enviamos uma notícia dos jornais de 5 do corrente, que informam ter aparecido o cadáver do capitão e presumimos também o do piloto, um jovem prometedor de um largo futuro».
«Notícia do “Western Mail”, de Bristol:
Falta de um barco salva-vidas – Vitimas de naufrágio em Burry Port
No inquérito aberto pelo sr. W.W. Brodie, em Llanelly, na segunda-feira, relativamente ao naufrágio do lugre português “Douro”, na baía de Carmarthen, foi expressa a opinião de que, se houvesse em Burry Port um barco salva-vidas, a tripulação poderia ter sido salva. O inquérito foi feito na presença de seis cadáveres aparecidos em Llanelly e dois em Burry Port.
O oficial de polícia, J. Rees, informou ter achado sobre o corpo de um dos homens um certificado de registo de tripulantes estrangeiros Nº 1.050-L, emitido pela polícia da cidade de Bristol.
O documento apresenta seis carimbos oficiais, dos quais o último foi afixado pelo departamento da polícia distrital de Newport, em 31 de Outubro de 1918. Foi emitido em nome de João Simões Paião, de Ílhavo, e a licença de desembarque concedida em Bristol, em 15 de Outubro, indicando ser ele o capitão da tripulação do “Douro”».
O capitão Richard Samuel, superintendente do porto, interinamente, deu a opinião seguinte:
«Que o “Douro” navegou até Lundy Island e aí perdeu todas as velas. Foi atingido pela corrente da maré em Carmarthen Bay e gradualmente impelido até chegar ao Hooper Bank, à entrada do estuário. Verificando que os corpos estavam munidos dos cintos de salvamento, é seu parecer que os tripulantes estavam preparados para, como último recurso, deixar o navio».
«Quanto ao interrogatório de testemunhas, foi apurado o seguinte:
Oficial de justiça – Foi o lugre visto de qualquer forma de Llanelly?
Testemunha – Sim, senhor, eu mesmo o vi, às 12.30 horas de sábado. Encontrava-se no Hooper Bank, mostrando só uma das suas velas.
Oficial de justiça – Poder-se-ia ter feito alguma coisa em seu socorro?
Testemunha – Depreendi que quando o barco salva-vidas “Tenby” chegasse ao local, já não fossem vistos vestígios. Até há três anos havia um barco salva-vidas estacionado em Burry Port, e, sem dúvida, se houvesse ali um no sábado último os tripulantes do navio naufragado teriam podido saltar para ele, com os seus cintos salva-vidas.
Nesta altura a continuação do inquérito foi adiada para daí a 15 dias».
(In jornal “Comércio do Porto”, sexta-feira, 15 de Novembro de 1918)
quinta-feira, 22 de março de 2018
História trágico-marítima (CCXLV)
O afundamento do vapor cisterna “Alviela”, em Lisboa
Encontra-se em frente da ponte do Arsenal de Marinha, a realizar trabalhos de reflutuação o navio de salvação “Patrão Lopes”, na tentativa de recuperar o vapor “Alviela”, afundado na madrugada de ante-ontem, quando estava atracado à canhoneira “Quanza”.
Na preamar das 6 horas de ontem, não houve trabalhos, para repouso da guarnição e dos mergulhadores do “Patrão Lopes”, que tem desenvolvido uma acção intensa e extenuante, sob a direcção do seu comandante, sr. Capitão-tenente Monteiro de Barros.
Na baixa-mar do meio-dia recomeçaram os trabalhos que haviam sido interrompidos às duas horas da madrugada. Os dois mergulhadores prosseguem no calafetamento exterior do “Alviela”, trabalha que se encontra já bastante adiantado. A chaminé do navio, que quase aflora à superfície, na baixa-mar, foi já tapada por um grupo de marinheiros, que se empregou afanosamente nessa tarefa.
Estão prontos a ser introduzidos no “Alviela” os restantes chupadores, que pela madrugada de amanhã começarão possivelmente a esgotar a água do navio afundado.
O sr. comandante Monteiro de Barros está bem impressionado com a marcha dos trabalhos e convencido que eles serão em breve coroados do melhor êxito.
É curiosos salientar que este é o primeiro trabalho de pôr a flutuar um vapor afundado, que se realiza no porto de Lisboa. Justo é destacar também a forma notável como estão agindo os mergulhadores e a guarnição do “Patrão Lopes”, sob a direcção do seu comandante, sr. Capitão-tenente Monteiro de Barros, coadjuvado pelos seus oficiais segundos-tenentes srs. Trindade de Sousa e Rosa.
Durante o dia de hoje foram passadas de bordo do “Patrão Lopes” para uma fragata do Arsenal, algumas das poderosas bombas daquele navio da Armada, que farão entrar em acção os chupadores de água, logo que tudo esteja pronto para tal.
Os srs. Ministro da Marinha, Almirante comandante-geral da Armada e Intendente do Arsenal, voltaram hoje a informar-se da marcha dos trabalhos de salvamento do navio cisterna afundado.
Na preamar das 6 horas de ontem, não houve trabalhos, para repouso da guarnição e dos mergulhadores do “Patrão Lopes”, que tem desenvolvido uma acção intensa e extenuante, sob a direcção do seu comandante, sr. Capitão-tenente Monteiro de Barros.
Na baixa-mar do meio-dia recomeçaram os trabalhos que haviam sido interrompidos às duas horas da madrugada. Os dois mergulhadores prosseguem no calafetamento exterior do “Alviela”, trabalha que se encontra já bastante adiantado. A chaminé do navio, que quase aflora à superfície, na baixa-mar, foi já tapada por um grupo de marinheiros, que se empregou afanosamente nessa tarefa.
Estão prontos a ser introduzidos no “Alviela” os restantes chupadores, que pela madrugada de amanhã começarão possivelmente a esgotar a água do navio afundado.
O sr. comandante Monteiro de Barros está bem impressionado com a marcha dos trabalhos e convencido que eles serão em breve coroados do melhor êxito.
É curiosos salientar que este é o primeiro trabalho de pôr a flutuar um vapor afundado, que se realiza no porto de Lisboa. Justo é destacar também a forma notável como estão agindo os mergulhadores e a guarnição do “Patrão Lopes”, sob a direcção do seu comandante, sr. Capitão-tenente Monteiro de Barros, coadjuvado pelos seus oficiais segundos-tenentes srs. Trindade de Sousa e Rosa.
Durante o dia de hoje foram passadas de bordo do “Patrão Lopes” para uma fragata do Arsenal, algumas das poderosas bombas daquele navio da Armada, que farão entrar em acção os chupadores de água, logo que tudo esteja pronto para tal.
Os srs. Ministro da Marinha, Almirante comandante-geral da Armada e Intendente do Arsenal, voltaram hoje a informar-se da marcha dos trabalhos de salvamento do navio cisterna afundado.
Características do navio “Alviela”
Armador: Ministério da Marinha
Nº Oficial: N/t - Iic: N/t - Porto de registo: Lisboa
Construtor: Desconhecido, Bordéus, França, 1928
Arqueação: Tab 158,40 tons - Tal 77,13 tons
Dimensões: Pp 30,72 mts - Boca 6,05 mts - Pontal 2,15 mts
Propulsão: 1 motor compósito - 120 Ihp
Nº Oficial: N/t - Iic: N/t - Porto de registo: Lisboa
Construtor: Desconhecido, Bordéus, França, 1928
Arqueação: Tab 158,40 tons - Tal 77,13 tons
Dimensões: Pp 30,72 mts - Boca 6,05 mts - Pontal 2,15 mts
Propulsão: 1 motor compósito - 120 Ihp
Durante o dia de hoje continuou activamente o trabalho do “Patrão Lopes” para fazer voltar à superfície o navio cisterna “Alviela”, afundado em frente do Arsenal.
Prosseguiu com êxito a acção dos chupadores de água, que esvaziaram grande parte do navio.
Esteve a bordo do “Patrão Lopes” o sr. engenheiro Sá Nogueira, administrador-geral do porto de Lisboa, a oferecer os préstimos da administração-geral, que o sr. comandante Monteiro de Barros agradeceu, recusando, todavia, por desnecessário.
É muito provável que hoje, ao fim da tarde, ou à noite, o “Alviela” possa ser trazido à superfície.
(In jornal “Comércio do Porto”, quarta-feira, 18 de Julho de 1934)
Prosseguiu com êxito a acção dos chupadores de água, que esvaziaram grande parte do navio.
Esteve a bordo do “Patrão Lopes” o sr. engenheiro Sá Nogueira, administrador-geral do porto de Lisboa, a oferecer os préstimos da administração-geral, que o sr. comandante Monteiro de Barros agradeceu, recusando, todavia, por desnecessário.
É muito provável que hoje, ao fim da tarde, ou à noite, o “Alviela” possa ser trazido à superfície.
(In jornal “Comércio do Porto”, quarta-feira, 18 de Julho de 1934)
O vapor cisterna “Alviela” continua afundado
Está ainda na mesma posição o vapor cisterna “Alviela”, afundado há dias em frente do Arsenal de Marinha.
Quando hoje, pelas 14 e 30 horas, no máximo da baixa-mar faziam a primeira tentativa de salvamento, rebentaram os fortes cabos de aço com que a barca “Alfeite” coadjuvava os trabalhos auxiliando a desagregação do barco do fundo do rio.
Em face deste contra tempo, voltaram a agir os mergulhadores que estabeleceram novos cabos, devendo na baixa-mar das 15 horas de amanhã fazerem nova tentativa.
(In jornal “Comércio do Porto”, sexta-feira, 20 de Julho de 1934)
Quando hoje, pelas 14 e 30 horas, no máximo da baixa-mar faziam a primeira tentativa de salvamento, rebentaram os fortes cabos de aço com que a barca “Alfeite” coadjuvava os trabalhos auxiliando a desagregação do barco do fundo do rio.
Em face deste contra tempo, voltaram a agir os mergulhadores que estabeleceram novos cabos, devendo na baixa-mar das 15 horas de amanhã fazerem nova tentativa.
(In jornal “Comércio do Porto”, sexta-feira, 20 de Julho de 1934)
domingo, 18 de março de 2018
Navios da pesca do bacalhau
Entraram ontem em Leixões os lugres “Aviz” e “Brites” que
regressaram da Gronelândia com apreciável carregamento
Foto do lugre bacalhoeiro "Brites" em Leixões
Imagem da Fotomar, Matosinhos
Correu bem – rápida e abundante – a pesca do bacalhau na Terra Nova e na Gronelândia.
Há dias chegaram os arrastões “Santa Joana”, “Santa Princesa” e “Álvaro Martins Homem”, e ontem entraram em Leixões o “Aviz” e o “Brites” – os primeiros dos 42 lugres que seguiram, em devido tempo, para aquelas paragens, a fim de tomarem parte na safra deste ano.
A entrada no porto efectuou-se pouco depois das 7 horas, estando no cais, numerosas mulheres e crianças – mães, esposas e filhos dos pescadores – que aguardavam, com ansiedade e inquietação o momento de os poderem abraçar.
O “Brites” pertence à praça de Aveiro, e o “Aviz” à Companhia de Pesca Transatlântica, do Porto.
Imagem da Fotomar, Matosinhos
Correu bem – rápida e abundante – a pesca do bacalhau na Terra Nova e na Gronelândia.
Há dias chegaram os arrastões “Santa Joana”, “Santa Princesa” e “Álvaro Martins Homem”, e ontem entraram em Leixões o “Aviz” e o “Brites” – os primeiros dos 42 lugres que seguiram, em devido tempo, para aquelas paragens, a fim de tomarem parte na safra deste ano.
A entrada no porto efectuou-se pouco depois das 7 horas, estando no cais, numerosas mulheres e crianças – mães, esposas e filhos dos pescadores – que aguardavam, com ansiedade e inquietação o momento de os poderem abraçar.
O “Brites” pertence à praça de Aveiro, e o “Aviz” à Companhia de Pesca Transatlântica, do Porto.
Foto do lugre bacalhoeiro "Aviz", ancorado no rio Douro
Colecção particular
Colecção particular
A bordo do “Aviz” – o maior navio-motor de madeira que se emprega na pesca do bacalhau – recebeu-nos o comandante sr. Manuel Nunes Guerra. No convés acastelavam-se os «dóris». Quase todos os homens tinham desembarcado. Aos poucos que se conservavam a bordo, estava a ser feito, no camarote do capitão, o pagamento pelos seus serviços.
Uns minutos de espera. Depois duas cervejas. O sr. Manuel Nunes Guerra, gentil como quase todos os homens do mar, bebe e quer que o jornalista beba também.
Fizemos perguntas – esboçamos uma entrevista.
- Coisas da guerra?
Não vi – respondeu-nos com um sorriso.
- Não viram aviões, submarinos, transportes?
Do nosso barco não vimos coisa alguma – insistiu.
Compreendemos a conveniência que o capitão do “Aviz” teria em guardar segredo. Mudamos, portanto, de rumo à conversa.
- Notícias dos outros navios?
Boas – o melhor possível. Exceptuando os lugres “Florentina”, “Milena”, “José Alberto” e “Ílhavense”, cuja pesca está mais demorada, os restantes – prosseguiu o nosso entrevistado – vem já de regresso. O pescado é do melhor – os carregamentos completos.
O “Aviz” conduz dez mil quintais de bacalhau, e esta viagem – acentuou o sr. Manuel Guerra – é a mais rápida dos últimos anos. Pode considerar-se viagem recorde. Gastamos, ao todo, 103 dias, e a viagem de regresso fez-se, da Gronelândia, em 28 dias. As condições de tempo foram-nos sempre favoráveis.
O “Aviz” conduziu três pescadores do lugre “Leopoldina”, que estavam hospitalizados no “Gil Eanes”. O “Brites” trouxe um. São: Francisco Matoso e Joaquim Francisco Ribeiro, de Buarcos; Álvaro dos Santos Reboque, da Figueira da Foz e José Gavina, da Póvoa de Varzim.
(In jornal "Comércio do Porto", sexta-feira, 4 de Setembro de 1942)
Uns minutos de espera. Depois duas cervejas. O sr. Manuel Nunes Guerra, gentil como quase todos os homens do mar, bebe e quer que o jornalista beba também.
Fizemos perguntas – esboçamos uma entrevista.
- Coisas da guerra?
Não vi – respondeu-nos com um sorriso.
- Não viram aviões, submarinos, transportes?
Do nosso barco não vimos coisa alguma – insistiu.
Compreendemos a conveniência que o capitão do “Aviz” teria em guardar segredo. Mudamos, portanto, de rumo à conversa.
- Notícias dos outros navios?
Boas – o melhor possível. Exceptuando os lugres “Florentina”, “Milena”, “José Alberto” e “Ílhavense”, cuja pesca está mais demorada, os restantes – prosseguiu o nosso entrevistado – vem já de regresso. O pescado é do melhor – os carregamentos completos.
O “Aviz” conduz dez mil quintais de bacalhau, e esta viagem – acentuou o sr. Manuel Guerra – é a mais rápida dos últimos anos. Pode considerar-se viagem recorde. Gastamos, ao todo, 103 dias, e a viagem de regresso fez-se, da Gronelândia, em 28 dias. As condições de tempo foram-nos sempre favoráveis.
O “Aviz” conduziu três pescadores do lugre “Leopoldina”, que estavam hospitalizados no “Gil Eanes”. O “Brites” trouxe um. São: Francisco Matoso e Joaquim Francisco Ribeiro, de Buarcos; Álvaro dos Santos Reboque, da Figueira da Foz e José Gavina, da Póvoa de Varzim.
(In jornal "Comércio do Porto", sexta-feira, 4 de Setembro de 1942)
domingo, 11 de março de 2018
História trágico-marítima! (CCXLIV)
O vapor “Estrellano” em risco no rio Douro
Barcaças que se afundam – Prejuízos importantes
O temporal destes últimos dias originou uma subida inesperada das águas do rio Douro as quais, na madrugada de ontem, provocaram bastante corrente a ponto de causar alguns acidentes.
Assim, o vapor inglês “Estrellano”, que estava fundeado no lugar dos Vanzeleres, do lado de Gaia, rebentou as amarras, arrastando consigo um dos peoris e atravessando o rio foi abalroar com o vapor da mesma nacionalidade “Backworth”, que se achava fundeado próximo do cais do Terreiro, ficando empastado a este último vapor.
Do embate resultou correrem sério risco os rebocadores “Record”, “Aquila” e “Mariazinha”, que estavam fundeados próximo de terra e junto ao vapor “Backworth”, os quais estiveram prestes a submergirem-se, principalmente o último daqueles rebocadores dado o seu pequeno tamanho e construção.
Dado o alarme, cerca das 4 horas, pelos constantes apitos dos vapores em perigo, foram tomadas as devidas providências, tendo comparecido os pilotos da barra e o Sr. Patrão-mor da Capitania do Porto, saltando para bordo das embarcações. Aliviando as amarrações de umas e suspendendo os ferros de outras conseguiram de momento aliviar um tanto o perigo que corriam.
Devido ao alarme compareceram, também, alguns rebocadores, tendo o “Vouga Iº” passado um cabo ao vapor “Estrellano” aguentando-o, até que, foram reclamados os serviços do vapor salvadego dinamarquês “Valkyrien” que, acidentalmente, se achava fundeado no rio Douro. Este último vapor passou, então, um cabo de reboque ao “Estrellano”, conseguindo retirá-lo da sua posição, levando-o para novo fundeadouro no lugar do Cavaco.
Após estas manobras, e na eventualidade de maior risco, foram ordenadas as mudanças de alguns vapores fundeados na Ribeira, para os fundeadouros do Cavaco e Santo António do Vale da Piedade.
Para estes fundeadouros seguiram, também, os vapores ingleses “Backworth” e “Darino”, dinamarquês “Viking”, e o lugre inglês “Bastian”, tendo a sua mudança sido auxiliada por vários rebocadores, entre eles o “Lusitânia”.
(In jornal “Comércio do Porto”, terça-feira, 21 de Janeiro de 1936)
Assim, o vapor inglês “Estrellano”, que estava fundeado no lugar dos Vanzeleres, do lado de Gaia, rebentou as amarras, arrastando consigo um dos peoris e atravessando o rio foi abalroar com o vapor da mesma nacionalidade “Backworth”, que se achava fundeado próximo do cais do Terreiro, ficando empastado a este último vapor.
Do embate resultou correrem sério risco os rebocadores “Record”, “Aquila” e “Mariazinha”, que estavam fundeados próximo de terra e junto ao vapor “Backworth”, os quais estiveram prestes a submergirem-se, principalmente o último daqueles rebocadores dado o seu pequeno tamanho e construção.
Dado o alarme, cerca das 4 horas, pelos constantes apitos dos vapores em perigo, foram tomadas as devidas providências, tendo comparecido os pilotos da barra e o Sr. Patrão-mor da Capitania do Porto, saltando para bordo das embarcações. Aliviando as amarrações de umas e suspendendo os ferros de outras conseguiram de momento aliviar um tanto o perigo que corriam.
Devido ao alarme compareceram, também, alguns rebocadores, tendo o “Vouga Iº” passado um cabo ao vapor “Estrellano” aguentando-o, até que, foram reclamados os serviços do vapor salvadego dinamarquês “Valkyrien” que, acidentalmente, se achava fundeado no rio Douro. Este último vapor passou, então, um cabo de reboque ao “Estrellano”, conseguindo retirá-lo da sua posição, levando-o para novo fundeadouro no lugar do Cavaco.
Após estas manobras, e na eventualidade de maior risco, foram ordenadas as mudanças de alguns vapores fundeados na Ribeira, para os fundeadouros do Cavaco e Santo António do Vale da Piedade.
Para estes fundeadouros seguiram, também, os vapores ingleses “Backworth” e “Darino”, dinamarquês “Viking”, e o lugre inglês “Bastian”, tendo a sua mudança sido auxiliada por vários rebocadores, entre eles o “Lusitânia”.
(In jornal “Comércio do Porto”, terça-feira, 21 de Janeiro de 1936)
Imagem do vapor inglês "Estrellano"
Foto de autor desconhecido
Características do navio “Estrellano”
Foto de autor desconhecido
Características do navio “Estrellano”
Armador: Ellerman Lines Ltd., Liverpool
Nº Oficial: N/d - Iic: G.D.P.K. - Porto de registo: Liverpool
Construtor: Hall, Russel & Co., Ltd., Aberdeen, Escócia, 1920
Arqueação: Tab 1.963,00 tons - Tal 1.226,00 tons
Dimensões: Pp 76,40 mts - Boca 11,63 mts - Pontal 5,21 mts
Propulsão: Do construtor - 1:Te - 3:Ci - 230 Nhp
Nº Oficial: N/d - Iic: G.D.P.K. - Porto de registo: Liverpool
Construtor: Hall, Russel & Co., Ltd., Aberdeen, Escócia, 1920
Arqueação: Tab 1.963,00 tons - Tal 1.226,00 tons
Dimensões: Pp 76,40 mts - Boca 11,63 mts - Pontal 5,21 mts
Propulsão: Do construtor - 1:Te - 3:Ci - 230 Nhp
No rio Douro devido ao nevoeiro encalharam dois vapores
Pouco depois das 13 horas de ontem, quando os vapores ingleses “Seamew” e “Estrellano”, seguiam rio abaixo a fim de saírem a barra, com destino aos portos de Inglaterra, ao passarem em frente ao Ouro, devido ao denso nevoeiro colidiram um no outro.
Devido ao acidente os vapores foram encalhar: o primeiro, num banco de areia, pelo sul do canal, e o outro um pouco ao norte do canal, ficando atravessado com a proa ao norte.
Dado o alarme compareceram os rebocadores “Record”, “Vouga Iº”, “Lusitânia” e “Mars II”, não tendo sido utilizados os seus serviços por, naquele momento, se tornarem desnecessários.
Os vapores, em virtude de terem encalhado no rio, não correram grande risco, sendo, somente, depois do encalhe, convenientemente espiados pelo pessoal dos pilotos da barra, que, prontamente, compareceram, tomando as providências que o caso requeria.
Supõe-se que o vapor “Estrellano” tivesse encalhado em alguma barcaça afundada e levada para aquele local pela última cheia, o que contribuiria para formar naquele lugar um pequeno banco de areia.
Os dois vapores desde há muito que estavam no rio Douro, prontos a seguir aos seus destinos, esperando, apenas, pela devida oportunidade.
O vapor “Estrellano” foi um dos navios que sofreu mais com a última cheia, correndo sério risco na ocasião em que lhe rebentaram as amarrações e atravessou o rio, embatendo com o vapor inglês “Backworth”. Teve algumas avarias e foi retirado da crítica situação em que se achava pelo vapor salvádego “Valkyrien”.
Devido ao acidente os vapores foram encalhar: o primeiro, num banco de areia, pelo sul do canal, e o outro um pouco ao norte do canal, ficando atravessado com a proa ao norte.
Dado o alarme compareceram os rebocadores “Record”, “Vouga Iº”, “Lusitânia” e “Mars II”, não tendo sido utilizados os seus serviços por, naquele momento, se tornarem desnecessários.
Os vapores, em virtude de terem encalhado no rio, não correram grande risco, sendo, somente, depois do encalhe, convenientemente espiados pelo pessoal dos pilotos da barra, que, prontamente, compareceram, tomando as providências que o caso requeria.
Supõe-se que o vapor “Estrellano” tivesse encalhado em alguma barcaça afundada e levada para aquele local pela última cheia, o que contribuiria para formar naquele lugar um pequeno banco de areia.
Os dois vapores desde há muito que estavam no rio Douro, prontos a seguir aos seus destinos, esperando, apenas, pela devida oportunidade.
O vapor “Estrellano” foi um dos navios que sofreu mais com a última cheia, correndo sério risco na ocasião em que lhe rebentaram as amarrações e atravessou o rio, embatendo com o vapor inglês “Backworth”. Teve algumas avarias e foi retirado da crítica situação em que se achava pelo vapor salvádego “Valkyrien”.
…..
Como as tentativas para desencalhar ambos os navios não dessem os necessários resultados, devido também à maré já estar na vazante, ficaram esses trabalhos para serem repetidos na preia-mar da noite, pela uma hora da madrugada. No local ficaram de prevenção os rebocadores antes referidos, para o caso de serem precisos os seus serviços.
…..
Apesar do denso nevoeiro não deixar ver nitidamente de terra os vapores, na margem direita juntaram-se bastantes curiosos a presenciar os trabalhos nas tentativas de desencalhe.
(In jornal “Comércio do Porto”, quarta-feira, 5 de Fevereiro de 1936)
(In jornal “Comércio do Porto”, quarta-feira, 5 de Fevereiro de 1936)
Imagem do navio "Seamew" na barra do rio Douro
Foto da colecção de Francisco Cabral
Foto da colecção de Francisco Cabral
Características do navio “Seamew”
Armador: General Steam Navigation Co. Ltd., Londres
Nº Oficial: N/d - Iic: M.F.R.P. - Porto de registo: Londres
Construtor: Ailsa Shipbuilding Co. Ltd., Ayr, Escócia, 1915
Arqueação: Tab 1.332,00 tons - Tal 656,00 tons
Dimensões: 76,20 mts - Boca 11,40 mts - Pontal 4,32 mts
Propulsão: Do construtor - 1:Te - 3:Ci - 266 Nhp
Nº Oficial: N/d - Iic: M.F.R.P. - Porto de registo: Londres
Construtor: Ailsa Shipbuilding Co. Ltd., Ayr, Escócia, 1915
Arqueação: Tab 1.332,00 tons - Tal 656,00 tons
Dimensões: 76,20 mts - Boca 11,40 mts - Pontal 4,32 mts
Propulsão: Do construtor - 1:Te - 3:Ci - 266 Nhp
O encalhe dos vapores ingleses “Estrellano” e “Seamew”
A posição dos vapores ingleses “Estrellano” e “Seamew”, encalhados ante-ontem no rio Douro, em frente ao Ouro, é a mesma. Apesar das tentativas feitas ontem, na maré, às primeiras horas do dia, com o fim de os desencalhar, nada foi conseguido. Durante o dia continuaram a aliviar a carga dos dois vapores, para na maré de hoje fazerem novas tentativas. O vapor “Seamew”, dadas as condições do encalhe, assentando totalmente num banco de areia, é provável que tenha de aliviar toda a carga que conduzia.
Quanto ao vapor “Estrellano”, os trabalhos de descarga foram bastante difíceis devido ao vapor se encontrar um pouco adornado a estibordo, não dando, por esse motivo, o efeito desejado, obrigando o vapor a ter de ficar na mesma posição por mais um dia.
Este último vapor, que tomou com o seu encalhe quase todo o canal, ficando atravessado, com a proa para o norte, deu origem a não poderem entrar os vapores que estavam fora, para demandar a barra, e a sair outros, cujo calado fosse superior a 12 pés.
Apenas entrou o salvadego dinamarquês “Valkyrien”, que após ter chegado a Lisboa, ido do Porto, recebeu ordem para voltar para o rio Douro, a fim de oferecer os seus serviços aos vapores encalhados.
Saíram cinco vapores em lastro, cujo calado não ia além do previsto para poderem passar na garganta do canal, entre a proa do vapor “Estrellano” e o fundeadouro do rebocador “Tritão”, próximo à margem direita.
Fora da barra ficaram, portanto, onze vapores e um navio, tendo seguido para Lisboa os vapores alemães “Tanger” e “Ceuta” que há dois dias se encontravam ao largo para entrar no rio Douro. De Lisboa voltarão ao Porto.
As novas tentativas para o desencalhe, devem efectuar-se hoje, na maré da tarde, se as condições do tempo forem favoráveis.
(In jornal “Comércio do Porto”, quinta-feira, 6 de Fevereiro de 1936)
Quanto ao vapor “Estrellano”, os trabalhos de descarga foram bastante difíceis devido ao vapor se encontrar um pouco adornado a estibordo, não dando, por esse motivo, o efeito desejado, obrigando o vapor a ter de ficar na mesma posição por mais um dia.
Este último vapor, que tomou com o seu encalhe quase todo o canal, ficando atravessado, com a proa para o norte, deu origem a não poderem entrar os vapores que estavam fora, para demandar a barra, e a sair outros, cujo calado fosse superior a 12 pés.
Apenas entrou o salvadego dinamarquês “Valkyrien”, que após ter chegado a Lisboa, ido do Porto, recebeu ordem para voltar para o rio Douro, a fim de oferecer os seus serviços aos vapores encalhados.
Saíram cinco vapores em lastro, cujo calado não ia além do previsto para poderem passar na garganta do canal, entre a proa do vapor “Estrellano” e o fundeadouro do rebocador “Tritão”, próximo à margem direita.
Fora da barra ficaram, portanto, onze vapores e um navio, tendo seguido para Lisboa os vapores alemães “Tanger” e “Ceuta” que há dois dias se encontravam ao largo para entrar no rio Douro. De Lisboa voltarão ao Porto.
As novas tentativas para o desencalhe, devem efectuar-se hoje, na maré da tarde, se as condições do tempo forem favoráveis.
(In jornal “Comércio do Porto”, quinta-feira, 6 de Fevereiro de 1936)
O encalhe do vapor “Estrellano”, no rio Douro
Continuaram, ontem, os trabalhos para o desencalhe do vapor inglês “Estrellano”, que se acha encalhado no rio Douro, em frente ao lugar do Ouro, atravessado no canal do rio.
O vapor salvadego dinamarquês “Valkyrien”, ontem, pouco depois das 14 horas passou um cabo de arame à popa do referido vapor, puxando-o, até depois das 16 horas, sem ter obtido um resultado satisfatório. Por este motivo teve de adiar as tentativas para a maré da madrugada de hoje, ou então para a maré da tarde.
O vapor salvadego dinamarquês “Valkyrien”, ontem, pouco depois das 14 horas passou um cabo de arame à popa do referido vapor, puxando-o, até depois das 16 horas, sem ter obtido um resultado satisfatório. Por este motivo teve de adiar as tentativas para a maré da madrugada de hoje, ou então para a maré da tarde.
…..
Devido ao encalhe do vapor “Estrellano” notou-se um regular banco de areia no lugar do Ouro não podendo, de futuro, entrar ou sair vapores com mais de 15 pés de calado, enquanto não forem feitas as dragagens necessárias.
Logo que o vapor “Estrellano” se safe do local serão tomadas as devidas providências, dando início, depois, àquelas dragagens, que provavelmente serão efectuadas pela draga “Porto”.
Logo que o vapor “Estrellano” se safe do local serão tomadas as devidas providências, dando início, depois, àquelas dragagens, que provavelmente serão efectuadas pela draga “Porto”.
…..
Ao largo ainda ficaram 10 vapores, cujo calado não permite a passagem no canal e no ponto referido. Apenas entraram, ontem, 3 vapores e um navio, tendo saído cinco vapores.
(In jornal “Comércio do Porto”, Domingo, 9 de Fevereiro de 1936)
(In jornal “Comércio do Porto”, Domingo, 9 de Fevereiro de 1936)
O desencalhe do vapor “Estrellano”
Às primeiras horas da manhã de Domingo, e após porfiados esforços levados a efeito pelo salvadego “Valkyrien”, foi desencalhado do banco de areia o vapor inglês “Estrellano”, que havia encalhado, há dias, em frente ao Ouro.
O “Estrellano”, que se supõe nada ter sofrido com o encalhe, foi levado para o lugar do Cavaco, onde ficou fundeado, devendo ser vistoriado para ser certificado se precisa ou não de qualquer reparação.
Os navios que se conservam ao largo e se destinam ao rio Douro e que, devido ao encalhe do “Estrellano” e do “Seamew” não puderam demandar a barra, vão permanecer na mesma situação, agora prejudicada pelo agravamento do mar, até que tenham oportunidade de poder fazê-lo.
(In jornal “Comércio do Porto”, terça, 11 de Fevereiro de 1936)
O “Estrellano”, que se supõe nada ter sofrido com o encalhe, foi levado para o lugar do Cavaco, onde ficou fundeado, devendo ser vistoriado para ser certificado se precisa ou não de qualquer reparação.
Os navios que se conservam ao largo e se destinam ao rio Douro e que, devido ao encalhe do “Estrellano” e do “Seamew” não puderam demandar a barra, vão permanecer na mesma situação, agora prejudicada pelo agravamento do mar, até que tenham oportunidade de poder fazê-lo.
(In jornal “Comércio do Porto”, terça, 11 de Fevereiro de 1936)
quinta-feira, 8 de março de 2018
terça-feira, 6 de março de 2018
Navios portugueses!
Os cavalos também se abatem
(Horace McCoy)
Afinal nem só os cavalos se matam a tiro. Os navios, também eles incansáveis galopadores dos mares em fúria, são abatidos a tiro, quando a sua presença ferida sobre as vagas, se revela uma ameaça!…
É nestas circunstâncias, que se configura com grande actualidade a frase do vice-almirante espanhol D. Castro Méndez Núnez, ao afirmar que mais vale a honra sem barcos, do que barcos sem honra, para recordar o lugre “Gaspar” (IIº), da Sociedade Novas Pescarias de Viana, Lda.
E por uma questão de justiça, merece igualmente especial relevo o capitão Manuel de Oliveira Mendes, que fez do navio a sua casa durante 19 anos de incansável dedicação, tenacidade e competência, até ao seu falecimento em 1947.
É nestas circunstâncias, que se configura com grande actualidade a frase do vice-almirante espanhol D. Castro Méndez Núnez, ao afirmar que mais vale a honra sem barcos, do que barcos sem honra, para recordar o lugre “Gaspar” (IIº), da Sociedade Novas Pescarias de Viana, Lda.
E por uma questão de justiça, merece igualmente especial relevo o capitão Manuel de Oliveira Mendes, que fez do navio a sua casa durante 19 anos de incansável dedicação, tenacidade e competência, até ao seu falecimento em 1947.
O lugre "Gaspar" a navegar em 1947
Imagem de autor desconhecido
Características do lugre “Gaspar (IIº)
1922 – 1948
Imagem de autor desconhecido
Características do lugre “Gaspar (IIº)
1922 – 1948
Armador: Soc. Novas Pescarias de Viana, Lda., Viana do Castelo
Construtor: Manuel Maria Bolais Mónica, Figueira da Foz
Construtor: Manuel Maria Bolais Mónica, Figueira da Foz
(Este navio construído nas primitivas instalações que compunham o estaleiro do mestre António Maria Bolais Mónica, no Cabedelo, Figueira da Foz, foi originalmente concebido para a marinha de comércio, por encomenda da empresa Nápoles, Pinto Basto & Cª., Lda., de Lisboa. Teve o seu bota-abaixo a 24 de Agosto de 1919, sendo baptizado “Sarah”, nome que utilizou até à sua venda em 1922).
Arqueação: Tab 317,68 tons - Tal 245,81 tons
Comprimentos: Pp 43,35 mts - Boca 8,80 mts - Pontal 4,23 mts
Propulsão: À vela
Devido à instalação de um motor auxiliar, que decorreu durante o ano de 1938, o navio sofreu modificações estruturais, alterando as características para:
Comprimentos: Pp 43,35 mts - Boca 8,80 mts - Pontal 4,23 mts
Propulsão: À vela
Devido à instalação de um motor auxiliar, que decorreu durante o ano de 1938, o navio sofreu modificações estruturais, alterando as características para:
Arqueação: Tab 308,99 tons - Tal 199,31 tons
Dimensões: Ff 46,47 mts - Pp 39,39 mts - Bc 8,95 mts - Ptl 4,23 mts
Propulsão: Deutz, Alemanha, 1938 - 1:Di - 240 Bhp - 8 m/h
Equipagem: 9 tripulantes e 30 pescadores
Dimensões: Ff 46,47 mts - Pp 39,39 mts - Bc 8,95 mts - Ptl 4,23 mts
Propulsão: Deutz, Alemanha, 1938 - 1:Di - 240 Bhp - 8 m/h
Equipagem: 9 tripulantes e 30 pescadores
Capitães embarcados: Manuel de Oliveira Mendes (1922 a 1925), Jacob de Oliveira Mendes (1926 a 1928), Manuel de Oliveira Mendes (1929 a 1930). O lugre não efectuou as campanhas de 1931 a 1933, período em que toda a frota esteve sujeita a fracas capturas de pescado. Manuel de Oliveira Mendes (1934 a 1947) e João de Sousa Firmeza (1948).
Ferido de morte após enfrentar corajosamente um violento temporal, o navio foi afundado a tiro pelo cutter da Guarda Costeira Americana “Bibb”, no dia 19 de Setembro de 1948, conforme relato que a seguir transcrevemos:
Embora com grandes avarias provocadas pela violenta tempestade, que assolou o Norte do Atlântico, o lugre “Gaspar”, que correu o risco de naufragar, continua a sua rota, segundo um rádio captado por um barco espanhol.
Angustiosas, pungentes horas foram vividas, ontem, em muitas localidades do litoral, logo que se espalhou a notícia de que algo ocorrera com o lugre “Gaspar”, de Viana do Castelo, nas longínquas paragens da Terra Nova. De princípio imprecisa, alarmante, a notícia divulgou-se com rapidez extraordinária, chegando a recear-se, então, pelas vidas de todos os seus tripulantes. Para tranquilidade das famílias, outras informações, porém, foram chegando, mais precisas, dando conta de socorros prestados, não só aos pescadores como ao próprio lugre.
De facto o “Gaspar”, açoitado violentamente, pelo vendaval que pairou, durante horas, em todo o Atlântico Norte, correra risco grave, mas felizmente, o seu apelo fora captado. Em seu socorro rumou, logo, o navio-hospital “Gil Eanes”, que saíra ante-ontem de St. John’s. Para tranquilidade das famílias, o comandante deste prestante auxiliar da nossa frota bacalhoeira, enviou um rádio para o Ministério da Marinha, comunicando que, junto do barco sinistrado estava, já, um arrastão espanhol, a prestar socorro aos tripulantes. Foi esta comunicação, por certo, a que mais tranquilidade causou. Entretanto iam chegando novas notícias, por intermédio das agências telegráficas, dando conta que, do porto de Nova Iorque haviam saído também, em socorro do “Gaspar” e dos seus tripulantes, um cruzador, um contra-torpedeiro e um barco mercante, bem como um rebocador canadiano.
Também para o local, a cerca de mil e quinhentos quilómetros de Halifax, na Nova Escócia, seguiu uma patrulha de aviões, com barcos salva-vidas.
Tão tranquilizadoras notícias acalmaram um pouco a ansiedade de pobres famílias da Fuzeta, Vila do Conde, Póvoa de Varzim, Ílhavo, Darque, Viana do Castelo, Âncora e Sesimbra – terras dos quarenta e quatro homens, que se encontravam embarcados no “Gaspar”. Pela tarde, a “Reuter” comunicava que, segundo dados recebidos da fragata Americana “Cecil N. Bean” e do navio “Tropero”, a tripulação do lugre português estava salva. Os trabalhos de salvamento da gente do “Gaspar”, foram realizados a seiscentos e quarenta quilómetros a Sudoeste do Cabo Race, na Terra Nova. Neles tomaram parte, também, dois bombardeiros norte-americanos e um hidroavião da vigilância costeira, que levantaram voo da base de Argentia, logo que foi recebido o pedido de socorro do comandante do lugre português.
Entretanto, ao local chegavam outros barcos, entre os quais o cruzador “Albany” e o contra-torpedeiro “Purty”, da marinha de guerra americana. Por último, um telegrama da “France-Press” dizia que através da traineira espanhola “Tifon”, o “Gaspar” apesar das avarias sofridas a bordo, julgava-se em estado de continuar a sua rota pelos seus próprios meios, não necessitando mais do que auxílio exterior. Mesmo assim o lugre manteve-se escoltado pelos navios de guerra e mercantes, que se encontravam nessas paragens.
O “Gaspar” pertence à empresa Novas Pescarias de Viana, é comandado pelo capitão da marinha mercante, Sr. João de Sousa Firmeza, de Ílhavo, foi construído na Figueira da Foz em 1919 e tem capacidade para 5.500 quintais de bacalhau. Mede de comprimento 39,39 metros e tem 8,95 metros de boca. Embora construído em madeira, está revestido a chapas de ferro e tem equipado um motor de propulsão. O capitão João de Sousa Firmeza, faz nele a sua primeira viagem, visto ter falecido no ano findo o antigo comandante Sr. Manuel de Oliveira Mendes.
(In Jornal “O Comércio do Porto”, sexta-feira, 17 de Setembro de 1948)
Ferido de morte após enfrentar corajosamente um violento temporal, o navio foi afundado a tiro pelo cutter da Guarda Costeira Americana “Bibb”, no dia 19 de Setembro de 1948, conforme relato que a seguir transcrevemos:
Embora com grandes avarias provocadas pela violenta tempestade, que assolou o Norte do Atlântico, o lugre “Gaspar”, que correu o risco de naufragar, continua a sua rota, segundo um rádio captado por um barco espanhol.
Angustiosas, pungentes horas foram vividas, ontem, em muitas localidades do litoral, logo que se espalhou a notícia de que algo ocorrera com o lugre “Gaspar”, de Viana do Castelo, nas longínquas paragens da Terra Nova. De princípio imprecisa, alarmante, a notícia divulgou-se com rapidez extraordinária, chegando a recear-se, então, pelas vidas de todos os seus tripulantes. Para tranquilidade das famílias, outras informações, porém, foram chegando, mais precisas, dando conta de socorros prestados, não só aos pescadores como ao próprio lugre.
De facto o “Gaspar”, açoitado violentamente, pelo vendaval que pairou, durante horas, em todo o Atlântico Norte, correra risco grave, mas felizmente, o seu apelo fora captado. Em seu socorro rumou, logo, o navio-hospital “Gil Eanes”, que saíra ante-ontem de St. John’s. Para tranquilidade das famílias, o comandante deste prestante auxiliar da nossa frota bacalhoeira, enviou um rádio para o Ministério da Marinha, comunicando que, junto do barco sinistrado estava, já, um arrastão espanhol, a prestar socorro aos tripulantes. Foi esta comunicação, por certo, a que mais tranquilidade causou. Entretanto iam chegando novas notícias, por intermédio das agências telegráficas, dando conta que, do porto de Nova Iorque haviam saído também, em socorro do “Gaspar” e dos seus tripulantes, um cruzador, um contra-torpedeiro e um barco mercante, bem como um rebocador canadiano.
Também para o local, a cerca de mil e quinhentos quilómetros de Halifax, na Nova Escócia, seguiu uma patrulha de aviões, com barcos salva-vidas.
Tão tranquilizadoras notícias acalmaram um pouco a ansiedade de pobres famílias da Fuzeta, Vila do Conde, Póvoa de Varzim, Ílhavo, Darque, Viana do Castelo, Âncora e Sesimbra – terras dos quarenta e quatro homens, que se encontravam embarcados no “Gaspar”. Pela tarde, a “Reuter” comunicava que, segundo dados recebidos da fragata Americana “Cecil N. Bean” e do navio “Tropero”, a tripulação do lugre português estava salva. Os trabalhos de salvamento da gente do “Gaspar”, foram realizados a seiscentos e quarenta quilómetros a Sudoeste do Cabo Race, na Terra Nova. Neles tomaram parte, também, dois bombardeiros norte-americanos e um hidroavião da vigilância costeira, que levantaram voo da base de Argentia, logo que foi recebido o pedido de socorro do comandante do lugre português.
Entretanto, ao local chegavam outros barcos, entre os quais o cruzador “Albany” e o contra-torpedeiro “Purty”, da marinha de guerra americana. Por último, um telegrama da “France-Press” dizia que através da traineira espanhola “Tifon”, o “Gaspar” apesar das avarias sofridas a bordo, julgava-se em estado de continuar a sua rota pelos seus próprios meios, não necessitando mais do que auxílio exterior. Mesmo assim o lugre manteve-se escoltado pelos navios de guerra e mercantes, que se encontravam nessas paragens.
O “Gaspar” pertence à empresa Novas Pescarias de Viana, é comandado pelo capitão da marinha mercante, Sr. João de Sousa Firmeza, de Ílhavo, foi construído na Figueira da Foz em 1919 e tem capacidade para 5.500 quintais de bacalhau. Mede de comprimento 39,39 metros e tem 8,95 metros de boca. Embora construído em madeira, está revestido a chapas de ferro e tem equipado um motor de propulsão. O capitão João de Sousa Firmeza, faz nele a sua primeira viagem, visto ter falecido no ano findo o antigo comandante Sr. Manuel de Oliveira Mendes.
(In Jornal “O Comércio do Porto”, sexta-feira, 17 de Setembro de 1948)
Curiosidades
Em relação ao texto anterior, confirma-se que a capacidade de carga do lugre era de 5.500 quintais. Nesse ano de 1948, ficamos a saber que a equipagem era composta por 44 homens, 9 dos quais compunham a tripulação permanente, sendo os 35 restantes pescadores repartidos por várias classes.
Podemos complementar a mesma informação, através dos valores média entre os anos de 1928 a 1943, que apontam para uma equipagem de 43 tripulantes e 41 dóris.
Em 1929, o navio mais os dóris estavam avaliados em 350 mil escudos, dispondo de 46 linhas e tróleis com anzóis e zagaias, cuja aquisição orçou em cerca de 50 mil escudos. Nos anos de 1928 a 1929 nos bancos da Terra Nova e de 1932 a 1934, na Terra Nova e Gronelândia, o pior ano de capturas foi 1928. Nesse ano foram pescados 1.800 quintais de bacalhau e produzido 1.500 kgs. de óleo de fígado, comercializados por escudos 271.206$00. Já em 1934, os valores subiram consideravelmente para 5.353 quintais de bacalhau, i.e. praticamente um carregamento completo e ainda puderam produzir 2.700 kgs. de óleo de fígado, que em conjunto renderam cerca de 810 mil escudos.
Podemos complementar a mesma informação, através dos valores média entre os anos de 1928 a 1943, que apontam para uma equipagem de 43 tripulantes e 41 dóris.
Em 1929, o navio mais os dóris estavam avaliados em 350 mil escudos, dispondo de 46 linhas e tróleis com anzóis e zagaias, cuja aquisição orçou em cerca de 50 mil escudos. Nos anos de 1928 a 1929 nos bancos da Terra Nova e de 1932 a 1934, na Terra Nova e Gronelândia, o pior ano de capturas foi 1928. Nesse ano foram pescados 1.800 quintais de bacalhau e produzido 1.500 kgs. de óleo de fígado, comercializados por escudos 271.206$00. Já em 1934, os valores subiram consideravelmente para 5.353 quintais de bacalhau, i.e. praticamente um carregamento completo e ainda puderam produzir 2.700 kgs. de óleo de fígado, que em conjunto renderam cerca de 810 mil escudos.
O cutter "Bibb" da Guarda Costeira Americana
Foto de autor desconhecido
Imagem retirada do sítio da Guarda Costeira dos Estados Unidos
O lugre “Gaspar” foi afundado sob grande emoção, a tiros de peça
disparados pelo cutter da Guarda Costeira Americana “Bibb”
Foto de autor desconhecido
Imagem retirada do sítio da Guarda Costeira dos Estados Unidos
O lugre “Gaspar” foi afundado sob grande emoção, a tiros de peça
disparados pelo cutter da Guarda Costeira Americana “Bibb”
O navio hospital “Gil Eanes” chegado ao local onde se encontrava o lugre “Gaspar”, logo procedeu à transferência da tripulação, que se encontrava a bordo do navio da Guarda Costeira Americana “Bibb”. Durante a noite, o comandante Tavares de Almeida esteve em conversações pela rádio com o comandante do navio americano, tendo ambos acordado que não era viável o reboque do lugre, por se encontrar com as amuras desaparecidas, cabos torcidos e a proa aberta, sujeito a afundamento, apesar de ser lento o processo. Por esse motivo, foram disparados mais de uma dúzia de tiros de peça, provocando o adornar da embarcação e o seu afundamento, de quilha para cima, para evitar que o casco fosse um perigo para a navegação.
(In Jornal “O Comércio do Porto”, segunda, 20 de Setembro de 1948)
(In Jornal “O Comércio do Porto”, segunda, 20 de Setembro de 1948)
Desembarcaram ontem em Leixões alguns náufragos do lugre “Gaspar”
que se afundou em Agosto, a quinhentas milhas da Terra Nova
que se afundou em Agosto, a quinhentas milhas da Terra Nova
Sob o comando do sr. capitão Manuel Nunes Gonçalves Guerra, entrou no porto de Leixões, ontem, de tarde, o navio bacalhoeiro a motor “Condestável”, com dez mil quintais de bacalhau.
A bordo, além dos setenta e cinco homens que constituem a equipagem do navio, vieram onze dos náufragos do lugre português “Gaspar”, da praça de Viana, afundado em virtude de um violento furacão, a cerca de quinhentas milhas da Terra Nova, em 15 de Agosto findo.
Numerosas pessoas das famílias dos náufragos e da equipagem do “Condestável” aguardavam no molhe de Leixões a entrada do navio, entregando-se a compreensíveis manifestações de alegria. Todos os homens regressaram de boa saúde e com esplêndido aspecto. Esperavam o navio os armadores do “Condestável”. Srs. José da Cunha Teixeira, também delegado do Grémio dos Armadores dos Navios da Pesca do Bacalhau do Porto, Fernando Moreira de Almeida, Domingos Pinto Ribeiro Gomes e Alberto de Sousa, engenheiro sr. João Teixeira de Queiroz, armador do lugre naufragado; Joaquim Maia Águas, chefe dos Serviços de Pescadores, do Grémio, e outras individualidades.
Cumpridas as formalidades legais, os jornalistas falaram com os pescadores do “Gaspar”, que lhes confirmaram as notícias vindas a público e esclareceram a maneira como morreu o pescador de Viana do Castelo, Salvador Gonçalves Vieira. Foi uma vaga gigantesca que varreu a ré do navio, já quase desmantelado, e levou esse pescador e mais doze companheiros da equipagem. A mesma vaga trouxe de novo estes últimos ao convés. O primeiro não voltou a aparecer.
Também relataram como o capitão Firmeza dirigiu um apelo ao “Gil Eanes”, visto estar com água aberta, e o sr. comandante Tavares de Almeida, chefe dos serviços de assistência à frota portuguesa, transmitiu esse apelo pela rádio, e solicitou às autoridades da Terra Nova que mandassem localizar o navio em perigo e lhe prestassem socorro, o que rapidamente foi feito. Três aviões duma base norte-americana levantaram voo e o navio-patrulha “Bibb” foi o primeiro navio a chegar junto do “Gaspar”.
Já então o mar estava menos encapelado. Mas o “Gaspar”, desmantelado, não tinha salvação. Os náufragos vieram para o cutter “Bibb”, numa jangada de borracha, rebocada por uma baleeira. Tanto no navio americano, como na base de Argentia Bay, na Terra Nova, e, depois, no transporte “Gil Eanes”, foram magnificamente tratados. Os pescadores não deixaram de manifestar a sua gratidão, por tal motivo.
Em St, John’s, o sr. comandante Tavares de Almeida mandou comprar roupas e calçado para todos. A bordo do “Condestável” também foram muito bem tratados e por esse motivo antes de desembarcar, apresentaram os seus agradecimentos ao sr. Capitão Manuel Guerra.
Toda a equipagem do lugre naufragado receberá, na integra, as percentagens do bacalhau pescado, tal como se o navio chegasse a porto de salvamento e, ainda o seguro das roupas que perderam.
Como, porém, não foi entregue o respectivo protesto às autoridades marítimas portuguesas, nem chegou a lista do navio que só virá dentro de dias, o sr. comandante Henrique Tenreiro determinou que fossem entregues dois mil escudos a cada um dos homens, antes do desembarque, além de lhes serem pagos os transportes e mais despesas até às localidades onde residem. Foi o sr. Maia Águas quem efectuou esse pagamento, logo depois da chegada do “Condestável”. A liquidação total será feita pela Mútua dos Armadores logo após a entrega do protesto e da lista do bacalhau que o navio conduzia para Portugal.
Os restantes náufragos são esperados a bordo do “Adélia Maria” e do “Coimbra”, que se calcula cheguem amanhã, e do “Rui Alberto”, navio onde viaja o capitão.
Os pescadores chegados ontem no “Condestável” e que já seguiram para as suas terras, são os seguintes:
Albertino Rodrigues Maio, Lírio Gonçalves Cascão, Francisco da Costa Marques, Francisco da Silva Fangueiro, e Abílio Gavina Ribeiro, todos de Vila do Conde; José da Agonia Cruz e Manuel da Conceição Silva, da Póvoa de Varzim: António Fernandes Júnior e José Emílio, da Fuzeta: Domingos Fernandes Fão, de Vila Praia de Âncora; e Fernando Gavina, de Lisboa.
(In jornal “Comércio do Porto”, sábado, 16 de Outubro de 1948)
A bordo, além dos setenta e cinco homens que constituem a equipagem do navio, vieram onze dos náufragos do lugre português “Gaspar”, da praça de Viana, afundado em virtude de um violento furacão, a cerca de quinhentas milhas da Terra Nova, em 15 de Agosto findo.
Numerosas pessoas das famílias dos náufragos e da equipagem do “Condestável” aguardavam no molhe de Leixões a entrada do navio, entregando-se a compreensíveis manifestações de alegria. Todos os homens regressaram de boa saúde e com esplêndido aspecto. Esperavam o navio os armadores do “Condestável”. Srs. José da Cunha Teixeira, também delegado do Grémio dos Armadores dos Navios da Pesca do Bacalhau do Porto, Fernando Moreira de Almeida, Domingos Pinto Ribeiro Gomes e Alberto de Sousa, engenheiro sr. João Teixeira de Queiroz, armador do lugre naufragado; Joaquim Maia Águas, chefe dos Serviços de Pescadores, do Grémio, e outras individualidades.
Cumpridas as formalidades legais, os jornalistas falaram com os pescadores do “Gaspar”, que lhes confirmaram as notícias vindas a público e esclareceram a maneira como morreu o pescador de Viana do Castelo, Salvador Gonçalves Vieira. Foi uma vaga gigantesca que varreu a ré do navio, já quase desmantelado, e levou esse pescador e mais doze companheiros da equipagem. A mesma vaga trouxe de novo estes últimos ao convés. O primeiro não voltou a aparecer.
Também relataram como o capitão Firmeza dirigiu um apelo ao “Gil Eanes”, visto estar com água aberta, e o sr. comandante Tavares de Almeida, chefe dos serviços de assistência à frota portuguesa, transmitiu esse apelo pela rádio, e solicitou às autoridades da Terra Nova que mandassem localizar o navio em perigo e lhe prestassem socorro, o que rapidamente foi feito. Três aviões duma base norte-americana levantaram voo e o navio-patrulha “Bibb” foi o primeiro navio a chegar junto do “Gaspar”.
Já então o mar estava menos encapelado. Mas o “Gaspar”, desmantelado, não tinha salvação. Os náufragos vieram para o cutter “Bibb”, numa jangada de borracha, rebocada por uma baleeira. Tanto no navio americano, como na base de Argentia Bay, na Terra Nova, e, depois, no transporte “Gil Eanes”, foram magnificamente tratados. Os pescadores não deixaram de manifestar a sua gratidão, por tal motivo.
Em St, John’s, o sr. comandante Tavares de Almeida mandou comprar roupas e calçado para todos. A bordo do “Condestável” também foram muito bem tratados e por esse motivo antes de desembarcar, apresentaram os seus agradecimentos ao sr. Capitão Manuel Guerra.
Toda a equipagem do lugre naufragado receberá, na integra, as percentagens do bacalhau pescado, tal como se o navio chegasse a porto de salvamento e, ainda o seguro das roupas que perderam.
Como, porém, não foi entregue o respectivo protesto às autoridades marítimas portuguesas, nem chegou a lista do navio que só virá dentro de dias, o sr. comandante Henrique Tenreiro determinou que fossem entregues dois mil escudos a cada um dos homens, antes do desembarque, além de lhes serem pagos os transportes e mais despesas até às localidades onde residem. Foi o sr. Maia Águas quem efectuou esse pagamento, logo depois da chegada do “Condestável”. A liquidação total será feita pela Mútua dos Armadores logo após a entrega do protesto e da lista do bacalhau que o navio conduzia para Portugal.
Os restantes náufragos são esperados a bordo do “Adélia Maria” e do “Coimbra”, que se calcula cheguem amanhã, e do “Rui Alberto”, navio onde viaja o capitão.
Os pescadores chegados ontem no “Condestável” e que já seguiram para as suas terras, são os seguintes:
Albertino Rodrigues Maio, Lírio Gonçalves Cascão, Francisco da Costa Marques, Francisco da Silva Fangueiro, e Abílio Gavina Ribeiro, todos de Vila do Conde; José da Agonia Cruz e Manuel da Conceição Silva, da Póvoa de Varzim: António Fernandes Júnior e José Emílio, da Fuzeta: Domingos Fernandes Fão, de Vila Praia de Âncora; e Fernando Gavina, de Lisboa.
(In jornal “Comércio do Porto”, sábado, 16 de Outubro de 1948)
segunda-feira, 5 de março de 2018
Histórias do tempo da guerra!
O ataque e afundamento do paquete "Avila Star"
Um dos últimos sobreviventes do “Avila Star” chegou
a Londres e prestou calorosa homenagem aos esforços
dos portugueses para encontrarem os náufragos
Londres, 31 – Chegou a esta cidade um dos últimos sobreviventes do paquete “Avila Star”. Tem dezoito anos de idade e chama-se Allen Fisher.
Presta efusiva homenagem à eficiência do auxílio dado pelos portugueses. Fisher era o quinto piloto do paquete e teve ao seu cargo a direcção de um salva-vidas, que um segundo torpedo, dirigido contra o navio, fez ir pelos ares.
Depois de andar à tôa durante cinco horas, foi recolhido por outro salva-vidas. Este andou sem governo durante quatro dias, alimentando-se os passageiros de tablóides de alimentos concentrados, de chocolate, e tendo apenas escassa ração de água.
Um navio contra-torpedeiro português recolheu-os e conduziu os náufragos a uma ilha, donde passaram para bordo dum navio britânico.
(In jornal “Comércio do Porto”, sábado, 1 de Agosto de 1942)
(In jornal “Comércio do Porto”, sábado, 1 de Agosto de 1942)
Imagem do navio e aspectos diversos de interiores
Postal ilustrado da companhia armadora
Características do paquete “Avila Star”
Postal ilustrado da companhia armadora
Armador: Blue Star Line Ltd., Londres, Inglaterra
Nº Oficial: N/d - Iic: G.M.T.Y. - Porto de registo: Londres
Construtor: J. Brown & Co. Ltd., Glasgow, Escócia, Março 1927
Arqueação: Tab 14.443,00 tons - Tal 11.899,00 tons
Dimensões: Pp 167,74 mts - Boca 20,78 mts - Pontal 12,95 mts
Propulsão: Do construtor, 4xTv - 1.840 Nhp - Velocidade 18 m/h
Nº Oficial: N/d - Iic: G.M.T.Y. - Porto de registo: Londres
Construtor: J. Brown & Co. Ltd., Glasgow, Escócia, Março 1927
Arqueação: Tab 14.443,00 tons - Tal 11.899,00 tons
Dimensões: Pp 167,74 mts - Boca 20,78 mts - Pontal 12,95 mts
Propulsão: Do construtor, 4xTv - 1.840 Nhp - Velocidade 18 m/h
O salvamento da baleeira com os náufragos do “Avila Star”
Festa de homenagem no Instituto Britânico
Festa de homenagem no Instituto Britânico
No Instituto Britânico, em Lisboa, realizou-se, ontem, à tarde, uma festa de homenagem aos oficiais e marinheiros do aviso “Pedro Nunes” e aos oficiais do Centro de Aviação Naval, que pesquisaram no mar e localizaram a baleeira do “Avila Star”.
Assistiram, também, alguns dos náufragos que chegaram a Lisboa.
Trocaram-se amistosos brindes.
(In jornal “Comércio do Porto”, sábado, 1 de Agosto de 1942)
Assistiram, também, alguns dos náufragos que chegaram a Lisboa.
Trocaram-se amistosos brindes.
(In jornal “Comércio do Porto”, sábado, 1 de Agosto de 1942)
O salvamento dos náufragos do “Avila Star”
Lisboa tem os habitantes mais amáveis do mundo,
afirma um jornal de Londres
Lisboa tem os habitantes mais amáveis do mundo,
afirma um jornal de Londres
Londres, 3 – Os jornais desta manhã publicam com grande relevo as primeiras gravuras do salvamento dos náufragos do “Avila Star”, pelo navio de guerra português “Pedro Nunes”. Mostram igualmente o estado lastimoso em que estavam muitos desses sobreviventes e o tocante carinho com que foram tratados pelos portugueses.
Uma dessas gravuras, por exemplo, mostra como os marinheiros portugueses prestaram assistência aos náufragos exaustos a bordo do “Pedro Nunes”. Em longos períodos descreve-se como os sobreviventes recordam a bondade dos portugueses.
O jornal «Daily Sketch” publica as fotografais com este titulo: «Dos mares perigosos para a terra amiga», recordando no texto que, durante a viagem do “Pedro Nunes” do local do salvamento para Lisboa, marinheiros portugueses deram o sangue para aqueles cujo estado exigia uma transfusão urgente.
Não há duvida que a publicação destas fotografias virá aumentar ainda o sentimento de gratidão que o povo britânico já manifestou pelos esforços que em Portugal se despenderam em auxílio das vitimas da tragédia do “Avila Star”.
Todos os ingleses sentirão que miss Muriel Clark, quando chegou à Grã-Bretanha, vinda de Lisboa, exprimiu com felicidade e verdade o sentimento geral nestas palavras: «Lisboa tem os habitantes mais amáveis do mundo».
(In jornal “Comércio do Porto”, terça-feira, 4 de Agosto de 1942)
Uma dessas gravuras, por exemplo, mostra como os marinheiros portugueses prestaram assistência aos náufragos exaustos a bordo do “Pedro Nunes”. Em longos períodos descreve-se como os sobreviventes recordam a bondade dos portugueses.
O jornal «Daily Sketch” publica as fotografais com este titulo: «Dos mares perigosos para a terra amiga», recordando no texto que, durante a viagem do “Pedro Nunes” do local do salvamento para Lisboa, marinheiros portugueses deram o sangue para aqueles cujo estado exigia uma transfusão urgente.
Não há duvida que a publicação destas fotografias virá aumentar ainda o sentimento de gratidão que o povo britânico já manifestou pelos esforços que em Portugal se despenderam em auxílio das vitimas da tragédia do “Avila Star”.
Todos os ingleses sentirão que miss Muriel Clark, quando chegou à Grã-Bretanha, vinda de Lisboa, exprimiu com felicidade e verdade o sentimento geral nestas palavras: «Lisboa tem os habitantes mais amáveis do mundo».
(In jornal “Comércio do Porto”, terça-feira, 4 de Agosto de 1942)
Salva-vidas oferecido ao Instituto de Socorros a Náufragos
A baleeira salva-vidas, que conduziu os 28 náufragos do paquete inglês “Avila Star”, afundado no mês passado, e que foi recolhida pelo aviso “Pedro Nunes”, foi oferecida ao Instituto de Socorros a Náufragos.
(In jornal “Comércio do Porto”, Domingo, 16 de Agosto de 1942)
O paquete “Avila Star” foi atacado e afundado pelo submarino alemão U-201, sob o comando do capitão Adalbert Schnee, no dia 6 de Julho de 1942, a cerca de 90 milhas a este da Ilha de S. Miguel, Açores, na posição 38° 04'N, 22° 48'W. O paquete procedia dos portos de Buenos Aires e Freetown, encontrando-se a navegar com destino a Liverpool. Da equipagem composta por 196 tripulantes, há a registar 59 mortos e 137 sobreviventes, parte dos quais foram resgatados pelo contra-torpedeiro “Lima” (D 333) e desembarcados em Ponta Delgada, sendo os restantes salvos pelo aviso “Pedro Nunes” (A 528) e desembarcados em Lisboa.
(In jornal “Comércio do Porto”, Domingo, 16 de Agosto de 1942)
O paquete “Avila Star” foi atacado e afundado pelo submarino alemão U-201, sob o comando do capitão Adalbert Schnee, no dia 6 de Julho de 1942, a cerca de 90 milhas a este da Ilha de S. Miguel, Açores, na posição 38° 04'N, 22° 48'W. O paquete procedia dos portos de Buenos Aires e Freetown, encontrando-se a navegar com destino a Liverpool. Da equipagem composta por 196 tripulantes, há a registar 59 mortos e 137 sobreviventes, parte dos quais foram resgatados pelo contra-torpedeiro “Lima” (D 333) e desembarcados em Ponta Delgada, sendo os restantes salvos pelo aviso “Pedro Nunes” (A 528) e desembarcados em Lisboa.
domingo, 4 de março de 2018
Navios portugueses!
O Chefe do Estado visitou, ontem, o novo paquete “Pátria”
Foto do paquete "Pátria"
Bilhete postal da empresa armadora
Características do paquete "Pátria
Armador: Companhia Colonial de Navegação, Lisboa
Nº Oficial: G-495 - Iic: C.S.L.X. - Porto de registo: Lisboa, 20.1.1948
Construtor: John Brown & Co., Clydebank, Escócia, 1948
Arqueação: Tab 13.196,48 tons - Tal 7.805,33 tons
Dimensões: Ff 161,85 mts - Pp 154,67 mts - Bc 20,83 mts - Ptl 9.75 mts
Propulsão: Do construtor - 2x:Tv - 13.200 Ihp - 20 m/h
Equipagem: 188 tripulantes e 635 passageiros
Destino: Vendido para demolir em 1973
Nº Oficial: G-495 - Iic: C.S.L.X. - Porto de registo: Lisboa, 20.1.1948
Construtor: John Brown & Co., Clydebank, Escócia, 1948
Arqueação: Tab 13.196,48 tons - Tal 7.805,33 tons
Dimensões: Ff 161,85 mts - Pp 154,67 mts - Bc 20,83 mts - Ptl 9.75 mts
Propulsão: Do construtor - 2x:Tv - 13.200 Ihp - 20 m/h
Equipagem: 188 tripulantes e 635 passageiros
Destino: Vendido para demolir em 1973
O conselho de administração da Companhia colonial de Navegação, antes da partida do novo paquete “Pátria” para a sua primeira viagem aos portos da África Portuguesa, desejou oferecer, a bordo, uma recepção em honra do Chefe do Estado e demais entidades oficiais.
Ontem, aquele paquete foi visitado pelo sr. marechal Carmona, que ali chegou às 15 horas, acompanhado pelo sr. major Nuno de Brion. No cais era aguardado pelos srs. dr. Albino dos Reis, presidente da Assembleia Nacional: dr. José Gabriel Pinto Coelho, presidente da Câmara Corporativa; ministros da Marinha, Colónias, Economia, Educação e Interior; sub-secretários do Comércio, Colónias, Educação, Assistência e das Corporações; Bernardino Correia e dr. Soares da Fonseca, respectivamente, presidente do conselho de administração e comissário do Governo junto da C.C.N.
Após os cumprimentos, o sr. marechal Carmona, acompanhado pelas individualidades presentes subiu para bordo do paquete, onde era aguardado pelo comandante do navio, sr. António Martins Verdade, pelo imediato, sr. Óscar Oliveira Guimarães, dirigindo-se para a sala de visitas da 1ª classe, onde conversou durante alguns minutos.
Naquela sala e nos decks de 1ª classe do paquete já se encontravam algumas individualidades de relevo.
A seguir, na luxuosa sala de 1ª classe, realizou-se a cerimónia de saudação ao Chefe do Estado, O sr. Bernardino Correia, presidente do conselho de administração da Companhia Colonial de Navegação, saudou o Chefe do Estado e falou da história da Marinha Mercante nacional, dizendo que a chegada ao Tejo do novo navio “Pátria”, marca o prosseguimento duma nova era de progresso e de eficiência.
Depois, o sr. Presidente da República agradeceu o convite e felicitou a Companhia Colonial de Navegação por ter adquirido aquela esplêndida unidade, que tanto enriquece a nossa Marinha Mercante, sentindo-se feliz por ter visitado o “Pátria” e via que todas as outras pessoas presentes se mostravam satisfeitas, pela Marinha Mercante comercial, possuir desde agora mais uma unidade das muitas que constam do plano de renovação da frota. Afirmou que o “Pátria” é um paquete que vai ligar majestosamente a metrópole com as colónias, facto de muita importância para as nossas relações com o Império.
Após ter feito o elogio do sr. Bernardino Correia, comunicou que o ia agraciar com o grau de Grande Oficial da Ordem de Mérito Industrial.
A seguir, na sala de jantar, foi oferecido um lanche ao Chefe de Estado. O “Pátria” foi até em frente a S. José de Ribamar, retrocedendo para subir o rio até perto de Alfeite e atracou, pelas 19,15 à gare marítima da Rocha do Conde de Óbidos. Pouco depois desembarcou com o Chefe de Estado, ministros e demais convidados.
Ao fim da tarde, o sr. Joaquim Cordeiro, funcionário superior da Companhia Colonial de Navegação, em nome do respectivo conselho de administração, foi à residência particular do Chefe do Estado, no Lumiar, oferecer um ramo de flores à sra. Dª Maria do Carmo de Fragoso Carmona, esposa do sr. Presidente da República,
(In jornal “Comércio do Porto”, sexta-feira, 16 de Janeiro de 1948)
Ontem, aquele paquete foi visitado pelo sr. marechal Carmona, que ali chegou às 15 horas, acompanhado pelo sr. major Nuno de Brion. No cais era aguardado pelos srs. dr. Albino dos Reis, presidente da Assembleia Nacional: dr. José Gabriel Pinto Coelho, presidente da Câmara Corporativa; ministros da Marinha, Colónias, Economia, Educação e Interior; sub-secretários do Comércio, Colónias, Educação, Assistência e das Corporações; Bernardino Correia e dr. Soares da Fonseca, respectivamente, presidente do conselho de administração e comissário do Governo junto da C.C.N.
Após os cumprimentos, o sr. marechal Carmona, acompanhado pelas individualidades presentes subiu para bordo do paquete, onde era aguardado pelo comandante do navio, sr. António Martins Verdade, pelo imediato, sr. Óscar Oliveira Guimarães, dirigindo-se para a sala de visitas da 1ª classe, onde conversou durante alguns minutos.
Naquela sala e nos decks de 1ª classe do paquete já se encontravam algumas individualidades de relevo.
A seguir, na luxuosa sala de 1ª classe, realizou-se a cerimónia de saudação ao Chefe do Estado, O sr. Bernardino Correia, presidente do conselho de administração da Companhia Colonial de Navegação, saudou o Chefe do Estado e falou da história da Marinha Mercante nacional, dizendo que a chegada ao Tejo do novo navio “Pátria”, marca o prosseguimento duma nova era de progresso e de eficiência.
Depois, o sr. Presidente da República agradeceu o convite e felicitou a Companhia Colonial de Navegação por ter adquirido aquela esplêndida unidade, que tanto enriquece a nossa Marinha Mercante, sentindo-se feliz por ter visitado o “Pátria” e via que todas as outras pessoas presentes se mostravam satisfeitas, pela Marinha Mercante comercial, possuir desde agora mais uma unidade das muitas que constam do plano de renovação da frota. Afirmou que o “Pátria” é um paquete que vai ligar majestosamente a metrópole com as colónias, facto de muita importância para as nossas relações com o Império.
Após ter feito o elogio do sr. Bernardino Correia, comunicou que o ia agraciar com o grau de Grande Oficial da Ordem de Mérito Industrial.
A seguir, na sala de jantar, foi oferecido um lanche ao Chefe de Estado. O “Pátria” foi até em frente a S. José de Ribamar, retrocedendo para subir o rio até perto de Alfeite e atracou, pelas 19,15 à gare marítima da Rocha do Conde de Óbidos. Pouco depois desembarcou com o Chefe de Estado, ministros e demais convidados.
Ao fim da tarde, o sr. Joaquim Cordeiro, funcionário superior da Companhia Colonial de Navegação, em nome do respectivo conselho de administração, foi à residência particular do Chefe do Estado, no Lumiar, oferecer um ramo de flores à sra. Dª Maria do Carmo de Fragoso Carmona, esposa do sr. Presidente da República,
(In jornal “Comércio do Porto”, sexta-feira, 16 de Janeiro de 1948)
quinta-feira, 1 de março de 2018
Navios portugueses!
O navio-motor “Arraiolos” chegou ontem ao Tejo
Foto do navio-motor "Arraiolos"
Cartão postal da empresa armadora
Características do navio-motor “ Arraiolos “
01.11.1948 - 03.01.1972
Cartão postal da empresa armadora
Características do navio-motor “ Arraiolos “
01.11.1948 - 03.01.1972
Armador: Sociedade Geral de C.I. e Transportes, Lisboa
Nº Oficial: H-368 - Iic: C.S.I.S. - Porto de registo: Lisboa
Construtor: Bartram & Sons, Ltd., Sunderland, 22.04.1948
Nº Oficial: H-368 - Iic: C.S.I.S. - Porto de registo: Lisboa
Construtor: Bartram & Sons, Ltd., Sunderland, 22.04.1948
Detalhes oficiais do navio, registo de 1949
Arqueação: Tab 5.289,28 tons - Tal 3.135,81 tons - Pm 9.588 tons
Dimensões: Ff 137,46 mts - Pp 131,70 mts - Bc 17,95 mts - Ptl 8,14 mts
Propulsão: North Eastern Eng. - 1:Di - 4:Ci - 4.250 Bhp - 13 m/h
Equipagem: 37 tripulantes - lotação para 12 passageiros
Dimensões: Ff 137,46 mts - Pp 131,70 mts - Bc 17,95 mts - Ptl 8,14 mts
Propulsão: North Eastern Eng. - 1:Di - 4:Ci - 4.250 Bhp - 13 m/h
Equipagem: 37 tripulantes - lotação para 12 passageiros
Transferido para a Companhia Nacional de Navegação, a 3 de Janeiro de 1972 e posteriormente vendido em 1976.
dp “Fos I”, Madina Marina Co. Ltd., Limassol, Chipre, 1976-1977
dp “Paula”, Madina Marina Co. Ltd., Limassol, Chipre, 1977-1977
dp “Esperos III”, Medina Marine, Limassol, Chipre, 1977-1978
dp “Paula”, Madina Marina Co. Ltd., Limassol, Chipre, 1977-1977
dp “Esperos III”, Medina Marine, Limassol, Chipre, 1977-1978
Vendido para demolir à firma Gujiran Wala Steel Industries, em Gadani Beach, Paquistão, a 30 de Abril de 1978.
O navio-motor “Arraiolos”, mais uma nova unidade da Sociedade Geral de Transportes, chegou, ontem, à tarde, ao Tejo, vindo de Inglaterra, onde foi construído. Tem o deslocamento de 9.500 toneladas, o comprimento de 132 metros e 18 de boca, desenvolvendo a velocidade de 14 nós. Dispõe de instalações frigoríficas e de camarotes para doze passageiros. Tem, como comandante o sr. capitão João Oliveira Quintinha, um dos mais hábeis oficiais da nossa Marinha Mercante.
O navio partirá no próximo dia 1 de Novembro para a sua primeira viagem, com destino aos portos da África Ocidental.
O sr. Ministro da marinha e outras entidades oficiais, como habitualmente, visitarão o navio brevemente.
(In jornal “Comércio do Porto”, sábado, 16 de Outubro de 1948)
O navio-motor “Arraiolos”, mais uma nova unidade da Sociedade Geral de Transportes, chegou, ontem, à tarde, ao Tejo, vindo de Inglaterra, onde foi construído. Tem o deslocamento de 9.500 toneladas, o comprimento de 132 metros e 18 de boca, desenvolvendo a velocidade de 14 nós. Dispõe de instalações frigoríficas e de camarotes para doze passageiros. Tem, como comandante o sr. capitão João Oliveira Quintinha, um dos mais hábeis oficiais da nossa Marinha Mercante.
O navio partirá no próximo dia 1 de Novembro para a sua primeira viagem, com destino aos portos da África Ocidental.
O sr. Ministro da marinha e outras entidades oficiais, como habitualmente, visitarão o navio brevemente.
(In jornal “Comércio do Porto”, sábado, 16 de Outubro de 1948)
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