Sinistro marítimo
O “Highland Hope” encalhou nas Berlengas
1ª Parte
O transatlântico considera-se perdido, tendo os passageiros
desembarcado em Peniche, nas baleeiras de bordo
A noroeste das Berlengas e a cerca de 13 milhas da costa de Peniche, encalhou hoje o transatlântico inglês “Highland Hope”, um belo paquete de 14.500 toneladas da série dos Highland, que pertence à Nelson Line, de que são agentes em Lisboa os srs. E. Pinto Basto & Cª.
O “Highland Hope”, com 380 passageiros, oito dos quais se dirigiam a Lisboa, e 170 homens de tripulação, saíra há dias de Londres para fazer a sua costumada viagem com escala por Boulogne, Vigo e Lisboa, e dirigia-se à América do Sul, tendo embarcado em Vigo cerca de 200 emigrantes espanhóis, que viajavam em 3ª classe. Além disso, trazia 140 passageiros de 1ª classe e 80 passageiros de 2ª.
Logo que entrou na costa portuguesa, caiu sobre o mar um nevoeiro densíssimo, que obrigou o navio a abrandar a marcha, tendo sido tomadas todas as precauções, que são de uso em tais casos.
A sereia de bordo fazia ouvir de 2 em 2 minutos os seus lamentos. O pessoal de quarto vigiava na ponte. Os passageiros dormiam, poucos se tendo apercebido que o navio navegava entre um nevoeiro tão denso, que a poucos metros de distância já não se distinguia o mar.
O “Highland Hope”, com 380 passageiros, oito dos quais se dirigiam a Lisboa, e 170 homens de tripulação, saíra há dias de Londres para fazer a sua costumada viagem com escala por Boulogne, Vigo e Lisboa, e dirigia-se à América do Sul, tendo embarcado em Vigo cerca de 200 emigrantes espanhóis, que viajavam em 3ª classe. Além disso, trazia 140 passageiros de 1ª classe e 80 passageiros de 2ª.
Logo que entrou na costa portuguesa, caiu sobre o mar um nevoeiro densíssimo, que obrigou o navio a abrandar a marcha, tendo sido tomadas todas as precauções, que são de uso em tais casos.
A sereia de bordo fazia ouvir de 2 em 2 minutos os seus lamentos. O pessoal de quarto vigiava na ponte. Os passageiros dormiam, poucos se tendo apercebido que o navio navegava entre um nevoeiro tão denso, que a poucos metros de distância já não se distinguia o mar.
O encalhe
Às 4 horas e 45 minutos, quando o navio se aproximava das Berlengas, foi sentido um grande choque. Os passageiros acordam sobressaltados e correram para a tolda.
O comandante Johnes, um velho lobo-do-mar, que tem 74 anos de idade, apercebeu-se rapidamente que o navio tinha encalhado num rochedo, que naquela altura só podia ser o Farilhão, que está a cerca de 6 milhas a noroeste das Berlengas.
Um passageiro suíço descreveu do seguinte modo o encalhe e os trabalhos de salvamento, que se seguiram:
- Logo que se sentiu o choque do navio nos penedos, os passageiros foram tomados de pânico e correram, para o convés. A tripulação, porém, começou a sossegar os mais assustadiços, aconselhando-lhes serenidade, para os trabalhos de salvamento poderem decorrer com ordem, visto que não havia o perigo imediato do navio se afundar.
«A sineta de bordo começou a tocar, chamando às baleeiras, onde começaram a fazer o embarque dos passageiros. Logo que as primeiras se encheram, foram arreadas pela tripulação, poisando com certa dificuldade sobre o mar, por se ter levantado uma certa ondulação.
«Foi feito tudo na melhor ordem. Registou-se apenas precipitação entre os passageiros de 3ª classe, por serem os mais numerosos.
«Claro que houve cenas dramáticas, principalmente entre as senhoras, que choravam e gritavam, receando não só pela sua vida, como pelas das criancinhas que as acompanhavam e que são em grande número.
«Devo dizer que nos foram prestados socorros preciosíssimos pelos pescadores que andavam perto, na sua faina, e que acorreram imediatamente ao local do sinistro, auxiliando no reboque das baleeiras para terra. Se não fossem esses bravos homens do mar, para os quais vai toda a nossa gratidão, teria havido algumas desgraças a lamentar.
«A bordo, acenderam os projectores, a fim de facilitar o desembarque. Os seus fachos luminosos iluminavam não só o navio, como varriam o mar na direcção da costa, ensinando o caminho às baleeiras carregadas de passageiros, que se dirigiam para terra.
«No momento de desembarcar, ficou entalado entre o costado do navio e uma baleeira um tripulante espanhol, tendo ficado ferida também uma senhora. São os únicos desastres pessoais que há a lamentar.
«Foi verificado mais tarde que o relógio do ferido tinha parado nas 5 horas, o que equivale dizer que entre o encalhe do navio e o salvamento dos primeiros passageiros decorreu apenas um quarto de hora.
O comandante Johnes, um velho lobo-do-mar, que tem 74 anos de idade, apercebeu-se rapidamente que o navio tinha encalhado num rochedo, que naquela altura só podia ser o Farilhão, que está a cerca de 6 milhas a noroeste das Berlengas.
Um passageiro suíço descreveu do seguinte modo o encalhe e os trabalhos de salvamento, que se seguiram:
- Logo que se sentiu o choque do navio nos penedos, os passageiros foram tomados de pânico e correram, para o convés. A tripulação, porém, começou a sossegar os mais assustadiços, aconselhando-lhes serenidade, para os trabalhos de salvamento poderem decorrer com ordem, visto que não havia o perigo imediato do navio se afundar.
«A sineta de bordo começou a tocar, chamando às baleeiras, onde começaram a fazer o embarque dos passageiros. Logo que as primeiras se encheram, foram arreadas pela tripulação, poisando com certa dificuldade sobre o mar, por se ter levantado uma certa ondulação.
«Foi feito tudo na melhor ordem. Registou-se apenas precipitação entre os passageiros de 3ª classe, por serem os mais numerosos.
«Claro que houve cenas dramáticas, principalmente entre as senhoras, que choravam e gritavam, receando não só pela sua vida, como pelas das criancinhas que as acompanhavam e que são em grande número.
«Devo dizer que nos foram prestados socorros preciosíssimos pelos pescadores que andavam perto, na sua faina, e que acorreram imediatamente ao local do sinistro, auxiliando no reboque das baleeiras para terra. Se não fossem esses bravos homens do mar, para os quais vai toda a nossa gratidão, teria havido algumas desgraças a lamentar.
«A bordo, acenderam os projectores, a fim de facilitar o desembarque. Os seus fachos luminosos iluminavam não só o navio, como varriam o mar na direcção da costa, ensinando o caminho às baleeiras carregadas de passageiros, que se dirigiam para terra.
«No momento de desembarcar, ficou entalado entre o costado do navio e uma baleeira um tripulante espanhol, tendo ficado ferida também uma senhora. São os únicos desastres pessoais que há a lamentar.
«Foi verificado mais tarde que o relógio do ferido tinha parado nas 5 horas, o que equivale dizer que entre o encalhe do navio e o salvamento dos primeiros passageiros decorreu apenas um quarto de hora.
A chegada a terra
Às 8 horas e 30 minutos, começaram a chegar a terra as primeiras baleeiras com passageiros, que vinham rebocadas pela traineira “Maria Luiza”. Foi assim que as autoridades marítimas de Peniche tiveram conhecimento do naufrágio, visto o “Highland Hope” se encontrar a 13 milhas da costa, não se podendo avistar de terra, mesmo com boas condições de visibilidade. O mestre da traineira, António Uva, deu logo conhecimento do sinistro ao capitão do porto, 1º tenente João Encarnação, que tomou imediatas providencias para socorrer o navio encalhado e alojar os passageiros que começavam a desembarcar.
Os homens foram distribuídos pelos hotéis e as senhoras alojadas em casas particulares. A vila tomou um aspecto de movimento desusado. A população saiu para a rua, acolhendo todos com o maior carinho.
Algumas senhoras surpreendidas pelo sinal de alarme, não tiveram tempo de se vestir, vindo para terra, umas em pijama e outras em camisa de dormir, com os casacos pelos ombros. Os homens vestiam também, na sua maioria, trajos menores, tendo-lhes sido emprestados em terra casacos para se cobrirem.
Entretanto, largavam para o navio sinistrado mais traineiras, a fim de conduzirem para terra os salva-vidas. Os trabalhos de desembarque terminaram só às 11 horas.
Foi então que o comandante Johnes embarcou na última baleeira, supondo que já não estava ninguém a bordo. Mas quando a embarcação ia a afastar-se do navio, ouviram-se gritos lancinantes de pedido de socorro a bordo. Tinham ficado ainda no navio três passageiros: uma senhora com uma criança e um rapaz de 15 anos, que dormiam no mesmo beliche, com um sono tão pesado que não se aperceberam do choque, nem dos toques repetidos da sineta, que foram feitos a bordo.
Só acordaram depois de feito o salvamento de todos os passageiros e tripulantes. Correram então até ao convés onde gritaram por socorro. A baleeira do comandante recolheu-os e trouxe-os para terra.
Depois de terem sido salvas as 545 pessoas que o navio conduzia, entre passageiros e tripulantes, seguiram para bordo do navio cinco traineiras, a fim de trazerem para terra as bagagens dos passageiros.
Entretanto, e depois de terem tomado a primeira refeição, os náufragos seguiram para a estação de S. Mamede, em automóveis e caminhetas que foram mobilizadas pelas autoridades marítimas, tendo-se formado ali às 16 horas um comboio especial a fim de os conduzir para Lisboa.
Os homens foram distribuídos pelos hotéis e as senhoras alojadas em casas particulares. A vila tomou um aspecto de movimento desusado. A população saiu para a rua, acolhendo todos com o maior carinho.
Algumas senhoras surpreendidas pelo sinal de alarme, não tiveram tempo de se vestir, vindo para terra, umas em pijama e outras em camisa de dormir, com os casacos pelos ombros. Os homens vestiam também, na sua maioria, trajos menores, tendo-lhes sido emprestados em terra casacos para se cobrirem.
Entretanto, largavam para o navio sinistrado mais traineiras, a fim de conduzirem para terra os salva-vidas. Os trabalhos de desembarque terminaram só às 11 horas.
Foi então que o comandante Johnes embarcou na última baleeira, supondo que já não estava ninguém a bordo. Mas quando a embarcação ia a afastar-se do navio, ouviram-se gritos lancinantes de pedido de socorro a bordo. Tinham ficado ainda no navio três passageiros: uma senhora com uma criança e um rapaz de 15 anos, que dormiam no mesmo beliche, com um sono tão pesado que não se aperceberam do choque, nem dos toques repetidos da sineta, que foram feitos a bordo.
Só acordaram depois de feito o salvamento de todos os passageiros e tripulantes. Correram então até ao convés onde gritaram por socorro. A baleeira do comandante recolheu-os e trouxe-os para terra.
Depois de terem sido salvas as 545 pessoas que o navio conduzia, entre passageiros e tripulantes, seguiram para bordo do navio cinco traineiras, a fim de trazerem para terra as bagagens dos passageiros.
Entretanto, e depois de terem tomado a primeira refeição, os náufragos seguiram para a estação de S. Mamede, em automóveis e caminhetas que foram mobilizadas pelas autoridades marítimas, tendo-se formado ali às 16 horas um comboio especial a fim de os conduzir para Lisboa.
O navio perdido
O comandante do “Highland Hope”, que se recusou a fazer declarações, mostra-se abatido. O navio ficou espetado nos rochedos, não se tendo notado que metesse água, talvez porque os próprios rochedos lhe sirvam de estanque. No entanto, na posição em que ficou e com os rombos que deve ter recebido no costado, considera-se perdido.
Os socorros
Logo que houve conhecimento do sinistro em Lisboa, por intermédio do posto Radiotelegráfico de Monsanto, o Comando Geral da Armada ordenou que o “Patrão Lopes” seguisse para o local do encalhe, a fim de prestar os necessários socorros.
Efectivamente, aquele rebocador saiu a barra com destino aos Farilhões, às 9 horas e 10 minutos. Pouco depois, largava com o mesmo destino o salvadego dinamarquês de socorro “Valkyrien”, em obediência a uma ordem radiotelegráfica recebida de Gibraltar.
O comandante Johnes, chegado a terra, pôs-se em comunicação telefónica com a casa Pinto Basto, tendo comunicado, o seguinte:
- Às 5 horas da manhã de hoje, encontrei-me encalhado nos penedos dos Farilhões, a noroeste das Berlengas e a 13 milhas a oeste de Peniche. O paquete ficou preso de proa nos penedos, metendo água nos porões. Imediatamente se arriaram as baleeiras de bordo, nas quais os passageiros e a tripulação se dirigiram para Peniche, rebocadas por traineiras de pesca, que prestaram excelentes serviços. De Peniche, seguiram para S. Mamede, e dali vão de comboio para Lisboa, devendo continuar viagem num paquete da Mala Real.
Apenas ficou ferido um tripulante espanhol, que seguiu de automóvel para o hospital de S. José, depois de ter recebido os primeiros socorros no hospital desta vila.
Efectivamente, aquele rebocador saiu a barra com destino aos Farilhões, às 9 horas e 10 minutos. Pouco depois, largava com o mesmo destino o salvadego dinamarquês de socorro “Valkyrien”, em obediência a uma ordem radiotelegráfica recebida de Gibraltar.
O comandante Johnes, chegado a terra, pôs-se em comunicação telefónica com a casa Pinto Basto, tendo comunicado, o seguinte:
- Às 5 horas da manhã de hoje, encontrei-me encalhado nos penedos dos Farilhões, a noroeste das Berlengas e a 13 milhas a oeste de Peniche. O paquete ficou preso de proa nos penedos, metendo água nos porões. Imediatamente se arriaram as baleeiras de bordo, nas quais os passageiros e a tripulação se dirigiram para Peniche, rebocadas por traineiras de pesca, que prestaram excelentes serviços. De Peniche, seguiram para S. Mamede, e dali vão de comboio para Lisboa, devendo continuar viagem num paquete da Mala Real.
Apenas ficou ferido um tripulante espanhol, que seguiu de automóvel para o hospital de S. José, depois de ter recebido os primeiros socorros no hospital desta vila.
10.000 palavras
Na estação telegrafo-postal de Peniche, o encarregado sr. Diamantino Vargas não teve mãos a medir. Todos os passageiros queriam informar telegraficamente as famílias de que estavam salvos. Foram dali enviados 400 telegramas, com um total de 10.000 palavras.
Para Peniche partiram imediatamente, logo que tiveram conhecimento do sinistro, os srs. cônsul de Inglaterra e Fernando Pinto Basto, da agência a que o navio vinha consignado.
Todos os passageiros e oficiais de bordo tecem os maiores louvores à maneira rápida e inteligente como goram organizados os serviços de socorros pela capitania do porto de Peniche.
Para Peniche partiram imediatamente, logo que tiveram conhecimento do sinistro, os srs. cônsul de Inglaterra e Fernando Pinto Basto, da agência a que o navio vinha consignado.
Todos os passageiros e oficiais de bordo tecem os maiores louvores à maneira rápida e inteligente como goram organizados os serviços de socorros pela capitania do porto de Peniche.
Falta uma criança
Embora não tenha sido feita ainda a contagem dos náufragos, cujo procedimento terá lugar na estação de S. Mamede, há a suspeita de que falta uma criança, que vinha entregue aos cuidados de uma senhora. Esta mostra-se de tal forma impressionada, que não sabe contar o que se passou com ela, até entrar na traineira que a trouxe para terra, onde deu pela falta da criança.
Entre os náufragos há passageiros de várias nacionalidades, entre as quais ingleses e franceses, sendo alguns de elevada posição social.
O navio, que não se mostra muito adornado para qualquer dos bordos, balança ligeiramente sobre as rochas, não dando a impressão de que começou a meter água, apesar das declarações do comandante.
Entre os náufragos há passageiros de várias nacionalidades, entre as quais ingleses e franceses, sendo alguns de elevada posição social.
O navio, que não se mostra muito adornado para qualquer dos bordos, balança ligeiramente sobre as rochas, não dando a impressão de que começou a meter água, apesar das declarações do comandante.
Os passageiros portugueses
Como foi dito, a bordo do “Highland Hope”, vinham com destino a Lisboa oito passageiros, que nada sofreram. Um deles é o sr. major Teixeira, que vive em Estremoz, com sua esposa, srª. Reynolds Teixeira, e que regressava de Inglaterra, onde fôra deixar seu filho num colégio. O sr. major Teixeira apressou-se a comunicar para Lisboa que não houvera desastres pessoais, tendo chegado à capital às 13 horas.
Além do major Teixeira, há mais outro português: um individuo de nome António Palma, que vem de Londres e um casal com um filho que vem para Almada.
O individuo de nacionalidade espanhola, que ficou entalado entre o navio e a baleeira chama-se Manuel Perez y Perez, encontra-se recolhido no Hospital de S. José, em perigo de vida.
A maioria dos passageiros lamenta que o comandante do navio não tenha continuado a bordo, visto o navio não oferecer perigo de se afundar. A bordo acha-se a Guarda-fiscal e o pessoal da Alfândega.
À 1 hora e 30, dirigiram-se novamente para bordo o comandante e o imediato. Às 17 horas estão a proceder, em S. Mamede, à contagem e chamada dos náufragos. A fim de serem dirigidos os trabalhos de salvamento das bagagens, seguiram para bordo alguns oficiais do navio, acompanhados do cabo-de-mar e de praças da Guarda-fiscal.
Além do major Teixeira, há mais outro português: um individuo de nome António Palma, que vem de Londres e um casal com um filho que vem para Almada.
O individuo de nacionalidade espanhola, que ficou entalado entre o navio e a baleeira chama-se Manuel Perez y Perez, encontra-se recolhido no Hospital de S. José, em perigo de vida.
A maioria dos passageiros lamenta que o comandante do navio não tenha continuado a bordo, visto o navio não oferecer perigo de se afundar. A bordo acha-se a Guarda-fiscal e o pessoal da Alfândega.
À 1 hora e 30, dirigiram-se novamente para bordo o comandante e o imediato. Às 17 horas estão a proceder, em S. Mamede, à contagem e chamada dos náufragos. A fim de serem dirigidos os trabalhos de salvamento das bagagens, seguiram para bordo alguns oficiais do navio, acompanhados do cabo-de-mar e de praças da Guarda-fiscal.
Notas de reportagem
Houve algumas pessoas com ligeiros ferimentos ao fazerem a passagem do paquete para as baleeiras, e no trajecto para terra os tripulantes das embarcações e os náufragos quiseram ambos esgotar a água que entrava a cada momento nas baleeiras.
Entre os passageiros figura a Duquesa Mary Hamilton. Esta senhora negou-se a fazer declarações, dizendo que se reserva para dizer por escrito o que sabe e o que viu.
Vinha ainda a bordo o gerente do Banco de Inglaterra em Santos, o deputado brasileiro Daniel de Carvalho e sua esposa, que se encontra ferida numa perna, o coronel argentino Betencourt, e o jornalista brasileiro Severino Barbosa Correia.
Uma senhora inglesa das que tomaram lugar na primeira traineira de socorro, veio para terra completamente nua, tendo tido a necessidade de se cobrir com o casacão dum pescador.
Os náufragos devem chegar hoje, às 19 horas, à estação de Alcântara-Terra, em comboio especial.
Entre os passageiros figura a Duquesa Mary Hamilton. Esta senhora negou-se a fazer declarações, dizendo que se reserva para dizer por escrito o que sabe e o que viu.
Vinha ainda a bordo o gerente do Banco de Inglaterra em Santos, o deputado brasileiro Daniel de Carvalho e sua esposa, que se encontra ferida numa perna, o coronel argentino Betencourt, e o jornalista brasileiro Severino Barbosa Correia.
Uma senhora inglesa das que tomaram lugar na primeira traineira de socorro, veio para terra completamente nua, tendo tido a necessidade de se cobrir com o casacão dum pescador.
Os náufragos devem chegar hoje, às 19 horas, à estação de Alcântara-Terra, em comboio especial.
Fala um passageiro
O jornalista brasileiro Severino Barbosa Correia, um dos náufragos, acusa o comandante do paquete de precipitação, no momento em que procederam aos salvamentos, e sobretudo de não ter mandado fazer, como lhe cumpria, uma rusga rigorosa a todo o navio naufragado. No entender do aludido jornalista, é assim que se explica o facto de já depois do comandante estar em terra, se ter verificado que a bordo haviam ficado a dormir três passageiros.
Acrescenta o sr. Severino Correia que ao caírem as baleeiras no mar, se verificou que não havia remadores para elas, tamanha era a deficiência da organização a bordo, e que só o socorro rápido das traineiras, que se acercaram do navio pôde evitar uma grande catástrofe.
Ante-ontem, tinham-se feito a bordo exercícios de salvamento, daí resultando que ao dar-se hoje o sinal de alarme, poucos passageiros acreditaram que se tratasse dum naufrágio a valer. O farol dos Farilhões estava apagado, por motivo de uma explosão que o inutilizou recentemente, mas esta circunstância não teve a menor influencia no sinistro, pois que, mesmo aceso o farol não teria sido avistado de bordo, em virtude da cerração.
Acrescenta o sr. Severino Correia que ao caírem as baleeiras no mar, se verificou que não havia remadores para elas, tamanha era a deficiência da organização a bordo, e que só o socorro rápido das traineiras, que se acercaram do navio pôde evitar uma grande catástrofe.
Ante-ontem, tinham-se feito a bordo exercícios de salvamento, daí resultando que ao dar-se hoje o sinal de alarme, poucos passageiros acreditaram que se tratasse dum naufrágio a valer. O farol dos Farilhões estava apagado, por motivo de uma explosão que o inutilizou recentemente, mas esta circunstância não teve a menor influencia no sinistro, pois que, mesmo aceso o farol não teria sido avistado de bordo, em virtude da cerração.
Chegada dos náufragos a Lisboa
Os passageiros e tripulantes do “Highland Hope” chegaram a Alcântara-Terra em comboio especial, pelas 8 horas da noite, e hospedaram-se no Francfort – Hotel Metrópole e France.
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No Ministério da Marinha logo que foi recebida comunicação do encalhe do “Highland Hope”, foi mandado seguir para o local do sinistro o rebocador “Patrão Lopes”.
No Instituto de Socorros a Náufragos foi recebido, à tarde, um telegrama dando conta do estado do vapor e do salvamento dos náufragos.
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O comandante do “Highland Hope”, segundo informação do arquitecto espanhol Las Casas, só teve a noção do perigo quando a bordo foi ouvida a sirene do farolim de Peniche.
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Consta que a criança que desapareceu a bordo pertencia a um casal galego, que seguia para Buenos Aires.
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A agência Pinto Basto entregou o paquete aos cuidados do Lloyd.
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Faleceu no hospital de S. José o súbdito espanhol António Perez y Perez, um dos tripulantes do navio.
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Ao hospital de S. José recolheu António Baptista Pereira, de 37 anos, marítimo, que, quando trabalhava numa traineira para salvamento dos náufragos, se feriu, por ter caído em cima dum motor, ficando com contusões no baixo-ventre.
(In jornal “Comércio do Porto”, quarta-feira, 19 de Novembro de 1930)
(In jornal “Comércio do Porto”, quarta-feira, 19 de Novembro de 1930)
Imagem de navio de passageiros similar ao navio naufragado
Postal ilustrado da companhia armadora - Minha colecção
Características do navio “Highland Hope”
Postal ilustrado da companhia armadora - Minha colecção
Características do navio “Highland Hope”
Nº oficial: 148170 - Iic: N/d - Porto de registo: Belfast
Armador: Nelson Steam Navigation Co., Ltd., Belfast
Construtor: Harland & Wolff, Ltd., Belfast, Janeiro de 1930
Arqueação: Tab 14.129,00 tons - Tal 8,733,00 tons
Dimensões: Pp 159,50 mts - Boca 21,13 mts - Pontal 11,30 mts
Propulsão: 1 motor do construtor - 2 veios - 2x8:Ci - 2.190 Nhp
Equipagem: 170 tripulantes e 375 passageiros
Armador: Nelson Steam Navigation Co., Ltd., Belfast
Construtor: Harland & Wolff, Ltd., Belfast, Janeiro de 1930
Arqueação: Tab 14.129,00 tons - Tal 8,733,00 tons
Dimensões: Pp 159,50 mts - Boca 21,13 mts - Pontal 11,30 mts
Propulsão: 1 motor do construtor - 2 veios - 2x8:Ci - 2.190 Nhp
Equipagem: 170 tripulantes e 375 passageiros
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