O naufrágio do navio-escola alemão "Pamir"
1ª Parte
Imagem do navio-escola alemão "Pamir"
Pinterest - Colecção de David Asvitt
Pinterest - Colecção de David Asvitt
Estão quase a completar-se 60 anos, quando o veleiro de quatro mastros da Marinha da Alemanha “Pamir”, que a gravura mostra a navegar, com as velas enfunadas, e cujo desaparecimento, ao largo dos Açores, causou emoção no Mundo inteiro, levava a bordo, além de trinta e cinco tripulantes, cinquenta e três cadetes. Das oitenta e oito pessoas que transportava, foram vitimadas oitenta e duas, resistindo à tragédia apenas seis sobreviventes.
O veleiro alemão “Pamir” é considerado perdido
O veleiro alemão “Pamir” é considerado perdido
Hamburgo, 22 – Desde ontem à noite que se desenrola um drama no Atlântico Norte, onde o veleiro alemão “Pamir”, um dos últimos grandes navios de 4 mastros e que ainda fazem carreiras regulares à volta do mundo, se confessou em perigo a Noroeste dos Açores.
Recapitulando os factos, ontem, a estação rádio marítima de Norddeich, captava um S.O.S. do capitão do “Pamir”: o veleiro alemão, que partira de Buenos Aires com um carregamento de cevada, lutava, havia horas, com um violento furacão.
O temporal arrancara todo o velame do navio e o capitão informava que o “Pamir” adornara fortemente, tendo uma inclinação de 45 graus. Dava como posição do navio 40 º de latitude Norte e 53º de longitude Oeste.
As comunicações foram bruscamente interrompidas e pensam que o temporal acabou por desfazer o mastro antena. Quando pediu socorro, o veleiro encontrava-se a umas 500 milhas a Noroeste dos Açores.
O veleiro de 4 mastros, que serve de navio-escola à marinha mercante alemã, assim como outro veleiro, o “Passat”, é tripulado por 93 homens, dos quais 53 são grumetes, que fazem agora a sua primeira viagem de longo curso. Construído em 1905, o “Pamir” mede 105 metros de comprimento e 14 de largura, deslocando 3.103 toneladas. A superfície total das suas velas soma 3.600 metros quadrados. O navio está equipado ainda com um motor auxiliar e dispõe dos instrumentos de navegação mais modernos.
Recapitulando os factos, ontem, a estação rádio marítima de Norddeich, captava um S.O.S. do capitão do “Pamir”: o veleiro alemão, que partira de Buenos Aires com um carregamento de cevada, lutava, havia horas, com um violento furacão.
O temporal arrancara todo o velame do navio e o capitão informava que o “Pamir” adornara fortemente, tendo uma inclinação de 45 graus. Dava como posição do navio 40 º de latitude Norte e 53º de longitude Oeste.
As comunicações foram bruscamente interrompidas e pensam que o temporal acabou por desfazer o mastro antena. Quando pediu socorro, o veleiro encontrava-se a umas 500 milhas a Noroeste dos Açores.
O veleiro de 4 mastros, que serve de navio-escola à marinha mercante alemã, assim como outro veleiro, o “Passat”, é tripulado por 93 homens, dos quais 53 são grumetes, que fazem agora a sua primeira viagem de longo curso. Construído em 1905, o “Pamir” mede 105 metros de comprimento e 14 de largura, deslocando 3.103 toneladas. A superfície total das suas velas soma 3.600 metros quadrados. O navio está equipado ainda com um motor auxiliar e dispõe dos instrumentos de navegação mais modernos.
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Londres, 22 – Um avião americano sobrevoou uma jangada e duas canoas de salvamento, nas paragens onde o veleiro “Pamir” lançou o S.O.S. Não foi avistado nenhum sobrevivente – segundo anuncia o quartel general da Aviação americana na Grã-Bretanha.
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Bona, 22 – A radiodifusão alemã transmitiu uma comunicação do Cônsul da Alemanha nos Açores, anunciando que o veleiro “Pamir” se tinha afundado, provavelmente na noite de ontem para hoje, a 500 milhas ao largo dos Açores.
Acrescenta, no entanto, que as pesquisas em que participam cinco navios continuam.
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Hamburgo, 22 – Continua a não haver notícias do veleiro alemão “Pamir”, mas ainda não se perdeu a esperança. É de admitir que, devido ao furacão, o navio não tenha podido dar a sua posição exacta, ou que a rádio de bordo tenha sido, entretanto, destruída. A descoberta de uma canoa vazia, nada prova, enquanto não se encontrarem destroços ou outros objectos do “Pamir”.
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Nova York, 22 – Do petroleiro britânico “San Silvestre” foi anunciada a descoberta de uma baleeira perdida na região assinalada na última mensagem de bordo do “Pamir”. A baleeira indicava como seu porto de matricula Lubeck – Alemanha.
(In jornal “Comércio do Porto”, segunda-feira, 23 de Setembro de 1957)
(In jornal “Comércio do Porto”, segunda-feira, 23 de Setembro de 1957)
Foram recolhidos, no atlântico, por um vapor americano
cinco sobreviventes do veleiro alemão “Pamir”, naufragado
ao largo dos Açores
cinco sobreviventes do veleiro alemão “Pamir”, naufragado
ao largo dos Açores
Londres, 23 – Foram recolhidos cinco sobreviventes do veleiro alemão “Pamir”, pelo vapor “Saxone”, segundo uma notícia recebida em Londres. Os sobreviventes foram recolhidos às 20 horas e 30 minutos (tmg) de hoje, diz a mensagem
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Nova York, 23 – Confirma-se que um cargueiro pertencente à Companhia de Navegação Isbrangsten comunicou, pela rádio, ao seu escritório de Nova York, ao fim da tarde de hoje, que embarcara a bordo cinco sobreviventes do veleiro alemão “Pamir”.
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Bona, 23 – A rádio alemã interrompeu as suas emissões para confirmar que cinco sobreviventes do veleiro alemão “Pamir” foram recolhidos, esta tarde, por um navio americano que participava nas buscas.
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Bona, 23 – O Quartel-General da Aviação Americana na Europa anunciou esta tarde que o vento diminuiu ligeiramente na região do Atlântico, onde são procurados os sobreviventes do “Pamir”. Todavia ainda não foram encontrados destroços.
Dezoito aparelhos americanos, 12 dos quais da Aero Naval, e seis aparelhos especializados, saídos da Base das Lajes, Açores, prosseguem as buscas. É suposto que o naufrágio se tenha verificado a 550 milhas a Sudoeste dos Açores.
Entretanto, a estação de rádio marítima «Norddeich» pediu a todos os navios alemães que passem próximo para participarem nas pesquisas. Porém, já não há esperanças nos círculos marítimos alemães de encontrar o navio. A catástrofe é atribuída por alguns, a um brusco golpe de vento no centro do furacão, que teria arrancado as velas e quebrado os mastros. Estes, ao cair provocaram prejuízos irreparáveis na ponte e desequilibraram o navio.
Dezoito aparelhos americanos, 12 dos quais da Aero Naval, e seis aparelhos especializados, saídos da Base das Lajes, Açores, prosseguem as buscas. É suposto que o naufrágio se tenha verificado a 550 milhas a Sudoeste dos Açores.
Entretanto, a estação de rádio marítima «Norddeich» pediu a todos os navios alemães que passem próximo para participarem nas pesquisas. Porém, já não há esperanças nos círculos marítimos alemães de encontrar o navio. A catástrofe é atribuída por alguns, a um brusco golpe de vento no centro do furacão, que teria arrancado as velas e quebrado os mastros. Estes, ao cair provocaram prejuízos irreparáveis na ponte e desequilibraram o navio.
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As pesquisas continuam
As pesquisas continuam
Hamburgo, 23 – Navios e aviões recomeçaram as suas buscas procurando o navio à vela alemão “Pamir”, apanhado por um furacão, sob condições de tempo que se tornam cada vez piores, no meio do Atlântico.
As esperanças de encontrar o velho veleiro de quatro mastros, construído há 52 anos, e a sua tripulação de 86 homens, incluindo 52 cadetes, desvaneciam-se à medida que as horas passavam. Os armadores do navio, em Hamburgo, recusaram-se, porém a considerar o barco perdido.
Um informador do Q,G, em Wiesbaden, da Força Aérea dos Estados Unidos na Europa, declarou, às 9.45 horas: «Notícias dos Açores indicam que a visibilidade é ainda má, registando-se ventania de 25 nós. Espera-se que a Força Aérea dos Estados Unidos e a Aviação Portuguesa continuem novamente com as pesquisas logo que as condições atmosféricas permitam a descolagem dos aviões.
(In jornal “Comércio do Porto”, terça-feira, 24 de Setembro de 1957)
As esperanças de encontrar o velho veleiro de quatro mastros, construído há 52 anos, e a sua tripulação de 86 homens, incluindo 52 cadetes, desvaneciam-se à medida que as horas passavam. Os armadores do navio, em Hamburgo, recusaram-se, porém a considerar o barco perdido.
Um informador do Q,G, em Wiesbaden, da Força Aérea dos Estados Unidos na Europa, declarou, às 9.45 horas: «Notícias dos Açores indicam que a visibilidade é ainda má, registando-se ventania de 25 nós. Espera-se que a Força Aérea dos Estados Unidos e a Aviação Portuguesa continuem novamente com as pesquisas logo que as condições atmosféricas permitam a descolagem dos aviões.
(In jornal “Comércio do Porto”, terça-feira, 24 de Setembro de 1957)
Imagem do navio-escola alemão "Pamir"
Pinterest - Colecção de Stuart Charlton
Foi encontrado o sexto sobrevivente do veleiro “Pamir”
Pinterest - Colecção de Stuart Charlton
Foi encontrado o sexto sobrevivente do veleiro “Pamir”
Nova York, 24 – A guarda costeira dos Estados Unidos anunciou que tinha sido recolhido, esta tarde, numa baleeira, o sexto sobrevivente, não identificado, do veleiro “Pamir”, pelo «cuter» da guarda costeira americana “Absecon”.
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Rabat, 24 – O navio americano “Geiger” com cinco sobreviventes do veleiro “Pamir” a bordo, deve chegar a Casablanca no sábado, segundo disse hoje a embaixada americana nesta cidade.
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Foi no meio de cenas da mais profunda comoção, que as famílias
dos cinco sobreviventes do veleiro alemão “Pamir”, naufragado
ao largo dos Açores, souberam do salvamento dos referidos cadetes
dos cinco sobreviventes do veleiro alemão “Pamir”, naufragado
ao largo dos Açores, souberam do salvamento dos referidos cadetes
Londres, 24 – O estado dos cinco sobreviventes do “Pamir” recolhidos pelo cargueiro americano “Geiger”, é bom – declarou esta noite o porta-voz da Marinha Americana em Londres. Os cinco homens, 3 cadetes e 2 marinheiros, devem desembarcar em Casablanca no próximo sábado.
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Ponta Delgada, 24 – Os 5 sobreviventes do “Pamir” que seguem para Casablanca, declararam ao comandante do navio que, todo o pessoal de bordo saltou para a água antes do afundamento do “Pamir”. Este afundou-se pelas 11 horas do dia 21, e, prevendo o ciclone, os escaleres e jangadas foram providas de mantimentos e sinais luminosos.
Hoje, pelas 4 horas, foram avistados mais sinais luminosos na posição 35º02’ Norte e 39º37’ Oeste e às 18 horas, partiram mais três aviões portugueses e três americanos para o local, onde estão a efectuar buscas.
Hoje, pelas 4 horas, foram avistados mais sinais luminosos na posição 35º02’ Norte e 39º37’ Oeste e às 18 horas, partiram mais três aviões portugueses e três americanos para o local, onde estão a efectuar buscas.
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Todo o Norte da Alemanha escuta ansiosamente a rádio à
espera de notícias
espera de notícias
Hamburgo, 24 – Em todos os portos do Norte da Alemanha, as estações de rádio estão ligadas nos comprimentos de onda dos barcos e aviões, que participam na procura dos sobreviventes do “Pamir”. As estações meteorológicas reanimaram um tanto as esperanças depois do salvamento de cinco tripulantes do veleiro, ao confirmarem que a melhora das condições atmosféricas continuaria na zona atlântica.
Em todas as igrejas das cidades marítimas, há serviços religiosos, nomeadamente em Lubeck, onde todos os estabelecimentos religiosos celebram serviços especiais pelos náufragos. Em Hamburgo, a Missão Luterana dos Marítimos, organizou cinco dias de preces públicas.
Em todas as igrejas das cidades marítimas, há serviços religiosos, nomeadamente em Lubeck, onde todos os estabelecimentos religiosos celebram serviços especiais pelos náufragos. Em Hamburgo, a Missão Luterana dos Marítimos, organizou cinco dias de preces públicas.
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Hamburgo, 24 – Setenta e cinco horas depois do SOS lançado pelo “Pamir”, não há ainda nenhuma prova irrefutável do naufrágio do veleiro – anuncia esta noite a direcção da Fundação «Pamir-Passet», no seu segundo comunicado oficial. As informações respeitantes ao naufrágio – salienta – não puderam ser confirmadas até aqui, pois nenhum testemunho irrefutável pôde ser obtido, enquanto as buscas prosseguem. O comunicado confirma igualmente que cinco sobreviventes se encontram a bordo do navio americano “Geiger” e exprime o reconhecimento pelo auxílio dado pelo Mundo ao navio em dificuldade.
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Hamburgo, 24 - «Não abras a porta: eles querem anunciar-nos a morte de Claus». Foi com estas palavras que a senhora Friedrichs, mãe de um sobrevivente do “Pamir”, se agarrou ao braço do seu marido quando, às 3 horas da manhã, bateram à porta de sua casa, em Bad Kisshagen (Baviera).
No entanto, um dos três filhos, precipitou-se e abriu a porta. Viu-se em frente de um agente da polícia, visivelmente comovido, que lhe anunciou que o irmão se encontrava entre os cinco sobreviventes, recolhidos pelo cargueiro americano “Saxon”.
Sem uma palavra, o rosto inundado de lágrimas a senhora Friedrichs caiu nos braços do marido, Em Hamburgo, foram os jornalistas dos grandes diários locais, que levaram a notícia aos pais de Karl-Otto Brumm, de 25 anos, que efectuava a segunda viagem no “Pamir”.
«Nunca perdemos a esperança. Tínhamos a certeza que o nosso filho estava vivo. Não posso acreditar na minha felicidade: tem a certeza do que diz?», perguntava aos jornalistas, que lhe levaram a notícia, a senhora Kraas, mãe de um cadete de 17 anos.
(In jornal “Comércio do Porto”, quarta-feira, 25 de Setembro de 1957)
No entanto, um dos três filhos, precipitou-se e abriu a porta. Viu-se em frente de um agente da polícia, visivelmente comovido, que lhe anunciou que o irmão se encontrava entre os cinco sobreviventes, recolhidos pelo cargueiro americano “Saxon”.
Sem uma palavra, o rosto inundado de lágrimas a senhora Friedrichs caiu nos braços do marido, Em Hamburgo, foram os jornalistas dos grandes diários locais, que levaram a notícia aos pais de Karl-Otto Brumm, de 25 anos, que efectuava a segunda viagem no “Pamir”.
«Nunca perdemos a esperança. Tínhamos a certeza que o nosso filho estava vivo. Não posso acreditar na minha felicidade: tem a certeza do que diz?», perguntava aos jornalistas, que lhe levaram a notícia, a senhora Kraas, mãe de um cadete de 17 anos.
(In jornal “Comércio do Porto”, quarta-feira, 25 de Setembro de 1957)
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