sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Veleiros Portugueses (3)


Os lugres-patachos “Navegador” / “Tejo”

Navio construído em Inglaterra, nos estaleiros de A.B. Gowan, em Berwick, no ano de 1877, correspondeu à encomenda de uma escuna para Andrew Thompson, também de Berwick, visando a sua utilização no serviço comercial, sendo baptizada “Border Queen”. Supostamente matriculada no porto do mesmo nome, a escuna foi mantida a operar com regularidade até ao ano de 1885, época em que foi comprada por Abraão Bensaúde, por 2:800$000 (dois milhões e oitocentos mil réis), com a finalidade de aumentar a frota de navios então utilizados na pesca do bacalhau, ficando a navegar com o nome “Navegador”, dispondo inicialmente das seguintes características:

Lugre “Navegador”
1885 - 1916

Imagem sem correspondência ao texto

Nº Oficial: n/t – Iic.: H.J.M.L. – Porto de registo: Lisboa
Arqueação: Tab 218,02 tons – Tal 207,03 tons
Dimensões: Pp 32,26 mts – Boca 6,65 mts – Pontal 3,85 mts
Propulsão: À vela
Por força de exemplos semelhantes ocorridos com outros navios do mesmo proprietário, as transformações e o aumento de capacidade de carga, levadas a cabo em estaleiro nacional, eram fruto da necessária preparação para viagens mais exigentes, até aos bancos da Terra Nova. Em 1902 o lugre é de novo matriculado como lugre-patacho, em nome da Parceria Geral de Pescarias. Tinha popa redonda, navegava com uma equipagem de 31 tripulantes e dispunha de 28 dóris para a pesca. Depois de várias campanhas ao bacalhau e provavelmente depois de diversas viagens de comércio, consta na lista de navios de 1914 com melhor e mais completa informação, como segue:

Nº Oficial: 489 – Iic.: H.J.M.L. – Porto de registo: Lisboa
Arqueação: Tab 218,02 tons – Tal 207,03 tons
Dimensões: Pp 32,52 mts – Boca 7,12 mts – Pontal 3,93 mts
Propulsão: À vela
Equipagem: 36 tripulantes
A mais que provável fragilização na estrutura do navio para operar na pesca longínqua, deve ter motivado a administração da empresa proprietária a vender o lugre-patacho, negócio que se confirmou durante o ano de 1916, em nome de António P. da Costa, para a Empresa Portuguesa de Navegação para Marrocos, de Lisboa. O novo armador renova a matrícula na Capitania do porto de Lisboa, onde o navio ficou registado com os seguintes detalhes:

Lugre-patacho “Tejo”
1916 - 1917

Nº Oficial: 459-C – Iic.: H.T.J.P. – Porto de registo: Lisboa
Arqueação: Tab 201,00 tons – Tal 167,74 tons
Dimensões: Pp 33,45 mts – Boca 7,12 mts – Pontal 3,86 mts
Propulsão: À vela
Equipagem: 10 tripulantes
O navio agora colocado a efectuar viagens para África, não teve sorte na fase final da sua existência, porque quase no culminar de mais uma derrota, que previa ligar Bissau a Valencia, com um carregamento de copra, foi interceptado por volta das 23 horas do dia 14 de Maio pelo submarino alemão U-34, sob o comando do capitão Johannes Klasing, quando este se encontrava a cerca de 9 milhas a norte do Cabo de Santo António (província de Alicante). Em resultado desse encontro, na posição Lat 38º58’N Long 00º16'E o lugre-patacho “Tejo”, dinamitado com cargas explosivas, explodia com violência e mergulhava para sempre nas águas temperadas do Mediterrâneo.

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