O vapor “ Alferrarede “
1927 – 1961
Sociedade Geral de Comércio, Indústria e Transportes, Lisboa
1927 – 1961
Sociedade Geral de Comércio, Indústria e Transportes, Lisboa
O vapor "Alferrarede" na barra do porto de Leixões
Imagem Fotomar, Matosinhos
Imagem Fotomar, Matosinhos
Nº Of.: 361-F - Iic.: H.A.L.F. - Porto de registo: Lisboa
Construtor: J.C. Tecklenborg A.G., Gestemunde, 05.1905
ex “Pluto”, Dampschiffs Ges. “Neptun“, Bremen, 1905-1916
ex “Sado“, Marinha de Guerra Portuguesa, 1916-1918
ex “Sado”, Exército Português/ T.M.E., Lisboa, 1918-1919
ex “Sado”, Transp. Marit. do Estado, Lisboa, 1919-1924
ex “Sado”, Soc. de Navegação, Lda., Lisboa, 1924-1927
dp “João Diogo”, Sofamar, Lda., Lisboa, 1961-1963
Arqueação: Tab 1.452,18 tons - Tal 865,28 tons
Dim.: Ff 73,91 mts - Pp 70,06 mts - Bc 11,02 mts - Ptl 4,56 mts
Propulsão: Tecklenborg, 1905 - 1:Te - 3:Ci - 116 Nhp - 10 m/h
Equipagem: 27 tripulantes
Construtor: J.C. Tecklenborg A.G., Gestemunde, 05.1905
ex “Pluto”, Dampschiffs Ges. “Neptun“, Bremen, 1905-1916
ex “Sado“, Marinha de Guerra Portuguesa, 1916-1918
ex “Sado”, Exército Português/ T.M.E., Lisboa, 1918-1919
ex “Sado”, Transp. Marit. do Estado, Lisboa, 1919-1924
ex “Sado”, Soc. de Navegação, Lda., Lisboa, 1924-1927
dp “João Diogo”, Sofamar, Lda., Lisboa, 1961-1963
Arqueação: Tab 1.452,18 tons - Tal 865,28 tons
Dim.: Ff 73,91 mts - Pp 70,06 mts - Bc 11,02 mts - Ptl 4,56 mts
Propulsão: Tecklenborg, 1905 - 1:Te - 3:Ci - 116 Nhp - 10 m/h
Equipagem: 27 tripulantes
Encalhe do navio no Porto
O vapor encalhou pelas 11 horas da manhã, do dia 3 de Dezembro de 1927, sob o comando do capitão António Botto, durante a manobra de entrada no rio Douro, por ter sofrido uma avaria no hélice, que se partiu. Sem possibilidade de governo, o vapor caiu sobre as pedras na Meia-Laranja, abrindo um rombo no casco sobre o tanque de lastro, à ré. O navio havia chegado poucas horas antes ao Douro, procedente de Antuérpia, com carga de adubos químicos, destinados à Companhia União Fabril.
No sentido de possibilitar as operações de desencalhe, a parte da carga destinada ao Porto foi descarregada no local para barcaças, aliviando o navio, o que veio a acontecer pelas 19.20 horas com o apoio dos rebocadores “Luzitano” e “Magnete”. Já livre dos rochedos onde se encontrava, seguiu a reboque rio acima, até Massarelos, ali ancorando para efectuar pequenas reparações.
(In jornal “O Comércio do Porto”, de 4 de Dezembro de 1927)
No sentido de possibilitar as operações de desencalhe, a parte da carga destinada ao Porto foi descarregada no local para barcaças, aliviando o navio, o que veio a acontecer pelas 19.20 horas com o apoio dos rebocadores “Luzitano” e “Magnete”. Já livre dos rochedos onde se encontrava, seguiu a reboque rio acima, até Massarelos, ali ancorando para efectuar pequenas reparações.
(In jornal “O Comércio do Porto”, de 4 de Dezembro de 1927)
Novo encalhe do navio no Porto
O vapor “Alferrarede” encalhou às primeiras horas da tarde, do dia 30 de Janeiro de 1934, sensivelmente a meio do enrocamento do cais velho, à entrada da barra do rio Douro, mas cerca de 20 minutos depois pode ser desencalhado, devidos aos esforços do rebocador “Lusitânia”, que assistia ao navio na manobra de entrada e à corrente das águas de enchente. De acordo com informações prestadas pelo sr. Loureiro, gerente da sucursal no Porto da Sociedade Geral, o navio em função do sinistro, sofreu um pequeno rombo no tanque de proa, considerado de menor importância. O navio apresentava-se à entrada do rio com um calado de 15 pés e meio, estava sob o comando do sr. capitão Neto e deverá sair brevemente com destino a Lisboa.
(In jornal “O Comércio do Porto”, de 31 de Janeiro de 1934)
(In jornal “O Comércio do Porto”, de 31 de Janeiro de 1934)
O vapor "Alferrarede" ancorado em Lisboa, durante os
anos do IIº conflito mundial - Foto de autor desconhecido
anos do IIº conflito mundial - Foto de autor desconhecido
Um outro sinistro, desta feita no rio Tejo, em Lisboa, colocou o vapor novamente em sério risco, a 15 de Dezembro de 1958. A seguir o relato dessa ocorrência:
Notícia do temporal que se abateu sobre Lisboa
No Tejo, o temporal de ontem fez recordar o ciclone que, há quinze anos, afundou barcos, pôs outras embarcações em perigo e roubou a vida a alguns marítimos. As tripulações dos navios fundeados no rio e as dos barcos atracados aos cais, passaram tormentos durante a noite. As vagas impetuosas e a velocidade do vento puseram alguns barcos em risco de se perderem. A violência da tempestade destruiu o pontão da Ribeira Nova, onde normalmente atracam os barcos para a descarga do peixe e causou prejuízos em vários pontões. Durante a noite, o mar galgou a muralha da Ribeira Nova e invadiu os barracões da lota.
Alguns navios, tais como o “Gorgulho” e o “Andulo”, bateram fortemente nas muralhas dos cais e sofreram danos dignos de registo. Vários batelões foram arrastados pela fúria da tempestade, assinalando-se danos calculados, no conjunto, em mais de mil contos. A não ser as fragatas e outras embarcações de pequena tonelagem, recolhidas nas docas, desde segunda-feira, como medida de precaução, poucos foram os barcos de maior porte que escaparam aos tremendos efeitos do temporal. Raro foi o navio que não sofreu dano.
O “Sofala” da Companhia Nacional de Navegação, garrou em S. José de Ribamar e encalhou, safando-se, no entanto, pelos seus próprios meios. A tempestade no rio, com vaga forte e alterosa, e com as águas a correrem em velocidade, fizeram garrar outros navios, entre os quais o “Alfredo da Silva” e o “Maria Amélia”, que estavam fundeados no quadro central, em frente ao Terreiro do Paço, e o “Alenquer”, que se encontrava no quadro ocidental, pertencentes à Sociedade Geral.
O encalhe do navio “Alferrarede” na noite do dia 15, foi dos mais graves, como sinistro marítimo. O navio, também da mesma empresa e que havia no Domingo arribado a S, José de Ribamar, por não poder sair a barra com destino a Bone, garrou, devido à violência do mar e foi encalhar na praia de Algés. Os serviços técnicos da Sociedade Geral, logo que tiveram conhecimento do facto, mandaram seguir para o local o rebocador “Praia da Adraga”, que fez uma tentativa para o safar, mas nada conseguiu. Também o vapor “Pedro Rodrigues”, da Corporação dos Pilotos da barra de Lisboa, procurou desencalhar o navio, mas rebentou-se um cabo, desistindo da diligência. O “Alferrarede” de que é capitão o sr. António Camarate Carrilho, ficou à vista das pessoas que passavam na estrada marginal, onde se juntou uma multidão de curiosos, apesar da chuva e do vento.
Os trabalhos preparatórios para se proceder ao desencalhe começaram pouco depois, pelos técnicos da Sociedade Geral. Cerca das 18 e 30, o rebocador “Praia da Adraga”, com a poderosa força dos seus motores, ajudado pelo rebocador “D. Luís”, da Administração-Geral do porto de Lisboa, conseguiu safar o navio, que, logo a seguir subiu o rio.
(In jornal “O Século”, de 17 de Dezembro de 1958)
Alguns navios, tais como o “Gorgulho” e o “Andulo”, bateram fortemente nas muralhas dos cais e sofreram danos dignos de registo. Vários batelões foram arrastados pela fúria da tempestade, assinalando-se danos calculados, no conjunto, em mais de mil contos. A não ser as fragatas e outras embarcações de pequena tonelagem, recolhidas nas docas, desde segunda-feira, como medida de precaução, poucos foram os barcos de maior porte que escaparam aos tremendos efeitos do temporal. Raro foi o navio que não sofreu dano.
O “Sofala” da Companhia Nacional de Navegação, garrou em S. José de Ribamar e encalhou, safando-se, no entanto, pelos seus próprios meios. A tempestade no rio, com vaga forte e alterosa, e com as águas a correrem em velocidade, fizeram garrar outros navios, entre os quais o “Alfredo da Silva” e o “Maria Amélia”, que estavam fundeados no quadro central, em frente ao Terreiro do Paço, e o “Alenquer”, que se encontrava no quadro ocidental, pertencentes à Sociedade Geral.
O encalhe do navio “Alferrarede” na noite do dia 15, foi dos mais graves, como sinistro marítimo. O navio, também da mesma empresa e que havia no Domingo arribado a S, José de Ribamar, por não poder sair a barra com destino a Bone, garrou, devido à violência do mar e foi encalhar na praia de Algés. Os serviços técnicos da Sociedade Geral, logo que tiveram conhecimento do facto, mandaram seguir para o local o rebocador “Praia da Adraga”, que fez uma tentativa para o safar, mas nada conseguiu. Também o vapor “Pedro Rodrigues”, da Corporação dos Pilotos da barra de Lisboa, procurou desencalhar o navio, mas rebentou-se um cabo, desistindo da diligência. O “Alferrarede” de que é capitão o sr. António Camarate Carrilho, ficou à vista das pessoas que passavam na estrada marginal, onde se juntou uma multidão de curiosos, apesar da chuva e do vento.
Os trabalhos preparatórios para se proceder ao desencalhe começaram pouco depois, pelos técnicos da Sociedade Geral. Cerca das 18 e 30, o rebocador “Praia da Adraga”, com a poderosa força dos seus motores, ajudado pelo rebocador “D. Luís”, da Administração-Geral do porto de Lisboa, conseguiu safar o navio, que, logo a seguir subiu o rio.
(In jornal “O Século”, de 17 de Dezembro de 1958)