quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

História trágico-marítima (LIII)


Naufrágios de 1871
(II) Escuna russa “Eduard”, a 8 de Janeiro de 1871

--- Naufrágio ---
No último Domingo, durante a tarde, naufragou na costa de Espinho, em frente do posto fiscal de Esmoriz, a escuna russiana supra mencionada, procedente de Pernau (cidade situada no sudoeste da Estónia), em viagem para o rio Douro, com um carregamento de linho. A equipagem, composta por 7 tripulantes incluindo o capitão, salvou-se toda. Ontem de tarde, partiram para o local do sinistro alguns guardas da fiscalização externa e o sr. chefe fiscal, a fim de auxiliarem a guarda do navio.
(In jornal “O Comércio do Porto”, de 10 de Janeiro de 1871)
--- Salvados ---
Tem continuado os trabalhos para salvar o mais possível do casco e carregamento da escuna russiana “Eduard”, que no dia 8 do corrente, naufragou na praia de Esmoriz, por ter perdido o leme. A arrematação dos salvados terá lugar no próximo Domingo. O carregamento consistia num lote completo de linho.
(In jornal “O Comércio do Porto”, de 12 de Janeiro de 1871)
--- Escuna Eduard ---
A escuna russiana “Eduard”, que no dia 8 naufragou na praia de Esmoriz, tinha saído de Pernau no dia 14, com destino ao Porto. Vinha com carregamento de linho consignado ao sr. Manuel José da Cruz Magalhães e já se tinha visto obrigada a arribar a Vigo. A arrematação do casco e do linho avariado, deve ter lugar Domingo em Esmoriz. O linho que estiver em bom estado, assim como os mais salvados, vem para a alfândega do Porto, a fim de serem aqui arrematados no dia que se designar.
(In jornal “O Comércio do Porto”, de 13 de Janeiro de 1871)


--- Arrematação de salvados ---
Verificou-se no Domingo em Esmoriz, a arrematação do casco, do linho avariado e outros objectos, pertencentes à escuna russiana “Eduard”, naufragada a 8 do corrente naquela praia.
O casco foi arrematado pelo sr. C.J. Schneider por 40$000 reis. O bote, um mastro, várias tábuas de Flandres, madeiras e três quartolas, foi tudo arrematado por 32$000 réis, pelo sr. Manuel Jorge Pereira. O linho foi arrematado pela quantia de 100$000 reis pelos srs. Marques, Gomes & Monteiro. À arrematação por parte do seguro assistiu o sr. Júlio Guilherme Burmester. Por parte da alfândega assistiram, como presidente o sr. Francisco Rodrigues de Faria e como escrivão o sr. António de Faria Carneiro. O pregoeiro foi o sr. Joaquim da Silva.
O resto dos salvados, que consiste em 135 balões de linho em bom estado e uma grande porção do mesmo em molhos pequenos e a granel, no massame todo do navio e em 9 caixões, que parece conterem bebidas espirituosas, deve ser conduzido para a alfândega do Porto, a fim de ali ser oportunamente arrematado.
(In jornal “O Comércio do Porto”, de 20 de Janeiro de 1871)
--- Arrematação de salvados ---
Terminou ontem na estiva da alfândega velha, a arrematação do linho salvado da carga da escuna russiana “Eduard”, há pouco naufragada na costa de Esmoriz. Não se sabe por enquanto qual é o produto líquido desta arrematação, em consequência de não se encontrar pesado ainda o linho, o que só acontecerá na ocasião em que for despachado.
(In jornal “O Comércio do Porto”, de 27 de Janeiro de 1871)

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