Naufrágios de 1871
(IV) Brigue francês “Adéle”, a 18 de Janeiro de 1871
--- Naufrágio ---
(IV) Brigue francês “Adéle”, a 18 de Janeiro de 1871
--- Naufrágio ---
Corre a notícia na cidade, que ontem pelas 11 horas da manhã, naufragou ao norte de Viana, nos rochedos da praia da Areosa, à distância de dois quilómetros da barra, o brigue francês “Adéle”, que vinha do Mediterrâneo, com carregamento de mineral. Trazia 9 pessoas de tripulação e todas morreram afogadas, à excepção de um dos tripulantes, que pode felizmente salvar-se. No número dos falecidos conta-se o capitão daquele navio, por nome Gervy.
(In jornal "Comércio do Porto”, de 19 de Janeiro de 1871)
(In jornal "Comércio do Porto”, de 19 de Janeiro de 1871)
--- Naufrágio ---
Naufragou a norte da barra de Viana do Castelo o brigue francês “Adéle”, capitão Gervy, procedente do Mediterrâneo, com carga de mineral. Salvou-se uma pessoa da tripulação. Esta compunha-se de 9 pessoas; salvou-se uma e as outras morreram todas. Não foi possível salvá-las por causa do muito mar.
(In jornal "Comércio do Porto”, de 20 de Janeiro de 1871)
(In jornal "Comércio do Porto”, de 20 de Janeiro de 1871)
--- O naufrágio do brigue “Adéle” ---
Relativamente ao brigue “Adéle”, naufragado há pouco junto à barra de Viana, sob o comando do capitão Gervy, existem já pormenores, que indicam vir procedente das possessões francesas de Argel, com um carregamento de mineral. Era tripulado por 9 homens, tendo-se salvo a nado unicamente o marinheiro Aristides Tougny, de Saint Malo. O navio trazia água aberta e a gávea partida, com 32 dias de viagem.
O telégrafo semafórico fez-lhe sinal para que procurasse a praia do sul, que é toda formada de areia, mas o navio não conseguindo efectuar a manobra, seguiu para se despedaçar contra os rochedos. No local do sinistro compareceram imediatamente os srs. Capitão do porto, vice-cônsul francês e o chefe da fiscalização externa da alfandega, que tomaram todas as providencias que a situação exigiu.
(In jornal "Comércio do Porto”, de 21 de Janeiro de 1871)
O telégrafo semafórico fez-lhe sinal para que procurasse a praia do sul, que é toda formada de areia, mas o navio não conseguindo efectuar a manobra, seguiu para se despedaçar contra os rochedos. No local do sinistro compareceram imediatamente os srs. Capitão do porto, vice-cônsul francês e o chefe da fiscalização externa da alfandega, que tomaram todas as providencias que a situação exigiu.
(In jornal "Comércio do Porto”, de 21 de Janeiro de 1871)
--- Mais pormenores sobre o naufrágio do “Adéle” ---
O brigue francês naufragado ao norte da barra de Viana, no dia 18 do corrente, vinha de Bonna (no Mediterrâneo), com carga de mineral para Dunquerque, trazendo 32 dias de viagem e água aberta há 4 dias. Tinha 213 toneladas de registo e pertencia à matrícula de Saint Servan. Em consequência do mar ser muito alto e o sítio onde o navio bateu ser tudo rochedos, fez-se logo em pedaços. Apenas foram arrojados à praia fragmentos de madeira do navio, tudo de pouco valor em virtude do que foi a requerimento do agente consular francês da cidade, arrematando os salvados em 3 lotes na totalidade de 160 mil reis, inclusive o não visto.
Os cadáveres dos 8 náufragos que pereceram ainda não foram recuperados; o único que se salvou chama-se Aristides Tougny e é natural de Saint Malo.
(In jornal "Comércio do Porto”, de 21 de Janeiro de 1871)
Os cadáveres dos 8 náufragos que pereceram ainda não foram recuperados; o único que se salvou chama-se Aristides Tougny e é natural de Saint Malo.
(In jornal "Comércio do Porto”, de 21 de Janeiro de 1871)
Carta escrita por Joaquim José dos Prazeres, chefe do posto semafórico de Viana, que viu atendido o respectivo pedido de publicação, nestes termos:
Transcrição
Acerca do naufrágio do brigue francês “Adéle”, entendo que devo elucidar melhor relativamente aos meios que se empregaram, pelo posto semafórico, para que o referido brigue virasse de rumo. O primeiro sinal que se lhe fez foi - que caminhava para perigo -. Como não atendesse, fez-se outro para que voltasse todo ao sul. Também não atendeu. Porque continuou no rumo de leste, içaram-se mais bandeiras para ver se assim o chamava à atenção, o que infelizmente não sucedeu. Vendo que estava prestes a encalhar, oficiei imediatamente o ilustríssimo sr. Director da Alfândega da cidade, para dar as providências que o caso exigia, por isso que nada mais havia a esperar senão o naufrágio. O serviço semafórico foi efectuado por dois empregados, por mim e pelos pilotos que se achavam presentes, debaixo de um rigorosíssimo temporal. Se for entendido, que para abono da verdade, deva ser dada publicidade a estes esclarecimentos, muito obrigará de V.Sas., (ass.) Joaquim José dos Prazeres, chefe da estação telegráfica – Viana do Castelo, 21 de Janeiro de 1871
Fim de transcrição
P.S.- O tripulante que se salvou já conta com este naufrágio três a que assiste, vendo perecer todos os seus companheiros!
(In jornal “Comércio do Porto”, de 22 de Janeiro de 1871)
Transcrição
Acerca do naufrágio do brigue francês “Adéle”, entendo que devo elucidar melhor relativamente aos meios que se empregaram, pelo posto semafórico, para que o referido brigue virasse de rumo. O primeiro sinal que se lhe fez foi - que caminhava para perigo -. Como não atendesse, fez-se outro para que voltasse todo ao sul. Também não atendeu. Porque continuou no rumo de leste, içaram-se mais bandeiras para ver se assim o chamava à atenção, o que infelizmente não sucedeu. Vendo que estava prestes a encalhar, oficiei imediatamente o ilustríssimo sr. Director da Alfândega da cidade, para dar as providências que o caso exigia, por isso que nada mais havia a esperar senão o naufrágio. O serviço semafórico foi efectuado por dois empregados, por mim e pelos pilotos que se achavam presentes, debaixo de um rigorosíssimo temporal. Se for entendido, que para abono da verdade, deva ser dada publicidade a estes esclarecimentos, muito obrigará de V.Sas., (ass.) Joaquim José dos Prazeres, chefe da estação telegráfica – Viana do Castelo, 21 de Janeiro de 1871
Fim de transcrição
P.S.- O tripulante que se salvou já conta com este naufrágio três a que assiste, vendo perecer todos os seus companheiros!
(In jornal “Comércio do Porto”, de 22 de Janeiro de 1871)
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