domingo, 31 de janeiro de 2010

Encontros portuários ( VI )


Recordações

Lembro-me perfeitamente do “Ravnur” e de outros navios do mesmo tipo, Islandeses e Noruegueses. Chegavam ao país com carregamentos de bacalhau fresco, que descarregavam em Aveiro. Já em lastro passavam por Leixões, onde carregavam pequenas parcelas de granito, com destino à Dinamarca. Lembro-me dos “Carebeka”, que no conjunto da frota seriam uns sete ou oito. Apareciam vindos de vários locais, a Sul, para carregar granito e madeira serrada, para Roterdão. Do “Trentino” e outros navios Ingleses muito idênticos, que por cá carregavam caixas de vinho e cartões com grandes quantidades de todo o género de têxteis, destinados a Inglaterra. As caixas e cartões entravam a bordo empilhadas em paletes, para uma estiva penosa efectuada manualmente. Do “Betagas” e de outros «Lpg’s», no rio Douro, a descarregar gás doméstico e industrial no cais da Mobil. Do “Dux” e de outros navios a acusar o peso dos anos, que chegavam para descarregar minério ou carvão. E lembro-me muito bem do “Ebba Victor”, onde embarquei em Fevereiro de 1976, à descoberta de Runcorn, no canal de Manchester, em resposta ao convite do armador/ capitão Knud Olsen, um inesquecível amigo de muitos anos.

O nm “ Ravnur “
1972 - 1979
P/f Skipafelagid Foroyar, Torshavn, Ilhas Faroe

O nm "Ravnur", em Leixões - imagem (c) Fotomar

Cttor.: Elbewerften Boizenburg, Rosslau, Alemanha, 1972
Arqueação : Tab 197,00 to > Tal 116,00 to > Pm 599 to
Cpmts.: Ff 49,59 mt > Pp 44,00 mt > Bc 10,11 mt > Ptl 2,59 mt
Máq.: Man, Alemanha, 1972 > 1:Di > 810 Bhp > 11,5 m/h
dp “Stjernhav”, K/s A/s Kaura, Trondheim, Noruega, 1979-1980
dp “Ringhav”, Lyder Aune, Trondheim, Noruega, 1980-1990
dp “Kongstind”, Kongstind – L. Andersen, Svolvaer, 1990-1994
Naufragou por se ter virado, eventualmente em condições de mau tempo, na posição 62º56’N 06º57’E, em 04 de Janeiro de 2003.

O nm “ Carebeka V “
1970 - 1983
Scheepsvaart Carebeka Bv., Roterdão Holanda

O nm "Carebeka V", em Leixões - imagem (c) Fotomar

Construtor : Bodo Skibsverft A/S, Bodo, Noruega, 04-1964
ex “Anu”, -?-, 1964-1966
ex “Ameta”, -?-, 1966-1970
Arqueação : Tab 1.222,00 to > Tal 743,00 to > Pm 2.205 to
Cpmts.: Ff 78,39 mt > Pp 70,72 > Bc 12,50 > Ptl 4,59 mt
Máq.: Werkspoor, Ams., 1964 > 1:Di > 1.361 Bhp > 13 m/h
dp “Larixborg”, Linde Lloyd B.v., Delfzijl, (NL), 1983-1984
dp “Sydfjord”, Drayton Enterprises, Panamá,1984-1986
Naufragou por motivo de colisão, na posição 57º44’N 10º47’E em 27.06.1986

O nm “ Trentino “
1952 - 1971
Ellerman’s Wilson Line Ltd., Hull, Inglaterra

O nm "Trentino", em Leixões - imagem (c) Fotomar

Construtor : Henry Robb, Ltd., Leith, Inglaterra, 04-1952
Arqueação : Tab 2.340,00 to > Tal 1.251,00 to > Pm 3.034 to
Cpmts.: Ff 94,37 mt > Pp 88,55 mt > Bc 14,84 mt > Ptl 5,93 mt
Máq.: British Polar, 1952 > 1:Di > 3.040 Bhp > 13,5 m/h
dp “Maldive Ensign”, Maldives Shipping, Male, 1971-1980
Vendido a Taiwan Ship Scrap Co. para demolição em Kaohsiung, Taiwan, a 22.05.1980

O lpg “Betagas”
1971 - 1980
Sloman Neptun Schiffahrts A.G., Bremen, Alemanha

O lpg "Betagas", no rio Douro - imagem (c) Fotomar

Construtor : de Waal, Zaltbommel, Holanda, 1971
Arqueação : Tab 2.127,00 to > Tal 1.194,00 to > Pm 2.633 to
Cpmts.: Ff 81,13 mt > Pp 74,81 mt > Bc 13,39 mt > Ptl 6,21 mt
Máquina : Deutz, Alemanha, 1968 > 1:Di > 2.750 Bhp > 14 m/h
dp “Amélia”, Comp. Financeira Miramar, Panamá, 1980-1994
Vendido para demolição em Brownsville, E.U.A., durante 1994.

O nm “ Dux “
1934 - 1955
A/S Dux – V.L. Schage, Oslo, Noruega

O nm "Dux", em Leixões - imagem (c) Fotomar

Cttor.: Trondheims Mek. Vaerks, Trondheim, 07.1934
Arqueação : Tab 1.590,00 to > Tal 943,00 to
Cpmts.: Pp 74,43 mt > Boca 12,25 mt > Pontal 5,15 mt
Máq.: Trondheims M.V., 1934 > 1:Cd > 66 Nhp > 10 m/h
dp “Sitona”, M. Berard-Andersen, Noruega, 1955-1960
dp “Petajas”, E. Fagerstrom, Noruega, 1960-1967
Vendido para demolição em Mathildedal, Noruega, em 09.1967

O nm “Ebba Victor”
1964-1973
-?-, Dinamarca

O nm "Ebba Victor", no rio Douro - imagem (c) Fotomar

Construtor.: Frederikshavns Vaerft, Dinamarca, 26.10.1964
Arqueação : Tab 299,00 to > Tal 191,00 to > Pm 607 to
Cpmts.: Ff 48,01 mt > Pp 43,21 mt > Bc 9,17 mt > Ptl 3,46 mt
Máq.: Alpha-Diesel, Suécia, 1964 > 1:Di > 400 Bhp > 9 m/h
dp “Svendborgsund”, Niels Henriksen, Svendborg, 1973-1977
ex “Nettelill”, R/A Uman, Karlshamn, Suécia, 1977-1979
dp “ Ebba Victor“, Harnosands Kommun, Suécia, 1979-
Sem rasto após 1980.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Navios mercantes Dinamarqueses


Det Forenede Dampskibs-Selskab
The United Steamship Company Ltd

A exemplo dos navios editados anteriormente, também esta empresa armadora mantinha diversas linhas regulares, estabelecidas na ligação com os portos do norte da Europa. Eis alguns dos navios que passaram por Leixões :

O nm “ Samos “
1948 - 1968
Det Forened Dampskib Selskab, Copenhaga, Dinamarca

O nm "Samos" - Plano de construção

O nm "Samos" em Leixões - imagem (c) Fotomar

O nm "Samos" - As principais características do navio

Nº Of.: D-224 > Iic.: O.Y.B.Q. > Registo : Copenhaga
Construtor : Helsingor Vaerft, Elsinore, 01.1948
Arqueação : Tab 1.798,00 to > Tal 913,00 to > Pm 2.610 to
Cpmts.: Ff 100,96 mt > Pp 92,96 mt > Bc 13,21 mt > Ptl 8,08 mt
Máq.: Burmeister & Wain, 1948 > 1:Di > 3.200 Ihp > 13 m/h
Equipagem : 29 tripulantes + 12 passageiros
dp “Baalbeck”, Levant Lines S.A.L., Beirute, Libano, 1968-1978
Afundado junto ao quebra-mar no porto de Beirute, a 01.12.1978, onde foi desmantelado.

O nm “ Naxos “
1955 - 1970
Det Forened Dampskib Selskab, Copenhaga, Dinamarca

O nm "Naxos" - Plano de construção

O nm "Naxos" em Leixões - imagem (c) Fotomar

O nm "Naxos" - As principais características do navio

Nº Of.: D-423 > Iic.: O.Y.Y.Z. > Registo : Copenhaga
Construtor : Frederikshavns Vaerft, Frederikshavn, 02.1955
Arqueação : Tab 1.798,00 to > Tal 913,00 to > Pm 2.610 to
Cpmts.: Ff 101,15 mt > Pp 93,00 mt > Bc 13,68 mt > Ptl 8,08 mt
Máq.: Burmeister & Wain, 1955 > 1:Di > 3.200 Ihp > 13 m/h
Equipagem : 31 tripulantes + 12 passageiros
dp “Ulysses Ogygia”, -?-, 1970-1971
dp “Calypso”, -?-, 1971-1973
dp “Manuella Pride”, -?-, 1973-1974
dp “Hoe Hing”, Hoe Hing Shipping, Singapura, 1974-1983
Vendido para demolição em Banguecoque, Tailandia (Thai Steel & Iron Corp.), em 14.09.1983

O nm “ Andros “
1954 - 1969
Det Forened Dampskib Selskab, Copenhaga, Dinamarca

O nm "Andros" - Plano de construção

O nm "Andros" em Leixões - imagem (c) Fotomar

O nm "Andros" - As principais características do navio

Nº Of.: D-422 > Iic.: O.Y.U.M. > Registo : Copenhaga
Cttor.: Frederikshavns Vaerft, Frederikshavn, 06.08.1954
Arqueação : Tab 1.810,00 to > Tal 910,00 to > Pm 2.610 to
Cpmts.: Ff 101,15 mt > Pp 93,00 mt > Bc 13,68 mt > Ptl 8,08 mt
Máq.: Burmeister & Wain, 1954 > 1:Di > 3.200 Ihp > 13 m/h
Equipagem : 29 tripulantes + 12 passageiros
dp ”George Bower”, N.C. Spanos, Panamá, 1969-1971
dp “Bilkis”, Union Navigation Co., Panamá, 1971-1982
Vendido para demolição em Alexandria, Egipto (Tartour Marine Works), em 18.02.1982

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Navios mercantes Espanhóis


Recuerdos... (1)

A pretexto de reviver Leixões durante as décadas de 1950 a 1970, seleccionamos 6 navios Espanhóis, registados em cidades diferentes, mas todas elas de grande importância marítimo-portuário. Enquanto algumas empresas armadoras estavam vocacionadas para o tráfego de cabotagem, outras privilegiavam escalas em Leixões com muita regularidade, em transito para portos hispânicos na América do Sul. Os navios operavam serviços combinados de mercadoria e passageiros, durante a ultima grande época da exploração do transporte de emigrantes, com destino ao continente Americano.

O nm “ Benito “
1956-1979
Cia. Naviera Astur-Andaluza S.A., Gijon, Espanha

O "Benito" - Imagem (c) Fotomar

Cttor.: Raylton Dixon & Co., Ltd., Middlesbrough, 05.1898
ex “Plencia”, Ramon de la Sota, Bilbao, 1898-1917
ex “Andraka-Mendi”, Cia. Sota y Aznar, Bilbao, 1917-1939
ex “Monte Contes”, Naviera Aznar, Bilbao, 1939-1956
Arqueação : Tab 2.516,00 to > Tal 1.644,00 > Pm 3.657 to
Cpmts.: Ff 91,14 mt > Pp 88,40 mt > Bc 12,81 mt > Ptl 5,80 mt
Máq.: Blair & Co., Inglaterra, 1898 > 1:Te > 1.120 Nhp > 11 m/h
Vendido para demolição em San Esteban de Pravia, Espanha, a 20.03.1979

O nm “ Rita Garcia “
1930 - 1969
Francisco Garcia S.A., Santander, Espanha

O "Rita Garcia" - Imagem (c) Fotomar

Cttor.: R. Thompson & Sons Ltd., Sunderland, Abril, 1922
ex “Ellaston”, -?-, Inglaterra, 1922-1930
Arqueação : Tab 3.708,00 to > Tal 2.280,00 to
Cpmts.: Pp 105,83 mt > Boca 15,24 mt > Pontal 7,32 mt
Máq.: Northeast Marine Eng., 1922 > 1:Te > 340 Nhp > 8 m/h
Vendido para demolição em Cartagena, Espanha, a 18.01.1969

O nm “ Cabo Roche “
1939 - 1964
Ybarra y Cia., Sevilha, Espanha

O "Cabo Roche" - Imagem (c) Fotomar

Cttor.: Soc. Espanhola de Construção Naval, Bilbao, 06.1922
ex “Cabo Roche”, Ybarra y Cia., Sevilha, 1922-1936
ex “Gadofu”, Governo Espanhol (Marinha), 1936-1939
Arqueação : Tab 2.776,00 to > Tal 1.531,00 to > Pm 4.100 to
Cpmts.: Pp 85,34 mt > Boca 12,80 mt > Pontal 7,47 mt
Máq.: Blair & Co., Stockton, 1922 > 1:Te > 253 Nhp > 10 m/h
Vendido para demolição em Barcelona, durante finais de 1964

O nm “ Lolita Artaza “
1934 - 1936 e 1939 -1974
Artaza y Compañia, San Sebastian, Espanha

O "Lolita Artaza" - Imagem (c) Fotomar

Cttor.: T. van Duijvendijk’s, Lekkerkerk, Holanda, 02.1925
ex “Harcourt”, Harrison’s (London) Ltd., 1925-1934
ex “Itxas-Zabal”, Artaza y Cia., San Sebastian, 1936-1939
Arqueação : Tab 1.511,00 to > Tal 902,00 to
Cpmts.: Pp 74,83 mt > Boca 11,55 mt > Pontal 5,24 mt
Máq.: H. Versteeg & Zonen > 1:Te > 224 Nhp > 10 m/h
Vendido para demolição em Vigo, Espanha, a 10.12.1974

O nm “ Mar Egeo “
1957-1979
Compañia Marítima del Nervion, Bilbao, Espanha

O "Mar Egeo" - Imagem (c) Fotomar

Cttor.: Astilleros de Cadiz, S.A., Cadiz, Espanha, 11-1957
Baptizado como “Andres de Urdaneta”. Nome não registado.
Arqueação : Tab 5.124,00 to > Tal 2.871,00 to > Pm 7.417 to
Cpmts.: Ff 131,53 mt > Pp 122,00 mt > Bc 17,28 mt > Ptl 7,63 mt
Máq.: Soc. Esp. Const. Naval, 1957 > 1:Di > 7.000 Bhp > 16 m/h
Vendido para demolição em Villanueva e Geltru, Espanha, a 13.02.1979

O nm “ Barreras Puente “
1959-??
António Armas Curbelo, Vigo, Espanha

O "Barreras Puente" - Imagem (c) Fotomar

Cttor.: Marítima del Musel S.A., Gijon, 1959
Construído como “Francisco Barreras”. Nome não registado.
Arqueação : Tab 373,00 to > Tal 198,00 to
Cpmts.: Pp 49,26 mt > Boca 8,64 mt > Pontal 4,74 mt
Máq.: La Maquinista, Barc., 1959 > 1:Di > 520 Bhp > 11 m/h
Sem rasto.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Navios bacalhoeiros da frota do Porto (III)


Os lugres (3)

Os dois únicos navios construídos nos estaleiros do norte do país (Figueira da Foz incluída), durante o ano de 1924, destinaram-se à pesca do bacalhau, tendo sido ambos registados na praça do Porto. Foram baptizados “Patriotismo” e “IIº Esperança”, ainda que o último seja mais facilmente identificado como “Navegador”. O percurso de ambos foi, como segue:

O “ Patriotismo “
1924 - 1941
Parceria Marítima Douro, Porto

O "Patriotismo" na barra do rio Douro
Imagem de autor desconhecido

Nº Oficial : B-182 > Iic.: C.S.L.N. > Porto de registo : Porto
Cttor.: José Dias dos Santos Borda Júnior, Fão, 12.04.1924
Arqueação : Tab 276,35 to > Tal 208,40 to
Cpmts.: Ff 44,81 mt > Pp 40,02 mt > Bc 8,64 mt > Ptl 3,92 mt
Navegou à vela até 1934. Recebeu motor auxiliar em 1935.
Máq.: Volund, Dinamarca, 1935 > 1:Sd > 170 Bhp > 8 m/h
Equipagem : 8 tripulantes
Capitães embarcados : Francisco d’Oliveira (1924 a 1929) e Jorge da Rocha Troloró (1934 a 1939)
Passa a operar comercialmente a partir de 1940.
Naufraga devido a ciclone, dando à costa a sul de Peniche, em 17.02.1941. A tripulação salvou-se no escaler de bordo, à excepção de uma vitima mortal.

No ano de 1928 a embarcação mais o conjunto de 36 dóris (41 depois de 1933), estava avaliada em 278 mil escudos. Transportou 43 tripulantes, que dispunham para a pesca 1.400 linhas com anzóis orçadas em 19.500 escudos. O valor total de peixe capturado não excedeu as 90 to. (1.500 quintais), que renderam 135 mil escudos. Período de fracas capturas de bacalhau durante os anos seguintes, só depois da alternância de pesqueiros entre a Terra Nova e a Gronelândia, após 1932, foi rentabilizada a larga capacidade do navio. O melhor ano de pesca, apresenta-se ter sido 1934, cuja captura de bacalhau atingiu quase 295 to. (4.617 quintais), avaliadas muito próximo dos 550 mil escudos.

O “ Navegador “
1929 - 1942
Parceria Marítima Douro, Porto

O "Navegador" na barra do rio Douro
Imagem de autor desconhecido

Nº Oficial : B-181 > Iic.: C.S.L.P. > Porto de registo : Porto
Construtor : José Linhares, Fão, 1924
ex “IIº Esperança”, Emp. Marít. Esperança, Porto, 1924-1928
Arqueação : Tab 283,46 to > Tal 204,56 to
Cpmts.: Ff 43,64 mt > Pp 39,10 mt > Bc 9,25 mt > Ptl 3,87 mt
Navegou à vela até 1934. Recebeu motor auxiliar em 1935.
Máq.: Volund, Dinamarca, 1935 > 1:Sd > 170 Bhp > 8 m/h
Equipagem : 10 tripulantes
Capitães embarcados como “IIº Esperança” e “Navegador” : Francisco António Bichão (1924 a 1929) e Francisco d’Oliveira (1934 a 1939).
A partir de 1940 passou ao comércio.
Vendido em 1942 a Augusto Fernandes Bagão, Maria Ondina Gaioso Henriques Vaz, Gumercinda Gaioso de Penha Garcia Henriques, António Máximo Gaioso Henriques e João Gaioso Henriques. Mudou o nome para “Maria Ondina” e transferiu o registo para a praça de Aveiro. Foi reconstruído em 1943.
Naufragou por encalhe no Cabedelo da barra do rio Douro, em 16.04.1946. Transportava um carregamento de 600 to. de fosfatos, consignados à firma M. de Almeida Santos, do Porto. A tripulação foi salva pelas lanchas de pilotagem.

No ano de 1929 esta embarcação encontrava-se avaliada com o mesmo valor e equipada com os mesmos utensílios referidos para o lugre “Patriotismo”. O valor total de peixe capturado não excedeu as 62 to. (1.033 quintais), negociadas por 297 mil escudos. Face aos problemas mencionados previamente, também recai sobre 1934 o melhor ano de pesca, com capturas de bacalhau na ordem das 264 to. (4.400 quintais), que renderam 528 mil escudos.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Navios bacalhoeiros da frota do Porto (II)


Os lugres (2)

Mais uma vez faço referência a navios bacalhoeiros e foram muitos, que estiveram registados na praça do Porto. Consoante vou encontrando as respectivas imagens, pesquiso o percurso de cada um deles, sabendo que a cada mudança de armador, acontecia a correspondente alteração dos nomes.
Como por exemplo neste caso, em que o lugre “Andorinha” (Iº) - existiu um 2º lugre com o mesmo nome - foi também o “Ave”. Quanto ao lugre “Famalicão”, navegou até aos bancos com os nomes “Barreto Braga Iº” e “Luzo Iº”, como abaixo se explica.

O lugre “Andorinha” (Iº)
1919 - 1921
Empresa de Navegação Portugal e Américas, Lda.

Imagens do lugre "Andorinha" em Vila do Conde
Reportagem publicada na Ilustração Portuguesa

Nº Oficial : B-103 > Iic.: H.A.N.D. > Porto de registo : Porto
Cttor.: Jeremias Martins Novais, Vila do Conde, 04-1919
Arqueação : Tab 283,18 to > Tal 195,21 to
Cpmts.: Pp 42,40 mt > Boca 9,20 mt > Pontal 3,45 mt
Maquina : Não tinha motor auxiliar
Capitães embarcados : João dos Santos (1919 e 1920)
Tendo permanecido na posse do mesmo armador, conservou o registo no Porto, mas alterou o nome para “Ave”, participando com este nome na campanha de 1921. Novamente vendido, foi adquirido pela Companhia de Pesca Transatlântica, em 1935, conservando o nome e o registo no Porto. Provavelmente vendido ou entregue para demolição em 1939, ano em que foi substituído pelo lugre “Aviz”.

O lugre “Famalicão”
1920 - 1921
Sociedade de Pesca Marítima de Esposende, Lda.

O lugre "Famalicão" em Esposende
Colecção "Seixas?" - Museu de Marinha

Nº Oficial : B-150 > Iic.: H.F.A.M. > Porto de registo : Porto
Cttor.: José Dias dos Santos Borda Jr., Esposende, 03-1920
Arqueação : Tab 476,66 to > Tal 391,17 to
Cpmts.: Pp 48,60 mt > Boca 9,83 mt > Pontal 4,43 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar
Vendido à empresa Barreto Braga & Cª., Lda., conservou o registo no Porto, mudando o nome para “Barreto Braga Iº”. Participou com este nome na campanha de 1921. Vendido em 1922 à Empresa de Pesca de Bacalhau “A Gaduana”, manteve o registo no Porto sendo rebaptizado “Luzo Iº”. Presente com este nome na campanha de 1923. Foi depois adquirido por armador do Algarve, durante o ano de 1928, que lhe alterou o nome para (?), com registo em Vila Real de Santo António. Sem rasto após 1929.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Beligerância ou pirataria ?


O navio hospital “Centaur”

Foi recentemente noticiado (11.01.2010), ter sido encontrado o casco deste navio, por uma equipa chefiada por David Mearns, o mesmo pesquisador que em tempos já havia identificado os cascos do HMAS “Sydney” e do HSK “Kormoran”. A informação algo tardia, confirma o achado a 20 de Dezembro último, localizado a cerca de 30 milhas náuticas do extremo sul da Ilha Moreton, situada a sudoeste da província Australiana de Queensland.
O navio naufragado mantém-se intacto, muito embora fracturado num ou dois locais. Foi igualmente confirmado encontrar-se na posição 27º16’98”S 153º59’22”E numa profundidade ligeiramente superior a 2.000 metros, um pouco menos de uma milha (1.850 mts), conforme calculara o 2º Oficial Gordon Rippon, que se encontrava de quarto na ponte, na noite em que o navio foi torpedeado.

Imagem do "Centaur" naufragado
Foto BBC News

O “Centaur”, operando como o segundo de três navios hospital Australianos, era um navio de carga e passageiros convertido no início de 1943, para esse efeito. A 12 de Maio o “Centaur” largou do porto de Sydney, sem escolta, pelas 0945 horas, transportando a sua tripulação habitual, bem como mantimentos e equipamento para um ambulatório de campanha, mas sem doentes a bordo. Foi afundado sem aviso prévio, por um torpedo do submarino Japonês I-177, no dia 14 de Maio de 1943, cerca das 4 horas da madrugada, estimando estar posicionado a cerca de 50 milhas a noroeste de Brisbane, no curto espaço de 3 minutos.

O afundamento do navio "Centaur"
Durante muitos anos a exigência foi vingar as enfermeiras

Das 332 pessoas a bordo, apenas 64 sobreviveram, tendo ficado durante 35 horas nas baleeiras de bordo, até ser efectuado o resgate. A freira Ellen Savage, que foi a única sobrevivente do grupo de 12 enfermeiras, que trabalhavam a bordo, apesar de se encontrar ferida, teve um papel relevante na ajuda aos restantes náufragos, motivo que justificou ser condecorada pelo governo Australiano.
O ataque à embarcação, que se apresentava convenientemente iluminada, marcada e assinalada como navio hospital, bateu recordes de atrocidade, tendo levado os governos Inglês e Australiano a efectuar um protesto oficial aos responsáveis Japoneses, sobre o lamentável incidente. Na recusa Japonesa de aceitar a responsabilidade pelo ataque do submarino durante muitos anos, o caso foi levado ao Tribunal Internacional de Crimes de Guerra, que por sua vez ajuizou não penalizar a tripulação do submarino, por não ter sido possível efectuar a sua identificação.

Contudo a história oficial da Marinha Japonesa, esclarece ter sido o submarino I-177, sob o comando do Capitão-Tenente Nakagawa, o mandante do ataque que afundou o “Centaur”, depois do Tribunal ter condenado o mesmo oficial por crimes de guerra, quando, após torpedear e afundar o navio mercante Inglês “Chivalry”, no oceano Indico, ter ordenado o fuzilamento da sua tripulação indefesa.

O Navio-hospital "Centaur"

O “ Centaur “
1943-1943
Governo Australiano (Marinha)

Cttor.: Scott’s Ship Building & Engineering Co., Ltd., Greenock,
Inglaterra, 09-1924
ex “ Centaur ” (II), Ocean Steamship Co., Ltd., Liverpool sob
operação de A. Holt & Co. Ltd. / Blue Funnel Line, 1924-1943
Arqueação : Tab 3.222 to > Tal 1.901 to
Cpmts.: Pp 96,23 mt > Boca 14,69 to > Pontal 6,55 mt
Máq.: Burmeister & Wain, 1924 > 2:Di > 855 Nhp > 11,5 m/h

Na preparação deste post, foi utilizado texto e imagens retirados do sítio oficial do Australian War Memorial.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Os culpados do costume !


Nevoeiro de Verão a Sul, temporal de Inverno a Norte

Recuamos aos primeiros anos do século passado, período em que teve lugar larga quantidade de naufrágios. As condições adversas de tempo e mar, uma costa mal sinalizada a longos espaços, propiciava os acidentes, muitos deles com desfechos trágicos, como veremos. Foi em 1914 que entre outros sinistros, se perderam mais dois navios.

O “ Lord Antrim “
1897 - 1914
Ardan Steamship Co. Ltd., Belfast, Escócia

O "Lord Antrim" encalhado no Cabo Raso
Imagem publicada na Ilustração Portuguesa

Cttor.: (Charles M.) Palmer Shipyard, Jarrow, Inglaterra, 01.1890
ex “Alderley”, W. Tapscott & Co. Londres, Inglaterra, 1890-1897
Arqueação : Tab 3.045 to
Comprimentos : Pp 97,50 mt > Boca 12,90 mt
Máquina : Do construtor, 1889 > 1:Te > 10 m/h
Considerado perda total, após encalhe em rochedos no Cabo Raso, por motivo de nevoeiro, a 29 de Junho de 1914. A tripulação foi salva.

O “ Bogor “
1898 – 1914
Rotterdamsche Lloyd, Roterdão, Holanda

O "Bogor" na Holanda - foto de autor desconhecido
Retirada da net "sítio dos Naufrágios"

Naufrágio do "Bogor" - após submergir ficaram apenas destroços
Imagem publicada na Ilustração Portuguesa

Cttor.: Blohm & Voss, Steinwerder, Alemanha, 29.08.1898
Arqueação : Tab 3.620 to
Comprimentos : Pp 100,60 mt > Boca 13,60 mt
Máquina : Do construtor, 1889 > 1:Te > 10 m/h
Perda total por submersão, após encalhe em rochedos a Sul da praia de Angeiras (10 mn a Norte de Leixões), devido a temporal, em 13 de Dezembro de 1914. Pela impossibilidade de prestar socorro, quer porque as condições de mar não o permitiram, quer porque o navio se encontrava muito afastado de terra, apenas 5 náufragos conseguiram salvar-se a nado, dos 38 tripulantes que compunham a equipagem do navio.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Embarcações de pesca


O arrastão “Beirão” e a traineira “Melinde”

Pela primeira vez no blog, faço uma alusão directa a embarcações ligadas à pesca costeira. O motivo; apesar de terem pouco em comum, gostei do casal…
Quanto às similaridades apenas duas: foram ambos construídos em madeira, com a pequena diferença de dois anos e pertencem ou pertenceram a armadores sediados em Aveiro. O primeiro estava munido com redes de arrasto, o segundo utilizava as tradicionais redes de cerco, empregues na pesca da sardinha. Tiveram o bota-abaixo à cerca de 60 anos. Será que ainda existem ?

O arrastão “ Beirão “
1947 - ?
Sociedade de Pesca de Arrasto de Aveiro, Lda.

O arrastão "Beirão", no dia de bota-abaixo
Foto-postal de autor desconhecido

Nº Oficial : LX-51-C > Iic.: C.S.O.C. > Reg.: Lisboa, 1948
Construtor : Silvério Teixeira Cova, Aveiro, 1947
Arqueação : Tab 110,13 to > Tal 45,62 to
Cpmts.: Ff 27,33 mt > Pp 23,71 mt > Bc 5,90 mt > Ptl 2,83 mt
Máq.: Deutz, Alemanha, 1947 > 1:Di > 375 Bhp > 10 m/h
Equipagem : 10 tripulantes
Destino : ?
O mesmo armador era em simultâneo proprietário do arrastão “Umbelina Primeiro”.

A traineira “ Melinde “
1956 - ?
Empresa de Pesca de Aveiro, Lda.

A "Melinde" regressa da pesca a Leixões
Imagem (c) Fotomar, Matosinhos

Nº Oficial : A-1159-C > Iic.: C.S.R.E. > Reg.: Aveiro, 1956
Construtor : António G. Martins & Filhos, Lda, Porto, 1949
Arqueação : Tab 52,07 to > Tal 14,52 to
Cpmts.: Ff 23,05 mt > Pp 19,56 mt > Bc 5,17 mt > Ptl 2,23 mt
Máq.: Lister, Inglaterra, 1949 > 1:Di > 160 Bhp > 10 m/h
Destino : ?
O mesmo armador era em simultâneo proprietário das traineiras “Albino”, “Augusto”, “Jeremias”, Lívio”, “Novo Bonfim” e do arrastão costeiro “Transmontana”

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Encontros portuários ( V )


Da Companhia Naviera Aznar, Bilbao, Espanha
2ª parte

Chegado o ano de 1939, com a dissolução da sociedade Sota y Aznar, a companhia passa à nomenclatura supra referênciada, utilizando a mesma frota, desde então rebaptizada com o prefixo "Monte". Como refiro anteriormente, foram muitos os navios que passaram por Leixões. Esta é por conseguinte a memória desses dias, de proficúo entendimendo marítimo e comercial ibérico.

“ Monte Faro “
1939 - 1965
Naviera Aznar, Bilbao, Espanha

O "Monte Faro" - em Leixões
Imagem (c) Fotomar, Matosinhos

Construtor : Cia. Euskalduna de Const. Naval, Bilbao, 11.1915
ex “Mar del Norte”, Marit. del Nervion, Bilbao, 1915-1928
ex “Rio Navia”, Cia. Transmediterranea, Barcelona, 1928-1936
ex “Ellen”, Governo Espanhol (Marinha), Bilbao, 1936-1938
ex “Arate-Mendi”, Cia. Nav. Sota y Aznar, Bilbao, 1938-1939
Arqueação : Tab 2.917,00 > Tal 1.654.00 to
Cpmts.: Pp 93,27 mt > Boca 13,47 mt > Pontal 6,64 mt
Máq.: Engine Works, Whpl, 1915 > 1:Te > 268 Nhp > 10 m/h
Vendido para demolição em Bilbao durante o ano de 1965.

“ Monte Nuria “
1939 - 1963
Naviera Aznar, Bilbao, Espanha

O "Monte Nuria" - em Leixões
Imagem (c) Fotomar, Matosinhos

Construtor : Cia. Euskalduna de Const. Naval, Bilbao, 10.1917
ex “Artagan-Mendi”, Cia. Nav. Sota y Aznar, Bilbao, 1917-1939
Arqueação : Tab 5.718,00 to > Tal 3.409,00 to
Cpmts.: Pp 121,92 mt > Boca 16,31 mt > Pontal 8,69 mt
Máq.: Blair & Co., Stockton, 1917 > 1:Te > 448 Nhp > 10 m/h
Vendido para demolição em Bilbao, a 12.06.1963

“ Monte Sollube “
1939 - 1959
Naviera Aznar, Bilbao, Espanha

O "Monte Sollube" - em Leixões
Imagem (c) Fotomar, Matosinhos

Construtor : Furness Shipbuilding Co. Ltd., Haverton, 04.1921
ex “Virginia Peirce”, baptismo sem utilização, 1921-1921
ex “Arola-Mendi”, Cia. Nav. Sota y Aznar, Bilbao, 1921-1939
Arqueação : Tab 5.853,00 > Tal 3.594.00 to
Cpmts.: Pp 121,92 mt > Boca 16,15 mt > Pontal 10,00 mt
Máq.: Rich., Westgarth & Co., 1921 > 1:Te > 573 Nhp > 12 m/h
Naufragou devido a encalhe em Santander, a 10.02.1959. Desencalhado, foi vendido para demolição em Bilbao, no decorrer de Setembro de 1959.

“ Monte Castelo “
1939 - 1964
Naviera Aznar, Bilbao, Espanha

O "Monte Castelo" - em Leixões
Imagem (c) Fotomar, Matosinhos

Construtor : Cia. Euskalduna de Const. Naval, Bilbao, 05.1921
ex “Arnotegui-Mendi”, Cia. Nav. Sota y Aznar, Bilbao, 1921-1939
Arqueação : Tab 3.222,00 > Tal 1.866.00 to
Cpmts.: Pp 102,11 mt > Boca 14,17 mt > Pontal 6,71 mt
Máq.: Blair & Co., Stockton, 1921 > 1:Te > 333 Nhp > 9 m/h
Vendido para demolição em Santander a 16.03.1964

“ Monte Teide ”
1939 - 1967
Naviera Aznar, Bilbao, Espanha

O "Monte Teide" ainda como "Altuna-Mendi"
Postal (c) da Companhia

O "Monte Teide" - em Leixões
Imagem (c) Fotomar, Matosinhos

Construtor.: J. Readhead & Sons, Ltd., South Shields, 03.1922
ex “Altuna-Mendi”, Cia. Nav. Sota y Aznar, Bilbao, 1922-1937
ex “Aizkori-Mendi”, Cia. Nav. Sota y Aznar, Bilbao, 1937-1939
Arqueação : Tab 6.202,00 to > Tal 3.897,00 to
Cpmts.: Pp 122,07 mt > Boca 16,28 mt > Pontal 10,33 mt
Máq.: J. Readhead & Sons, 1922 > 1:Te > Nhp > 10 m/h
Vendido para demolição em Santander, a 16.01.1967

“ Monte de la Esperanza “
1952 - 1966
Naviera Aznar, Bilbao, Espanha

O "Monte de la Esperanza" - em Leixões
Imagem (c) Fotomar, Matosinhos

Construtor : Pusey & Jones, Wilmington, EUA, 08.1938
ex “Cavalier”, Philadelphia & Norfolk S/s , Filad., 1938-1941
ex “Monadnock”, Governo Americano (Marinha), 1941-1947
ex “Cavalier”, Philadelphia & Norfolk S/s , Filad., 1947-1949
ex “Karukara”, Guadaloupe Coop., -?-, 1949-1952
Arqueação : Tab 3.058,00 > Tal 1.893,00 to
Cpmts.: Pp 85,40 mt > Boca 14,80 mt > Pontal 4,11 mt
Máq.: General Electric Co., 1938 > 2:Tv > 17,5 m/h
Vendido para demolição em Santander a 13.01.1966

“ Monte Umbe “
1959 - 1975
Naviera Aznar, Bilbao, Espanha

O "Monte Umbe" - postal (c) da Companhia

Construtor.: Cia. Euskalduna de Const. Naval, Bilbao, 04.1959
Arqueação : Tab 9.971,00 > Tal 4.541,00 to > Pm 7.559 to
Cpmts.: Ff 154,82 mt > Pp 139,33 mt > Bc 19,00 mt > Ptl 11,61 mt
Máq.: Soc. Esp. Const. Naval, 1959 > 1:Di > 7.300 Bhp > 16 m/h
dp “Liban”, Dem-Line (Fouad Khayat & Co.), Libano, 1975-1979
Vendido para demolição em Karachi, Paquistão, a 20.07.1979

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Companhias de Navegação Espanholas


Os navios da frota da Cia. Naviera Sota y Aznar
(1ª parte)

Durante os dias calmos da passagem de ano, estive a rever a minha colecção de imagens do porto de Leixões. Fixei-me numa fotografia, captada por uma objectiva adulta, nos meus tempos de escolaridade. Seguramente, ignorando que a área portuária se transformaria num dos meus locais de trabalho, praticamente ininterrupto ao longo de 35 anos de actividade. Através do cenário representado na imagem, diria que a foto foi tirada em plena Primavera (não existem sinais de veraneantes na praia), durante o ano de 1961, (ano da construção do mercado municipal de Matosinhos - em primeiro plano) e certamente muito pouco tempo antes da construção das novas docas.


O porto de Leixões
Imagem (c) de autor desconhecido - minha colecção

Lamentavelmente não consigo identificar os três navios, que se encontram atracados no lado Sul do porto, como também tenho dificuldade em dizer qual o navio atracado a meio do cais, no lado Norte, entre um navio da classe “A” da Sociedade Geral e o “Monte Faro” da Naviera Aznar, empresa Espanhola de Bilbao. Dos navios desta companhia, guardo algumas memórias, menos boas, principalmente quando era obrigado a subir a bordo pelas escadas de quebra-costas, que pela altura e tamanho, pareciam não ter fim. De resto, o trabalho foi sempre facilitado pela hospitalidade e competência dos amigos “Bascos”. Essa casualidade, resulta agora nos posts seguintes, a começar por uma fase da companhia que não conheci, mas que nos revela tratar-se dum colosso Cantábrico, de grande dimensão e importância. Aproveito para lembrar, que os navios de menor porte, eram utilizados num tráfego semanal de cabotagem entre os portos peninsulares, enquanto que os navios mistos e de passageiros, operavam na ligação de portos Europeus, tais como Hamburgo, Roterdão, Antuérpia, Bilbao e Gijon, com os portos sul-americanos no Uruguai e Argentina.

“Anboto-Mendi”
1929-1940
Cia. Naviera Sota y Aznar, Bilbao

O navio "Anboto-Mendi" - postal da Companhia

Construtor : Cia. Euskalduna de Const. Naval, Bilbao, 01.1929
Arqueação : Tab 2.955,00 to > Tal 1.527,00 to
Cpmts.: Ff 107,30 mt > Pp 102,11 mt > Bc 13,90 mt > Ptl 5,39 mt
Máq.: Sulzer Bros., Suíça, 1928 > 1:Te > 388 Nhp > 12,5 m/h
dp “Monte Amboto”, Naviera Aznar, Bilbao, 1939-1976
Vendido para demolição em Santander, a 20.12.1976

“Altube-Mendi”
1929-1939
Cia. Naviera Sota y Aznar, Bilbao

O navio "Altube-Mendi" - postal da Companhia

Construtor : Cia. Euskalduna de Const. Naval, Bilbao, 07.1929
Arqueação : Tab 2.955,00 to > Tal 1.594,00 to
Cpmts.: Ff 107,40 mt > Pp 102,11 mt > Bc 13,90 mt > Ptl 5,39 mt
Máq.: Burmeister & Wain, 1929 > 1:Te > 271 Nhp > 12 m/h
dp “Monte Altube”, Naviera Aznar, Bilbao, 1939-1972
Naufragou por motivo de encalhe a 8 milhas a Norte do Cabo Juby, Marrocos, em 16.12.1972

“Arantza-Mendi”
1938 - 1939
Cia. Naviera Sota y Aznar, Bilbao

O navio "Arantza-Mendi" - postal da Companhia

Construtor.: Cia. Euskalduna de Const. Naval, Bilbao, 04.1923
ex “Arantza-Mendi”, Cia. Nav. Sota y Aznar, Bilbao, 1923-1936
ex “Lecce”, Governo Espanhol (Marinha), 1936-1938
Arqueação : Tab 3.720,00 to > Tal 2.010,00 to
Cpmts.: Pp 105,40 mt > Boca 14,84 mt > Pontal 6,83 mt
Máq.: Harland & Wolff, Glasgow, 1923 > 1:Te > 489 Nhp > 10 m/h
dp “Monte Gorbea”, Naviera Aznar, Bilbao, 1939-1942
Torpedeado por submarino na posição 14º55’N 60º00’W, (próximo à ilha Martinica), em 19.09.1942

“Ayala-Mendi”
1938-1940
Cia. Naviera Sota y Aznar, Bilbao

O navio "Ayala-Mendi" - postal da Companhia

Construtor : Cia. Euskalduna de Const. Naval, Bilbao, 02.1929
ex “Ayala-Mendi”, Cia. Nav. Sota y Aznar, Bilbao, 1929-1937
ex “Elise”, Governo Espanhol (Marinha), 1937-1938
Arqueação : Tab 2.955,00 to > Tal 1.608,00 to
Cpmts.: Ff 106,70 mt > Pp 102,11 mt > Bc 13,87 mt > Ptl 5,39 mt
Máq.: Sulzer Bros., Suíça, 1929 > 1:Te > 388 Nhp > 12 m/h
dp “Monte Ayala”, Naviera Aznar, Bilbao, 1940-1967
Vendido para demolição em Bilbao, a 01.06.1967

domingo, 3 de janeiro de 2010

O porto comercial do Douro


Douro, será que o passado tem futuro...?

O princípio do ano 2010 começa com a inquietante preocupação de existir dinheiro público e privado para gastar, em futuras actividades a ser desenvolvidas e realizadas no rio Douro, em substituição dos aviões da Red Bull e não haver propostas interessantes para o efeito. Quanto ao Presidente da Autarquia, por falta de ideias próprias, aguarda propostas com viabilidade económica. A nossa sugestão, por motivos óbvios, recomenda tirar os olhos do céu, para que definitivamente se comece a olhar em frente. Há muito que dizemos que o futuro passa pela água, turística e comercialmente. Os bons exemplos falam por si...

O nm “ Tagus “
1970-1974
Ellerman Lines, Liverpool, Inglaterra

O "Tagus" movimenta contentores no porto comercial do Douro
Imagem (c) Fotomar

O "Tagus" desce o rio para a barra na Foz do Douro
Imagem (c) Fotomar

O "Tagus" enquadrado na paisagem urbana do Douro
Imagem (c) Fotomar

Construtor : Astilleros del Cadagua, Bilbao, 03.1970
Arqueação : Tab 1.578,00 to > Tal 892,00 to > Pm 2.175 to
Cpmts.: Ff 85,32 mt > Pp 78,85 mt > Bc 13,71 mt > Ptl 6,05 mt
Máq.: Werkspoor N.v., 1970 > 1:Di > 3.200 Bhp > 16 m/h
dp “City of Lisbon”, Sea Containers, Liverpool, 1974-1979
dp “Cape Hustler”, Sea Containers, Bermuda, 1979-1985
dp “Cape”, Bona Mercantile S.A., Honduras, 1985-1989
dp “Despo”, -?-, 1989-1989
Naufragou na posição 37º00’N 19º05’E (ao largo de Zakynthos, Grécia), em 22.11.1989