quarta-feira, 13 de maio de 2015

Memorativo da Armada


O navio tanque "Sam Braz"

O navio “Sam Braz” construído no Arsenal do Alfeite
é lançado à água na próxima terça-feira
Com a assistência dos membros do Governo e altos comandos militares e navais, efectua-se no próximo dia 17, pelas 17 horas, no Arsenal do Alfeite, a cerimónia do lançamento à água do primeiro petroleiro português, que é também o maior navio até hoje construído no nosso País, pois desloca 7 mil toneladas e mede cerca de 109 metros de comprimento por 15,5 de largura.
Começado a construir em Fevereiro do ano passado, o ritmo da sua construção atesta bem as possibilidades industriais do Arsenal, apesar das inevitáveis dificuldades que a guerra tem trazido ao problema dos transportes e da aquisição de materiais.
Dentro de cinco meses o novo navio deve estar em condições de empreender a sua primeira viagem. Foi-lhe dado o nome de “Sam Braz” – a pequena baía à qual aportou Bartolomeu Dias para fazer aguada, depois de ter dobrado o Cabo das Tormentas.
(In jornal “Comércio do Porto”, sábado, 14 de Março de 1942)

O lançamento à água do petroleiro “Sam Brás”,
que se realiza depois de amanhã
Foram convidados os oficiais da Armada a assistir ao lançamento do petroleiro “Sam Braz”, que se realiza depois de amanhã, às 16 e 50, no Arsenal do Alfeite, com a assistência do sr. ministro da Marinha.
(In jornal “Comércio do Porto”, Domingo, 15 de Março de 1942)

Foto do navio "Sam Braz" por Roiz, Lda., Lisboa
Imagem da minha colecção

O petroleiro português “Sam Brás”, construído no Arsenal
do Alfeite, foi ontem lançado à água, tendo presidido à
cerimónia o sr. Ministro da Marinha
O Arsenal do Alfeite lançou ontem à água a quarta unidade naval ali construída, desde o começo da sua apreciável laboração: primeiro, um navio hidrográfico, depois duas vedetas de fiscalização da costa e, agora, um petroleiro – o “Sam Braz”.
Incluído na segunda fase do programa de reconstrução naval, a sua quilha foi assente em Fevereiro de 1941, pelo que o belo navio foi para a água com pouco mais de um ano de permanência na carreira.
O lançamento deste navio – o primeiro petroleiro construído em Portugal – reveste-se de uma importância especial se fôr considerado o problema dos transportes de combustível depois da eclosão da guerra e, especialmente, depois da entrada dos Estados Unidos no conflito.
Como é sabido, a nossa importação de gasolina tem diminuído consideravelmente. A média anual de importação desse produto no triénio 1937-38-39 andou à volta de 73.000 toneladas, baixando no ano de 1940 para menos de metade, ou seja para 35.000 toneladas. Quanto ao fim de 1941, não há ainda números que permitam avaliar a nova percentagem de redução, mas é conhecido que ela se acentuou muito mais.
A entrada deste novo navio em serviço, dentro de quatro a cinco meses, vem contribuir para aliviar a escassez de gasolina, ao mesmo tempo que dota a Armada com uma nova e utilíssima unidade.
Trata-se de um navio que, deslocando 7.000 toneladas, tem tanques com capacidade para 3.500 toneladas de combustível. Accionado por um motor diesel a dois tempos, tem 2.700 cavalos de força e pode atingir a velocidade de 12 milhas horárias.
À cerimónia do lançamento presidiu o sr. Ministro da Marinha que chegou ao Arsenal do Alfeite acompanhado pelo seu chefe de gabinete, sr. capitão de mar-e-guerra Américo Tomaz, também presidente da Junta Nacional da Marinha Mercante e pelos seus ajudantes srs. comandante Jerónimo Jorge e 2º tenente Evaristo Gonçalves.
O chefe da Armada foi recebido pelos almirantes com funções de comando, pelo comodoro comandante da Força Naval da Metrópole e pelos srs. engenheiro Perestrelo de Vasconcelos, administrador do Arsenal; dr. Pereira Coutinho, director comercial; engenheiro Moniz Vargas, director técnico e por outros engenheiros civis e navais, bem como por diversos convidados.
Estavam também presentes deputações de oficiais dos navios de guerra actualmente em beneficiação no Arsenal do Alfeite, da esquadrilha de submersíveis, do Corpo de Marinheiros da Armada e da Escola Naval.
O sr. Ministro da Marinha, acompanhado por todos os presentes, dirigiu-se para a tribuna de honra erguida junto à proa do novo navio, na qual tomou lugar também o rev. Dr. Tomaz de Aquino, prior da Armada, solicitado para dar a bênção ao “Sam Braz”. Para madrinha foi convidada a filha do operário-arvorado Salvador António Pacheco, um dos mais antigos operários de construção naval no nosso país.
O navio, embandeirado e muito bem pintado, oferecia, com os seus 108 metros de comprimento, um belo aspecto sobre a carreira onde foi construído e pela qual irá deslizar dentro de alguns minutos.
Dos dois lados da carreira faziam a guarda de honra uma companhia de Marinha com bandeira e banda, e uma lança da Brigada Naval, constituída por pessoal arsenalista.
Logo que o sr. Ministro da Marinha chegou à tribuna, foram retiradas as últimas escoras que auxiliavam a manutenção do navio na carreira, após o que o representante da igreja lançou a bênção ao novo navio, precedido da oração do ritual.
O sr. engenheiro Perestrelo de Vasconcelos convidou então a madrinha a proceder à cerimónia simbólica, enquanto a guarda de honra apresentava armas e a banda da Armada executava o hino Nacional. Uma assistência constituída por centenas de pessoas sublinhou a entrada do navio nas águas do Tejo com entusiásticas manifestações.
O sr. Ministro da Marinha, antes de se retirar, transmitiu ao sr. engenheiro Perestrelo de Vasconcelos as suas felicitações, extensivas a todo o pessoal do Arsenal, pela nova e importante construção, que acabavam de realizar.
(In jornal “Comércio do Porto”, quarta, 18 de Março de 1942)

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