O ataque ao lugre " Rio Cávado "
Naufragou o “Rio Cávado”
Os tripulantes foram salvos
-----------------------------------
Naufragou o “Rio Cávado”
Os tripulantes foram salvos
-----------------------------------
El Ferrol, 2 – Chegaram às 11 horas da noite de ontem os tripulantes do veleiro “Rio Cávado”. O navio naufragou às 6 horas da manhã do dia 2, a 290 milhas do Cabo Prior. Era a primeira viagem que fazia, tendo sido lançado ao mar em Julho último e transportava vinho do Porto para Bristol.
(In jornal “O Século”, de 07 de Outubro de 1918).
Protesto de mar (transcrição)
Don Nicasio Perez Moreno, Vice-cônsul de Portugal no Ferrol;
Certifico que no livro de protestos deste consulado figura o seguinte:
Protesto, por afundamento do lugre português “Rio Cávado”.
O capitão, piloto e tripulantes do lugre “Rio Cávado”, perante o sr. vice-cônsul de Portugal no Ferrol, declarou:
Que no dia 24 de Setembro saiu o citado navio do Porto, com um carregamento completo de vinho, com destino a Bristol (Inglaterra); Que navegou em regulares condições de tempo e mar com ventos do quadrante NE, mar de vaga e vaga grossa; Que pelas 8 horas e 5 minutos do dia 1 de Outubro no ponto aproximado Lat. 45º42’8”N e Long. 11º50’5”W fomos intimados a parar por um submarino alemão, que nos alvejou com treze tiros de canhão, em seguida ao seu aparecimento; Que se arriou um bote, debaixo de constante fogo e nos dirigimos ao submarino; Que nos mandaram atracar; Que nos perguntaram a nacionalidade, carregamento, destino do navio e se nos fazíamos acompanhar pelos documentos; Que lhes foi respondido que os documentos se encontravam a bordo; Que em seguida, embarcaram no bote um oficial e dois marinheiros, que se faziam acompanhar por um saco com bombas; Que o submarino navegou em direcção ao citado lugre, rebocando o bote onde nos encontrávamos; Que parou muito perto, abordando o bote do navio e saltando em seguida os alemães, seguidos por nós; Que nos foi dado um prazo de 15 minutos para arriarmos uma embarcação, que se encontrava a bordo e na qual nos salvamos; Que o primeiro bote ficou em poder dos alemães; Que o oficial do submarino levou todos os documentos, incluindo as cédulas dos tripulantes; Que fomos intimados, em seguida, a abandonar o navio; Que nos dirigimos novamente ao submarino, que estava perto e o comandante do mesmo nos ordenou que seguíssemos ao rumo SE, que iríamos às costas de Espanha; Que passamos em pleno mar, debaixo de constantes perigos, devido ao muito mar e vento; Oitenta horas depois desembarcamos, por fim, na cova do Cabo Prior; Que o bote se partiu, de encontro às pedras, devido ao muito mar; Que nos dirigimos, no Ferrol; ao vice-cônsul de Portugal, que nos prestou todo o auxilio que carecíamos; Em face do que narramos, disse o capitão, que para salvaguardar os interesses do armador, carregadores, fretadores e mais interessados, protestava contra o submarino alemão, por os ter obrigado a abandonar o navio, afundando em seguida o mesmo; Por ser verdade o assinamos, no Ferrol, a sete de Outubro de mil, novecentos e dezoito.
Tripulação: José Henrique Frazão, capitão; António Augusto Cardoso, piloto; João Maria e António Vicente de Macedo, marinheiros; Eduardo Saraiva, cozinheiro; Eduardo Pereira Vidinha e Manoel de Matos, moços.
(In Felgueiras, José Eduardo de Sousa, Sete séculos no mar (XIV a XX), livro III, A construção de embarcações, Pag. 212/216, Edição do Centro Marítimo de Esposende, 2010
(In jornal “O Século”, de 07 de Outubro de 1918).
Protesto de mar (transcrição)
Don Nicasio Perez Moreno, Vice-cônsul de Portugal no Ferrol;
Certifico que no livro de protestos deste consulado figura o seguinte:
Protesto, por afundamento do lugre português “Rio Cávado”.
O capitão, piloto e tripulantes do lugre “Rio Cávado”, perante o sr. vice-cônsul de Portugal no Ferrol, declarou:
Que no dia 24 de Setembro saiu o citado navio do Porto, com um carregamento completo de vinho, com destino a Bristol (Inglaterra); Que navegou em regulares condições de tempo e mar com ventos do quadrante NE, mar de vaga e vaga grossa; Que pelas 8 horas e 5 minutos do dia 1 de Outubro no ponto aproximado Lat. 45º42’8”N e Long. 11º50’5”W fomos intimados a parar por um submarino alemão, que nos alvejou com treze tiros de canhão, em seguida ao seu aparecimento; Que se arriou um bote, debaixo de constante fogo e nos dirigimos ao submarino; Que nos mandaram atracar; Que nos perguntaram a nacionalidade, carregamento, destino do navio e se nos fazíamos acompanhar pelos documentos; Que lhes foi respondido que os documentos se encontravam a bordo; Que em seguida, embarcaram no bote um oficial e dois marinheiros, que se faziam acompanhar por um saco com bombas; Que o submarino navegou em direcção ao citado lugre, rebocando o bote onde nos encontrávamos; Que parou muito perto, abordando o bote do navio e saltando em seguida os alemães, seguidos por nós; Que nos foi dado um prazo de 15 minutos para arriarmos uma embarcação, que se encontrava a bordo e na qual nos salvamos; Que o primeiro bote ficou em poder dos alemães; Que o oficial do submarino levou todos os documentos, incluindo as cédulas dos tripulantes; Que fomos intimados, em seguida, a abandonar o navio; Que nos dirigimos novamente ao submarino, que estava perto e o comandante do mesmo nos ordenou que seguíssemos ao rumo SE, que iríamos às costas de Espanha; Que passamos em pleno mar, debaixo de constantes perigos, devido ao muito mar e vento; Oitenta horas depois desembarcamos, por fim, na cova do Cabo Prior; Que o bote se partiu, de encontro às pedras, devido ao muito mar; Que nos dirigimos, no Ferrol; ao vice-cônsul de Portugal, que nos prestou todo o auxilio que carecíamos; Em face do que narramos, disse o capitão, que para salvaguardar os interesses do armador, carregadores, fretadores e mais interessados, protestava contra o submarino alemão, por os ter obrigado a abandonar o navio, afundando em seguida o mesmo; Por ser verdade o assinamos, no Ferrol, a sete de Outubro de mil, novecentos e dezoito.
Tripulação: José Henrique Frazão, capitão; António Augusto Cardoso, piloto; João Maria e António Vicente de Macedo, marinheiros; Eduardo Saraiva, cozinheiro; Eduardo Pereira Vidinha e Manoel de Matos, moços.
(In Felgueiras, José Eduardo de Sousa, Sete séculos no mar (XIV a XX), livro III, A construção de embarcações, Pag. 212/216, Edição do Centro Marítimo de Esposende, 2010
Lugre “ Rio Cávado “
1918 – 1918
Sociedade de Navegação Fãozense, Lda.
(Dr. Henrique de Barros Lima, José Gonçalves Pereira de Barros e outros)
1918 – 1918
Sociedade de Navegação Fãozense, Lda.
(Dr. Henrique de Barros Lima, José Gonçalves Pereira de Barros e outros)
O lugre "Rio Cávado" no estaleiro em Fão
Imagem de autor desconhecido
Imagem de autor desconhecido
Nº Oficial: ?? - Iic.: ?? - Porto de registo: Porto
Cttor.: António Dias Santos e José A. Linhares, Fão, 23.07.1918
Arqueação: Tab 278,75 tons
Dimensões: ??
Propulsão: À vela
Equipagem: 7 tripulantes
Capitão embarcado: José Henrique Frazão (1918)
Cttor.: António Dias Santos e José A. Linhares, Fão, 23.07.1918
Arqueação: Tab 278,75 tons
Dimensões: ??
Propulsão: À vela
Equipagem: 7 tripulantes
Capitão embarcado: José Henrique Frazão (1918)
Como seria de prever, a transcrição da notícia acima mencionada omite a indicação do navio ter sido afundado, através da colocação a bordo de explosivos, levado a cabo pela tripulação do submarino alemão U-139, da responsabilidade do cap. Lothar von Arnauld de la Perière. É também um dos casos em que a sorte favoreceu toda a tripulação do lugre, ao conseguirem alcançar terra firme, sãos e salvos, num curto período de tempo.
Nota: - Sobre este mesmo navio já existe uma outra notícia publicada no blog, em 3 de Março de 2009.
Nota: - Sobre este mesmo navio já existe uma outra notícia publicada no blog, em 3 de Março de 2009.
Sem comentários:
Enviar um comentário