segunda-feira, 11 de julho de 2011

História trágico-marítima (XVIII)


Episódios de guerra
(continuação)

Referi recentemente a inexistência de dados oficiais, relativos aos ataques de submarinos a navios portugueses no decorrer do ano de 1918. A única excepção que conheço, indiscutivelmente digna dos maiores elogios, é o livro do jornalista Costa Júnior, editado pela Editora Marítima-Colonial, de Lisboa, em 1944. Apesar do assunto ser tratado algo superficialmente, faz constar na parte final uma pequena lista de actos de guerra ocorridos entre 1916 a 1918. A importância do livro prende-se à apresentação do resultado de uma dezena de entrevistas a sobreviventes de naufrágios, que se disponibilizaram a recordar algumas dessas histórias, plenas de sofrimento e coragem.
À distancia de quase 100 anos, se por um lado é impossível continuar a resgatar essas memórias, a informação globalizada pela internet faculta a descoberta de elementos, até à poucos anos desconhecida. Lembra-nos por exemplo que nem só os submarinos alemães foram o carrasco de um considerável número de navios, uns mais antigos, outros mais recentes, que outrora foram o orgulho da imensa lista de navios germânicos. Sabe-se hoje que de igual modo passaram e fizeram estragos ao largo da nossa costa, submarinos ingleses, italianos e austríacos.
È pois com esse pensamento, que tenho vindo a recuperar alguns desses factos, todos eles relacionados com a Iª Grande Guerra Mundial, já que a lista de 1918 é longa, abrangendo praticamente todos os tipos de navios, que o país dispunha nesse ano; da Armada (1), do comércio (28), da pesca costeira e longínqua (12) e ainda 1 rebocador e o batelão que o seguia a reboque, que a pouco e pouco espero poder divulgar neste blog.

A próxima escolha recai sobre o ataque à chalupa “Santa Maria”, pela singularidade dum tratamento muito pouco habitual, conforme o relato dos seus tripulantes. O inesperado acto de humanidade e cavalheirismo então participado às autoridades, recai sobre o oficial Hinrich Hermann Hashagen, capitão do submarino U-22, a 4 de Setembro de 1918, no litoral próximo a Peniche.

Náufragos da chalupa “Santa Maria”
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Os tripulantes da chalupa “Santa Maria” apresentaram-se na Delegação Marítima de Peniche, onde participaram o afundamento do seu navio por um submarino alemão. Embarcados na baleeira de bordo, foram rebocados pelo mesmo submarino, que dizem ser enorme, até próximo duma chalupa de pesca.
(In jornal “O Comércio do Porto”, de 6 de Setembro de 1918).

A chalupa “ Santa Maria “
19??-1918
João P. Leite, Lisboa

Nº Oficial: 437-C - Iic.: H.S.M.B. - Porto de registo: Lisboa
Construtor: Desconhecido, Kérity, Bretanha, França, 1910
Arqueação: Tab 55,76 tons - Tal 5,80 tons
Dimensões: Pp 15,70 mtrs - Boca 5,80 mtrs - Pontal 2,75 mtrs
Propulsão: À vela
Equipagem: 4 tripulantes

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