quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A semana dos naufrágios


Efemérides com 128 anos

Como todos sabemos, os meses de Janeiro e Fevereiro são propícios a condições adversas de tempo, com forte agitação marítima. Se por ventura às intempéries acresce a passagem de tufões ou ciclones, temos o quadro ideal para uma anormal série de naufrágios. Foi exactamente o que aconteceu no início do ano de 1883, com 3 sinistros na barra do rio Douro, 1 encalhe próximo à barra de Esposende e 3 encalhes no Norte de Espanha, dos quais resultou a perda desses navios e das mercadorias transportadas.
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Por indicação do jornal “Faro de Vigo”, perderam-se naquele porto, na Terça-feira passada (30.01.1883), em consequência do temporal, as seguintes embarcações portuguesas: o hiate “Santo António”, com carga de vinho, que seguia com destino a Vigo, indo de encontro às pedras do “Espinheiro”; e os hiates “Ressuscitado” e “Perfeito”, que, faltando-lhes as amarras, deram à costa em Guixar, posto não fosse em condições tão funestas como o primeiro.
In (Jornal o Comércio do Porto, de 2 de Fevereiro de 1883).
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Em relação a estes navios, de identificação difícil, por falta de elementos e pela ausência de mais detalhes no citado jornal, consegui apurar a seguinte informação:

Imagem sem correspondência ao texto

Hiate “Santo António”
Nº Oficial: -?- > Iic.: H.G.P.W. > Registo: S. Martinho do Porto
Navio construído nos estaleiros de Fão, em 1879, por Manuel Dias dos Santos Borda, para Luís Nunes dos Santos e outros, de Esposende. O seu mestre era o referido proprietário, tendo os 5 elementos da equipagem origem em Fão. Saíram de Esposende em Setembro de 1879.
In (Felgueiras, José Eduardo de Sousa, Sete séculos no mar XIV a XX; A construção de embarcações , Vol.II, 2010)

Hiate “Ressuscitado” ou “Resuscitado”
Nº Oficial: -?- > Iic.: H.D.W.Q. > Registo: Capitania do Douro
Navio construído nos estaleiros do Cais, em Fão, por Luís José da Silva Maciel, para João Fernandes Mano, de Ílhavo. O seu registo de arqueação está datado de 16 de Agosto de 1872 e nele consta que media 19,30 metros de comprimento, 5,40 metros de boca e 2,20 metros de pontal, arqueando 70,78 m3. O seu mestre era o referido proprietário. Noutro registo idêntico, datado de 23 de Agosto de 1877, este navio passou a ter 21,27 metros de comprimento, em consequência de reparações efectuadas a bordo.
In (Felgueiras, José Eduardo de Sousa, Sete séculos no mar XIV a XX; A construção de embarcações , Vol.II, 2010)

Hiate “Perfeito”
Não foi possível descobrir qualquer hiate neste período com este nome, pelo que parto do pressuposto tratar-se do

Hiate “Preceito”
Nº Oficial: -?- > Iic.: H.C.F.L. > Registo: Capitania do Douro
Sem outros elementos disponíveis até à presente data.

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